Solidão acompanhada
Ronaldo Magella
Conheço muita
gente que sofre de solidão a dois, dividem o mesmo teto, a mesma cama, mas não
dividem a mesma vida.
Demora
um pouco pra gente entender que precisa de companhia e não de alguém, gente é
fácil de encontrar, difícil é achar alguém.
Um
dia a gente acorda e percebe que não importa a beleza, o status, o que importa
mesmo é alguém que se importe com a gente, que nos perceba, e que também
provoque em nós esse mesmo sentimento de atenção, de cuidado, de afeto, de
carinho, de querer ficar junto por ser bom.
A
gente precisa de alguém que nos ajude a cortar a cebola, que nos observe, cuide,
que nos arranque da cama, que divida o mesmo copo de uísque, deite na mesma
rede numa madrugada cheia de estrelas e nos abrace forte e gostoso, nos beije e
que venha não importa a hora.
Alguém
que não esteja apenas interessado apenas em nós, mas na nossa vida, que admire
o nosso esforço e nos ajude a superar as dificuldades, que está disposto e que
seja prestativo, que coloque o lixo pra fora, ponha as roupas no varal,
pergunte como foi o nosso dia, nos beije com vontade, que conserve e seja
amigo, companheiro e leal.
Não
funciona quando a pessoa compartilha apenas do nosso corpo, do nosso sexo, da
nossa situação, pouco se importando com o que estamos pensando, fazendo,
querendo, sonhando. Precisamos de que alguém que pergunte até sobre o nosso
silêncio, sobre o que estamos pensando.
Ter
alguém não significa ser de alguém ou viver com alguém, temos companhia quando
o outro se importa com a gente, quando ele ou ela está disposto a viver a nossa
vida e a gente a vida dele ou dela, dividindo coisas, somando outras,
multiplicando, jamais dividindo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário