Alguém que
cuide da gente: homens também são frágeis
Ronaldo Magella 22/07/2016
Ainda
a pouco senti falta de receber um cheiro na cabeça, de alguém que me tire o
perfume e me envolva num abraço.
Sinto
falta de alguém de quem eu goste.
Faz
tempo que ninguém me segura pela mão e me olha nos olhos com vontade, e isso
não é mi mi mi, isso é carência de afeto, de gente, de carinho, é falta de
cuidado.
Não
é solidão ou ausência de pessoas.
Um
dia vivi isso, tive alguém que tinha vontade de mim, como ela mesmo me dizia, “tenho
dias de você, quando tudo que eu quero é estar com você, seja como for e isso
me basta”, sinto falta disso, de alguém que me tenha, me queira, me deseje, me
possua, e que receba também de mim o mesmo sentimento com a mesma intensidade.
Sim,
homens também são frágeis, mesmo com todo machismo, com toda grosseria, depois
de toda rudeza, no fim a gente só quer alguém que cuide da gente, alguém que se
preocupe com a gente, que nos dê colo e nos olhe com ternura e paz.
No
fundo a gente só sente falta de alguém, que pergunte como estamos, se já tomamos
o remédio ou se estamos bem depois de um dia trabalho, que nos pergunte
bobagens e nos beijo nos lábios de forma leve simples, mas com paixão e desejo.
Toda
a casca grossa é só cortina de fumaça, nós homens somos como bebês grandes,
crianças adultas, somos gente esperando cuidado e proteção, homem também chora,
sofre, morre, cansa, fica desanimado, confuso, em dúvidas, também é carente,
também é gente, quer gente, precisa de gente.
Desconfio
dos machos pegadores, no fundo são pessoas inseguras em busca de afirmação, são
pessoas atormentadas querendo mostrar a si e aos outros que são capazes, são vulneráveis
e sofrem com suas próprias angustias e com seus imensos conflitos interiores.
Gente
bem resolvida não fica variando, busca o equilíbrio, a qualidade, não a
quantidade, gente bem resolve não se mostra, permanece.
A
gente também tem medo de ser usado, se sente objeto, não suporta mentira, odeia
traição, perde a autoestima, desaba, se perde, mas séculos de machismo e de
superioridade infantil nos fizeram criar uma crosta na pele, uma parede, um
muro, mas já não suportamos mais, não nos seguramos mais em pé, estamos
amolecendo e nos deixando descortinar.
“Um
homem também chora, menina, morena, também precisa de colo e palavras amenas”,
como canto Gonzaguinha.