Conteúdo e embalagem: beleza x essência
Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista,
tomador de café, romântico, sentimental, romântico, feio, e mais nada (19/01/2015)
Deveríamos ser cegos, eis a metáfora do escritor José Saramago em seu
Ensaio Sobre a Cegueira.
Se não tivéssemos olhos, visão, se não pudéssemos ver, sentiríamos mais,
teríamos mais atenção, a visão nos embriaga, nos confunde, atordoa, nos
enlouquece, nos decepciona.
Comemos com os olhos, mas provamos e sentimos o gosto apenas no contato,
na experiência, com a vivência.
A gente se apaixona pela beleza de alguém, mas terá que viver com o seu
conteúdo, interior, personalidade.
A beleza não reclama, não fede, nem cheira, apenas se mostra, gente
bonita nos atrai de longe, mas de perto muitas vezes nos causa asco, nos
repele, enjoa, nos faz tomar abuso.
A gente sabe, mas teima e insiste em fazer de conta, estamos cansados de
saber que o conteúdo sempre é mais importante que a embalagem, mas compramos e
levamos pra casa pelo que estamos a ver, olhar, para depois sentir. Só depois
sentir.
E é esse sentir que nos fará ficar, querer ou jogar fora.
Conhece-se muita gente bonita, mas que não vale a pena ter por perto. Conhecemos
a sua beleza, admiramos, mas não nos apaixonamos pelo que há dentro.
Pode até ser a beleza que nos atrairá, mas será sempre o conteúdo que
nos prenderá.
A beleza tem prazo, limite, validade, a interior melhora com o tempo,
sempre se pode amadurecer, crescer, evoluir.
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