O gosto pelo grotesco e banal na cultura do Brasil
Ronaldo Magella - Jornalista
Seria irônico se não fosse triste
e lamentável, mas o abismo cultural parece sem fim e longe de um final.
Nossos programas são de culinárias,
nossas notícias são sobre famosos sem maquiagem, nossa diversão é acompanha
pela tv pessoas confinadas, nossa a vida agora é nos expor nas redes sociais,
eis um esboço do que estamos a viver e termos de arte e cultura.
A recente discussão na mídia
sobre a separação de Joelma e Chimbinha, da banda Calypso, reflete e demonstra
o atraso cultural ao qual estamos submetidos.
Os jornais, sites e meios de
comunicação acompanharam a novela como se ali estivessem os últimos representantes
da nossa qualidade musical e a separação era o maior evento digno de registro
na cena cultural da sociedade brasileira dos últimos anos.
Não se discutia a qualidade
musical, nenhuma genialidade artística, nenhum traço de vanguarda, nenhuma
criatividade exuberante, apenas se noticiava uma separação, com tintas de
tragédia e tons dramáticos.
Algo meio profético, a música
brasileira antes de depois da separação de Joelma e Chimbinha, a maior banda do
início do século XXI, chegou ao fim, depois que os seus integrantes brigaram, e
a música brasileira perdeu um dos seus mais expoentes grupos musicais.
Deverão anunciar os livros de
história daqui a alguns anos, nos lembrando da nossa riqueza artísticas desse
início de século.
E pensar que há quase sem anos
tínhamos a Semana de Arte Moderna no Rio de Janeiro.
O mundo tornou-se um ambiente,
como diz uma amiga, tírneo, para não dizer negro, vamos falar em cinzas, melhor,
mas vivemos uma época cada vez mais idiota e imbecil, cheio de superficialidade
e discussões infantis e pueris.
Não há mais poetas, gênios,
artistas, revolucionários, a coisa mais revolucionária dos últimos tempos é
mudar a cor do perfil do seu Facebook e saber quem visitou o seu perfil no
Twitter.
Ah, claro, há outras coisas
interessantes, promovidas claro, pelo Facebook, na qual você saber da sua
evolução fotográfica, pelas inúmeras fotos publicadas e postadas na rede, como
você pode também saber com qual animal você combina mais ou se parece.
É pra chorar, como dizem, dói,
gostaria até de rir, se não sentisse uma angústia latente dentro de mim ao
perceber que a agora nossa cultura é postar tudo que fazemos e a nossa arte é
tornar nossas fotos mais bonitas através de efeitos.
Estamos pobres e nunca estivemos
são carentes de arte, cultura, música e movimentos sociais intensos de
históricos.
A promoção em massa de fatos como
o mencionando acima, da separação, e o acompanhamento por parte do público,
ávido e voraz, sem nenhuma reflexão ou posição, mostra que estamos cada vez
mais perdidos e sem rumo, e talvez o pior é que não queremos nos encontrar, há
um certo gosto pelo grotesco e pelo banal.
Joelma tinha razão em chorar e a
mídia tinha até obrigação em noticiar, pois o tempo ao qual vivemos estão cheios de lágrimas e vazios de nobreza.