Não dá pra ser feliz nesse mundo zumbi
Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor,
blogueiro, radialista, jornalista e mais nada (27-07-1014)
Odeio livros de auto ajudar, prefiro o livro do Francisco Bosco, Alta
Ajuda, algo mais alto, bem mais alto, filosofia para despertar e não para
obrigar, odeio essa opressão em ser feliz, essa ditadura branca de felicidade,
todo mundo querendo viver as mesmas coisas, postar fotos sorrindo para provocar
inveja em outras pessoas que no momento não estão podendo fazer o mesmo mas que
irão fazer tudo igual quando puderem e irão tentar provocar invejar nos outros
da mesma forma e a roda gigante não irá parar nunca.
A imensa quantidade de livros que nos ensinam coisas para sermos
felizes e sorridentes cresce a cada dia ou a infinidade de músicas que falam de
amor, sempre amor, só amor, sim falo de sertanejos universitários que preferem
acordar a namorada num domingo de manhã a ir viajar pelo espaço, velejar pelo
caribe e se hospedar em Dubai, o cara é tão burro, idiota e otário que poderia
levar o amor da vida dele com ele, mas ele prefere acordar a moça num domingo
de manhã, desligar, pedir desculpar e claro, ele ama tudo aquilo, ah vá.....
Parece que somos todos carentes, é só olhar, ou melhor, ouvir, todas as
músicas imbecilizantes que só sabem falar de amor, amor pra cá, pra cá, parece
que somos todos carentes, sofremos com amor, de amor, sem amor, por amor,
através do amor, pelo amor, cansa, cansa, cansa, e o pior, tem pior, sim, muito
pior, é só ouvir. E claro, a gente ama muito tudo isso.
Somos uma imensa massa de idiotas que consume tudo que vem pela frente,
como zumbis, sem pensar ou sem refletir sobre o que estamos comendo, só
queremos comer, ter, consumir, ser o que tudo mundo é, não faz muito sentido, ao
mesmo tempo, faz muito sentido, há tempos e há muito tempo que perdermos a
nossa capacidade de sermos nós mesmos, perdemos a nossa individualidade, só
queremos fazer parte do coletivo, da massa, está na moda por ser bonito, por
está em alta, não queremos nos diferenciar, queremos nos igualar.
Basta surgir na televisão, pronto, já estamos com o bordão na boca, “sabe
de nada inocente”, nos falta criatividade e imaginação, ninguém tem curiosidade
de nada, a gente senta feito zumbi na frente da tv e engole com água e açúcar tudo
o que está passando de novo, incorpora a nossa vida até surgir algo mais
interessante e engraçado que todo mundo vai curtir, copiar, colar e repetir,
somos idiotas.
Sinceramente, não dá pra ser feliz num mundo com esse, aliás, prefiro
mesmo até nem ser feliz com essa imensa quantidade de idiotice que há no mundo,
não quero ser igual a quem me diz que sendo igual eu posso ser feliz, é mais ou
menos assim que canta Lobão, se pra ser feliz vou ter que ouvir a banda Malta,
ouvir música Sertaneja ou pendurar nos pescoço um terço colorido ou deixar os
bolsos do short de fora, prefiro ser essa metamorfose ambulante, mutante, como
cantou Raul Seixas.
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