quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Desistir pelo ontem é não acreditar no amanhã

Desistir pelo ontem é não acreditar no amanhã
Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada.

Desistir pelo passado é não querer enxergar que o futuro pode ser melhor, desistir pelo que aconteceu é pensar que nada pode ser melhor, não querer viver é pensar que tudo que já foi é tudo que podia ter sido vivido, é travar-se, é não querer aceitar que o logo mais será diferente, que poderá mudar, acontecer outras coisas, olhar para trás e ali se deixar prender é como andar pra frente olhando pelo retrovisor, você sabe de onde vem, mas não sabe pra onde está indo.

Não é o que fui e vivi que irá me dizer o que posso ser e viverei, as lágrimas que derramei não poderão determinar e tomar, proibir e bloquear meus sorrisos, o que calei não poderá dizer aquilo que ainda tenho por falar, as canções, os discos e filmes que vi não podem prevê o que ainda vou ouvir, cantar e ver, a vida segue pelo que não aconteceu e não pelo que já passou, não posso me medir pelo ontem, mas pelo que ainda tenho para o amanhã, não é pelo fato de não conseguir ter sido feliz ontem que devo me privar do melhor que posso ter para daqui a pouco.

Não é por não ter conseguido ontem que não possa tentar amanhã, ontem foi ontem, amanhã ainda não aconteceu, se sei o que fiz, agora só me interessa o que posso fazer, não posso privar a minha esperança por conta da minha dor, não posso me negar uma chance só pelo fato que as oportunidades de ontem não terem dado certo, viver é acreditar que a hora seguinte será e poderá ser melhor, que se ontem não fui feliz, agora, hoje posso acreditar e amanhã poderei realizar o que quero, penso, sonho, pois acredito.


Por isso esqueço o ontem, me renovo para o amanhã, aprendo com o que fiz, mas espero ansiosamente pelo que ainda posso fazer, tentar, ser, viver, a vida é bela pelas oportunidades que ainda podemos ter, pelos sonhos que podemos viver, pelas alegrias que ainda podemos ter, por isso, sei do ontem, mas me consumo pelo amanhã. 

Não peça licença para entrar e ficar

Não peça licença para entrar e ficar

Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada.


Não peça licença para entrar e ficar, para bagunçar a minha vida e realizar meus sonhos, não bata na porta, não espere, nem bata palmas, entre, venha e apenas chegue, não invente desculpas, nem se atrase, não tenha medo, ou seja tímida, fale pouco, converse muito, me conte de você, me embriague de você, me mate, canse, entupa, encha, contamine de você, não ande em círculos nem olhe de lado, não pense duas vezes não olhe pra trás, venha, fique, esteja, queira, sente-se, espie, olhe, pense, faça, tente, não avise, apenas chegue, viva, sinta, assista, insista, resista, persista, pise nos meus pés, me prenda a você, me amarre no seu coração, me cative com seus olhos, me decrete teu, me puna de paixão, me condene para amar, me desvende, me invente, me deixe contente, me desabroche o riso, me desfaça em gargalhada, não marque as horas, não vá, não desista, não viaje, não corra, não pense em sair, em seguir, uma vez aqui, fique por aqui, não lá, nem cá, mas aqui ,não me fale em até logo ou breve, adeus, ou nunca mais, pare, arrombe as portas, venha sem pedir convite, não espere um empurrão, não coma devagar, nem beba com economia, não tenha prudência, me resgue por inteiro, me tenha por completo, me ame pela eternidade, não deseja pela hora, me tome de assalto, me consuma num segundo, num só gole, me sequestre pra bem longe, não me queira longe, não vá pra perto, não saia de perto, não olhe de longe, não se perca de mim, segure minha mão, me arreste pelo braço, não erre o caminho, me encontre, não desvie a rota, não me esqueça meu endereço, não peça perdão, não diga que não, não finja o sim, não se perca de mim, não morra no final, não deixe haver final, comece sempre o início, não vire a página, não rabisque, não borre, não chore, não implore, não desencante, apenas me cante, me implante em ti, como tatuagem, como cicatriz, como saudade, lembrança, como marca, me marque, me retrate, como quiser, como couber, como puder, só não me jogue fora, não me encaixote, não me derrote, só me sacode, mas não me olhe pelo meio, me tenha por inteiro, por inteiro, por inteiro

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Quero alguém que acredite em mim

Quero alguém que acredite em mim

Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada


Não preciso de muito, mas preciso que alguém acredite em mim, não quero ouro, nem prata, mas quero que alguém me olhe nos olhos e me dê esperanças, me faça acreditar, me aponte um caminho, me guie no escuro, me chame no silêncio, me tire dos caos, que me encante com a beleza do mundo, me faça sentir o calor dos dias e riquezas das noites.

