quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Existe vida após você

Existe vida após você

Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada (23-01-1014)


Os dias passavam, tinha medo de nunca mais parar de pensar em você, pensar em você era meu alimento diário, me consumia e me embriagava, um vício sem fim, o qual não tinha forças para largar, abandonar, deixar, era você o centro da minha atenção, da minha vida, amanhecia e o meu primeiro pensamento era teu, as horas saltavam, mas continuava preso, me arrastava, pesado, carregando a você, como sombra, como saudade que não podia esquecer, lembrança que me atormentava, vivia como se não houvesse mais solução para o que sentia, um sentimento de culpa, de solidão, de paixão e amor, suspirava, cansado, procurando respostas e soluções para o que já estava consumado, a distância, o fim, a separação, a falta, a vida em vazio de ti, pensava, não tinha mais sentido viver sem estar ao teu lado, chegavam as noites e meu último pensamento era sempre voltado pra ti, inquieto, com medo, com um misto de esperança e dor, mágoa e tristeza, e quantas vezes te procurei e quantas vezes chorei por ti, e quantas horas vivi apenas para que você olhasse, mesmo de longe, mesmo a distância e percebesse que não era um erro, que havia errado, mas minha vontade e me deu desejo de acertar e mudar eram maiores e sublimes, inerentes e ardentes, e mesmo assim, trazia dentro de mim a certeza, pelo menos repetia todos os dia para mim, como um mantra, refrão, que você houvera feito as escolhas certas, queria acreditar, e ainda acredito que você estava feliz e que é feliz, que não precisa de mim, que o que vivemos foi bom, inesquecível, mas nunca foi amor, mesmo tu muitas vezes dizendo que me amavas e que ficarias comigo, hoje sei e entendo, sim, eram verdades as tuas palavras, e eram eternas, pois compreendi que eterno é o momento, o que vivemos e não o tempo, foram os beijos, os abraços, o amor que tínhamos, nossas conversas, nossos encontros, sonhos e planos, tudo foi e é eterno, mas com toda a dor que carregava dentro de mim, nunca desisti de viver, na esperança de que um dia poderia encontrar uma vida após você, e tentei, de todas as formas, por todos os caminhos, becos e saídas encontrar um porta que me levasse para longe de ti, inútil, esquecer, impossível, mas era sim viável uma vida após ti, depois de você, encontrar um outro sorriso, uma nova face, outras conversas, voltar a sonhar, me apaixonar, viver outra vez a possibilidade de um amor, um amor que tinha certeza que era teu, achar alguém para ocupar meu coração, um coração que entreguei a ti, ter comigo, ao meu lado, alguém que eu pudesse outra vez amar, desejar e querer, viver, como vivi como você. Hoje, espero não escrever muitas últimas palavras ou linhas para ti, talvez um dia volte a te ver, escrever, e aquele medo de te encontrar, que um dia tive, um medo de te olhar, agora passou, hoje não existe mais, não tenho mais esperanças, nem tristeza, nem te procuro mais pelas manhãs e me deito sozinho pelas noites, penso em ti, sim, pelos dias, uma lembrança e uma saudade que vão pouco a pouco, como a neblina vai desaparecendo a medida que o dia vai tardando em nossas vidas, assim está você em mim, vai desaparecendo  ao tempo que vou vivendo, encontrei alguém, não melhor do que você, nem pior, mas alguém a quem posso amar, me entregar, alguém que me fará esquecer, mesmo sem saber, me fará outra vez viver o que há muito já havia desistido, do amor, de amar, e me trará sonhos, me dará esperanças, e de você....

E no meio de tanta gente...

E no meio de tanta gente...

Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada (23-01-1014)


Um dia escrevi um texto pra ela, por um impulso, não sei bem os motivos, nem sei o que levou aquilo, talvez, bem, talvez, não sei, quem sabe, deixa pra lá, pode ter sido o acaso, ou essas artimanhas da vida, das coincidências que a gente nunca descobre os motivos até ficar apaixonado, conversamos sobre música, shows, sonhos, amor, paixão, éramos dois desconhecidos, morando na mesma cidade, nos sabíamos, mas não nos conhecíamos, até  um dia, sem querer, ou pela força do destino, disse oi, ela respondeu, nos falamos o dia inteiro, e gostamos, nos gostamos, trocamos músicas, sorrimos, nos achamos estranhos e simpáticos, conversa boa, era um descoberta, ou uma redescoberta, alguém que sempre estivera ali, mas nunca a percebera, sempre a vira, nos falávamos, timidamente, mas nunca tínhamos nos permitido nos conhecer, até um dia, ontem, foi como encontrar um amor perdido ou distante,  acordar uma paixão adormecida, sentir outra vez algo que pensava que nunca mais haveria de sentir, emoção, insônia por gostar de alguém outra vez, esperança, felicidade de um coração magoado, encontrar alguém para me fazer esquecer o passado e sonhar com um futuro, o encontro de uma outro alma, um ser, outra pessoa, uma vida, um coração igual ao seu, alguém para compartilhar das suas afinidades, gostos, simpatias e desejos, ela me contou que adorava Alceu Valença, gostou quando lhe mandei uma música de O Teatro Mágico, e suspirou quando lhe enviei uma canção do Jorge Vercillo, ela me confessou que se pudesse pegaria um carro e partiria sem rumo para qualquer do mundo, não lhe disse a respeito disso, mas agora lhe afirmo, também é a minha vontade, o meu desejo de me perder, sumir, sentir o sabor e o sal da vida, e se pudesse ir com ela, penso que agora seria melhor ainda, e conversamos, daquelas conversamos que não queremos mais parar, nem terminar, ela me disse gostando da nossa conversa, estava cansada das mesmas coisas, queria rir, discutir música, falar coisas de diferentes, como estávamos ali, como estava acontecendo, fui dormir pensando nela, e a acordei procurando, bobagem, ela estava já aqui, em mim, dentro de mim, no meu pensamento, invadindo meu sentimento, tomando conta da minha vida, tamanha foi a força do nosso encontro, e pensei, em como é engraçada a vida, o ouro, o tesouro não precisa bilhar, pois jamais perderá o seu valor, ela sempre estivera ali do meu lado e nunca prestei a atenção, até ontem, até hoje, até agora, como diz a canção, “demorou pra ser, mas agora é”, espero que possa contiuar. Talvez ela me chame de louco, talvez não sinta, talvez diga lindo, gostei de saber, ou então, talvez diga, senti a mesma coisa, mas certamente ela não poderá negar um sentimento de empatia que ontem nos tomou a alma e nos invadiu o espírito, um sentimento de encontro, quando duas almas afins se descobrem, se acham, por coincidência, acaso, sorte, destino ou azar, seja pelo que for, de qualquer forma, ela existe, isso agora eu sei, nos sabíamos sós, sem que estivéssemos sós, existíamos, mas não nos permitíamos, agora nos sabemos, deixemos que afinal floresça um mais de uma amizade em nós, com as graças de Caetano Veloso.  

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

A inteligência é solitária?

A inteligência é solitária?
Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada (22-01-1014)

