A vida rir de nós
Ronaldo Magella 02/03/2017
Ainda hoje uma amiga me ordenou, não se apaixone, não se
permita isso, achei graça e ri, como pisciano, mas confesso, sou um pisciano
moderado nos dias que seguem.
A vida tem uma forma violenta de nos ensinar a viver,
esmagando as nossas certezas e certamente deve rir alto das nossas
contrariedades só para provar que não estamos no comando.
Penso que, em alguns casos, não é que realmente sejamos dúbios
ou contrários, é que somos frágeis, limitados e caóticos, e sempre nos
repetimos, no terno loop temporal, voltando sempre ao mesmo lugar.
Como lá disse Chicó no Auto da Compadecida, por ir na sua
reta, mas saiba que o mundo é uma bola, a gente sempre volta ao ponto de
partida.
Desnecessário dizer pra minha amiga que não há certezas, nem
verdades, no fundo penso que ela grita alto o que mais deseja ao pedir o
contrário de algo que já esteja sentindo ou sentiu um dia, ou logo mais irá
sentir, mas claro, coisa que ela nem alguém poderia admitir.
Nos dias atuais todo mundo faz aquele estilo blasé,
indiferente, solto, livre, bacana, conectado, que não se preocupa com sentimentos,
nem se apaixona ou sente ciúmes, no máximo somos todos moderados e normais,
coisa de gente madura que somos.
O que vejo que são leões nas redes sociais e gatinhos na vida
normal, uma vez que é esta na qual vivemos e pagamos as contas, longe disso, a
gente cria personagens e gosta de manter a pose.
Mas minha amiga sabe, a gente é sufocado pelo desejo e é ele
que quem ordena, é o que a gente sente e não o que gente fala, sempre foi
assim.
No fundo mais uma vez ela está querendo se livrar da culpa de
sentir, avisando, se você não quiser, eu não quero, mas se você quiser, eu
quero, não tenho como negar a mim mesma, mas te peço, quase imploro, me salve,
não queira, me ajude.
Nenhum comentário:
Postar um comentário