Não quero muito, não peço muito, mas preciso que alguém esteja do meu lado, que me olhe com ternura, me faça me sentir necessário, útil, preciso, alguém que me sorria e enxugue as minhas lágrimas, me dê colo e me beije quando eu dormir, que me puxe pele pé numa manhã fria de inverno e me cubra quando sentir frio, tire a minha roupa quando eu não puder, me vista quando já não tiver forças, me tenha pra si, me banhe de perfume, cante a nossa canção, sinta o nosso cheiro, me dê a mão, sempre.

Não quero muito, espero por alguém que espere por mim, que me tenha em seus sonhos e me acalente em suas ilusões, alguém que me tire pra dançar e não me deixe sozinho, que não desista de mim, que acredite em mim quando eu errar, que me conserte quando eu quebrar, me ache quando eu me perder, me traga de volta quando eu for e não se vá quando eu não a puder segurar mais em suas mãos.

Quero que alguém acredite em mim, as minhas verdades, que me desminta, que me aponte os erros e espere pelas minhas desculpas, que me mude, me transforme, que me faça melhor, que me faça sentir a vida, o viver e que viva comigo, que acredite que juntos podemos ir, que pode ser bom, que podemos vencer, e venceremos.


Alguém que acredita que sim, que não, que talvez, que sei lá, alguém que esteja, fique, espere, não desista, sonhe, cante, suspire, encante, alguém que me converse, durma, descanse, canse e mostre todos os lados da vida, alguém que possa ir comigo por querer, por vontade, por desejo, por acreditar, espero por alguém que acredite em mim, apenas isso, que acredite, e acreditando tudo poderá acontecer, pois ela acreditou um dia. 

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Por acreditar que poderia ser bom

Por acreditar que poderia ser bom
Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada


Talvez porque tivéssemos o essencial, vida, que poderíamos viver e vivendo tudo poderia acontecer, e por acreditar, e a gente por acreditar se deixa levar pelos sonhos, pelas esperanças, pela utopia, pela ilusão, cheguei a mesmo a acreditar que poderia ser bom, e ainda acredito, e foi assim, aí, que me achei apaixonado por você, ao ouvir um dia você me dizer que a gente poderia dá certo, e me agarrei em suas palavras, as tomei como remédio, buscando a minha cura, as bebi como vinho para esquecer da realidade, as senti como um sermão das manhãs de domingo, minha salvação, e,  mas do que tudo que havia e há em nós, uma cumplicidade, uma metade, a coisa que falta, a pessoa dos sonhos, o amor da vida, a paixão eterna, a melhor amiga, acreditei que poderia ser bom, e ali sozinhos em nossa utopia poderíamos nos achar, encontrar, conversando horas sobre o que tínhamos de melhor, nossa música, nossos assuntos, nossos segredos, histórias, éramos uma amizade que poderíamos transformar em amor, paixão, em música, em literatura, em poesia, e acreditei em te amar, abraçar seu corpo, tocar sua pele, beijar sua boca, acordar do seu lado, ouvir a sua voz, olhar pra você sem vontade de parar, de não querer nunca mais sair da sua vida, e acreditei, em segurar suas mãos, ficar ao seu lado, te levar ao cinema, tomar o nosso café, comprar os nossos livros, te gostar, nos perder pelo mundo sem ter vontade ou hora para voltar, e acreditei, que poderia te fazer feliz, que poderia ser o seu amigo, companheiro, amante, que as coisas poderiam funcionar entre nós, agora, uma vez maduros, iríamos viver o que tínhamos de melhor, lutarmos juntos, lado a lado, por nossas vidas, seguir nossos caminhos juntos, nos encontrando, nos querendo, nos descobrindo todos os dias e nos apaixonando sempre mais, mais e mais, como se isso nos bastasse e nos fosse possível, e por acreditar, como escreveu Clarice Lispector, “pensar é um ato, sentir é um fato”, penso e sinto, no meu teatro foi pra ti que escrevi o roteiro, dirigi a peça, comprei os ingressos, sentei e aplaudi você de pé, sozinho, ali na tua frente, te admirando, amando a tua beleza singela e simples, teus olhos e teu sorriso, teu jeito destrambelhado, sua lenta forma de viver, como se a vida não estivesse passando ou mundo não girasse. Acreditei, e por acreditar te mandei flores, rosas, me deixei ir pra você, ficar e gostar, dei pra sonhar, fiz tantos desvarios, voltei a sonhar e me tornar crianças, falar de ti, pensar em ti, querer saber de ti, mas só acreditei, e por acreditar apenas acreditei, e cada um acredita naquilo que quer e pode, mas eu acreditei, e mesmo que talvez você não tenha sentido o mesmo, nem tenha me levado a sério, sim, sempre foi verdade, sempre gostei de você, gosto, mas só acreditei, e toda crença é um ato invisível de fé, é um sentimento sem provas, algo que vem do coração e não precisa de mais nada, só acreditar, e acreditei que poderia ser bom, mas só acreditei, apenas isso, só isso e nada mais. 

O barulho do silêncio

O barulho do silêncio
Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada


“Nada não”, foi o que você começou a repetir, no mesmo tom, com a mesma voz, sempre o mesmo olhar, distante, sem vontade, ocupada consigo mesma, em si, fechada, trancada, sempre lá, do meu lado, cá, como se um muro, sim, ele existia,  aceitava aquelas duas palavras como se elas quisessem dizer, “está tudo bem, não se preocupe, vai passar, só me deixa aqui um pouco”, me deixa, um pouco, queria dizer tudo o que não conseguia perceber, você não queria ser deixada ali um pouco, já não iria passar, não havia mais retorno, não havia mais algo a ser dito, o silêncio estava cantado com todas as letras, em sons destoantes, em riffs alucinantes, e dançávamos loucamente sobre o nosso próprio túmulo, abraçados, morrendo aos poucos sem conseguir nos salvar, embriagados pelo loucura de ainda estarmos juntos, talvez pela esperança, mas  não sei se acreditava ou se me enganava se aceitava ou até mesmo queria que assim o fosse, não havia reação, uma força maior me tomava o impulso, calara a voz, silenciava minhas reações, como se preso estivesse e não fosse possível dá um passo adiante, pensava, desgostosamente, que tudo iria ficar bem logo mais, que era um pedaço de tempo, que era possível de acontecer, éramos casais e isso acontece com eles, sim, éramos bons, os melhores, a vida iria seguir e a gente melhorar, mas era bem assim que as coisas estavam em nós, para nós, o silêncio que se tomara de nós, doía como uma ferida aberta, o som do caminhar, o cheiro do perfume, o timbre da voz, tudo aquilo nos irritava, já não nos suportávamos, não sentíamos alegria em viver, de viver ali, e aos poucos não tínhamos mais o que falar, surdamente ouvíamos o nosso amor, tínhamos gritos de socorro para alardear, e sem falar, gritávamos, que alguém nos salvasse, por Deus, socorro, pedíamos, alguém, peço por favor, nos tira daqui, da nossa morte, da nossa dor, do nosso fim, em vão, queríamos que os outros nos pudessem ver, ouvir, perceber, chorávamos tanto, sentíamos tanto, cansávamos até para nos confessar, guardávamos em nós o que de pior sentíamos, e era aos outros que suplicávamos, pois em nós nada mais restava, já havia sido decretado a falência do que havíamos sido um dia, éramos silêncio e dor, um som morto, uma luz escura, uma angústia sem fim, um tempo que se arrastava penante, quando tudo era apenas vazio, apossando-se, concreto, como uma rocha, bem ali, em meio a nós, era papável, duro, forte, intenso, mortal, primeiro foi matando o que sentíamos, depois o que poderia nos salvar, as palavras, enchíamos nossa vida de coisas e perdíamos a nós mesmos a cada instante. “Sim”, “não”, “pode ser”, “talvez”, hum rum”, tínhamos sidos expulsos do paraíso, não tínhamos mais dicionários, livros, revista, voz, som, barulho, palavras, frases, não havia música, palavrão, raiva ou dor, saudade ou ciúme, tristeza ou mágoa, estávamos indiferentes das gentes, não nos cabíamos em nós mesmos, de lado agora era sempre mais interessante, dormir a nossa cura , estar longe o nosso desejo, voltar o nosso inferno, falar a nossa dor, sorrir nos magoava, quanta dor muitas vezes há na felicidade e na alegria falsa, em manter as aparências, em ter que viver o que já se não podia mais, talvez nunca em toda a nossa a ideia da morte nos acalentava tanto o coração, já estávamos mortos, só queríamos que alguém nos enterrasse, vivos, nossa dor era a nossa doença, estarmos juntos era a nossa condenação, o silêncio o nosso pecado, sorrir a nossa maldição. 