Uma amiga confessa, olha Ronaldo, não tenho namorado, acho que ninguém se interessa por mim, também confesso, não tenho interesse em ninguém, não sou uma mulher vulgar, trabalho, sou independente, mas não sou fútil, banal, não me mostro, nem me vendo, menos ainda mostro meu corpo,  gosto de festas sim, de me divertir, quero ser feliz, como toda mulher quer, sair pra jantar, beijar, namorar,  mas não sou tão bonita a ponto de chamar a atenção dos homens, e nem beleza e dinheiro me fazem gostar de alguém, como toda mulher, gosto de quem me faz sorrir, quem sabe valorizar a minha companhia, as minhas qualidades, gosto de gente estranha, não estranha, mas digamos, interessante, alguém não seja tão comum, o mundo já está cheio de homens idiotas, gente que não sabe valorizar uma companhia, e não quero estar mal acompanha,  acho que por não ser tão gostosa e bonita, e um pouco séria, os homens não olham muito pra mim, mas penso que, se talvez se dessem ao trabalho de me conhecer, tivessem a oportunidade,  poderiam até se surpreender comigo, sou engraçada naturalmente, tenho senso de humor, mas sou na minha, não sou de me insinuar, quero que tudo aconteça como deve acontecer, naturalmente, quero conhecer alguém e me encantar por ele e ele por mim, assim vivermos uma história, um romance, sinto um pouco de solidão, sinto falta de dividir minhas coisas com alguém, conversar sobre as minhas preferências, é um pouco vazio e solitário está sempre rodeada de gente que sempre conversa as mesmas coisas, futilidades como moda, beleza, segue sempre padrão social, e isso não me interessa, não tenho a pretensão de agradar a ninguém, prefiro ser autêntica, quero alguém que goste de mim, e nem precisa ser namorado, as amigas, os amigos, que estejam comigo por mim e  não pelo que posso fazer para agradá-los, gosto de estar confortável, adoro boa música, do meu trabalho, sou meio lesa ou lerda como toda mulher deve ser, um pouco mulher, que sabe o que deseja, quer, mas um pouco criança, que gosta de brincar e deixar o ambiente mais engraçado e leve, tenho sonhos e planos, adoro viajar, viver a vida, sentir o sabor da existência, mas não sou tão feminina, como a maioria dos homens desejam que uma mulher seja, e isso talvez os afaste um pouco de mim, não sei, e mais, nunca me apaixonei pela beleza de ninguém, não é esse tipo de coisa que me chama atenção, me interesso por outras qualidades, num mundo onde os homens estão preocupados com seus corpos, aliás, o mundo está preocupado com as aparências, eu ainda quero e desejo outras qualidades, sei que os corpos envelhecem, mas os sentimentos amadurecem, e isso é que gostaria de encontrar em alguém, no mais, odeio homens sem sensibilidade, homem grosso, mal educado, quero alguém que tenho uma certa afinidade comigo, que possamos fazer coisas juntos, como ir ao cinema, comer uma pizza, dançar, conversar, viajar, que tenha também sonhos e planos, que possamos crescer juntos, não gosto de gente encostada, rs, a vida num é fácil, enfim, é isso, espero que alguém possa enxergar em, mas não estou preocupada, estou vivendo minhas coisas, trabalhando e deixando a vida acontecer, como deve ser.


P.S: Não sei, nem entendo como a minha amiga ainda está sozinha, fruto da ditadura da beleza, dos padrões? E olha que ela num é feia, é bonita, magra, morena, simpática, mas me parece que homens gostam de mulheres vulgares, banais, eles morrem de medo de mulheres com opiniões próprias, mulher inteligente e centrada, como é o caso da minha amiga. 

Mediunidade para mulheres

Mediunidade para mulheres
Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada (22-01-1014)

Sua namorada chega pra você e diz, ei, me dê os parabéns, e você com muito bom humor, inspirado, diz, peraí, vai lá no Facebook e não encontra nada, volta pra ela e diz, mas aqui não diz que é seu aniversário, ela, claro, chama você de grosso, e diz, mas não é meu aniversário, e você argumenta, como vou te parabenizar se não sei por qual motivo devo fazer isso? Você suspira fundo e diz, tá bom então, parabéns, e pergunta, sim, mas por que mesmo?

Mulher tem esse desejo e essa mania de querer que homem a entenda, compreenda, saiba, adivinhe o que ela quer e sente sem que ela precise dizer nada, falar, argumentar, e isso é uma grita geral, elas querem que os seus namorados, maridos, companheiros tenham essa mediunidade de perceber as coisas, ter essa intuição vindo não se sabe de onde para que elas não precisem falar o que pra elas é óbvio demais, mas para a maioria dos homens nem sempre é.

Confesso, e entendo, falta muita sensibilidade dos homens, não custava nada prestar mais atenção em suas companheiras, elogiar o corte de cabelo, a roupa nova, a pintura das unhas, o batom, ajudar em casa, ser mais prestativo, reconhecer o cuidado com a casa, com os filhos, acredito que isso poderia melhorar e muito os relacionamentos, sexo, é bom, dinheiro, ajuda, mas afeto, carinho, cuidado, admiração e reconhecimento podem fazer milagres, e não precisa de muito, se toda noite de sábado ao sair o homem dissesse a sua esposa, você está linda hoje, acredito que isso afetaria de forma drástica a relação, mas geralmente se vive sempre as turras e brigas, em silêncios e aborrecimentos, pois nenhum quer dá o braço a torcer, ceder.  

Depois reclamam que os homens não gostam de discutir a relação, que os homens são insensíveis, mas reflitam comigo, custa você, mulher, dizer o que quer e gosta? Elas sabem o que querem, mas não gostam de dizer, falar, sugerir, querem que alguém tome a iniciativa, seja o responsável, fique atento, observe e sinta no ar perfume das rosas e ainda declare de forma clara e objetiva, mas isso é fácil de fazer, mas nem todo mundo faz.  

Todo sábado é sempre a mesma coisa, pergunto pra minha namorada o que vamos fazer, no fundo quero apenas deixar ela a vontade para ela escolher o que gostaria de fazer, mas sempre escuto as mesmas respostas, sei não, tanto faz, qualquer lugar, não pensei ainda, pra onde você quer ir? Assim fica difícil você agradar a alguém, ela me diz que tanto faz, quer apenas ficar comigo, então tá, tá resolvido, vamos ficar em casa, aí, em casa não, ela reclama...vida de homem não é fácil.

Elas dizem não, quando querem dizer sim, elas dizem pode ir, quando no fundo estão pedido pra você ficar, elas dizem que não querem mais, quando estão dizendo que amam muito, elas são contraditórias por natureza, dizem que estão felizes, bem, mas choram no banheiro e se arrependem de serem claras e sinceras, enfim.

É preciso ser médium, clarividente para entender uma mulher, se antecipar aos seus desejos, ter a intuição necessária para pode satisfazer as suas vontades e caprichos.

E olha que não estou falando por experiência e conhecimento, no livro Homem não chora, mulher não rir, da antropóloga Miriam Goldenberg, há depoimentos de mulheres que dizem que gostariam de ser entendidas e compreendidas pelo silêncio, sem precisar falar nada, o motivo? Não sei, sinceramente, não sei, mas posso arriscar.


Dá pra viver sem amor?

Dá pra viver sem amor?

Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada (22-01-1014)

Talvez alguém diga que sim, que já vive sem amor há 20 anos e ainda não morreu, pois é, dá pra viver sim, mas com que sabor? Sou muito romântico, sensível e babaca, um idiota, deixa eu confessar, não sei viver sem amor, não dá pra enfrentar uma intimidade sem prazer, sem gostar, sem querer, sem desejar, acredito que seja muito sofrimento, mas tenho a sensação que muita gente vive assim, sufocando os seus próprios sentimentos num gesto altruísta de amor contra si mesmo e em favor de outros.

Façamos de conta que é possível viver sem amor, de estar com alguém ao nosso lado sem que a gente goste mesmo, mas que pelo menos haja admiração, boas conversas, lealdade, segurança e confiança. Uma pessoa que a gente admire pelo que é, pela inteligência, cultura, bom humor, uma pessoa que nos inspire confiança e lealdade, que possamos nos contar, abrir, nos confessar, poder ser quem a gente é, sem medo do que o outro irá pensar, isso pelo menos iria nos aliviar um pouco, pois já que não teríamos amor, pelo menos teríamos um amigo, um irmão, um companheiro.

Novamente sou um idiota, sentimentalizo demais as relações, a maioria de nós vive aquilo que pode e não aquilo que sonha ou deseja, muitos já desistimos de amor, paixão, dos sonhos, e estamos vivendo pressionados e sufocados pelo peso do cotidiano, pelas contas por pagar, dos carnês, do empréstimo, do cartão de crédito, dos aumentos de gasolina, do aluguel, e estamos indo, sem pensar em mais nada ou suspirar pela vida, mesmo que muitas vezes a gente desaba e se deixa vencer pelo cansaço da vida, de uma vida sem amor, e muita vezes nos pegamos chorando no banheiro ou num noite de insônia pensando na existência e nas ausências da vida.

Outro dia vi uma frase interessante, alguém postou no Facebook, não tenho medo da solidão, tenho medo de estar mal acompanhada, achei bonita a frase, mas triste, pois muitas pessoas vivem sozinhas e ao mesmo tempo mal acompanhadas, pois uma vida sem amor é como estar numa prisão a céu aberto, não há prazer em viver, não há sabor na vida, nas coisas, olhamos para o lado, para o passado, temos esperança no futuro, mas as horas se arrastam, suspiramos e nos afobamos, ficamos irritados, carentes, triste e carrancudos, fechados e sérios, sem cor e ariscos, mas é preço que pagamos pelas escolhas que fizemos.

