terça-feira, 15 de setembro de 2015

Você convive tão bem com a solidão

Você convive tão bem com a solidão
Ronaldo Magella

A frase não é minha, é de uma amiga, colorida, que outro dia me perguntou o que realmente queria com ela, já que, pelo que percebia, eu parecia estar bem sozinho e sem ninguém.

Sim, realmente, mas até então não tinha percebido que estava feliz sozinho, sem amores ou paixões, precisei que alguém me fizesse enxergar.

Acho que já passei da fase de querer ter alguém por querer alguém, e não por ser alguém especial, maravilhoso e fantástico, encantador e apaixonante, fascinante e simples ao mesmo tempo.

Pessoas simples me encantam. Só para registro.

Aprendi a conviver com o tempo e com as minhas necessidades, deixei de ser carente, confesso, até estou surpreso comigo mesmo. Nos últimos meses renunciei as várias paixonites e namoricos, eram meninas e mulheres lindas, interessantes e inteligentes, mas não era o meu momento, até corri atrás, mas cansei rápido e achei melhor ficar sozinho.

Enfim, a evolução.

Não que solidão seja algo que aprecie, mas amores achados são mais deliciosos do que aqueles que são avidamente procurados e que muitas vezes só rendem dores de cabeça e decepções.

Decidi então ser achado pelo amor, desisti de procurar por um amor. Espero que não demore o resgate.

Até acho graça, outro dia uma amiga me perguntou se eu havia mudado alguma coisa nos últimos tempos, e bem, acho que sim, mas ela sabe, apenas me testou mais uma vez como sempre o faz. No fundo, ao me olhar, ela percebe mudanças gritantes e um amadurecimento delicado e interior.

Solidão não é pra gente comum, como diz o Ivan Martins, gente, como a gente, precisa de gente, de afeto, carinho, beijo, do corpo, de prazer e palavras amenas, como canta Gonzaguinha, o que a gente não é precisa é fazer disso um alvo a ser perseguido com todas as forças até cansar.

E cansar. E como cansa.

Vejo amigos que toda semana mudam de paqueras, de fica, e vejo a força e o esforço deslocado para conquistar tais afetos que sempre resultam em nada, em vazio e solidão, uma solidão amarga e angustiante pelos erros cometidos ou pelas aventuras malogradas.

A minha solidão é leve, tem textos, livros, filmes, séries, tem rede, WhatZapp, tem também saudades e lembranças, mas nada tão grave que possa atordoar ou machucar, é uma sensação gostosa de vida vivida e momentos deliciosos apreciados na companhia de pessoas que jamais irei esquecer.

A vida se torna mais leve quando você não se impõe as suas necessidades, até sabe que precisa, mas entende que cedo ou tarde deverá acontecer, e quando chegar será bom, bonito e maravilhoso.  
E leve.


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