Quando me perguntam se acredito em amor
Ronaldo
Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais
nada
O que
me encanta no céu são as estrelas, passaria tempos olhando o infinito e me
perguntando o que é realmente a vida, o viver, e quando lanço meu olhar para o
alto, numa noite como esta de hoje, sou consumido pelo passado, me lembro de
uma noite, quando lado a lado, ali ao sabor do mar, sentido a brisa do oceano, na
ausência da luz, deitados, olhamos para as estrelas, sob o vinho do momento, um
dos instantes eternos que guardo dentro de mim para a eternidade.
E
quando alguém me pergunta se acredito em amor, digo que não, mas quando me
perguntam se já amei um dia, digo que sim, e lembro de você, meus olhos
marejados, busco disfarçar o que sinto, tento me perdoar, me desculpar, mas não
consigo, não se vive um amor se passa incólume pela vida como se nada tivesse
acontecido, e foi isso, você foi o acontecimento da minha vida, mas consigo
sorrir, ao pensar que um dia amei alguém, alguém que foi você, que trago
comigo, guardo comigo, com carinho, afeto, paixão e dor.
Respeito
você, entendo suas razões, motivos, mas respeito mais ainda o que sinto dentro
de mim, você vaga pelo meu pensamento, bagunça meus sentimentos, prende minha
alma, aprisiona minha liberdade,penso muitas vezes que talvez você me leia e
sorria, como sempre fez, que você esteja do outro lado da tela me vendo e
rindo, um riso silencioso, uma paixão trancada, um amor eterno, uma vida
imaginada, e só penso, há tempos deixei de buscar, de querer saber, entendi que
vivo melhor assim, na ignorância da tua vida, dói menos em mim.
De
todas as coisas que vivi até hoje, hoje tenho a certeza de que você foi a
melhor delas, queria te dizer tantas coisas, falar, lugares que penso em te
levar, planos e sonhos, esperanças e saudades, mas hoje guardo tudo numa caixa
chamada coração, esqueci a senha, perdi a chave, não lembro o login, e como
queria te puxar lá de dentro e oferecer a outra pessoa todo esse sentimento,
esse amor, mas sua presença é como uma sombra que me segue, está sempre ali do
lado, atrás, na frente, é como cicatriz, não larga, não me deixa, me puxa, me
tranca, me cola, gruda.
Sei o
quanto é bom amar alguém assim, e chego a sentir alegria, felicidade, sei também
que dói não ter quem amamos por perto, do lado, para conversar, e choro, um
momento que ninguém vê ou percebe, internamente, na mente, dentro de mim, sinto
a tua falta, a sua ausência, mas decidi viver o que me falta, por entender que
não posso violentar a decisão de alguém, de ninguém, pode saber que há coisas
que a vida deve se encarregar de trazer de volta e que não há nada se possa
fazer a não ser esperar, muitas vezes em vão.
E
agora só tenho o medo, medo de não mais conseguir, não consigo dividir minha
vida com outra pessoa, uma parte da minha vida, pois a outra parte está com
você, e você nem usa, nem quer, nem devolve, nem vende ou empresta, vivo apenas
do que me resta, metade de mim é saudade, desejo, vontade, lembrança, outra
metade é dor, culpa, mágoa, outra parte é esperança, silêncio, é tudo que não
sei contar, mas sinto, sinto, vivo cada hora, momento, as voltas do ponteiro,
dias e noites, vivo apenas o que vivi com você, cenas de uma vida que se
repetem dentro de mim, seguem comigo.
E se
um dia outra vez me perguntarem se acredito em amor, sim, vou responder, pois
amei um dia, e foi você, foi a você quem eu amei e vou continuar amando para todo o
sempre, com todo o meu ser, e vou seguir, olhando para o futuro com o coração no passado, esperando que nesse balançar da vida tu um dia possas outra vez sorrir na minha frente e me perguntar como estou, se podes entrar, e ainda podes ficar, e direi que sim, sempre.
Perfeito.
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