terça-feira, 28 de outubro de 2014

Não há pessoas interessantes no mundo?

Não há pessoas interessantes no mundo?

Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada (28-10-1014)

À medida que o tempo passa e você fica mais experiente, maduro e interessante e deveria saber aproveitar melhorar a vida, também chega o momento de sentir só e sozinho no mundo.

Tenho encontrado amigos e amigas que estão sozinhos e sozinhas, já estão cansados de aventuras, não querem mais brincar de relacionamento, trabalham, estudam, são ocupados, mas não conseguem encontrar alguém estável para namorar, dividir uma vida, pequenas conversas, um café ao final da noite.
Converso com elas e eles e escuto sempre as mesmas questões, tem muita gente no mundo, mas pouco interessantes e boas o bastante para se investir. Dizem que não é fácil encontrar alguém, há também o medo de sofrer, a insegurança, se privam muitas vezes por conta das suas desconfianças internas, não conseguem acreditar em fidelidade, e deixam passar muitas oportunidades.

Sim, há pessoas interessantes, mas muitas delas já comprometidas, quem está solteiro ou não quer nada com ninguém, ou não presta mesmo e por isso está sozinho, ou está ainda vivendo de aventuras, e ninguém quer isso mais pra suas vidas.

Uma amiga me diz que, não que seja uma obrigação ter alguém, vivo bem, ela me conta, mas gostaria de viver bem com alguém, solidão não me maltrata, mas acordar no domingo de manhã e se sentir sozinho não é algo bom, sábado a noite sem alguém pra ir ao cinema ou jantar fora, é ruim, ela me conta. Ela tem amigas e gosta muito de sair, mas diz que cansou de fazer sempre as mesmas coisas, ficar com caras sem graça e voltar pra casa sozinha.

O grande dilema da geração de mulheres independentes, que estudam e trabalham, não é a solidão, isso elas conseguem suportar, aliás, mulher vive melhor sozinha do que homem, muito melhor, mas a grande questão é encontrar alguém que seja bom o bastante para se investir e conviver.

Até sei que muitas investem e convivem com cara que não valeria a pena, mas a solidão nessa hora pesa mais, é mais angustiantes, principalmente quando o ex já tem alguém, elas não querem ficar para trás ou por baixo, e acabam levando pra casa o mais em conta, mesmo que não seja o melhor, isso é fácil de perceber.


Talvez estejamos condenados a uma solidão povoada, muitas pessoas, gente demais, mas ninguém bom o bastante pra ganhar a nossa confiança e dividir a nossa vida. Exagero? Talvez. Estamos querendo e esperando demais dos outros? Sim. Somos exigentes demais? É. Mas mesmo com tudo isso e por tudo isso ainda estamos sós e vamos assim continuar, pois falta alguma coisa para nos fazer acreditar que valha mesmo a pena. 

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

É na intimidade que nos revelamos

É na intimidade que nos revelamos

Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada (24-10-1014)

A gente não conhece alguém até conviver com ele, ou ela.

Só na intimidade demonstramos quem somos, quem realmente somos. As pessoas nunca são o que elas realmente aparentam ser, há sempre algo em baixo do tapete, atrás da porta, dentro do quarto.

Em sociedade as pessoas fingem, mentem, são atores e atrizes, sorrisos falsos, atuações mesquinhas, interesseiras, maquiavélicas.

A pessoa educada, recatada, quieta, simples, calada, pode muitas ser um monstro entre quatro paredes, dentro de casa; a outro, outra, muito simpática, engraçado, boa praça, traz consigo traços obscuros que só serão conhecidos quando em convivência. Nos Escondemos por trás do verniz social, usamos máscaras.

Por isso muitas relações fracassam, as pessoas se mostram, ou  só mostram sempre o seu melhor, suas melhores qualidades quando em relação as outras pessoas, são as máscaras sociais.
Ninguém terá coragem de admitir seus defeitos e piores erros.

O nosso ego ou o nosso marketing pessoal não permite que a gente apresente o que temos de pior, escondemos os nossos defeitos, somos performáticos, criamos e inventamos outro alguém para conquistar a simpatia das pessoas, de alguém.

Sempre somos interessantes quando queremos cativar alguém, emitimos elogios, cantadas baratas, somos atenciosos, românticos, nos produzimos, depois do objetivo alcançado, cansamos, não conseguimos manter o ritmo, e claro, quando a presa está em nossas mãos, pronto, revelamos a realidade.

As pessoas sempre dizem ou fazem os mesmos comentários, “você era uma pessoa, mudou com o tempo, no início era um, agora é outro”, elas não conseguem perceber que nunca houve mudança, mas uma encenação, agora encerrada e que só a convivência tornou clara e real.

As pessoas encenam uma forma de ser, qualidades, características, mas um dia elas cansam e se mostram quem realmente são, por isso há um ditado que diz, quer realmente conhecer alguém, coma com ele um quilo de sal, ou seja, dê tempo, seja íntimo dela, converse, esteja junto, perto, isso irá possibilitar um real conhecimento do outro.

Longe disso apenas ficaremos com a aparência das pessoas, com aquilo que elas querem demonstrar, aparentar e nunca com o que elas realmente são em essência.



domingo, 19 de outubro de 2014

Toda nova relação precisa de esperança

Toda nova relação precisa de esperança

Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada (19-10-1014)

Uma amiga me conta, conheci um menino ótimo, maduro, experiente, vivido, boas histórias, uma conversa ótima, mas por conta de um relacionamento fracassado, que gerou sofrimento e deixou cicatrizes em sua vida, ele agora não consegue mais acreditar nas pessoas, nas mulheres, sempre em dúvida, inseguro, ele pensa que irá acontecer da mesma forma como antes, não se consegue se apegar a ninguém e prefere ser um cafajeste com quem se aproxima dele. 

Não se pode descartar a experiência e conhecimento adquirido através das nossas vivências, mas muita vezes nos atrapalhamos e atrapalhamos a nossa vida, acreditando que o que vivemos irá se repetir outra vez em nossas relações. É bem verdade que pode acontecer, mas também pode ser que não aconteça, só saberemos se vivermos a vida como ela nos pede e se oferece. 

Isso acontece muito em nossas relações, sempre nos lembramos do que aconteceu no passado como forma de impedir o nosso presente ou não acreditamos em nosso futuro. Carregamos nossas experiências no bolso e as sacamos a todo o momento para nos privar de algo, para nos proibir de acreditar em coisas boas e pessoas melhores que podem e irão surgir em nossa vida a qualquer momento, instante. 

Em nossas relações precisamos sempre aprender a zerar a nossa conta de expectativa, nem deixar o passado nos atrapalhar nem esperar demais do futuro, precisamos viver o presente sempre como algo novo e único, como uma nova e outra oportunidade. Cada nova pessoa traz consigo qualidades e defeitos, sonhos e medos, esperança e dor, alegria e tristeza, precisamos viver as pessoas com tudo que elas possam nos oferecer. 

Verdade que o medo nos paralisa, medo de sofrer outra vez , e cada nova relação, em seu início, é sempre regada a desconfiança e medo, insegurança e cuidados, mas se pensarmos bem, e muito bem, todos esses sentimentos nos refletem o quanto imaturos somos, o quanto não sabemos viver cada hora com  a sua dor e o seu prazer.

Não podemos seguir em frente olhando pelo retrovisor, isso nos indicará de onde viemos, mas não nos deixará saber para onde estamos indo. 

Ninguém pode se culpar por acreditar outra vez em si mesmo, na vida, no amor, em deixar acontecer, eu se permitir e permitir que outra pessoa preencha seus sentimentos e emoções, sentimentos e vida. Sei que medo todos temos, mas a esperança pode muitas vezes ser maior e mais contagiante, é preciso acreditar e deixar o tempo fluir, se cresce na dor, mas também na felicidade. 

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

As mulheres e seus amigos gays

As mulheres e seus amigos gays

Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada (17-10-1014)

Quatro amigas me afirmaram que gostariam de ter um amigo gay, mas do que uma afirmação, elas me disseram que era um sonho, penso que até uma necessidade, porém, tal desejo diz mais do que apenas a vontade de confiar em alguém que não irá se interessar por elas.

Segundo minhas amigas um amigo gay seria alguém não apenas para a troca de confidências, seria como se fosse outra mulher, sendo que homem, e claro, gay, e ainda, que não competisse com elas, que não provocasse insegurança e inveja, não sentisse atração,  traísse, nem tivesse interesse, alguém do sexo masculino, mas com sensibilidade, o que falta na maioria dos homens, segundo elas.

O que as mulheres me dizem é que, falta alguém, um homem com sensibilidade. Para elas os homens não sabem opinar sobre a roupa delas, o que devem usar, vestir, os gays sabem. Os homens são grossos, acham tudo igual, não conseguem fazer um elogio, são apressados, não ajudam na hora de escolher uma peça, um batom, um esmalte, e elas são carentes disso, mulheres são indecisas por natureza, precisam de um olhar alheio, outro, externo.

