Quando...
Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor,
blogueiro, radialista, jornalista e mais nada (15-09-1014)
Quando
o meu silêncio for maior que o meu sorriso e minhas lágrimas mais forte do que
as minhas palavras, quando o meu cheiro não mais te incomodar de forma gostosa e
minha presença não atrair mais o teu olhar, quando não passarmos de um passado
que talvez tenha sido bom, mas não forte o suficiente para continuar, quando
percebermos que foi a nossa imaturidade que nos fez chorar, quando o nosso
prazer nos fazia delirar, quando não restar mais nada em nós, de nós, por nós,
quando não houver mais motivos e razões, quando perdermos o medo de estarmos
pertos, juntos, quando não mais suspirarmos um com o outro, quando nos
tornarmos normais, desinteressantes, pedantes e vulgares, quando em outros
braços nos encontrarmos, em outros beijos nos acomodarmos, em outra vida nos
apaixonarmos, quando perdemos o caminho um do outro, quando não houver mais
caminhos para nós, nenhum estrada, nenhum sentido, lugar, quando só a solidão
for o nosso elo mais forte de ligação, não haveremos mais de existir um pelo
outro, um do outro, o mundo em nós. Quando não souber mais te encontrar em mim,
aqui dentro, e só em dias frios lembre sem querer com um sorriso bobo que você
foi alguém importante pra mim, quando
minha imagem não passar de uma lembrança e a nossa vida se tornar apenas uma
saudade, quando nossos beijos perderem o gosto e o sabor, a nossa vontade
passar e o desejo deixar de existir em nós, quando não houver mais o “nós”,
restar apenas o eu e você, não houver mais futuro, um futuro que um dia
sonhamos, quando só o passado a nos culpar e o presente a nossa oprimir restar,
as ilusões cederem lugar ao real amargo e realidade insípida, quando eu e você
estivermos em caminhos diferentes e lugares distantes, vidas além, cansados um
do outro, sufocados pelo destino e livres do que um dia fomos, quando só restar
arrependimento, mágoa e culpa, dor e solidão entre nós, quando um dia tudo
terminar, acabar, quando conseguirmos olharmos para trás indiferentes e sem
remorso, sem dor ou sentimento, quando o que há ainda hoje não mais existir,
for silenciado, deixado, morto, sepultado, quando tudo isso tivermos pensando,
imaginado, será quando não haverei mais o que dizer, terei em mim calado todas
as frases de amor e toda a paixão incontida, será quando não mais encontrarei
um suspiro de poesia e um momento de alegria, quando você já não mais estiver,
não mais existirei, serei, apenas morrerei, num corte lento e profundo,
sangrando dentro de mim, morrendo aos poucos sem ninguém perceber ou entender,
serei como um rio silencioso que segue seu rumo sempre em destino, sem alerde,
sem reclamar, sabendo que irá se perder ao mar, no mar, e deixará de ser quem é
para se tornar o que nunca quis ser, quando você já não me pertencer e em mim não
mais viver, nada mais terei por fazer, a fazer, viver.
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