Não desperdice o tempo do amor
Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista,
jornalista, tomador de café, romântico, sentimental, romântico, feio, e mais
nada (23/03/2015)
Sento na mesa, ela me olha
diferente, mal cheguei ela joga em cima de mim toda a sua mágoa, raiva, o seu
ciúme contido, fala, me diz que vai embora, depois pede pra eu ir embora, diz
que é melhor assim, afastados, que brigamos demais, que não vai mesmo nunca dá
certo, me seguro, suspiro, olho distante, baixo a vista, suspiro, logro dizer
algo, minha vontade também cresce dentro
de mim de entrar no mesmo tom, partir para a agressão, a incontinência verbal,
me seguro, espero ela falar, lembro de Renato Russo, “brigar pra que, quem irá
nos proteger?”. Tento sorrir, ela não gosta, me pergunta de que estou a
gargalhar, não vê ninguém ali com cara de palhaço, não há graça nenhum, ela
está pronta para a luta, quer ganhar a guerra, vencer a batalhar, desvio das
suas armas, tiros, mudo a rota, fico sério, pergunto por alto trivial, banal, corriqueiro,
busco desviar o foco, mudar a mira, que sou eu, ela já está cansada, brigar
cansa, discutir cansa, criticar cansa, nos ferimos e isso cansa, o tempo passa,
ali, naquele instante, um minuto é uma eternidade, se pensa muito, se sente
mais ainda, a vida, mas estamos ali e não queremos nos deixar, o tempo passa, ela
já está mais amena, suave, precisava me dizer todas aquelas coisas, desabafar,
falo algo, ela rir, me chama de idiota, pronto, voltamos, estamos outra vez
felizes, a conversa muda de destino, não há briga que permaneça com afeto e
sorrisos, alegria e carinho, pronto, dispersão, não estamos mais para a
destruição, para o abismo, falamos de planos, sonhos, ela me olha sorrindo, me
diz que não dou muito trabalho e que não sabe o que fazer comigo, no fundo ela
gosta de mim, apenas estava irritada. Nos gostamos, nos amamos, nos queremos,
nos precisamos, somos novamente um em dois, dois em um, sentimos a nossa falta,
somos bons, melhore juntos, não posso perdê-la, não venci nada, apenas fiquei
acuado, quieto, na espreita, baixei as armas, recolhi os ânimos, não entrei nem
me deixei levar pelo clima arisco, seria fatal, preferi o carinho, a paciência,
por entender que não devemos desperdiçar o tempo do amor, é raro, é mais
gostoso quando estamos bem, felizes, quando brigamos nos perdemos, perdemos um
ao outro, nos ferimos, como cantou Fagner, “briga eu, você briga também por
coisas tão banais e o amor em momentos assim morre um pouquinho mais”, não
quero a morte do amor, é o que nos resta, o que temos de melhor, a nossa
história, o nosso amor, a nossa paixão, nossos momentos, não quero perder o que
somos, nem sentir a sua falta, nem está a sentir a sua ausência, amo e por amor
suporto o que for preciso, mudo, silencio, não quero me arrepender de perder a
melhor pessoa da minha vida, quero a minha vida junto com a dela, quero ela
junto comigo, nossa vida cruzada, nossos destinos selados, nossa história em
verso e prosa, nossa prosa com final feliz, nosso final pra nunca mais acabar.
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