Por outro lado, quero me contradizer, sim, é possível viver sem amor e tem muita gente feliz e vivendo sem, afinal, amor num é tudo, a gente pode sublimar, trocar pelo trabalho, transferir para os filhos, por um ideal e ir vivendo, seguindo, como sou um idiota, babaca, não tenho condições de ser assim, por isso citei a frase acima, vou ficar sozinho, mas sem amor não sei viver, até já poderia viver sem ele e teria tudo o que uma pessoa precisa pra viver, uma boa casa, um carro na garagem, morando perto da praia, indo ao cinema, vendo bons shows, comendo em bons restaurantes, mas prefiro renegar a tudo isso por um naco simples e pequeno de amor, que falta dinheiro e não haja opções, desde que exista amor.


Como disse, sou um idiota, um romântico do século 19, um idiota do mundo moderno, idiota sim, pois vivemos na era da praticidade das coisas, da utilidade, e nossas relações são utilitárias, práticas, servem sempre pra alguma coisa, o que nem sempre é amor, serve pra tudo, menos pra nos apaixonar, mas num mundo como o que vivemos hoje, quem mesmo que saber de amor, paixão? Claro, só os idiotas e babacas. 

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

A gente se apaixona pelo que nunca viveu

A gente se apaixona pelo que nunca viveu

Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada (21-01-1014)


Ela sabia que não tinha como saber quando a gente se apaixonava, mas com ele foi diferente, ela soube que estava apaixonada quando o ouviu pela primeira vez, eram as coisas que ele dizia, suas palavras, seu sorriso um tanto alegre um pouco vazio, seu pensamento diferente, seu sentimento sufocante, as emoções que despertava, o vigor e convicção das suas ideias sobre o viver, sentir o sabor da vida, ela se apaixonou  por sua vontade de viver a vida, sair pelo mundo, se perder nos caminhos, seguir com o destino, se apaixonou por sua alma inquieta, sua personalidade séria e romântica, sua sensibilidade e sua intuição, pelos sonhos que acordava e pela simplicidade de realizá-los, é só querer, dizia ele, e quando a gente quer, as coisas acontecem, e acontecem quando a gente quer e acredita, e por acreditar elas acontecem, sempre repetia isso, como um mantra, ela se pegou sonhando e pensando apaixonado por ele, pela forma com que ele via o mundo e sentia as coisas, como explicava as pessoas e sentia as emoções, pela sua coragem de amar e sua força para se apaixonar pela existência, por sua segurança e por pelas dúvidas sobre o viver. Ela se apaixonou pelo que poderia viver ao seu lado, uma vida incomum, um afeto eterno, um carinho leve, pelas conversas ao final dos dias, pelos beijos ao amanhecer, pelo inusitado que ele poderia provocar durante os dias, as horas, o tempo que passava sempre do mesmo jeito, mas ele transformava, deixa tudo diferente, roubava flores, cantava poesias, sorria canções, envolvia-se dos detalhes, cuidava dela mesmo sem ela saber, pensar ou desconfiar, era o jeito dele de amar, querer, gostar e cuidar. Sim, com ele foi diferente, e ela sabia, não foi ela quem quis, foi ele quem provocou, não foi ela quem aceitou, foi ele quem se impôs com seu jeito único e especial de viver, ela tinha o normal, o banal, o comum, ele veio e trouxe o que faltava, os sentimentos, as emoções, os risos, a aventura, o imprevisível, mesmo que não fosse muito, tão estranho e extraordinário, não eram as coisas fantásticas, mas como ele das pequenas coisas transformava o universo ao seu redor, não o infinito que ele propunha e trazia, mas uma forma de enxergar no ínfimo todas as possibilidades, a grandeza, o incerto, um outro olhar, e ela aquiesceu, seu coração transbordou, sua alma se comoveu, sua cabeça girou e saiu do lugar tudo aquilo que tinha como certo, pra sempre, ele veio para dizer que sempre, pra sempre, sempre acaba, mas que é possível sempre repetir e outra vez viver. Ela já tinha desistido de viver, foi quando entendeu e outra vez voltou a viver e a sentir a vida, que a vida não é falta daquilo que não temos, mas das coisas que podemos provar, do que nos falta para sentir, das ausência que buscamos todos os dias preencher, das lacunas que queremos fechar, das saudades que tentamos matar, e ele era tudo isso ao mesmo tempo, saudades, lacunas, falta, ausência, que ele provocava mas ao mesmo tempo chegava trazendo todas soluções, preenchendo os espaços, cruzando os caminhos, sim, ela sabia, a gente nunca sabe quando vai se apaixonar, mas com ele foi diferente, ela soube assim que o viu, quando sentiu o cheiro, ouviu a sua voz, provou da sua essência que transparecia pelo ar como um perfume embriagante que toma conta do ambiente transmitindo uma sensação de prazer, leveza e sufocamento. Sim, ela sabia, agora estava apaixonada pelo que jamais tivera, uma vida, e sabia que com ele a vida seria doce e amarga, triste e feliz, curta e longa, eterna e ligeira, ele era tudo o que sempre sonhara sem saber que havia dormido, um sonho que sempre teve sem saber que poderia existir, se realizar, mas agora ela sabia, estava apaixonada, e viva.

Não me interessa o banal, já basta vivê-lo

Não me interessa o banal, já basta vivê-lo
Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada (21-01-1014)



Desde muito cedo entendi que não era parte do senso comum, não me satisfazia com a rotina, aliás, cansa ser sempre o mesmo, não sei como muita gente consegue passar a vida inteira, todo dia, todos os meses, anos, sempre falando das mesmas coisas, discutindo os mesmos assuntos, vivendo as mesmas coisas, enfim, enquanto meus amigos discutiam futebol queria falar sobre literatura, filosofia, psicologia, enquanto homens reunidos discutiam sobre carros, modelos, peças, gasolina, churrasco, queria saber sobre as dores da vida, falar de amor, de medo, das contradições humanas, do sentido da existência, sempre soube que nunca teria tesão para conversas domésticas, não estou interessado em discutir o preço do feijão, ou a melhor marca de tinta para pintar casa, ou sobre promoção de supermercado, aliás, não sou bom em coisas práticas, até sei cozinhar, sei preparar um jantar romântico, colocar o lixo pra fora, trocar uma lâmpada, mas não espere de mim aquelas conversas chatas sobre filhos, sobre casa, carros, futebol, sobre roupas, sobre coisas domésticas, não é minha praia, essas coisas não me interessam, gosto de refletir sobre o comportamento das pessoas, sobre paixões, desejos, sobre morte, sobre destino, saudade, tristeza, espiritualidade, reencarnação, Deus, nossas fragilidades, sobre livros, poesia, gosto de cinema, música, teatro, gosto de descobrir as belezas da vida e não o seu dia a dia tosco e opressivo, me interessa o peso da vida, não o do cotidiano, não me interesso por coisas banais, pra mim já me basta vivê-las, é claro, não estou numa prisão, sou adaptável, e sei conviver em meio a tantas conversas que não me interessam, sempre calado, claro. Quando os amigos, e isso acontece muito, demais, começam a discutir futebol, fico em silêncio, e eles já entenderam, Ronaldo não gosta de futebol, sempre dizem para justificar a minha calidez, e seguem sem mim na discussão. Com tempo também aprendi que discutir não é interessante, nem me interessa, não gosto de discutir, sempre me calo, não tenho a pretensão de convencer ninguém, nem impor o meu pensamento, gosto de refletir, tenho intuições, algumas boas, certas, outras nem tanto, sonho muito, sonhos, alguns, premonitórios, como metáforas, que tenho ir além das imagens e tentar decifrar os sentidos e acontecimentos futuros. Não sou inteligente, tenho ser diferente, fugir do comum, ser sensível, poético, filosófico, não sei se consigo, escrevo sobre o que penso e sinto, o que não quer dizer que viva realmente o que escrevo, mas digamos que seja uma tentativa, primeiro teorizo, depois procuro colocar em prática. Sei do preço que se paga por se tentar seu um pouco, digamos, peculiar, autêntico, numa sociedade de massa em que as pessoas têm medo de ser diferentes e seguem todas os modelos, padrões, é um sentimento um pouco solitário, um sentimento de vazio e de não pertencimento, ter pensamentos próprios sobre Deus, a vida, a morte, quando todo mundo quer que você pense igual, seja igual, não se distancie do que eles estão vivendo, talvez por medo, medo deles mesmos, querem todos iguais para que ninguém precise mudar, por isso seguem de olhos fechados, cegos guiados por cegos. Sei dos meus erros, aprendo com o meu passado, me mudo e mudo, me transformo, quero sempre ser diferente, adoro a ideia de amadurecer e entender mais sobre a vida, as pessoas, não cometer os mesmos erros de ansiedade, medo, gosto de me sentir mais maduro e confortável agora com o passar dos anos e das experiências vividas, sofridas, e quem me conhece, sabe, mudei, talvez pra melhor, ou não, mas certamente não sou mais o mesmo e nunca serei. 

