Quero o que ainda está por vir
Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor,
blogueiro, radialista, jornalista e mais nada (12-01-1014)
Não quero viver das ruas que
passei, das esquinas que contornei, das cenas que um dia já vivi, dos cenários
de outrora, quero vida nova, quadro com sabor de tinta fresca, não quero folhar
livros antigos com cheiro de coisa velha e empoeirados, quero o sabor e o aroma
da folhas novas, a brancura de um mundo novo escrito, novas histórias,
personagens, um novo enredo, outro fim.
Não quero cantar antigos refrãos
de músicas do passado, quero canção nova, um novo ritmo, novas melodias, sons
que me despertem para outras composições, “rimas fáceis, calafrios, faz um
pacto, fura o dedo comigo”, como cantou Adriana Calcanhoto.
Quero seguir pelas ruas que estão
a minha frente, pelos caminhos que ainda hei de cruzar, ver os horizontes que
ainda não vi, os céus que ainda irão surgir, as manhã que deverão chegar, não quero ficar cantando minhas lágrimas,
prefiro guardar os meus sorrisos, não quero acender velas para o passando, mas
uma luz para o futuro.
Não quero sustentar rancores e
mágoas, o bolso cheio de pedras, a língua travando sabores, prefiro olhos de
esperanças, o caminhar livre, a vida em oportunidades para tudo que ainda
podemos viver, ter e ser.
Não vamos tropeçar, cair, sofrer,
vamos em frente, subindo, levitando, deixando acontecer, vamos arribar nossos
pesos e nossas dores, deixar a alma em transparência, o espírito em cores, o
coração liberto, a mente em desalinho, sem prisões, sem choques, sem amarras.
Não quero filmes do passado,
quero uma sessão de cinema das dez, cheiro de pipoca, gente bonita, expectativa
no ar pelo novo, pelo que ainda não se viu, pela história nova que irá se descortinar
ali diante dos olhos, novas cenas, novo fim, tudo outra vez acontecendo, quero
mais o futuro imprevisto do que o passado já encenado.
Não quero repetir as mesmas falas,
palavras decoradas, frases repetidas, quero criar orações novas, preces sinceras,
um novo poema, uma outra crônica, não quero sentar de cansado e me deixar
ficar, quero percorrer com pressa o muito que me falta, quero viver o novo,
aprender com o velho e ir buscar o que falta.
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