O botão da maturidade
Ronaldo Magella –
professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada
Medos, os tenho, e muitos, mas já tenho idade, ou já vivi algumas coisas,
pra saber realmente o que desejo pra minha vida.
Outro dia uma amiga me disse que sentiu ou percebeu em mim que eu havia
acionado o botão do “dane-se o mundo”, que não estaria mais preocupado com a
opinião dos outros, e entre outras
coisas, muitas coisas, entre tantas, mas lhe disse que não, o botão acionado
foi outro, o da prudência, de uma possível maturidade que acho que tenho, mas
não sei ainda, só vivendo irei comprovar.
Já vivi uma vida sem amor e já provei do doce sabor do que é gostar de
alguém, e confesso, gostei mais desta parte, e então posso dizer, por já ter
vivido, não vou entrar numa vida, outra história, sem amor, apenas por
segurança financeira, por conta dos filhos, da família, dos amigos, com medo da
solidão, sei o que é viver com uma pessoa a qual não amava, gostava, tinha
carinho, afeto, mas faltava paixão, tesão, e digo, opinião pessoal, dói, talvez,
mais do que a solidão.
Respeito quem sufoca seus sonhos e ilusões, que renega dentro de si a
vontade de viver e se conforma com aquilo que tem, não é o meu caso, decidi
viver para ver o que a vida está reservando pra mim, espero que seja algo bom,
mas se não for, pronto, ainda assim será vida, mas não quero viver uma mentira,
ilusão, até poderia, seria fácil, mas vim com um defeito de fábrica chamando
sentimento, e procuro respeitar o que sinto, pois mais do que em qualquer
outra pessoa, dói em mim sentir o que sinto, e não quero o vazio de uma vida
sem amor, sentido, paixão, não, pelo menos pra mim.
Quero alguém que valha a pena estar ao lado dela, mesmo com todos os
problemas, crises, dificuldades, pois sei que isso passa, a vida não é sempre a
mesma, mas que pelo menos eu goste, ame, admire, tenha afeição, pois já passei
da idade de estar e ficar com alguém só pra dizer que não estou sozinho, tenho
muito medo da solidão a dois, que é atroz e causa dores, deixa cicatrizes,
provoca medo e promove traumas.
Quero me encontrar em outra pessoa, dividir coisas, uma vida, alegrias,
não quero sexo, isso não me compra, nem quero ninguém dependente de mim, quero
uma vida partilhada, e sim amiga, eu me importo com muitas coisas, mas devo
confessar que o momento não seja um dos melhores há algo ainda solto e perdido
dentro de mim, coisa que apenas o tempo irá resolver, se você sentiu isso em
mim, não é que eu seja assim, digamos que estou assim, buscando curar uma ferida
e estou tomando todos os remédios possíveis para sarar logo e assim poder
voltar a viver inteiro outra vez.
Talvez seja isso, a maturidade, é você ter consciência e convicção do
que quer, deseja, se respeitar, respeitar seus sentimentos, saber dizer não e
sim quando for possível, se reconhecer, se permitir, tentar, desistir, enfim,
ter a paciência e prudência necessária para saber que um dia tudo passa,
começa, termina ou chega ao meio, então, o botão está acionado, vamos esperar
os resultados.
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