Apesar de tanta liberdade, ainda prefiro ficar preso por amor
Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro,
radialista, jornalista e mais nada. 03/10/2014
O escritor Fabrício Carpinejar
cunhou uma frase da qual gosto muito, escreveu que, liberdade é está preso a
quem se ama, algo meio Camões, já que o poeta português escreveu que, amar é estar-se
preso por vontade.
Não gosto de ficar, prefiro me
amarrar dos pés a cabeça por alguém, não gosto de beijos furtivos e abraços
curtos, antes quero conversas longas e gargalhadas sinceras, demoradas,
estridentes. Acredito que as melhores emoções acontecem sempre ao lado de alguém
que a gente ama, gosta, deseja, se importa, prefere, sonha.
O mundo está mais aberto, as
pessoas livres, podem trocar de parceiros, ter relações sem compromisso,
fugazes, líquidas, e completo, desinteressante.
Gosto de saber que há alguém me
esperando, alguém que irei encontrar mais tarde, alguém pra quem ligar, alguém
que irá me enviar uma mensagem, iremos combinar de sair ou ficar em casa,
iremos ao cinema, viajaremos juntos, conversarmos, tomaremos café e brigaremos,
faremos as pazes, logo, claro.
Nada substitui a companhia de alguém
interessante, alguém de quem gostamos, que nos arranca suspiros, nos fazer
sonhar e pensar na vida, fazer planos para um futuro, de um futuro bom, alguém que
toca o nosso coração e mexe com a nossa alma. Respeito a liberdade que cada um
tem de escolher, de trocar de parceiro, mas me sinto quadrado nesse mundo
redondo, um idiota romântico, um sentimental sem noção, um tolo sem
recuperação.
Noites em claro, em festas, na
balada, na ostentação, não fazem mais a minha cabeça, um dia até cheguei a ser
seduzido pela ideia, imaturidade da minha parte, e um pouco de vontade de conhecer
as coisas, o mundo, hoje acredito ser mais interessante um jantar a dois, um
noite em casa, um bom filme, um vinho, uma música baixa, um momento
aconchegante. Idade? Talvez. Maturidade? Pode ser. Mas, talvez, mais do que
tudo isso, penso que descobri que a vida é melhor em câmera lenta, aos poucos,
devagar, sem pressa, em boa companhia, com a melhor companhia, que seria alguém
de quem gostamos e preferimos.
A despeito de tanta liberdade,
ainda quero ser a preso a uma única só pessoa e que juntos possamos ser livres
em nosso amor, em nossa paixão, em nossa vida, e com ela, por ela, pra ela,
dela sempre serei, até o fim, como Florentino Ariza, em Amor nos tempos de cólera,
de Gabriel Garcia Márquez, que esperou por Fermina Daza por longos 53 anos,
nove meses e três dias.
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