Gente que vive olhando pelo retrovisor
Ronaldo
Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais
nada
Morrer de amor é lindo, estar
apaixonado é belo, sentir saudade, nossa, gostoso demais, gostar de alguém, sublime,
mas não querer seguir por conta de amor, da paixão, do gostar, da saudade, é
sofrer duas vezes, não deixar a vida acontecer é ficar preso, parado, deixando
de caminhar, e muita gente vive olhando pelo retrovisor, sabe de onde vem, mas
não sabe pra onde está indo.
Certo, vamos combinar, vai lá, entendo,
o cara foi o melhor da sua vida, a moça a história da sua existência, mas acabou,
não dá mais, não volta mais, as pessoas mudam, o tempo passa e você fica aí
sofrendo e se culpando, pensando no que fez de errado, qual seu maior erro,
como resolver o que não tem solução, comparando pessoas, procurando em outros
aquilo que havia, virando noites com insônia, perdendo peso, ou até mesmo
engordando, não se permitindo mais gostar de alguém, pois o passado, esse
monstro que te persegue dias e noites, te consome, te devora e enlouquece, te
privando de viver outras coisas.
E o pior, ao invés de procurar
viver outras coisas, vive presa ao passado, não consegue enxergar o futuro, não
se liberta no presente, do presente, e mais, sabe que não dá mais certo, que
não adianta mais, mas fica se contorcendo de dor, soltando frases sentimentais
no Facebook para aliviar as suas tensões, quando seu coração quer liberdade,
sua alma quer voltar a amar, seu corpo quer prazer, sua vida viver coisas
interessantes e você teima em se prender ao que não pode mais viver ou ao que
viveu e já sabe o gosto amargo do que foi, mas esse gosto não te deixa.
Não, ninguém esquece o que se
viveu, foi muito massa, foda, mas já passou, é preciso aprender a viver agora
esperando pelo futuro, permitir e se permitir que outras coisas venham
acontecer, deixar alguém te conquistar, invadir a sua alma, mexer com o seu
coraçãozinho, inquietar a sua alma, mas isso depende de você, é preciso que
você queira, quando você quiser, acontecerá, pois as coisas acontecem quando a
gente acredita, e por que a gente acredita elas acontecem.
Vejo e sinto, percebo, entendo,
mas me inquieta, as pessoas vivem presas aos que sentem, ao passado, mas o pior,
de verdade, em verdade, na verdade, elas não querem mesmo se libertar, há um
medo maior do novo, de sofrer outra vez, por isso sofrem pelo que pensam ser
algo seguro, uma vez que o passado é um lugar seguro, está lá, já aconteceu,
não muda mais, a gente até consegue e pode enxergá-lo de forma diferente,
entender o que não havia entendido, mas ele não irá mais se mexer, muita embora
nos atormente.
Se se pensar que enquanto se
sonha com algo que não pode mais acontecer, estamos perdendo de viver de olhos
abertos o que podemos ter, no presente e no passado, a gente vai perceber o
quanto de vida estamos perdendo de futuro, no futuro, e até agora mesmo. Até
sofro, devo admitir, mas não perdi a esperança de viver ainda o que não vivi, e
isso é o que me move e me faz caminhar, seguir.
Algumas coisas a gente guarda,
como fotografia antiga, quadro na parede, lembrança da infância, saudade de
coisas, lembrança de outras, guardar não quer dizer viver presa ou preso ao que
passou, significa dizer que a gente teve uma vida, mas essa mesma vida nos
espera e espera mais ainda de nós, só precisamos para de olhar pelo retrovisor
para enxergar o que há a nossa frente, bem na nossa frente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário