Quando chegar na pedra preta apenas escolha viver
Ronaldo Magella é
professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista, cronista
Dizem que no fundo do poço deve
haver uma mola e quando lá você chegar retornará mais rápido, firme e seguro,
será? Bem, não sei onde fica o fundo do poço, sei que há momentos em que você
pensa que está lá, mas o fundo sempre pode ser mais fundo e mais fundo e mais
fundo, até nunca ter fim, será sempre uma escolha sua, uma decisão que depende
mais de você do que as situações. Explico.
Aqui os amigos não falam em fundo
do poço, mas na pedra preta, quando você não consegue mais cavar, quando você
chega ao seu limite, quando não há mais esperança, consolações, quando enfim é
o fim. E o que fazer nessas horas? Rir.
Aprender a rir da própria
tragédia ajuda e muito, se olhar no espalho e rir, sensivelmente rir e pensar,
podia ser pior. Ajuda e muito. Outra coisa é sentar na calçada de casa, olhar o
céu e pensar que tudo vai passar. Como diz meu amigo Aderivaldo, isso também
passará, seja o que for, chegará ao seu fim, é esperar e pronto.
Acho que o meu amigo Iordan tem
razão, é esperar. Esperar o que? Foi o que ele me disse ontem, passei o dia com
aquilo na cabeça, mas esperar o que Iordan? Nada, não se tem o que se esperar,
pois viver já uma espera, estar aqui é acreditar que amanhã será diferente, que
daqui a pouco tudo vai mudar, que você vai tropeçar no amor da sua vida,
encontrar um bilhete premiado, realizar seus sonhos e viver o que precisa
viver, ir o show da vida, ter o melhor sonhos de todos, cantar sozinho, chorar
de emoção doce e singela.
E claro, o que é preciso pra
isso? Como me disse um amigo outro dia, para que tudo aconteça só precisamos
estar vivos, o resto a vida se encarrega se fazer acontecer. Precisamos fazer
as nossas escolhas, entre elas, escolher viver, fazer partir, ir, deixar
acontecer, respirar, sonhar e pronto, o resto virá. Do fundo do poço ou da
pedra preta, certamente jamais haveremos de ficar lá para sempre.
Talvez o sofrimento seja mesmo uma
questão de escolha, dizem que Renato Russo dizia, a dor é inevitável, mas
sofrimento é opcional, talvez seja mesmo por aí, é quando você decide que a dor
não irá mais te afetar, você pode sentir, mas pode escolher chorar ou sorrir, e
quando você toma a sua decisão, pronto, você começa a viver realmente, pois a
vida não é feita de escolhas Jaian, mas daquilo que você escolheu, depois de
você escolhe, pronto, começa a festa.
O nosso sofrimento pode ser
alimentado todos os dias, somos nós quem decidimos o que fazer com ele, se deixá-lo
um pouco mais gordo ou se começar a fazer regime, fazer com o que ele
desapareça da nossa vida aos poucos, com o tempo, com o trabalho, com o
entendimento das coisas, da situação, da vida, dos afetos.
Não importa se no fundo do poço
ou na pedra preta, sempre é uma decisão nossa, ver o copo com a metade vazia ou
a metade cheia, entender a vida como algo definido ou infinita de
possibilidades, só apenas isso, eu decidi viver e amar, o resto, bem, como
cantou Cazuza, há sempre todo o resto.
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