Demora pra alguém nos enxergar nossa essência
Ronaldo
Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista,
tomador de café, romântico, sentimental, romântico, feio, e mais nada
(27/04/2015)
Nosso padrão de beleza, estabelecido pela mídia, moda, televisão
e publicidade, nos impede de perceber a essência das pessoas. Conscientes ou
não, incorporamos esses modelos ao nosso jeito de viver e buscamos aquilo que
se nos apresenta como padrão, regra.
E deixamos para lá, muitas vezes, a coisa bonita que cada pessoa
tem em si mesma, a beleza rara que todo ser humano traz consigo pela sua
experiência de vida, a sua individualidade, o seu jeito em particular, que
ninguém mais no mundo tem, é único de cada pessoa, particular, intrínseco.
Mas, como cantou Renato Russo, “ela mora perto de um vulcão, mas
meu coração suburbano espera riquezas maiores”, não conseguimos perceber a
riqueza que toda e cada existência por si só tem.
Nos apegamos ao exterior, nos apaixonamos por imagens, corpos e
belezas físicas, antes conversar, sentir e perceber, olhamos, e talvez, penso,
tenho a sensação de que, muitas das nossas frustações sentimentais e amorosas
resulta dessa nossa superficialidade, dessa nosso olhar apenas para a aparência
das pessoas.
A gente convive com personalidades, com atitudes e ações, não
com imagens, elas podem nos prender, atrair, mas não terão o poder de nos
manter se não houver empatia de almas, espíritos afins, solidez na relação
entre os dois.
Uma amiga me conta, ela é loira, tem olhos verdes, e me diz,
antes de alguém perguntar meu nome, diz logo que sou bonita, linda, essas
cantadas idiotas que os homens, parecem todos iguais, acham que as mulheres
gostam de ouvir, estou cansada dessas atitudes superficiais e machistas.
Isso prova que gostamos do que é belo. Pessoas bonitas conseguem
atrair mais atenção, conseguem mais amigos, mais admiração, estão sempre
rodeadas de amigos, cheias de convites, mas, no entanto, penso, qual a
sinceridade desses laços? Dessas aproximações?
A nossa essência vai além do nosso corpo e da nossa beleza, está
no que sentimos e pensamos, em conhecer alguém. Ver alguém, olhar, não é a
mesma coisa que sentir, conviver e conhecer, coisas que apenas com o tempo
teremos a oportunidade de apreciar e degustar com parcimônia e cuidado.
Não amamos com um ano, nem anos apaixonamos com uma semana, são
sentimentos e ideias falsas, que logo, mais adiante, vamos perceber, entender,
a gente gosta com o tempo, não falo de costumo, do hábito, mas acredito que o
amor crescer com admiração, com a convivência, fica mais forte com os dias, no
passar das horas, quando vamos penetrando na essência do outro, sabendo seus
defeitos, apreciando suas qualidades, entendendo o seu jeito.
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