Como folhas secas, coração livre, solto no vento
Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro,
radialista, jornalista e mais nada. 03/10/2014
Até sei o quanto é bom gostar de
alguém e ter esse alguém junto, perto, ao lado, mas também sei que muitas vezes
na vida nos sentimos como folhas secas soltas pelo vento flutuando sem destino,
quando o nosso coração prefere as férias ao trabalho árduo de uma relação, com
suas renúncias e paciências.
Ainda não aprendemos amar, talvez
a gostar, mas ainda somos possessivos, ciumentos, inseguros, medrosos, por isso
sofremos, não sabemos ser livres, apesar de nos proclamarmos moderninhos, mas
em nossas relações ainda somos atávicos e caretas, como se dizia na década de
80.
Sabotamos nossas vidas, nossos
amores, antecipamos dores, imaginamos destinos, inventamos algozes e nos
colocamos sempre como vítimas, somos carentes, queremos atenção, mas como crianças,
infantis que somos, apenas cobramos, não sabemos nos permitir, e quando isso
acontece, imputamos cobranças se recebemos menos daquilo que devotamos.
Não resta dúvida que a solidão
ainda é a nossa maior tirana, nos consome, agride, perturba, por medo dela nos
arriscamos, perdemos a nossa paz, elegemos guerras, gritamos de dor no silêncio
do nosso interior, nos expomos, nos fazemos ridículos, perdemos a noção do
perigo, da ordem, e muitas vezes pagamos um preço alto para uma vida tão
barata.
Invejo, um sentimento sadio,
pessoas bem resolvidas no amor, em paz com suas emoções, de bem com os seus
sentimentos, no entanto, devo admitir, que está com o coração livre,
desocupado, com sinal, sem funcionar ou bater por alguém, é uma sensação de
liberdade, de conforto, por saber as dores que “gostar” pode muitas vezes nos
trazer e nos fazer sentir e sofrer.
Não que não se acredite em amor, como
muitas vezes costumo dizer, mas por hora, no momento, todas as ilusões foram
perdidas, todos os sonhos dispersos, as esperanças guardadas, os sentimentos
amarrados, talvez com a impressão de que não haverá mais nada a viver nessa
campo, talvez por saber que o momento é para outras coisas, destinar a atenção
para um novo caminho, talvez por entender que tudo acontecerá naturalmente, um
dia, ou não, talvez por nada disso ser realmente o que será, o que se pensa,
talvez por não ter mesmo mais nada para se dizer a respeito.
No entanto, como folhas secas,
flutuando pelo vento, sem destino, sem compromisso de voltar, sem obrigação de
ir, apenas esperando cair em algum ou qualquer lugar quando parar um dia de
soprar a respiração do mundo, o respiração do destino, se um dia parar.
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