Quando deixo de viver e passo a sentir
Ronaldo
Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais
nada
Todos os dias as tardes correm
minhas saudades, visitam minhas lembranças, em tardes assim, de sóis amenos,
caindo da imensidão dos céu, de sombras se pondo, de dia partindo e noite
chegando, de vento zunindo, árvores balançando como se tivessem cantando, em
dias assim, de gente descansando, morrendo
para o dia, voltando casa, em dias
assim, de lembranças chegando e tristeza me invadindo, lembro do amor que de me
tão importante invadiu meu peito e lá ficou por quanto achou necessário, e se
necessário um dia chegou, necessário um dia achou de partir, esqueceu muitas
coisas dentro de mim, lá estou, catando os restos, juntando os pedaços das
melhores coisas que fui, dos melhores momentos que vivi, das piores dores que
senti, das alegrias que jamais esperei viver, das lágrimas que nunca pensei em
vertes.
Em dias assim, quando deixo de
viver e sinto, quando me perco em pensamentos, em devaneios, transformo realidade
em ilusão, quando sonho acordado, quando sinto um pouco de vida pulsando em
mim, em dias assim me torno humano, amo, me apaixono, escondo no sorriso a dor,
mergulho em livros, canto canções, trabalho, mas em dias assim, sinto, deixo de
viver e apenas sinto, sinto que posso voar, amar, ser feliz, sinto que sou
gente, que estou vivo, que amei e fui feliz.
Em dias assim, quando a tarde se
levanta, quando resta apenas um copo de dia para ser tomado, um último gole de
vida, me abstenho e me reservo, calo em mim as dores mais finas e profundas,
silencio as saudades mais alegres e torturantes, as saudades mais intensas e
graves, em dias assim, quando deixo de viver e passo a sentir, sinto, quando a
noite sorrateiramente começa a tomar conta das horas, dos dias, quando parece
que tudo caminha paro seu tédio normal, quando penso que vivo, é aí que sinto,
que sou tragado por sentimentos que me devoram e apertam, me viram ao avesso.
Em dias assim, quando antes prefiro morrer,
suspiro, seguro a tristeza que gostaria de se abater sobre mim, expulso a
solidão, corro de mim, vou pra rua, olho as pessoas, escrevo na internet, danço
axé, compro um sorvete, ligo a televisão, aumento o som, corre de mim, busco
vida, o viver, para parar de sentir o que sinto, em dias assim até gostaria de
nunca ter provado o lado bom da vida, o doce da existência, o amor capaz, a
paixão de gostar, o gostar de existir.
Em dias assim, apenas paro e
espero por um novo dia, qualquer coisa que venha mudar o meu destino, me levar
da tarde, me trazer a noite, me levar para o amanhã, em dias assim sofro não
pelo que vivo, mas pelo que um dia pude viver, pelas tardes de sol de pondo,
pelas manhã juntos, pelos planos e sonhos em conjuntos, pelos beijos e abraços,
pelo cheio e pela cor, pela voz e pela gargalhada, em dias assim, quando deixo
de viver e sinto, quando não vivo e passo a sentir, sinto que fui feliz.....
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