Amar é permitir um pouco mais
Ronaldo
Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais
nada.
Amar é permitir um pouco mais, é
deixar que o outro escute a sua voz, entenda seus sonhos, veja suas lágrimas,
escute o seu silêncio, cuide da sua dor, compreenda a sua incompreensão,
entenda o que seu não pode ser entendido por mais ninguém, nem por você mesmo.
Amar é conceder ao outro o impossível de você e o possível do que existe em
você, é estender a mão e largar o braço, é emprestar o coração e doar a cabeça,
é ir pelos mesmos caminhos e voltar pelas estradas já trilhadas. Amar é deixar
que o outro entre um pouco mais, vai se chegando, reconhecendo seu sorriso e imaginando
seus gostos, aprendendo seus medos e admirando suas fragilidades, pois não se
ama de portas fechadas, de janelas cerradas, ama-se escancaradamente, de peito
aberto, com os lábios entreabertos, com os olhos esbugalhados, com as mãos
estendidas, com o pés eretos, os braços esticados, os ouvidos latejando, com a
vida esborratando pelos cantos derramando pelo chão, alastrando-se pelos
lugares.
Amar é deixar ser quantas vezes forem necessárias, é calar o grito, é
gritar o silêncio, é autorizar ao outro o seu sentimento, que ela possa
adentrar, ficar, estar, é sinalizar ao outro que ele contempla o que tens de
melhor, é deixar que tudo aconteça conforme as regras, os modelos, padrões.
Amar é secar o copo e encher várias vezes, ir ao mesmo lugar sempre, gosta de
tudo outra vez da mesma forma, se apaixonar todo dia pelo mesmo desejo, gostar
novamente das mesmas maneiras, jeitos, é olhar sempre para o mesmo lugar sempre
com um olhar diferente, é perdoar os defeitos, enxugar as falhar, esticar as
afinidades.
Amar é ser do mundo do outro, ir pelas beiradas, cavando suas
cavernas, limpando suas esquinas, é deixar também o outro limpe o seu lixo,
pinte suas paredes internas, organize seus
sentimentos, não existe amor trancado, sem acesso, o amor precisa de senha
e login, precisa curtir, comentar e compartilhar, precisa publicar, postar,
precisa se saber e saber que vive, que está vivo, que pode sentir e ser
sentido, o outro precisa se sentir importante, que faz parte da vida, que é
vida também para o outro, que estão juntos, vivendo um mesmo universo, uma
mesma existência.
Não existe amar pelos dois, os dois amam, se vivem, se
curtem, se gostam, se morrem, se perdem, se acham, se cantam, se pedem, se
desejam, se sentem, se precisam, se choram, se acabam e se encontram, pois amar
é se permitir e permitir, é deixar e deixar, é estar e ficar, é esperar e ir, é
saber e conhecer, é ter e sentir falta, é gostar e também ter raiva para depois
saber reconsiderar, pois isso é amar, pois não é da somas das compreensões que
sabemos que amamos, mas do resultados das incompreensões, e dos
desentendimentos, uma vez que a vida não é perfeita, logo, o amor, incluso, não
poderia ser contrário a vida.
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