Às vezes a gente só
precisa chorar para ser livre
Ronaldo Magella 14/09/2015
“Um homem também chora”, diz a música de Gonzaguinha.
Confesso que há muito tempo não choro, não por falta de
oportunidade, já tive momentos que era preciso soltar as lágrimas, mas as
segurei.
Hoje penso que deveria ter deixado meu pranto cair.
Somos desde pequenos sufocados, uma vez que nos dizem a todo
o momento que não podemos chorar, precisamos prender, não podemos ser frágeis e
inseguros, que o mundo requer de nós força e coragem.
A gente perde a glória de chorar, como diz a letra de uma
canção do Los Hermanos. Queremos sempre vencer, quando a vida nos fazer perder.
Chorar é sempre um momento de reencontro interior, de
descoberta, de libertação.
Chorar nos liberta e nos torna livres.
Quando choramos deixamos de lado as nossas máscaras, agora,
ali, enquanto vertemos lágrimas, somos apenas nós, sem rótulos, títulos,
disfarces, somos apenas gente, humanos, pessoas, sozinhos e únicos.
Há sinceridade em nossas lágrimas mais do que em nossos
sorrisos.
Nosso choro emite verdades.
Nossas lágrimas são rios que nos levam ao grande oceano da
vida, é quando descobrimos a imensidão do que somos, da nossa existência, do
nosso ser, da nossa essência.
Sorrimos para disfarçar, choramos para voar.
Forte é quem chora, por não precisar se esconder dos outros
nem de si mesmo.
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