Minha namorada não me engana
Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor,
blogueiro, radialista, jornalista e mais nada.
Minha namorada não me engana, sei
dos seus planos, em menos de dez dias juntos ela já está destruindo o meu
passado, chega, foi o que me disse, vamos parar, vida nova, você agora é meu e
eu vou cuidar de você. “Mas”...e nada de mas ou mais, ela me diz como já se fosse
dona de mim. Apaga meus e-mails, minhas fotos, encontra meu celular e promove
uma bagunça, deleta números, tira e exclui fotos, eu sei o que ela quer fazer,
quer apagar o meu passado, me quer apenas pra ela, ela não está preocupada
comigo, mas está preocupada com ela, sabe dos riscos e fará de tudo para não
corrê-los. Agora, me diz ela, você será meu, chega de andar pra frente olhando
pelo retrovisor, não, vamos juntos rumo ao infinito, ao horizonte, adoro a
forma como ela me trata e cuida de mim, a entendo, não me preocupo, me permiti
que isso acontecesse e fosse possível, senti como algo bom que pudesse me
acontecer. Ela é danada, muda minhas coisas de lugar, organiza minha
biblioteca, sei o que ela pretender fazer comigo e com a minha vida, me deixar
talvez dependente dela, mas não, ela quer me cercar dela para que eu possa ter
meus pensamentos apenas para ela. Outro dia me trouxe uma camiseta – olha amor,
que eu trouxe pra você – ela pensa que me engana, ela não trouxe pra mim, ela
quis me ver naquela blusa que ela pensou que eu poderia ficar bonito com ela e
para ela. Ela sabe o que está fazendo, ela quer preencher os vazios, as
saudades e lembranças, ela quer ficar com tudo o que restou e não deixar nada
para mais ninguém. Ela me encontra, e enconta. Conversa com meus amigos,
promove encontros, me faz sorrir e se diz bem ao meu lado, com a minha
companhia, e que acha que poderá ser feliz. Ela me diz, não quero mais soltar
você, demorei pra encontrar, agora é meu, quem não quis, não quis, achado não é
roubado, pronto, somos e seremos apenas nós. Não é todo dia que se encontra um
poetinha e um escritor largado por aí dando sopa, é meu, eu vi primeiro, quero
pra mim, vou pagar pra ver o que pode acontecer, e sei, como quero acreditar
que tudo é possível de ser – foi o que ela me disse me olhando nos olhos com um
sorriso meio infantil e bobo, mas sincero e meigo, ela me parece uma criança
quando encontra um brinquedo que tanto queria pra si e agora passa horas com o seu
bibelô nas mãos, me manda mensagens, me liga, controla minha vida, pergunta se
vou caminhar, já mudei até de tamanho ao seu lado, do número GG, agora estou no
G, fruto da sua marcação cerrada. Ela me diz que não será sempre assim, é
apenas um momento, ela sabe que precisa investir assim para não ter que sofrer
ou se magoar, sabe que os primeiros dez minutos podem definir uma partida, ela
diz, ou a gente ataca ou se defende, com você quero marcar gol, não vou jogar
na retranca e esperar você se apaixonar, pode não acontecer, vou por outra
lógica, vou fazer você sentir a minha falta, parece que está funcionando.
Agora, posso confessar, me sinto protegido com ela, ela me aceitou, ler meus
textos, sugere temas, está ao meu lado, mas ela não me engana, só me deixo me
fazer de besta, no fundo ela não pensa em mim, pensa mais na felicidade dela,
mas como bom companheiro, adoro fazer o outro feliz, e que assim seja, até
agora está dando certo.
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