No meio da roda puxando
quem está na beira
Ronaldo Magella – professor, poeta,
escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada
Nas
minhas últimas sessões de terapia disse a minha terapeuta que não queria mais
ser aquele menino no canto da sala esperando que alguém pegasse na minha mão e
por pena ou educação, ou talvez apenas por obrigação, me levasse ao centro da
vida, agora eu queria mudar, queria estar no centro e puxar aos outros para o meio da roda, quem
estivesse na beira.
Cansei
de encontrar minhas culpas, passei a assumir minhas responsabilidades, decidi
ser melhor, trocei o sentimento de melindre por esperança, de drama por amor,
se consegui? Certamente muitos vão dizer que não, mas não poderão dizer que não
estou melhor, e 2013 foi um ano em que decidi melhorar, ser melhor, e acho que
consegui sair do lugar no qual estava há muito tempo.
Quando
você pensa na vida e faz as suas reflexões, pondera, pensa, percebe que só
existe uma vida só você se arriscar a viver, e foi então que entendi a riqueza
da existência, e ela só é rica pelas suas possibilidades, se pudermos viver,
chorar, cantar, sorrir, andar, sentir saudade, arriscar, se arrepender, sofrer,
sentir dor, como me disse um amigo semana passada, viver só vale a pena se a
gente sofrer, entenda, ele me disse, melhores do que nós sofreram, por que a
gente teria essa arrogância toda de não querer passar pelo sofrimento? Pensei e
conclui que ele tinha mesmo razão.
Foi
então que li o que a escritora Ana Elisa Ribeiro escreveu, “De que serve viver mornamente? De que
serve avaliar o risco sem nunca arriscar? De que servem uma relação discreta,
um apartamento alugado e uma noiva morta? De que serve o amor, sem a
proximidade, o cuidado, a companhia? De que serve viver aos sussurros, mesmo
diante da possibilidade do ridículo?”.
Foi o que pensei durante todo este ano de 2013,
que por mais que tenha fracassado em alguns pontos, em muitos pontos, mesmo que
tenha deixado a deseja em muitos outros, fiz e vivi muitas coisas boas, e isso,
se pelo menos não equilibrou a balança, ao menos me ensinou muitas coisas, uma
das principais a de que viver vale a pena, e as coisas só acontecem se a gente
estiver vivo e se permitir, permitir que outras pessoas também possam viver ao
seu lado.
A vida sempre será uma concessão, sempre será uma
renúncia, uma oportunidade, um momento, uma hora, um instante, os quais chamo
de eternidade, pois eterno é o que vivemos, é o primeiro beijo, o primeiro
filho, o primeiro livro, a beijo na chuva, a primeira dor de amor, a pessoa
querida que um dia perdemos, são coisas eternas, que vivemos que nunca jamais
irão nos deixar, e mais, as saudades, as risadas, as boas conversas, as
loucuras, conquistas, o mundo que não deixa de girar, as lágrimas, as
lembranças, a vida enfim, o que vivemos como um todo, mas que a gente nunca
volta a vida que um dia teve.
Deixo 2013 com uma sensação de dor e saudade, de
mágoa e confusão, mas com muitas certezas, uma delas a de que tudo irá
acontecer como deve acontecer, o amor virá, a paz, a segurança, mas junto com
as coisas boas, as ruins, a balança nunca deixa de ser equilibrada, não seremos
feliz sempre, completamente, mas mais ainda, deixo 2013, com a certeza e
vontade de fazer um ano novo melhor, de mais coragem, criatividade e
conquistas, não vou parar por aqui, não agora, como cantou Renato Russo, “teremos
coisas bonitas pra contar, e até lá, vamos viver, temos muito ainda por fazer,
não olhe pra trás, apenas começando, o mundo começa agora, apenas começando”
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