A dor é de quem sente e vive e não de quem fala
Ronaldo Magella – professor, poeta,
escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada (13-10-1014)
Uma amiga anunciou o seu
casamento para a próxima semana, matrimônio fruto de uma relação que já dura
anos, cheia de problemas, silêncios e resistências, em seu favor, o amor,
contra, tudo e todos.
Ela se defende e argumenta, “minha
mãe não gosta dele, meu pai não aceita, meu irmão não nutre a menor simpatia
por ele, mas quem gosta sou eu, quem irá viver com ao lado dele sou eu, sou
quem devo decidir de quem gostar, a quem amar, escolhi ficar com ele, não terei
o apoio da minha família, eles não o aceitam, mas me aceitam, isso pra mim
basta, ficarei com os dois lados, claro, machucada por um lado, ao meio, mas talvez
com o tempo eles percebam que a minha escolha foi movida por amor”.
Fico pensando nos inúmeros casos
e situação iguais que acontecem todos os dias no mundo. Minha amiga só esqueceu-se
de dizer que, a indiferença da sua família para com o seu noivo não é de graça,
espontânea, ela tem lá as suas razões de existir. Ela tem razão ao afirmar que
ama e por amor ficará com ele, mas seus parentes também têm lá suas razões para
não compartilhar de simpatia pelo individuo.
Em resumo, ele não presta, mas
ela o ama, que se pode fazer? Ele já mentiu, traiu, não mudou, continua a mesma
pessoa, parece que não aprende com os próprios erros, o que torna difícil uma
aproximação.
Não há ciência que desvende o
mistério do gostar, seja de um homem, seja de uma mulher, se gosta e pronto,
nada mais a fazer, é aceitar, como se diz, dói menos.
O ela tem razão ao afirmar e argumentar
que será ela quem irá sentir, irá viver, logo, ninguém pode viver a nossa vida,
sentir a nossa dor, derramar as nossas lágrimas, caminhar o nosso destino,
somos nós quem temos que viver a nossa própria vida.
Já muitas situações desta
natureza, no início ninguém aceita, com o tempo, através do comportamento do
rapaz ou da jovem, as pessoas passam a aceitar, percebem e reconhecem
qualidades e entendem que é preciso respeitar o amor de cada um seja da forma
que for.
Mas também já vi situações em que
os contrários tinham mesmo razão. Eles, os namorados, lutaram, brigaram,
tentaram até conseguir ficarem juntos, mas a relação não durou muito, terminou,
cada um voltou pra o seu lado e toda aquela odisseia deixou um imenso vazio na
vida de todos.
O outro lado, a terceira via
também existe, ninguém é contra, mas ninguém entende como ela ou ela gosta
daquela pessoa, enfim, ainda precisamos amadurecer muito em questão afetiva,
sentimental, se ainda falamos de tais assuntos é apenas por eles ainda não
estarem resolvidos em nós, por nós.
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