Quem nos ensina a viver?
Ronaldo Magella
Por que o tempo cura a nossa dor,
de onde vem o amor, existe mesmo a vida ou será que tudo que vivemos aqui é uma
mera ilusão e se no final toda dor, todo amor, toda existência for em vão?
Essas são questões que a escola não pode nos responder, o que me faz lembrar de
uma crônica de Martha Medeiros, do livro Coisas da Vida.
Lá a escritora gaúcha conta sua
falta de interessa pelas aulas de física, química e matemática, claro, segundo
ela, não conta com orgulho, mas era que a escola ensinava algo, e ainda ensina,
que estava longe dos seus interesses. Ela queria saber de psicologia,
filosofia, de amor, sexo, coisas que todos nós vivemos e que nunca aprendemos
nos bancos escolares, apenas com a vida.
Desnecessário dizer que me vi ali
na crônica da Martha Medeiros. As coisas mais importantes da nossa vida a gente
só aprende vivendo, como superar a perda de um grande amor, um amigo que não
quer mais falar com você, o sentimento de solidão que lhe angustia, nunca vamos
aprender isso se não for vivendo.
Sempre fui um aluno mediano,
odiado por alguns professores, e amado por outros, mas minhas preocupações
sempre foram extra muro, a questão dos afetos, do destino, da vida, o
sentimento de pertencimento, coisas ninguém ali podia me responder da forma que
queria, não com respostas prontas, mas com construção, com processo de
conhecimento, com discussões e outras.
Como diz uma música do Kid
Abelha, “agora você vai embora e eu não sei o que fazer, ninguém me ensinou na
escola, ninguém vai me proteger”. As coisas mais importantes da nossa vida a
gente precisa aprender sozinho, a ser feliz e a morrer, a sofrer e a viver,
ninguém pode nos ensinar nada, as pessoas nos dizem coisas, nos fazem pensar,
nos fazem sentir, falar, mas quem precisa viver mesmo somos nós, somos nós quem
temos que sentir.
A vida é muito mais complexa do
aquilo que podemos aprender na escola, as nossas diferenças, os nossos medos,
as incertezas, coisas que ninguém pode nos ensinar a superar pois todos vivem
as mesmas coisas e cada um tem a sua estrada particular para seguir, enfrentar.
Em geral somos todos sozinhos,
solitários, o que não quer dizer carentes, sozinhos pois ninguém pode viver o
que vivemos, solitários pois a dor é nossa, como a felicidade também, como dizem,
a salvação, a estrada é individual, logo somos nós, e apenas nós, quem podemos
ir, cruzar, chegar lá.
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