quarta-feira, 15 de julho de 2015

Solidão acompanhada

Solidão acompanhada

Ronaldo Magella

Conheço muita gente que sofre de solidão a dois, dividem o mesmo teto, a mesma cama, mas não dividem a mesma vida.

                Demora um pouco pra gente entender que precisa de companhia e não de alguém, gente é fácil de encontrar, difícil é achar alguém.

                Um dia a gente acorda e percebe que não importa a beleza, o status, o que importa mesmo é alguém que se importe com a gente, que nos perceba, e que também provoque em nós esse mesmo sentimento de atenção, de cuidado, de afeto, de carinho, de querer ficar junto por ser bom.

                A gente precisa de alguém que nos ajude a cortar a cebola, que nos observe, cuide, que nos arranque da cama, que divida o mesmo copo de uísque, deite na mesma rede numa madrugada cheia de estrelas e nos abrace forte e gostoso, nos beije e que venha não importa a hora.

                Alguém que não esteja apenas interessado apenas em nós, mas na nossa vida, que admire o nosso esforço e nos ajude a superar as dificuldades, que está disposto e que seja prestativo, que coloque o lixo pra fora, ponha as roupas no varal, pergunte como foi o nosso dia, nos beije com vontade, que conserve e seja amigo, companheiro e leal.

                Não funciona quando a pessoa compartilha apenas do nosso corpo, do nosso sexo, da nossa situação, pouco se importando com o que estamos pensando, fazendo, querendo, sonhando. Precisamos de que alguém que pergunte até sobre o nosso silêncio, sobre o que estamos pensando.


                Ter alguém não significa ser de alguém ou viver com alguém, temos companhia quando o outro se importa com a gente, quando ele ou ela está disposto a viver a nossa vida e a gente a vida dele ou dela, dividindo coisas, somando outras, multiplicando, jamais dividindo. 

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