Há ainda a questão da competição no universo feminino, as mulheres competem entre si, em beleza, moda, no corpo, por homens. Há quem diga que elas pouco se importam com a opinião masculina, mas com a das outras mulheres, vestem-se para as outras, invejam as outras e também são invejadas por elas. Um amigo gay supriria essa necessidade e carência, seria um homem com um lado feminino, mais doce, meigo e opinativo.


Talvez seja apenas isso que as mulheres querem em suas vidas, uma opinião masculina sem pressa, sem abuso, com detalhe, alguém em quem confiar, alguém pra poder contar e desabafar, algo que elas, pensam e acreditam, encontram em um gay, um homem, mas com um sentimento de mulher, sem ser mulher, é isso, apenas isso.

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

A dor é de quem sente e vive e não de quem fala

A dor é de quem sente e vive e não de quem fala

Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada (13-10-1014)

Uma amiga anunciou o seu casamento para a próxima semana, matrimônio fruto de uma relação que já dura anos, cheia de problemas, silêncios e resistências, em seu favor, o amor, contra, tudo e todos.

Ela se defende e argumenta, “minha mãe não gosta dele, meu pai não aceita, meu irmão não nutre a menor simpatia por ele, mas quem gosta sou eu, quem irá viver com ao lado dele sou eu, sou quem devo decidir de quem gostar, a quem amar, escolhi ficar com ele, não terei o apoio da minha família, eles não o aceitam, mas me aceitam, isso pra mim basta, ficarei com os dois lados, claro, machucada por um lado, ao meio, mas talvez com o tempo eles percebam que a minha escolha foi movida por amor”.

Fico pensando nos inúmeros casos e situação iguais que acontecem todos os dias no mundo. Minha amiga só esqueceu-se de dizer que, a indiferença da sua família para com o seu noivo não é de graça, espontânea, ela tem lá as suas razões de existir. Ela tem razão ao afirmar que ama e por amor ficará com ele, mas seus parentes também têm lá suas razões para não compartilhar de simpatia pelo individuo.

Em resumo, ele não presta, mas ela o ama, que se pode fazer? Ele já mentiu, traiu, não mudou, continua a mesma pessoa, parece que não aprende com os próprios erros, o que torna difícil uma aproximação.

Não há ciência que desvende o mistério do gostar, seja de um homem, seja de uma mulher, se gosta e pronto, nada mais a fazer, é aceitar, como se diz, dói menos.

O ela tem razão ao afirmar e argumentar que será ela quem irá sentir, irá viver, logo, ninguém pode viver a nossa vida, sentir a nossa dor, derramar as nossas lágrimas, caminhar o nosso destino, somos nós quem temos que viver a nossa própria vida.

Já muitas situações desta natureza, no início ninguém aceita, com o tempo, através do comportamento do rapaz ou da jovem, as pessoas passam a aceitar, percebem e reconhecem qualidades e entendem que é preciso respeitar o amor de cada um seja da forma que for.

Mas também já vi situações em que os contrários tinham mesmo razão. Eles, os namorados, lutaram, brigaram, tentaram até conseguir ficarem juntos, mas a relação não durou muito, terminou, cada um voltou pra o seu lado e toda aquela odisseia deixou um imenso vazio na vida de todos.

O outro lado, a terceira via também existe, ninguém é contra, mas ninguém entende como ela ou ela gosta daquela pessoa, enfim, ainda precisamos amadurecer muito em questão afetiva, sentimental, se ainda falamos de tais assuntos é apenas por eles ainda não estarem resolvidos em nós, por nós.


segunda-feira, 6 de outubro de 2014

O melhor da paixão é a descoberta do outro

O melhor da paixão é a descoberta do outro
Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada. 06/10/2014

Uma das melhores coisas do mundo é apaixonar-se e descobrir alguém em nossa vida, de forma inesperada, quando a gente menos espera, tudo acontece e estamos envolvidos, pensando em outra pessoa, fazendo planos, suspirando ao encontrá-lo, tremendo ao vê-lo, deixando um pouco a normalidade da nossa existência e indo de encontro a loucura de outra pessoa.

A paixão é a descoberta de outro, de outra pessoa, conversas noite adentro, pensamentos ao amanhecer do dia ao cair da noite, mensagens durante o dia, devaneios, quando deixamos de ser um pouco quem somos e passamos a ser de outro, quando nos interessamos por alguém além de nós, deixamos o nosso conforto e nos arriscamos no desconhecido, mas fascinante mundo de alguém que nos despertou a atenção, o olhar, atraiu o nosso sentimento.

E vamos nesse caminhar, nessa batida, nos entregando e permitindo que alguém também invada a nossa vida, alma. Contamos segredos, falamos nossos medos, defeito, inflamos nossas qualidades, queremos nos mostrar, sermos vistos e ver o outro, imploramos que nos fale, nos deixe saber, se desnude diante de nós, tudo é novidade, tem cor, sabor, sorrimos, cantamos, a vida muda, ganha sentido, parece mais leve, nos toca a alma.

É gostoso, sensação de posse e redescoberta da vida, como se tudo estivesse acontecendo pela primeira vez, esquecemos nosso passado, erros, com algum receio, claro, com muitas dúvidas, mas, e assim mesmo, não deixamos a oportunidade de o amor acontecer novamente em nosso caminhar. Não importa o tempo, a idade, o momento, a paixão nos fará sair do nosso normal, cometeremos nossas melhores loucuras, ensaiaremos nossos melhores momentos, vivemos as mais intensas recordações, sensações, nunca mais seremos os mesmos.


Talvez a vida só se torne real quando realmente descobrimos o amor, a paixão, quando aprendemos a dividir o tempo com alguém, quando apreciamos alguém de forma particular e intimista, sabemos as suas manias e rimos das suas idiotices, quando nos sentimos feliz só em estar perto, conversar e viver algo com alguém de quem gostamos, quando estamos uma vida em comum, juntos, quando pulsamos por esse alguém a quem o nosso coração decidiu se entregar e se deixar. 

sábado, 4 de outubro de 2014

Apesar de tanta liberdade, ainda prefiro ficar preso por amor

Apesar de tanta liberdade, ainda prefiro ficar preso por amor
Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada. 03/10/2014

O escritor Fabrício Carpinejar cunhou uma frase da qual gosto muito, escreveu que, liberdade é está preso a quem se ama, algo meio Camões, já que o poeta português escreveu que, amar é estar-se preso por vontade.

Não gosto de ficar, prefiro me amarrar dos pés a cabeça por alguém, não gosto de beijos furtivos e abraços curtos, antes quero conversas longas e gargalhadas sinceras, demoradas, estridentes. Acredito que as melhores emoções acontecem sempre ao lado de alguém que a gente ama, gosta, deseja, se importa, prefere, sonha.

O mundo está mais aberto, as pessoas livres, podem trocar de parceiros, ter relações sem compromisso, fugazes, líquidas, e completo, desinteressante.

Gosto de saber que há alguém me esperando, alguém que irei encontrar mais tarde, alguém pra quem ligar, alguém que irá me enviar uma mensagem, iremos combinar de sair ou ficar em casa, iremos ao cinema, viajaremos juntos, conversarmos, tomaremos café e brigaremos, faremos as pazes, logo, claro.

Nada substitui a companhia de alguém interessante, alguém de quem gostamos, que nos arranca suspiros, nos fazer sonhar e pensar na vida, fazer planos para um futuro, de um futuro bom, alguém que toca o nosso coração e mexe com a nossa alma. Respeito a liberdade que cada um tem de escolher, de trocar de parceiro, mas me sinto quadrado nesse mundo redondo, um idiota romântico, um sentimental sem noção, um tolo sem recuperação.

Noites em claro, em festas, na balada, na ostentação, não fazem mais a minha cabeça, um dia até cheguei a ser seduzido pela ideia, imaturidade da minha parte, e um pouco de vontade de conhecer as coisas, o mundo, hoje acredito ser mais interessante um jantar a dois, um noite em casa, um bom filme, um vinho, uma música baixa, um momento aconchegante. Idade? Talvez. Maturidade? Pode ser. Mas, talvez, mais do que tudo isso, penso que descobri que a vida é melhor em câmera lenta, aos poucos, devagar, sem pressa, em boa companhia, com a melhor companhia, que seria alguém de quem gostamos e preferimos.


A despeito de tanta liberdade, ainda quero ser a preso a uma única só pessoa e que juntos possamos ser livres em nosso amor, em nossa paixão, em nossa vida, e com ela, por ela, pra ela, dela sempre serei, até o fim, como Florentino Ariza, em Amor nos tempos de cólera, de Gabriel Garcia Márquez, que esperou por Fermina Daza por longos 53 anos, nove meses e três dias. 

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Quem disse que pra gostar de alguém precisamos de tempo?

Café sentimental
Quem disse que pra gostar de alguém precisamos de tempo?
Por Ronaldo Magella 03/10/2014

Entre um café e outro um amiga me confidencia, “conheci um cara numa quinta-feira, conversamos, no sábado ficamos, no domingo assumimos um relacionamento sério, como se publica no Facebook, com foto e tudo e comentários idiotas, e acho que estou gostando dele, apesar de hoje ser segunda-feira, isso é normal?”.

Não só normal, lhe disse, como possível, quem disse que precisamos estudar e conhecer alguém por meses, anos, para poder enfim gostar? Quando há confiança, sinceridade, química, como se costuma dizer, demorar, custar, é perder tempo e não aproveitar.

Quando a gente sabe que há sentimento, desejo, vontade, por que não acontecer? O que nos impede?
“Tenho medo de sofrer, me apego rápido demais”, ela me dizia. Claro, todo mundo tem medo de sofrer, por isso quando se trata de relação, de outra pessoa, de paixão, amor, sempre entramos com o freio de mão ativado, derrapando aqui e ali para descer com tudo, mas quer saber? Sofremos muito mais por medo do que por razões reais e fatos concretos.

Deixa acontecer, invista, acredite, se permita e permita, coisas boas acontecem, sempre, em qualquer lugar, com qualquer pessoa, perdemos muitas oportunidades, chances, pessoas, momentos, vidas, emoções, muitas vezes por medo, insegurança ou por regras que impomos a nós mesmos, que criamos e inventamos.

Não há regras para vida, apenas viver, não há modelos, padrões, quando tem que acontecer, acontece, é forte, intenso, vivo, pulsante, e determina nossas existências. Não tenha medo de gostar, tenho medo de não saber reconhecer quando se está gostando. Ninguém pode viver a nossa vida, sentir o que sentimos, chorar as nossas lágrimas e curar as nossas dores, somos sozinhos e solitários em nós mesmos.

Não preciso de um manual para saber que alguém me fará bem, que serei feliz ao lado dela, só preciso sentir e quando sentir não vou precisar um de toda uma vida, só vou precisar acreditar.

Se muitas vezes uma palavra, um gesto, um ato, um momento pode destruir tudo o que sentimos por alguém, a paixão, o amor, a amizade, a relação, por que  pra gostar precisamos demorar tanto?


Como folhas secas, coração livre, solto no vento

Como folhas secas, coração livre, solto no vento

Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada. 03/10/2014

Até sei o quanto é bom gostar de alguém e ter esse alguém junto, perto, ao lado, mas também sei que muitas vezes na vida nos sentimos como folhas secas soltas pelo vento flutuando sem destino, quando o nosso coração prefere as férias ao trabalho árduo de uma relação, com suas renúncias e paciências.
Ainda não aprendemos amar, talvez a gostar, mas ainda somos possessivos, ciumentos, inseguros, medrosos, por isso sofremos, não sabemos ser livres, apesar de nos proclamarmos moderninhos, mas em nossas relações ainda somos atávicos e caretas, como se dizia na década de 80.

Sabotamos nossas vidas, nossos amores, antecipamos dores, imaginamos destinos, inventamos algozes e nos colocamos sempre como vítimas, somos carentes, queremos atenção, mas como crianças, infantis que somos, apenas cobramos, não sabemos nos permitir, e quando isso acontece, imputamos cobranças se recebemos menos daquilo que devotamos.

Não resta dúvida que a solidão ainda é a nossa maior tirana, nos consome, agride, perturba, por medo dela nos arriscamos, perdemos a nossa paz, elegemos guerras, gritamos de dor no silêncio do nosso interior, nos expomos, nos fazemos ridículos, perdemos a noção do perigo, da ordem, e muitas vezes pagamos um preço alto para uma vida tão barata.

Invejo, um sentimento sadio, pessoas bem resolvidas no amor, em paz com suas emoções, de bem com os seus sentimentos, no entanto, devo admitir, que está com o coração livre, desocupado, com sinal, sem funcionar ou bater por alguém, é uma sensação de liberdade, de conforto, por saber as dores que “gostar” pode muitas vezes nos trazer e nos fazer sentir e sofrer.

Não que não se acredite em amor, como muitas vezes costumo dizer, mas por hora, no momento, todas as ilusões foram perdidas, todos os sonhos dispersos, as esperanças guardadas, os sentimentos amarrados, talvez com a impressão de que não haverá mais nada a viver nessa campo, talvez por saber que o momento é para outras coisas, destinar a atenção para um novo caminho, talvez por entender que tudo acontecerá naturalmente, um dia, ou não, talvez por nada disso ser realmente o que será, o que se pensa, talvez por não ter mesmo mais nada para se dizer a respeito.


No entanto, como folhas secas, flutuando pelo vento, sem destino, sem compromisso de voltar, sem obrigação de ir, apenas esperando cair em algum ou qualquer lugar quando parar um dia de soprar a respiração do mundo, o respiração do destino, se um dia parar.