segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Vida

A ânsia pela vida que ainda não vivi

Ronaldo Magella 23/10/2017

De todos os medos, o maior que tenho é o de não viver, passar pela vida incólume das suas exuberâncias, do seu único sentido, que é viver, apenas isso, viver.

No filme Otherlife, disponível na Netflix, uma nova droga é criada, com ela é possível viver experiências sensoriais como se fossem reais, assimiladas pelo cérebro, tornando-se memórias, lembranças, táteis, reais.

As experiências mais fascinantes, mergulhar no mar, esquiar na neve, entrar num vulcão, escalar uma montanha, flutuar no espaço, viver tudo que é possível neste mundo, saltar de avião, descer um rio, entrar numa caverna, conhecer os lugares mais singulares do mundo.

Enquanto extasiava-me com as cenas do filme, percebia que a nossa vida é muito pequena, curta, simples, tediosa e limitada, somos reféns das nossas escolhas, prisioneiros dos nossos desejos, amargurados com a nossa realidade, ávidos e sedentos por mudanças, medrosos e inseguros de arriscar, de mudar.

Vamos passar a maior parte da nossa vida salivando por uma paixão arrebatadora, por um amor único, por uma alegria contagiante, mas aos poucos vamos nos perceber que somos pequenos e medíocres por viver apenas aquilo que podemos, nossas contas, nossos dias, nosso trabalho, nossas possibilidades.

O que me angustia não é o viver, mas a ânsia pela vida que ainda não vivi, a vontade ávida de sentir a vida, fazer parte de algo, construir uma história, provocar saudades, ter lembranças, arder de desejo, tremer de vontade, chorar de emoção, gritar de euforia, gostar por prazer.



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