A vida é feita também de abandonações
Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor,
blogueiro, radialista, jornalista e mais nada (23-01-1014)
Não tenho leitores, talvez alguns
amigos que gostam de ler o que escrevo, mais pela proximidade do que pela
qualidade do que escrevo, ou então, como bons samaritanos, fazem caridade
comigo, o que os lavará para o céu, enquanto o meu destino desconheço, ou
talvez tenha consciência e queira calar, silenciar, algumas coisas gritam
melhor calando, como disse Machado de Assis, mas não vou calar quanto ao
assunto desta crônica, talvez não escreva mais. Ando cansando, essa foi a
sensação que tive ontem ao deitar-me, cansado de viver, da solidão que me consome,
de ver tantas coisas inúteis, banais, comuns, cansado de pensar as mesmas
coisas, de viver a mesma vida, de mendigar de Deus os mesmos pedidos e nunca
ser atendido. A vida, como dizem, se for feita que conquistas, corro pelo lado
contrário, e diria que ela é marcada também por desistências, por abandonações,
desisto e abandono, pois tanto quanto sublime que seja ir adiante, também é
honroso se reconhecer fraco e desistir, se perceber finito e não se levar tão a
sério, deixar para lá, liberdade é não esperar, querer, desejar, quando
chegamos a essa patamar, somos livres de nós mesmos e do mundo, desisto do
amor, da paixão, e também da escrita, reconheço que é preciso parar, saber o
momento quando precisamos ir embora e sair da festa, dizer não, não ir mais
adiante, parar, por isso talvez não escreva mais, talvez um amigo ou amiga
sinta saudade, falta, mas certamente com o tempo a gente se acostuma com a
ausência, o cotidiano nos fazer esquecer o que sentimos e nos ocupa a mente com
outras coisas, a banalidade da nossa vida carece de romantismo, paixão, amor,
magia e nos torna medíocres, comer o nosso feijão, pagar as nossas contas, tomar
o nosso café, levar as nossas cuecas e limpar a nossa bunda, que especial há
nisso? Oh, que vida então vivemos. A vida que podemos e não a que desejamos,
queremos, sonhamos, eis a nossa realidade, se se perguntasse para as pessoas se
elas estão felizes e satisfeitas com as suas vidas, acredito que muitas diriam
que não, mas até mais felizes diriam que era preciso mudar alguma coisa, e
sempre há, só que muitos de nós não sabemos o que seja.
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