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Um lugar no meu coração

Um lugar no meu coração

Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada (17-01-1014)


Demora, mas um dia alguém ocupa um lugar no seu coração, preenche os seus sentimentos, povoa os seus sonhos, toma conta dos seus dias, segue junto com você, vai de carona nos seus pensamentos, alguém que vai pouco a pouco ocupando um lugar na sua vida, tomando conta da sua existência, existindo além, mais um pouco, fazendo você esqueci de si para lembrar mais dela.

Um dia acontece de você encontrar alguém para dedicar seus versos e ofertar as flores do seu jardim, cantar suas canções, doar seus beijos e abraços, alguém para quem você irá preparar o café, comprar um presente, fazer uma surpresar, ligar no meio da tarde para contar a novidade do dia, alguém para você dividir segredos e conversar sobre os amigos em comum, ir ao cinema ou cozinhar pra ela, se deixar em casa e deitar do lado dela no chão e deixa ela te faça um cafuné.

Bom quando alguém está com você e se importa com você, te manda tomar banho, cuida de você, se preocupa se você está meio gripado e emburra de não tomar remédio, e ela briga com você, manda você se arrumar, ir ao médico, alguém quevai com você escolher suas roupas dizendo que você entende de moda, compra o seu perfume preferido, claro, é o cheiro que ela gosta de cheirar, faz parte da sua vida, escolhe pra onde ir, faz sua comida preferida, vive uma troca de desejos e paixões.

Especial quando você encontrar alguém que possa viver também a sua vida, quando podem decidir juntos um futuro, escolher um show pra ir, uma viagem, um destino, quando podem se perder juntos, saírem pelo mundo, quando há amigos em comum e podem todos juntos sentar e conversar, rirem da vida, das coisas do mundo, quando alguém está na sua vida e faz parte dela e não apenas está do seu lado.

Alguém que vai aos poucos tomando a sua vida de assalto, participando das suas horas, respeitando os seus gostos, vivenciando a sua experiência, alguém que chega e fica, sem pedir licença, aprisiona a sua alma, prende a sua atenção, cura as dores, cicatriza as suas feridas, segue em seu caminho, compra a sua vontade, investe no seu sorriso, enxuga as suas lágrimas, compreende as suas queixas, silencia ante o seu humor pesado, esquece e perdoa, ama e se doa, te faz esquecer o passado, está no seu presente e acontecerá no seu futuro, alguém que você irá um dia amar.


Alguém que te dará esperanças e te fará outra vez se apaixonar, se entregar, se permitir, deixar o coração se emocionar, alguém que te encherá de coragem para seguir pela vida e a vida será por ela, dela, pra ela, alguém que está no teu coração e em tua mente, na tua vida, assim como tu estarás também na dela e em seu coração. 

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Gosto de gente que saber viver, cantar, sorrir e muda

Gosto de gente que saber viver, cantar, sorrir e muda

A vida me ensinou a gostar das pessoas, a admirar o dom de viver de cada uma delas, a forma especial que toda gente tem de apreciar a vida e curtir a existência, mas devo confessar, gosto de gente que sabe viver, que sabe provar o sabor das coisas, que se permite, como cantou Lulu Santos, o tempo corre, voa, vamos nos permitir, pois não há tempo que volte amor, vamos viver tudo que temos e há para vivermos. 

Outro dia uma amiga se queixava da vida, 33 anos, morando longe de casa, vivendo de casa para o trabalho, morando sozinha numa grande capital do Nordeste, sem muitos amigos, sem gostar de sair, festas, de beber, lhe recomedei mudar em 2014, dá um up grade, mudar o layout da própria vida, mudar o cabelo, ir pra academia, fazer uma tatuagem, sair mais, se entregar para a vida e esperar o que a vida poderia ofertar em contra partida, se permitir. 

Ela não gostou muito da ideia, me disse que estaria deixando de ser quem ela era, estaria mudando, e eu disse, mas essa é a ideia, mudar, deixar de ser quem somos, soltar as amarras, deixar o sol bater, sair na chuva, cair no chão sem medo do ridículo, amar ou se apaixonar sem esperar algo em trocar, gostar por gostar, porque gostar de alguém é a coisa melhor do mundo, e ninguém pode nos proibir de gostar, o sentimento é nossa, alguém pode não querer nos corresponder, é diferente, mas como nos frear as emoções?

De uma coisa que não vou desistir é de viver, mesmo quem me conhece sabe a minha opinião sobre a vida, mas enquanto vivo estiver jamais vou deixar de fazer o que tenho que fazer, não vou deixar de viver as coisas, vou seguindo, caminhando, cantando, sorrindo e mudando. Já passei do tempo de não gostar das coisas, a gente vai ficando velho, me permita-me dizer, maduro, e passa a entender que o bom da vida é sentir o sabor, sem essa ficar escondido deixando o tempo passar, isso já não me convence mais, solidão é pra quem tem medo, viver é pra quem coragem, amar é pra quem sonha. 

Ah, não gosto disso, não sou assim, não faço isso, esse discurso não edifico mais em mim, pois entendi que viver é algo raro e que temos que aproveitar as oportunidades, claro, não vou deixar de ouvir Chico 
Buarque, mas pode me chamar para ir para um forró no sítio que eu vou, adoro ler, mas pode me chamar pra ir jogar bola que eu vou, não gosto de futebol, mas pode me chamar para qualquer jogo, que estarei lá, gosto da experiência das coisas, gosto do perfume do dia, do sabor das pessoas, da cor das horas, do encanto do momento, pois entendi que só temos o que vivemos, o resto, as posses, os bens, o dinheiro de que nos servem não for para nos ajudar a viver?

O que me encanta é a vida, o viver, já chorei por amor, estou repetindo, já morri por amor, já passei noites com insônia, morri de medo, já nasci outra vez, já sorrir, já cantei, já mudei, fiz da vida de tudo um pouco e vejo que tudo valeu a pena, as coisas doloridas, as coisas boas, as lágrimas, os sorriso, a solidão, as brigas, os amigos, as intrigas, os reconciliamentos, os desentendimentos, os shows, os dias, sim, tudo mesmo valeu a pena, é a minha história, o meu livro, as minhas memórias que estão aqui comigo e com outras pessoas. 

PS: Depois de anos aprendi a gostar de poesia, Manoel de Barros me encanta.

Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada (16-01-1014)

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Queria ser só, mas sozinho de mim não posso ser

Queria ser só, mas sozinho de mim não posso ser

Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada (15-01-1014)


Queria ser só, sozinho, solitário, como uma pedra, sem cheiro, sabor, igual estrela admirada, mas intocável, sozinho como um cometa, passante, viajante, só como uma ilha, quimera dos amantes, ilusão dos tolos, queria ser solitário, como um livro fechado, como um objeto velho abandonado, como um calendário do ano passado, mas não sou, sozinho jamais fico, consigo estar.

Repleto de cheiros, aromes, sabores e perfumes, transbordo de cenas, imagens e vidas outras vividas, carregado de arrepios, de ilusões, do gosto da vida, de outras pessoas, de cenas de cinema e refrão de canções, de melodias e tempos passados distantes, mas pulsantes dentro de mim.

Sempre cheio das dores e alegrias, dos momentos, das horas, dos dias, dos tempos, de mim mesmo, nem de mim consigo me livrar, deveria existir um lugar onde a gente pudesse se guardar e pegar no outro dia, talvez na geladeira, no armário, debaixo da cama, em qualquer lugar, desde que a gente pudesse ser livre e sozinho de si mesmo, se abandonar por uns instantes, se deixar para lá para viver outro ser, outra coisa, outra vida, mas a gente não consegue, não temos essa solidão.

