Três histórias de amor
sobre o tempo
Ronaldo Magella 17/01/2017
As coisas estavam bem, caminhando, tinha tudo pra dar certo,
os dois felizes, contentes, já era uma história, mas em cinco dias a coisa
desandou, ela não suportou, colocou um ponto final, disse que não queria mais,
tinha feitos todos os esforços, tentou, mas não deu, o sentimento acabou,
terminou, chega, no lugar do carinho, mágoa, ressentimento.
Um cara passou seis meses lutando por uma mulher, flores,
chocolates, cartas, e nada, só recebia não como resposta, não quero, não volto,
não adianta, ele desistiu, resolver sair, mudar, esquecer, dois meses depois,
ela o procurou.
Um amigo estava com uma namorada, tudo parecia bem, ele
apaixonado, ela parecia gostar dele, muitos encontros, momentos, tardesmas no
meio de uma tarde, ele a percebeu estranha, perguntou, ela confessou, tinha se
envolvido com outra pessoa, estava apaixonada, ele entendeu, sofreu, mas
aceitou o momento dela, algum tempo depois, ela que havia ficado com o cara e outros,
percebeu que havia feito uma besteira e pediu pra voltar, pois era dele que ela
gostava.
Pelo meio, o segundo caso, depois de seis meses sofrendo por
alguém, o cara sofreu o que tinha que sofrer, não tinha mais ar, nem pulmões
para viver aquele sentimento, decidiu seguir em frente, vida que segue, se
resolveu dentro dele, já estava na hora, então, quando ela quis voltar, ele já
não era o mesmo, algo havia ser perdido, não encontrou a mesma emoção, a mesma
alegria, não tinha mais motivos e razões para enfrentar aquele romance e viver outra
vez o mesmo sentimento, até gostava, mas estava cansado.
No terceiro caso, não havia mais segurança, confiança, ele
não acreditava mais, sentiu que ela poderia fazer a mesma coisa outra vez,
poderiam até ficar juntos, mas o risco de tudo outra vez acontecer era algo que o atormentava e o angustiava, o tempo iria desgastar cada vez mais aquele
relação, apagar o sentimento, uma vez que ele não se sentia mais livre para se
entregar e viver totalmente o que um dia foi possível.
Será que tudo que a gente sente morre assim de uma hora pra
outra e por motivos nem sempre tão trágicos? No primeiro caso, muitas vezes é melhor
deixar o tempo passar, mágoa passa, dor se superar, ressentimento se acaba, certo
que cada um sabe o que pode suportar, viver, sofrer, passar, tem gente que odeia
mentira, outro que não suporta traição, indiferença, distância, cada um tem um
diapasão para medir a vida e saber o que pode e deve suportar, mas não se pode transformar pontos em montanhas, não se pode ser tão impermeável, a vida é uma constante mudança, o que não sentimos hoje, podem nos tocar amanhã, o que queremos agora, daqui nem interessa mais, é preciso tempo, paciência, observação e mais alguma coisa.
Em todos os casos, o tempo sempre foi o melhor remédio, a
melhor solução. No primeiro caso talvez fosse interessante deixar o tempo
passar para tomar a melhor decisão, saudade por fazer milagres, as coisas se
assentam, se resolvem, se curam, melhoram, mudam, se ajeitam, é sempre possível
ter paciência e esperar.
No segundo caso o tempo serviu para curar, mas para também
trazer de volta, mas o tempo de cada um agora era diferente, estranho, um se
resolveu, o outro sentiu a falta, houve um desencontro, um foi, cansou de
esperar, enquanto o outro chegou, atrasado, para não mais encontrar.
A menina do terceiro caso não esperou o tempo para entender
que algumas coisas duram e outras são efêmeras, toda paixão é curta, não se
pode trocar a segurança por uma aventura, é gostoso quando tudo acontece de
forma rápida e intensa, mas depois segue-se um imenso vazio que precisa ser
preenchido, a segurança de um amor tranquilo pode até ser algumas vezes um
tédio, mas tem suas vantagens, dura mais e cedo ou tarde a gente se encontra e
reconhece o seu valor.
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