De príncipe virei um sapo
Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor,
blogueiro, radialista, jornalista e mais nada.
Errei, e errar dói, é quando a
gente percebe que não é perfeito, quando entende que podemos magoar as pessoas,
que nem tudo é mesmo como a gente pensa e sonha, quer e almeja, que o nosso
orgulho, a nossa vaidade, a nossa posse, o nosso ciúme, o nosso preconceito, a
nossa imaturidade por ferir outras pessoas, mas lá na frente vamos percebemos
que seremos nós quem sairemos chamuscados e magoados e feridos, machucados e
despedaçados.
Sei que nem todo mundo assume os
seus erros, principalmente quando se trata de relacionamentos, as pessoas
sempre escondem alguma coisa ou tentam justificar os seus defeitos e buscam
sempre empurrar para o outro o motivo do fim dos laços afetivos, a culpa nunca
está com a gente, sempre com o outro.
Prefiro fazer o contrário,
prefiro exaltar o meu lado sapo, sim, o meu fracasso, para que ninguém se
engane comigo ou veja algo que não sou. Mesmo com algumas poucas qualidades,
admito, sou um desequilibrado e desastrado no amor. Bom seria que a gente não
errasse, mas a gente erra, as pessoas erram, as relações terminam, o fracasso
salta aos olhos e então a gente se percebe como realmente é.
E isso dói mais ainda. Dói por
nos sabermos imperfeitos, dói por machucar a alguém, dói por desperdiçarmos um
amor, uma vida, uma esperança. É uma dor que a gente carrega pra sempre e por
pensa que poderia ter sido diferente, dói mais ainda, quando pensa que tínhamos
tudo ali para sermos realmente e eternamente felizes mas não foi possível, a
gente não teve condições de segurar com força, de resistir a nós mesmos e nos
deixamos nos afetar pelo que tínhamos de pior, o nosso lado negro, o sapo que
existem dentro de nós, dói mais.
Sinto por ter errado, mas
confesso e me confessei, não irei outra vez errar, aprendi a lição, que tudo me
é possível, mas nem tudo me convém, que existe um limite e que as coisas
precisam ser vividas com parcimônia e cuidado, e aprendi mais, que idade não
quer dizer maturidade, que uma experiência vivida numa ocasião nem sempre
servirá para outra, pois as pessoas são diferentes, cada caso é um caso e a
vida é sempre muito dinâmica.
Errar nunca é algo que se espera,
apenas acontece, talvez para nos mostrar que a gente não é uma perfeição
imaculada que achávamos que éramos. Logo a gente que nos achávamos maduros,
experientes, seguros, pronto, basta nos apaixonarmos da felicidade para
percebemos que cada pessoa é diferente e pode nos provocar sensações e emoções
diferentes e nos fazer dá um passo maior do que podíamos.
Pedi perdão, chorei, me humilhei,
implorei, mas reconheço, perdi, de príncipe, passei a sapo, um sapo feio,
bocudo, lambão, inchado, um sapo medonho, desses da beira do rio, sapo cururu,
assumo meus erros e minhas culpas, como um ser humano nu que não tem medo de se
olhar no espelho, mas peço a vênia para recomeçar tudo outra vez do começo e me
permitir me transformar em algo melhor, longe de mim querer a condição de
príncipe, antes talvez se me fosse possível gostaria de ter a oportunidade de
ter a oportunidade de demonstrar o meu amadurecimento e que sim, as pessoas
podem mudar e se transformar.
Nunca quis errar, errei,
reconheço, não me escondo, nem me desculpo, já que o perdão nunca poderá ser me
dado, apenas me afirmo, mas devo acrescentar, não sou um erro, cometi um
pecado, mas como tudo pecador arrependido, me curvo diante da vida, genuflexo, cabes
baixo, olhar em lágrimas, mãos gélidas, com a dor latejando dentro de mim, mas
a esperança renovada de que, tudo é possível de acontecer, e quero acreditar
por acreditar que sim, é possível que o sapo que ainda vejo no espelho possa
algum dia desaparecer, mas não especulo no que ele possa se transformar, apenas
acredito que seja possível mudar, só precisa de uma oportunidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário