A gente se apaixona por quem nos encanta pra vida
Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor,
blogueiro, radialista, jornalista e mais nada (06-02-1014)
Uma amiga me conta, Ronaldo,
estou confusa, tenho um namoro, mas ele é muito estranho, explico, ele não me
faz um carinho, ele não tem atitude, não vai à minha casa, eu tenho que ir à
casa dele, se quero um beijo, um abraço, um cheiro, sou eu quem tenho que tomar
a iniciativa, “forçar”, pedir, não que isso seja ou fosse um problema, é que
sempre sou eu quem tenho que conduzir a relação, e estou cansado de conduzir as coisas.
Por outro lado, ela me conta,
conheci uma pessoa especial e estou encantada, muito diferente do meu namoro,
ele é alguém que propõe coisas, a gente conversa, toma banho de piscina, de
mar, caminha de noite, eu não preciso lembrar a ele que quero ser feliz, ele me
fez bem sem seu precisar pedir ou mendigar algo dele, com ele as coisas
acontecem, simplesmente acontece, tem vida, tem história, de alguma coisa boa
que que estou gostando e não quero ficar sem, eis a minha confusão, o que eu faço?
Bem, amiga, como eu não sou muito
bom em conselhos, mas escrevo, lhe diria que a gente ama quem nos permite
viver, a gente adora que consegue nos despertar para vida, nos tirar do comum,
quem pode nos fazer ver a vida de outra forma, enxerga o que é óbvio, está a
nossa frente, mas a gente não consegue perceber, até um dia.
O nosso dia a dia já é trágico, o nosso
cotidiano nos aborrece e entristece, nos tira a cor e a alegria e sempre
procuramos alguém para suprir essa lacuna, esse vazio, alguém que nos faça
sorrir, viver coisas, sentir o sabor da vida, o sal da existência, e quando
conhecemos alguém assim é natural ficarmos encantados, como se viver ganhasse
um novo sentido, uma nova roupagem, a gente sorrir sem querer e se interessa por
tudo, tudo nos chama a atenção, é quando sentimos que estamos vivos e vivendo.
Estar encantada para a vida e por
alguém que tenha despertado isso deve ser uma das melhores coisas do mundo,
alguém que nos tira do nosso comum, banal, que nos inspira e nos fazer sonhar, acredito
que não tenha preço, e nos deixamos levar por essas pessoas, “malucas”, “doidas”,
mas cheias de vida, de paixão, de amor, de sentimento, de sabor, e talvez seja
isso que você esteja sentindo, cheiro de roupa nova no ar. E como é bom.
Por fim, diria que a vida passa
muito rápido, que é preciso viver, estar vivo, sentir a vida, as pessoas, o
tempo, a existência, entendo a sua confusão, mas sou mais sentir culpa por
viver, do que fracasso por não existir, não fazer parte das coisas, não sonhar,
não me jogar, não me permitir, como tu és jovem ainda, se permita viver,
sentir, gostar, se apaixonar, provar, colocar o dedo, olhar de lado, caminhar
um pouco mais, ou seja, viva.
Ao final, e no final de tudo,
sempre seremos nós quem iremos sentir ou deixar de viver, deixamos de fazer
coisas ou fazemos coisas sempre pensando nos outros, mas eles nunca irão sentir
a nossa vida e nem poderão vivê-la, no final de tudo, lá na frente, só teremos
lembranças e saudades, e saudade é algo que a gente sente pelas coisas que um
dia se permitiu viver, sentir, provar.
Abraço e boa sorte.
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