Será que realmente
precisamos perder para valorizar?
Ronaldo Magella 08/09/2015 (jornalista, escritor, professor)
Volta e meia vamos escutar a famosa frase, só vai dar valor
quando perder.
Não acredito que seja realmente assim, mas tenho a leve sensação
de que de longe enxergamos melhor aquilo que de perto não era possível ver.
O entendimento da vida e das pessoas é algo que precisa e
requer tempo, amadurecimento e autodescobrimento.
Quem olha de longe tem uma visão melhor, um ângulo maior,
quem está perto, próximo, ver bem, enxerga com maior nitidez, mas não tem uma
compreensão maior e mais larga da situação, do momento, dos próprios
sentimentos.
Muitas vezes precisamos de tempo para entender o que sentimos
ou até o que não sentíamos.
Os relacionamentos muitas vezes são jogos infantis, imaturos
e desnecessários, as pessoas gostam de impor seus desejos, não abrem não das
suas vontades, gostam de provocar ciúmes e demonstrar indiferença, são como
crianças mimadas e birrentas, em busca de atenção, afeto e carinho, no fundo
querem apenas ser amadas e compreendidas.
Pessoas imaturas querem ser amadas, pessoas maduras sabem o
quanto o amor é bom, gostoso e torna mais vida mais rica, cheia de
oportunidades, por isso amam, sem necessidade de permuta, posse, de joguinhos sensuais
e ridículos, se entregam e sentem.
Não precisamos perder para valorizar, nem sentir ausência,
menos ainda ficar longe, só precisamos de um olhar para acurado para quem está
ao nosso lado, ao nosso redor, perceber e sentir a pessoa, os seus valores e
defeitos, suas qualidades e seus sentimentos.
É bem verdade que longe, na saudade, amadurecemos, percebemos
o que antes não havíamos percebido, e muitas vezes vamos sentir a lacuna e
lamentar o erro que provocamos, mas de outras também vamos entender que talvez
fosse melhor assim.
A distância muitas vezes é um instrumento com qual medimos o
nosso sentimento.
Longe, já senti saudade, falta, ausência e provei a mim mesmo
o quanto gostava.
Outras vezes, longe, nada senti, nem vontade de provocar um
oi, então também entendi que não havia necessidade continuar, nem de estar
perto, junto, do lado.
Precisamos da proximidade, para poder sentir, da distância,
para avaliar o nosso sentimento.
Junto, conversamos e nos apreciamos. Distantes, nos
analisamos e ponderamos.
Não precisamos perder para perceber o valor da outra pessoa,
precisamos ser sensíveis, ter um olhar de perto e uma vista de longe, sentir na
ausência e gostar na presença.
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