Por acreditar que poderia ser bom
Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro,
radialista, jornalista e mais nada
Talvez porque tivéssemos o
essencial, vida, que poderíamos viver e vivendo tudo poderia acontecer, e por
acreditar, e a gente por acreditar se deixa levar pelos sonhos, pelas
esperanças, pela utopia, pela ilusão, cheguei a mesmo a acreditar que poderia
ser bom, e ainda acredito, e foi assim, aí, que me achei apaixonado por você,
ao ouvir um dia você me dizer que a gente poderia dá certo, e me agarrei em
suas palavras, as tomei como remédio, buscando a minha cura, as bebi como vinho
para esquecer da realidade, as senti como um sermão das manhãs de domingo,
minha salvação, e, mas do que tudo que havia
e há em nós, uma cumplicidade, uma metade, a coisa que falta, a pessoa dos
sonhos, o amor da vida, a paixão eterna, a melhor amiga, acreditei que poderia
ser bom, e ali sozinhos em nossa utopia poderíamos nos achar, encontrar,
conversando horas sobre o que tínhamos de melhor, nossa música, nossos
assuntos, nossos segredos, histórias, éramos uma amizade que poderíamos
transformar em amor, paixão, em música, em literatura, em poesia, e acreditei
em te amar, abraçar seu corpo, tocar sua pele, beijar sua boca, acordar do seu
lado, ouvir a sua voz, olhar pra você sem vontade de parar, de não querer nunca
mais sair da sua vida, e acreditei, em segurar suas mãos, ficar ao seu lado, te
levar ao cinema, tomar o nosso café, comprar os nossos livros, te gostar, nos
perder pelo mundo sem ter vontade ou hora para voltar, e acreditei, que poderia
te fazer feliz, que poderia ser o seu amigo, companheiro, amante, que as coisas
poderiam funcionar entre nós, agora, uma vez maduros, iríamos viver o que
tínhamos de melhor, lutarmos juntos, lado a lado, por nossas vidas, seguir
nossos caminhos juntos, nos encontrando, nos querendo, nos descobrindo todos os
dias e nos apaixonando sempre mais, mais e mais, como se isso nos bastasse e
nos fosse possível, e por acreditar, como escreveu Clarice Lispector, “pensar é
um ato, sentir é um fato”, penso e sinto, no meu teatro foi pra ti que escrevi
o roteiro, dirigi a peça, comprei os ingressos, sentei e aplaudi você de pé,
sozinho, ali na tua frente, te admirando, amando a tua beleza singela e
simples, teus olhos e teu sorriso, teu jeito destrambelhado, sua lenta forma de
viver, como se a vida não estivesse passando ou mundo não girasse. Acreditei, e
por acreditar te mandei flores, rosas, me deixei ir pra você, ficar e gostar, dei
pra sonhar, fiz tantos desvarios, voltei a sonhar e me tornar crianças, falar
de ti, pensar em ti, querer saber de ti, mas só acreditei, e por acreditar
apenas acreditei, e cada um acredita naquilo que quer e pode, mas eu acreditei,
e mesmo que talvez você não tenha sentido o mesmo, nem tenha me levado a sério,
sim, sempre foi verdade, sempre gostei de você, gosto, mas só acreditei, e toda
crença é um ato invisível de fé, é um sentimento sem provas, algo que vem do
coração e não precisa de mais nada, só acreditar, e acreditei que poderia ser
bom, mas só acreditei, apenas isso, só isso e nada mais.
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