E é essa solidão que anseio, pouco dela tenho, estou sempre acompanhado, segue comigo, sem nunca me deixar, minhas saudades, as lembranças de outrora, o amor de uma vida inteira, a paixão pelas coisas, o desejo da vida, o vício de sentir, a ânsia de provar, o medo de não ter, a lutar por seguir.

Queria ser só, mas não, não me curo dos beijos que um dia provei, dos abraços de ontem, das palavras de carinho, dos olhares de ternura, das mãos entrelaçadas, dos suspiros de prazer, das gargalhar de loucuras, dos encontros esperados, inesperados, das lágrimas vertidas, da raiva incontida, dos erros não superados, dos arrependimentos tardios, da imaturidade reinante, da minha carência afetiva.

Como desejaria uma solidão profunda, como das nuvens, paradas no alto, esperando uma definição de quem as olha, vê, mas careço de ser sozinho, me define já meus sentimentos, meus dias vividos, minha história de até aqui, minhas ideias, meu mundo, minha vida presa em mim como marca de nascença, como sinal de presença, meus sonhos de futuro, minha tragédia do presente, minha doença do passado, não consigo ser sozinho, não tenho como sair da vida que nasci pra viver e até aqui me arrastei por não saber como ser.

Solidão, talvez dos outros, mas nunca, jamais de mim, sou sozinho, pois ninguém poderá jamais sentir o que sinto, penso, viver o que vivo, mas nunca também poderia me livrar da minha essência, do conteúdo que me domina, do corpo que me abriga, dos sonhos que me incitam, das indiferenças sentidas, da alma que me domina.

Queria ser só, mas não posso, e sozinho já vou para onde ninguém mais quer ir, viver a minha solidão acompanhada da minha vida.


Nunca é tarde para dizer eu te amo

Nunca é tarde para dizer eu te amo
Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada (15-01-1014)


A gente passa a vida inteira ao lado de alguém e não consegue descobrir o valor dela, não consegue enxergar as suas qualidades, parece estranho isso, não sei os motivos, posso arriscar uma teoria, mas isso acontece demais, parece que quanto mais próximo de alguém mais invisível ela se torna para nós.
Parece que a gente precisa de distância para medir as coisas, do vazio para sentir, da saudade para perceber, do não ter para só assim perceber o que tinha, mas de qualquer forma, nunca é tarde para dizer eu te amo, sempre haverá tempo para reconhecer o valor de quem está perto, próximo ou ao nosso lado.

Acredito que a gente tem um bloqueio, não conseguimos admirar as pessoas ou elogiá-las, primeiro pra gente não se sentir frágil, depois para não envaidecer quem vamos rasgar elogios e admirações, mas de uma forma ou de outra, a gente sente e um dia esse sentir deverá ser expressado, não dá pra segurar muito tempo, e a gente até consegue, mas um dia a pessoa deixa de existir e vamos lamentar a oportunidade que nunca realizamos de poder dizer o que a gente sentia por ela.

Ainda hoje alguém, uma amiga, veio me dizer coisas, fiquei surpreso. Primeiro ela pouco falava comigo, já estivemos próximos e ela nunca disse nada, também é preciso dizer, ela também confessou, não gostava muito de mim, mas hoje, e eis a minha surpresa, parece que aprendeu a gostar, admirar, me enxergar, hoje, depois que já não estamos tão próximos, que estamos distante, em outros ambientes, parece que só hoje ela veio reconhecer a minha presença e as minhas qualidades.

Poderia ser sido diferente, mas não foi, acontece assim com muita gente, já perdi, ou deixei para lá, pessoas que eu acreditava não amar, gostar, mas hoje sinto uma falta imensa, mas entre ir lá e dizer do meu amor, prefiro guardar aqui comigo, muitas coisas mudam com o tempo, entre o silêncio e uma palavra o mundo gira e tudo se transforma, nem sei se  era realmente mesmo amor, mas sei que é uma falta, uma falta que só fui perceber na falta, na ausência, depois de não ter mais.

A gente tem um sério problema, medo de demonstrar afeto, medo de falar de sentimentos, de mostrar que a gente gosta, quer, ama, deseja, não gostamos de ser frágeis, de nos arriscar, nunca sabemos o que o outro irá fazer com o que a gente disse ou sente, a gente tem medo de sofrer, que alguém nos pise, nos magoei, nos fira, machuque, por isso guardamos dentro de nós o que temos de melhor, o que poderíamos dizer.

Não sei se a minha amiga irá se aproximar de mim ou se quis mesmo só e apenas dizer algo que achou que deveria dizer, talvez não me queira na vida dela, talvez sentiu apenas a necessidade de dizer algo que poderia ter digo há muito tempo, antes, mas que nunca encontrou a oportunidade ou então, talvez seja um novo começo pra nós, ela agora descobriu dentro dela algo que sempre negara, que não queria reconhecer, ou talvez mesmo, quem sabe, foi a distância que a fez me ver de outra forma, a ausência, o medo de me perder para sempre que fez com que ela decidisse me falar da sua admiração por mim, ou talvez, nada demais, apenas disse o que via em mim e pronto, fim da conversa.

De uma forma ou de outra, nunca é tarde para dizer eu te amo, para reconhecer qualidades e valores das pessoas que estão ao nosso lado, de parar e pensar nas pessoas, em como elas são, o que fazem, suas belezas, em suas histórias, isso nos ajuda a amar as pessoas, a compreender melhor elas, a sermos mais humanos e solidários, e pra gente nunca é tarde para melhorarmos nossas relações, nossa vida, o nosso coração.


terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Das coisas boas da vida

Das coisas boas da vida

Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada (15-01-1014)

Como dizem, olhar não tira pedaço, diria que, provar não vai matar. Da série, morro e não vejo tudo, mudaria para, quero ver e provar tudo que puder antes de morrer, quero agregar valor a existência, me permitindo coisas, abraçando a vida, olhando o destino, vivendo o que precisa ser vivido.

Viver o que a vida pode nos proporcionar é ainda uma das coisas mais fantásticas da existência, Cazuza tinha mesmo razão, piedade pra quem não sabe amar, vive contando dinheiro e não muda quando é dia de lua cheia, para quem tem medo de viver, se esconde atrás de um pensamento careta classe média para não viver, com medo de pecar de ir para inferno, não acredito inferno, menos ainda em céu, acredito em provar o sabor da vida, o doce da existência, sair do quarto e ganhar as ruas, olhar a lua, contar estrelas, tomar um porre, caminhar descalço, pequenas grandes coisas que irão nos acompanhar para o resto da vida, e como penso e costumo dizer, envelhecer só tem sentido se tivermos histórias para contar, saudades para sentir, lembranças para buscar.
Sei que perdi já muitas coisas, como diz um amigo, com medo de viver, mas a idade, penso em chamar de maturidade, me permitiu alargar os horizontes, provar um pouco da vida, saber a cor do mundo, sentir o perfume das coisas, cruzar os caminhos possíveis, rir das coisas engraçadas e chorar das tristes, eis o sentido da vida, só é um, viver.

Não me canso de dizer e repetir, a coisa mais importante da vida é viver, vivendo as coisas acontecem. Volto a citar o poeta Cazuza, quando cantou, solidão é pra quem ficar em casa fazendo fica, solidão, diria mais, é pra quem tem preguiça de viver, para quem não quer abrir os olhos e ver além, ariscar, deixar tudo acontecer, vibrar de emoções pelo que pode nos acontece, fazer parte da coisa, encontrar a graça do moído, como dizem.

Um pouco de tudo, de tudo um pouco, rir de si mesmo no espelho, morrer de paixão, sentir saudades, sair da gente de vez em quando ou de vez em nunca, esquecer nossos modelos e nossos padrões, só para poder dizer, eu vi, eu senti, eu provei, eu vivi e agora posso contar, não sei se foi bom ou ruim, talvez nem esperava que fosse alguma coisa, mas só posso contar, falar, dizer aquilo que um dia puder viver, provar, sentir, por isso danço sem saber, me jogo na água sem saber nadar, caminho cansando e me deito esperando o sono chegar, faço sempre o que gosto, mas me permito também ir de encontro ao que não gosto, pois pode ser que até um dia venha a gostar, aceito convite, choro em velório, sento na calçada, vou a feira, converso com os animais, rego as plantas, penso na vida, mas também vivo a vida da forma que posso e devo.

Já perdi muita coisa, hoje não perco mais, muitas vezes disse, eu não sou assim, não faço isso, não posso, hoje penso que devo provar das coisas boas da vida, pois vou morrer e não vejo tudo, vou sair daqui e não provo tudo, vou embora e não sei tudo, sou sempre aquilo que me falta, resta, mas vou seguindo, vivendo, e vivo, tenho a vida e vivo para contar história, para carregar comigo com o passar do tempo, da vida, do destino as coisas que um dia tiver a chance de viver.

Vivo para poder me arrepender, e a gente irá se arrepender, ou das coisas que fez ou das coisas que não fez, prefiro me arrepender das coisas que fiz, pois mesmo as erradas, equivocadas, me deixaram algum ensinamento, mas o que deixei de fazer, das coisas que nunca pude sentir o sabor, dessas nem suspirar posso, nem escrever me atrevo.  


Viver, é isso que quero, e não importa o que seja, se sentir o perfume de uma flor, ou ganhar na loteria, beijar a mulher amada ou sentir solidão, ficar gordo ou lutar para emagrecer, não importa, desde que seja vida, e é isso que quero, viver, viver, viver e apenas isso viver. 

Sofra com seus amigos

Sofra com seus amigos
Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada (14-01-1014)

Descobri a melhor forma de sofrer, é junto aos amigos.

É ali que podemos rir, conversar e até esquecer um pouco dos nossos problemas, das nossas dores.

Não precisamos de muito, muitas vezes apenas de uma conversa, de um tempo com gente que a gente gosta e gente que gosta da gente.

Não, não resolverá o nosso problema, mas nos permitirá entender que a vida é muito dinâmica, que a gente pode encontrar soluções e saídas, e em conjunto pode ser melhor, irá nos permitir respirar um ar novo, sair do nosso claustro, do nosso buraco, da nossa prisão.

Quem sofre sozinho sofre duas vezes, meu conselho para quem sofre é, vá pra rua, ligue pra quem você confia, peça pra conversar, rir, contar piada, vá tomar um café, um suco, ir ao cinema, caminhar, nem precisa falar do seu momento, só precisa estar na companhia deles e isso pode ajudar e muito.

Está com os outros é uma fuga de si mesmo, a melhor, penso.
Muitas vezes com problemas queremos nos isolar, nos trancar, ficar em silêncio até nos curar, mas a cura também pode ser realizada em conjunto, ao lado das pessoas.

Repito, quando a gente vai ao encontro dos outros a gente se esquece de si mesmo e se esquecendo a gente fica melhor, se sente bem melhor, pois muitas vezes só precisamos nos esquecer para encontrar novos caminhos que ainda não foi possível enxergar, fechado que ficamos, deixamos de ver e visualizar o horizonte, tudo parece escuro e cinza.

Em momentos difíceis pelos quais tive que passar foi com os amigos, ao lado deles, que encontrei conforto.
Não, nenhum deles me apontou soluções, resolveu a minha dor, enxugou minhas lágrimas, mas eles me permitiram sorrir, ser quem eu era naquele momento, não houve recriminação, apenas companhia, desvio do foco e afeto. Isso foi importante.

Permitiram que eu me esquecesse do que sentia, do que me angustiava, me deixava triste, e mais, que eu sofria por pouco diante a imensidão da vida, da existência, do futuro, do que se podemos viver e sentir ao lado de pessoas, de gente.

Gente que te entende e te aceita, não pede pra você mudar ou deixar de drama, de besteira, mas te permite ser quem você é, do jeito que é, como quiser ser, acredito que assim deva ser os seus amigos, eles te querem por você ser quem é, como pode ser, por isso é melhor sofrer com eles, do que sem eles.




Quando deixo de viver e passo a sentir

Quando deixo de viver e passo a sentir
Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada

Todos os dias as tardes correm minhas saudades, visitam minhas lembranças, em tardes assim, de sóis amenos, caindo da imensidão dos céu, de sombras se pondo, de dia partindo e noite chegando, de vento zunindo, árvores balançando como se tivessem cantando, em dias assim,  de gente descansando, morrendo para o dia,  voltando casa, em dias assim, de lembranças chegando e tristeza me invadindo, lembro do amor que de me tão importante invadiu meu peito e lá ficou por quanto achou necessário, e se necessário um dia chegou, necessário um dia achou de partir, esqueceu muitas coisas dentro de mim, lá estou, catando os restos, juntando os pedaços das melhores coisas que fui, dos melhores momentos que vivi, das piores dores que senti, das alegrias que jamais esperei viver, das lágrimas que nunca pensei em vertes.

Em dias assim, quando deixo de viver e sinto, quando me perco em pensamentos, em devaneios, transformo realidade em ilusão, quando sonho acordado, quando sinto um pouco de vida pulsando em mim, em dias assim me torno humano, amo, me apaixono, escondo no sorriso a dor, mergulho em livros, canto canções, trabalho, mas em dias assim, sinto, deixo de viver e apenas sinto, sinto que posso voar, amar, ser feliz, sinto que sou gente, que estou vivo, que amei e fui feliz.

Em dias assim, quando a tarde se levanta, quando resta apenas um copo de dia para ser tomado, um último gole de vida, me abstenho e me reservo, calo em mim as dores mais finas e profundas, silencio as saudades mais alegres e torturantes, as saudades mais intensas e graves, em dias assim, quando deixo de viver e passo a sentir, sinto, quando a noite sorrateiramente começa a tomar conta das horas, dos dias, quando parece que tudo caminha paro seu tédio normal, quando penso que vivo, é aí que sinto, que sou tragado por sentimentos que me devoram e apertam, me viram ao avesso.

Em dias assim, quando antes prefiro morrer, suspiro, seguro a tristeza que gostaria de se abater sobre mim, expulso a solidão, corro de mim, vou pra rua, olho as pessoas, escrevo na internet, danço axé, compro um sorvete, ligo a televisão, aumento o som, corre de mim, busco vida, o viver, para parar de sentir o que sinto, em dias assim até gostaria de nunca ter provado o lado bom da vida, o doce da existência, o amor capaz, a paixão de gostar, o gostar de existir.


Em dias assim, apenas paro e espero por um novo dia, qualquer coisa que venha mudar o meu destino, me levar da tarde, me trazer a noite, me levar para o amanhã, em dias assim sofro não pelo que vivo, mas pelo que um dia pude viver, pelas tardes de sol de pondo, pelas manhã juntos, pelos planos e sonhos em conjuntos, pelos beijos e abraços, pelo cheio e pela cor, pela voz e pela gargalhada, em dias assim, quando deixo de viver e sinto, quando não vivo e passo a sentir, sinto que fui feliz.....

Queria amar sem medo

Queria amar sem medo

Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada

Queria amar sem medo, como a verdade que espera sempre prevalecer, como as aves que correm livres pelo céu, como o sol que não teme morrer em cada entardecer, como os pássaros que cantam soltos, como a lua em sua solidão, ou as estrelas que brilham todas juntas e sozinhas, com o vento que corre ligeiro, faceiro, sem lugar pra chegar, indo sempre pra qualquer lugar.

Queria amar como os poetas, sem medo do absurdo de suas palavras, como a Terra que gira sem parar, como as formigas que trabalham de forma incansável, como os caminhos que nos levam sem nunca nos parar ou nos perguntar aonde queremos chegar, amar como os loucos, sem entender, como os doentes, incuráveis, como quem ora com fé, sem saber o que irão atingir, como os cegos que vagam pela escura imensidão, como o espelho que não nos esconde, como a solidão que não teme.

Amar como as horas que passam sem nunca atrasarem, como os dias que ficam, como o passado que não muda, como o futuro sempre por acontecer, o presente para viver, amar como as mães sempre a perdoar, como o rio que segue sem parar, ou mar, sempre por se admirar, como a chuva caindo nova vida ensejando, como as árvores que nascem para o alto, se prendem pelo chão, como as folhas verdes que não caem, como as seca que desistem, como a vida em começo e seu fim.

Amar sem ter medo de voltar, ir ou parar, amar sem medo de pedir desculpas ou me arrepender, amar sem medo de sentir dor, solidão ou abando, sem medo de beijar de olhos fechado, abraçar no escuro, cantar no banheiro, deitar no chão, sonhar acordar, amar sem medo de pedir carinho, um beijo ou um abraço, de me entregar, me deixar carregar ou levar comigo quem ao meu lado estiver.

