sábado, 4 de outubro de 2014

Apesar de tanta liberdade, ainda prefiro ficar preso por amor

Apesar de tanta liberdade, ainda prefiro ficar preso por amor
Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada. 03/10/2014

O escritor Fabrício Carpinejar cunhou uma frase da qual gosto muito, escreveu que, liberdade é está preso a quem se ama, algo meio Camões, já que o poeta português escreveu que, amar é estar-se preso por vontade.

Não gosto de ficar, prefiro me amarrar dos pés a cabeça por alguém, não gosto de beijos furtivos e abraços curtos, antes quero conversas longas e gargalhadas sinceras, demoradas, estridentes. Acredito que as melhores emoções acontecem sempre ao lado de alguém que a gente ama, gosta, deseja, se importa, prefere, sonha.

O mundo está mais aberto, as pessoas livres, podem trocar de parceiros, ter relações sem compromisso, fugazes, líquidas, e completo, desinteressante.

Gosto de saber que há alguém me esperando, alguém que irei encontrar mais tarde, alguém pra quem ligar, alguém que irá me enviar uma mensagem, iremos combinar de sair ou ficar em casa, iremos ao cinema, viajaremos juntos, conversarmos, tomaremos café e brigaremos, faremos as pazes, logo, claro.

Nada substitui a companhia de alguém interessante, alguém de quem gostamos, que nos arranca suspiros, nos fazer sonhar e pensar na vida, fazer planos para um futuro, de um futuro bom, alguém que toca o nosso coração e mexe com a nossa alma. Respeito a liberdade que cada um tem de escolher, de trocar de parceiro, mas me sinto quadrado nesse mundo redondo, um idiota romântico, um sentimental sem noção, um tolo sem recuperação.

Noites em claro, em festas, na balada, na ostentação, não fazem mais a minha cabeça, um dia até cheguei a ser seduzido pela ideia, imaturidade da minha parte, e um pouco de vontade de conhecer as coisas, o mundo, hoje acredito ser mais interessante um jantar a dois, um noite em casa, um bom filme, um vinho, uma música baixa, um momento aconchegante. Idade? Talvez. Maturidade? Pode ser. Mas, talvez, mais do que tudo isso, penso que descobri que a vida é melhor em câmera lenta, aos poucos, devagar, sem pressa, em boa companhia, com a melhor companhia, que seria alguém de quem gostamos e preferimos.


A despeito de tanta liberdade, ainda quero ser a preso a uma única só pessoa e que juntos possamos ser livres em nosso amor, em nossa paixão, em nossa vida, e com ela, por ela, pra ela, dela sempre serei, até o fim, como Florentino Ariza, em Amor nos tempos de cólera, de Gabriel Garcia Márquez, que esperou por Fermina Daza por longos 53 anos, nove meses e três dias. 

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