34 anos, e penso, menos babaca
Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor,
blogueiro, radialista, jornalista e mais nada (053-02-1014)
Agora faço 34 anos e estou me
achando menos babaca, claro, é apenas um pensamento próprio a meu respeito,
haverá quem diga o contrário, que sou ou estou pior apesar da idade e pelos anos
que já tenho vivido. Viva o contraditório.
Mas estou melhor, ninguém pode
negar, podem não querer admitir, aceito, mas estou convivendo melhor com as
minhas perdas, com a solidão, aprendi a esperar, a ficar calado, a silenciar, a
confiar menos nas pessoas e mais em mim, já não preciso me mostrar, o que sinto
já me toma bastante tempo, o que penso me acompanha, demorou, mas aprendi a
sentir e olhar a vida, muitas vezes com sorriso bobo, com um olhar triste, com
a vista cansada, com o coração angustiado, mas em pé.
Só agora, nesta idade, foi que
vim conhecer o sentido da palavra esperança, pensava que era algo bom, alegre,
feliz, mas esperança é um sentimento que dói, é aflito, angustiante, mas é
preciso ter para poder acordar todos os dias, pois aprendi que só ama quem tem
esperança, só tem fé quem tem esperança, só sonha quem espera por dias melhores,
só vive quem tem esperança, e a tenho, dias sim, dias não.
Ainda sinto solidão, não de
pessoas, volta a dizer, é um sentimento de vazio, de falta, de ausência, poucas
pessoas irão entender, gosto de chamar de uma solidão existencial, como se se
faltasse pertencimento, não me encontrasse no lugar onde estou, mas não é mais
algo que me deixe preocupado e me faça tomar decisões radicais, me torne
impulsivo, aprendi a sentir e a guardar, a carregar comigo, está dentro de mim,
seguirá pela vida.
34 anos, e agora sei respirar,
não me deixar levar pelas provocações, não revidar, não me desesperar, tem
horas que até fico admirado comigo mesmo, é bom amadurecer, envelhecer e saber
um pouco senhor de si, dos seus atos e desejos, sentimentos e pensamentos, não
se deixar levar pelas situações e acontecimentos, ter um pouco de controle,
poder dirigir um pouco suas vontades, claro que num é um processo e algo
linear, muitas vezes me deixo cair, mas consigo levantar.
Agora sei me deixar e permitir,
aprendi a provar o sabor das coisas, até mesmo daquelas que não gosto, aprendi
a sofrer em silêncio e a sorrir calado, a inventar coisas e esquecer outras, a
suspirar no escuro e observar no claro, a olhar as pessoas e entender a vida,
claro, não me julguem sábio, sou alguém que faz as suas reflexões, pondera sua
vida, analisa seus sentimentos, sente suas dores, mastiga a sua solidão, bebe a
sua angustia, tropeça no seu caminho.
Como disse, não estou melhor,
menos babaca, é isso que posso admitir sobre mim, estou melhor, mas não muito,
estou mais calmo, menos apressado, não diria leve, nem maduro, mas conformado
pelas que coisas que não posso mudar, apenas sentir e viver. A vida segue, e lá
vamos nós, 34 anos, menos babaca, mas esperanço, pelo que? Ainda num sei,
talvez por dias melhores.
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