Amar sem medo de palavras dizer, falar ou cantar, sem medo de palavras ouvir, compreender ou entender, sem medo de olhar, do olhar, sem medo do amanhã, do ontem, do agora, sem medo do daqui a pouco, do logo mais, do antes, do atraso, do que pode ser antecipado, do silencio, do que pode ser calado, deixado, abandonado.


Queria amar sem medo para pode ser o que sou, falar do que sinto, penso e quero, sem medo da mágoa, da raiva, do rancor, amar pra cometer pecados e depois me perdoar, amar para antes do entardecer pode viver tudo outra vez e novamente amar para nunca mais esquecer, só queria amar sem medo para nunca ter medo de nunca mais amar. 

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Pausa para me tornar melhor

Pausa para me tornar melhor

Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada

Aprendi com o escritor gaúcho, Fabrício Carpinejar, que uma crônica sempre pode ser melhor, sempre se pode escrever um texto melhor quando você dá uma pausa, volta e recomeça. 

Carpinejar disse que escrevendo não se incomoda de abrir a porta, atender o celular, fazer qualquer outra coisa, pois sabe que ao voltar o texto poderá fluir melhor, poderá ser melhorado, terá mais maturidade.

Uma amiga me disse recentemente que prometeu a si mesmo ser uma pessoa melhor, e como minha amiga, não fiz planos e projetos para 2014, mas tenho essa mesma necessidade de ser uma pessoa melhor a cada dia, hoje melhor do que ontem e amanhã melhor do que hoje.

Não sei quando acontece, sei que acontece, quando um dia você olha para si mesmo e percebe que precisa mudar, precisa deixar de ser quem é, que não suporta mais ser o mesmo, que é preciso mudar, fazer coisas novas, se melhorar, aceitar melhor algumas situações, lutar por outras, mudar algumas, deixar muitas em paz.

Assim como escrever uma crônica, um texto, quando você faz uma pausa e volta para escrever, percebendo que encontrou a palavra, a frase, o pensamento para seguir, a vida também pede que a gente faça essas pausas, para encontrar o ritmo certo, encontrar o caminho, precisamos aprender a parar e pensar, voltar, recomeçar, e nesse pequeno espaço de tempo, nesse hiato, a gente amadurece alguma coisa, pensa em outra, reflete muitas e se encontra, encontra o que precisa, o que falta.

Como disse, não sei quando isso acontece, tem gente que passa a vida inteira sem fazer uma pausa, sem pensar em si mesmo, sem se refletir, outros precisam de um toque da dor para se abrirem para o mundo, para a vida, outros fazem isso de forma diária, num busca incessante por si mesmos, querendo se encontrar, se entender, se acharem nesse mundo, não há um padrão, há um fim, um destino que todos um dia iremos parar e pensar, amadurecer, crescer, sempre em busca de sermos melhores.

Se pudesse escolher algo para 2014, entre tantas coisas, pediria mesmo para ser melhor, comigo mesmo e com os outros, ser mais leve, mais solto, mais livre, fazer minhas pausas, muitas delas antes de dormir, pensar nos meus dias, nas minhas horas, e ao voltar, voltar melhor, reescrever o meu destino, o meu caminho, encontrar as palavras, o estilo, criar um enredo para um dia melhor, uma vida melhor.



domingo, 12 de janeiro de 2014

Quero o que ainda está por vir

Quero o que ainda está por vir

Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada (12-01-1014)

Não quero viver das ruas que passei, das esquinas que contornei, das cenas que um dia já vivi, dos cenários de outrora, quero vida nova, quadro com sabor de tinta fresca, não quero folhar livros antigos com cheiro de coisa velha e empoeirados, quero o sabor e o aroma da folhas novas, a brancura de um mundo novo escrito, novas histórias, personagens, um novo enredo, outro fim.

Não quero cantar antigos refrãos de músicas do passado, quero canção nova, um novo ritmo, novas melodias, sons que me despertem para outras composições, “rimas fáceis, calafrios, faz um pacto, fura o dedo comigo”, como cantou Adriana Calcanhoto.  

Quero seguir pelas ruas que estão a minha frente, pelos caminhos que ainda hei de cruzar, ver os horizontes que ainda não vi, os céus que ainda irão surgir, as manhã que deverão chegar,  não quero ficar cantando minhas lágrimas, prefiro guardar os meus sorrisos, não quero acender velas para o passando, mas uma luz para o futuro.

Não quero sustentar rancores e mágoas, o bolso cheio de pedras, a língua travando sabores, prefiro olhos de esperanças, o caminhar livre, a vida em oportunidades para tudo que ainda podemos viver, ter e ser.

Não vamos tropeçar, cair, sofrer, vamos em frente, subindo, levitando, deixando acontecer, vamos arribar nossos pesos e nossas dores, deixar a alma em transparência, o espírito em cores, o coração liberto, a mente em desalinho, sem prisões, sem choques, sem amarras.

Não quero filmes do passado, quero uma sessão de cinema das dez, cheiro de pipoca, gente bonita, expectativa no ar pelo novo, pelo que ainda não se viu, pela história nova que irá se descortinar ali diante dos olhos, novas cenas, novo fim, tudo outra vez acontecendo, quero mais o futuro imprevisto do que o passado já encenado.

Não quero repetir as mesmas falas, palavras decoradas, frases repetidas, quero criar orações novas, preces sinceras, um novo poema, uma outra crônica, não quero sentar de cansado e me deixar ficar, quero percorrer com pressa o muito que me falta, quero viver o novo, aprender com o velho e ir buscar o que falta.


quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Desistir pelo ontem é não acreditar no amanhã

Desistir pelo ontem é não acreditar no amanhã
Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada.


Desistir do hoje pelo passado é não querer enxergar que o futuro pode ser melhor, desistir pelo que aconteceu é pensar que nada pode ser melhor, não querer viver é pensar que tudo que já foi é tudo que podia ter sido vivido, é travar-se, é não querer aceitar que o logo mais será diferente, que poderá mudar, acontecer outras coisas, olhar para trás e ali se deixar prender é como andar pra frente olhando pelo retrovisor, você sabe de onde vem, mas não sabe pra onde está indo. 

Não é o que fui e vivi que irá me dizer o que posso ser e viverei, as lágrimas que derramei não poderão determinar e tomar, proibir e bloquear meus sorrisos, o que calei não poderá dizer aquilo que ainda tenho por falar, as canções, os discos e filmes que vi não podem prevê o que ainda vou ouvir, cantar e ver, a vida segue pelo que não aconteceu e não pelo que já passou, não posso me medir pelo ontem, mas pelo que ainda tenho para o amanhã, não é pelo fato de não conseguir ter sido feliz ontem que devo me privar do melhor que posso ter para daqui a pouco. 

Não é por não ter conseguido ontem que não possa tentar amanhã, ontem foi ontem, amanhã ainda não aconteceu, se sei o que fiz, agora só me interessa o que posso fazer, não posso privar a minha esperança por conta da minha dor, não posso me negar uma chance só pelo fato de que as oportunidades de ontem não terem dado certo hoje, viver é acreditar que a hora seguinte será e poderá ser melhor, que se ontem não fui feliz, agora, hoje posso acreditar e amanhã poderei realizar o que quero, penso, sonho, pois acredito. 

Por isso esqueço o ontem, me renovo para o amanhã, aprendo com o que fiz, mas espero ansiosamente pelo que ainda posso fazer, tentar, ser, viver, a vida é bela pelas oportunidades que ainda podemos ter, pelos sonhos que podemos viver, pelas alegrias que ainda podemos ter, por isso, sei do ontem, mas me consumo pelo amanhã. 

PS: um dos meus melhores textos....

Não volto pelo mesmo caminho sendo o mesmo

Não volto pelo mesmo caminho sendo o mesmo

Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada (08-01-1014)


Não me peça pra voltar, não há mais retorno daqui, cheguei aonde não queria, daqui não posso mais voltar, não serei mais o mesmo, o amor transformou-se em medo, a paixão em dúvida, a saudade em lembranças, não há mais segurança, o que sentia não sinto mais, não foi apenas você quem foi embora e me deixou sozinho sentando em algum lugar a beira do caminho, foram embora junto contigo tudo o que um dia nos permitiu caminhar lado a lado por algum tempo, hoje a coragem não é mais a mesma, a ousadia, o sorriso, os sonhos, tudo mudou, se antes falava agora calo em mim as minhas verdades, meus sentimentos mais sinceros, meus desejos de você, minha paixão incontida, minha vontade de te provocar prazer, meus desejos de ti, minha ânsia de arrancar seus sorrisos, te fazer feliz, com o tempo as coisas passaram, a vida seguiu, tanto sentimento, tanta dor, tristeza, tantas lágrimas, tamanha indiferença me transforam hoje nisto que sou, alguém distante, que apenas te olha, de longe, a distância, e espera pelo teu futuro, aguarda pelo seu retorno, mas não tem mais esperança de continuar ao seu lado, você me ensinou a viver sozinho, a viver sem você, superei cada minuto, hora, dia, semana, mês, momento, vivi intensamente tudo o que sentia, cada lágrima, suspiro, calafrio, tudo o que eu podia sentir, senti, vivi, amei, e agora, bem, agora, agora espero que tudo possa acontecer, inclusive nada, como diz a canção, cansei de pensar que o amor poderia mudar as pessoas, que poderia mudar o mundo, como diz uma amiga, não muda nem cadeira de lugar, mas não estou no mesmo lugar, caminhei, segui, fui, e já não quero ou posso voltar, me abandonei lá atrás, tomei as minhas decisões, como você tomou as suas, decidi muitas coisas dentro de mim, decidi partir, ir, não mais voltar ou olhar para o passado, um passado que você não quis entender, perceber, aceitar, um momento no qual você insiste e desisto, você revela e eu apago, não quero não lembro, reflito, me culpo, mas, bem, aprendi e muito, mas não desejo ficar lá estacionado num momento qualquer da nossa história, da nossa vida, quero novas cores, outros cheiros, caras e bocas, pensar que há ainda esperança e sonhos nesse caminhar, sinto pelo que um dia perdemos, nossas músicas, nossa vida, nossa sinfonia, nossa sintonia, nossas afinidades, sinto, mas não reclamo, muito tempo tentei entender, parei, cansei, certas coisas a gente jamais terá mesmo como entender, apenas viver e sentir, e senti tudo o que podia e o que não podia. Não esqueço, lembro, não sinto, vivo ainda cada momento nosso, cada eternidade daquilo que um dia somos e somos, feliz então, pelo amor que um dia sentir ao seu lado, pela saudade que sinto, pelas lembrança que tenho pelo paixão que alimento, pelo amor que nutro, mas não tenho mais forças, e um dia você se cansa de carregar a si mesmo e se abandona, e mesmo que me encontrasse, que voltasse pelo mesmo caminho, jamais poderia caminhar outra vez da mesma forma, do mesmo jeito, sendo o mesmo, a vida muda, e urge, como você mesmo disse, pede urgências. 

Alguém que perceba os nossos detalhes

Alguém que perceba os nossos detalhes

Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada (08-01-1014)

Acredito que a gente sofre de solidão, não por estarmos tão sozinhos e solitários, mas por não ter com quem dividir o que somos, o que temos, chega um momento em nossas vidas que a gente cansa e se torna um fardo carregar quem somos, precisamos de outra pessoa para nos ouvir, nos fazer sorrir, nos aliviar daquilo que sentimos, para que possamos nos dividir.

Nessas horas precisamos de alguém que esteja atendo aos nossos detalhes, coisas que nem sempre queremos falar, dizer, mas que está escrito em nossa testa, é só alguém olhar e perceber, não queremos fazer um esforço para deixar tudo claro, só precisamos que alguém nos sinta, entenda o momento, veja os detalhes, vasculhe a nossa alma, sem que a gente precise gritar.

Alguém que entenda e compreenda o nosso silêncio, a nossa falta de humor, que aceita quando a gente não quiser fazer amor ou não tiver dinheiro, que não exija muito da gente, sinta os nossos limites, as nossas fragilidades.

Alguém que preste atenção ao que ninguém percebeu, e que também muitas vezes nem precise dizer ou falar nada, basta sorrir e nos transmitir confiança, segurança, conforto, alguém com quem a gente possa contar, que não tenha medo de chorar, vomitar nossas raivas, jogar nossas dores, sussurrar nossas angústias, alguém que a gente sabe que não irá embora quando nos conhecer melhor e decifrar o nosso enigma.

Atenção, mais do que alguém do nosso lado, precisamos de companhia, de companheirismo, alguém que seja nosso e que possamos também ser dele ou dela, precisamos de gente que possa compartilhar coisas, saber de nós, alguém que nos faça uma surpresa simples, mas boa e alegre, que compra na rua um sorvete por saber que adoramos, que chegue em casa com chocolate por saber que amamos, não precisa ser um objeto de grande valor, isso muitas irá nos constranger, mas precisa ser algo que nos demonstre afeto, carinho, atenção, alguém que entendeu os nossos detalhes.

Em resumo, precisamos de colo e sensibilidade, de aconchego e afeto, precisamos de renúncia e doação, de amor e amizade, de carinho e liberdade, de amor e segurança, precisamos e queremos alguém que não tenha medo de nós, que acredite em nós, nos entenda, que nos surpreenda, que nos faça nos sentir necessários, importantes, melhores, que confie em nós, que nos dê coragem, nos admire, nos torne humanos melhores e mais amáveis.


Alguém para contar coisas e ouvir histórias, dançar sozinhos num noite de sábado em casa, ter uma canção em comum, fazer planos juntos, ter projetos em comum, sonhar com uma vida lutar, lutar por essa vida melhor, construir uma vida, edificar um projeto existencial, escrever um livro, alguém que veja os nossos detalhes. 

Vou tomar minha solidão


Vou tomar minha solidão

Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada (07-01-1014)

Vou tomar minha solidão, em doses curtas, em goles rápidos e findos, deitar-me quieta esperando o tempo passar, deixar o dia fluir, a hora correr, vou pensar no teto e olhar para vida, sozinha, vou me abraçar, estar comigo, olhar-me no espelho e até me achar bonito, sorrir pra mim, escolher minha melhor fantasia, criar uma ilusão, sair pela cidade, viver esquinas, parar em ruas, correr praças, subir ladeiras, descer escadas.

Vou viver minha solidão, tomá-la de assalto para mim, vou sozinha pra qualquer lugar e lá ficar, só, vou parar sozinha em qualquer lugar, cantar a minha música, ficar absorta, lépida, perfeita, só a solidão é perfeita, por ser tudo o que se possa ser, vou criar o meu planeta, a minha galáxia, o meu lugar de sozinho, minha paz de guerra, minha guerra de paz.

Ah, minha solidão, amiga, companheira e irmã, namorada, filha, pai e mãe, cicatriz, lembrança, minha vida, evocas o meu vazio, carrega minhas saudades, suporta meus vícios, transforma minha mansidão. Vou tomar minha solidão, tomar pra mim, o que tenho de melhor, pensamentos sombrios, desejos sóbrios, tempos intermináveis, vidas cruzadas, alma despida de todas as cores.

Vou tomar minha solidão, como meu lugar, meu livro, meu filme, o filme da minha, com minha presença garantida, com o mesmo público de sempre, com os mesmos cenários, olho em volta, é sempre igual, outro rio, mesmas águas, outra praia, mesmo mar, outra cara, mesmo sentimento, sempre a minha solidão, afogo-me, morro, mas continuo vivo, solidão é isso, é morrer um pouco de mim, em mim e mesmo assim ainda existir para sentir a dor universal do criador.

A solidão é quem me toma, pensei melhor, me abraça e me beija, me cansa, me instiga, me come e me dorme, me acorda e me faz sonhar, solidão, ah, solidão, solidão, solidão, é sempre o mesmo clichê, a velha máxima de não mais me aguentar, de precisar de outrem para que esse possa me levar, puxar, pois já não consigo mais me carregar, não tenho mais forças para me ter, preciso que alguém me ouça as palavras, vele meu sono, coma ao meu lado, respire meu cheio, beba da minha vida, me tenha em seus planos, desejos e projetos, e sofro, carente de outrem, cheio de mim, enfadado com a minha solidão, que não me deixa, não parte, não desiste de mim, continua sempre a me sorrir, acena, esperando o meu instante de desespero, a minha renúncia, o meu desgaste.


Mas não desisto, vou tomar minha solidão, como sedento em busca de um cálice de vinho, de um gole de água, tomá-la-ei com a toda minha sede e sentirei alegria, vou até o fundo do copo, se um copo existir e um fundo para chegar houver pra ir, pedirei outra dose, mais uma, até me embriagar de mim mesmo e como todo bêbado quero esquecer de tudo o que fiz, falei, sem memória, e sem solidão.