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Poesia, tempo e amor

Poesia, tempo e amor

Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada 

Rubem Alves conta que realizou o casamento do seu filho de forma diferente, foi ele mesmo quem o casou, realizou a cerimônia, mas no lugar de falar de Deus, de religião, de moral, Rubem falou de poesia, Deus é poesia, o maior poeta de todos, Deus recita poesia pelo universo, canta na imensidão, declama no infinito.

O casamento foi realizado com textos de Carlos Drummond, Vinícius de Morais, Fernando Pessoa, Adélia Prado, e completa, “quando a coisa é bonita a gente acredita fácil”, a frase é Rubem Alves, está no livro Sobre o tempo e a eternidade. Não existe nada mais belo do que poesia, é alma, vem do coração, e claro, vem do amor, e a gente acredita.

Fiquei maravilhado, Deus é amor, disse João em seu evangelho, Deus é poesia, posso concluir assim.

Rubem Alves trocou a “Marcha Nupcial” pela “Valsinha”, Chico Buarque, eu entrarei na igreja ao som de Milton Nascimento, Caetano Veloso, Gilberto Gil, quero casar ao som dos versos de Cazuza, Renato Russo, Chico Buarque, quero um amor de um tostão que me valha um milhão.

O amor não guarda tradições, o amor está sempre naquilo que amamos e gostamos, não naquilo que copiamos dos outros para nos sentimos seguros. Quero casar, e irei casar agora por amor, por gostar, logo, deverá ser um momento para amar, para eternizar e  lembrar e não para manter a história, a tradição, repetir o passado, seguir o mesmo roteiro, quero criar o meu próprio momento, que seja descalço, que seja sentado, que seja bom, gostoso, doce, simples e puro, sem nada alheio.

Vou trocar o branco pelo rosa, a igreja pela rua, quero casar na praça, no mar, em casa, em qualquer lugar, sob uma árvore, qualquer lugar, desde que haja poesia, amor, literatura, eternidade, vontade, desejo, paixão, desde que haja vida, saudade e lembrança, desde que haja o que nos torna vivos, nos faz sentir vivos.

Foi ali que entendi, no livro de Rubem Alves, o que é eternidade, não é o tempo, mas o momento no qual vivemos, este se torna eterno, o primeiro beijo, o primeiro amor, a primeira namorada, o grande amor, o primeiro vestibular, o que fazemos para nos eternizar para o todo o sempre, a arte de viver, a arte a vida, o que irá nos acompanhar para o resto da nossa existência, como marca no que nos identifica e nos faz sentir algo por dentro, nostalgia. 

Quero me casar mas agora com poesia, com música, com paixão, quero eternizar o tempo, minha noiva irá me esperar na igreja, vou me atrasar, vou entrar distribuindo rosas, flores, pois é o meu momento, a minha paixão, o meu amor, o meu sonho, todos irão ganhar presentes, pois serei eu a agradecer, por recebê-los no meu momento, que será eterno, o tempo do amor se realizando, durando pra sempre.


Como disse Rubem Alves, quando a coisa é bonita a gente acredita fácil. 

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

O amor tem voz, barulho, histórias de você, como pediu Vinícius

O amor tem voz, barulho, histórias de você, como pediu Vinícius.

Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada

Xerazade sabia “que todo amor construído sobre as delícias do corpo tem vida breve”, que todo desejo realizado provoca uma sensação de vazio e uma corrida louca para preencher novamente a vontade, a ausência, o nada, por isso ela contava histórias, ela sabia que após o prazer não haveria mais nada, era preciso sustentar o sentimento, a paixão, amor, provocar o interesse, despertar a atenção, manter a chama,  por isso ela contava histórias, “As mil e uma noites” preenchendo o vazio provocado pelo desejo saciado, pelo desejo consumido. A beleza dela estava em seu conteúdo, naquilo que era trazia, podia oferecer, falar, contar, e assim ela sobrevivia, para não ser morta todo dia, ao nascer do dia, após uma noite de amor,  ela reinventava o amor, contava uma história para sobreviver, talvez aquilo que Vinícius de Moraes cantou na canção “Minha namorada”, “e também de não perder esse jeitinho de falar devagarinho essas histórias de você”, o poeta sabia que o coração é sempre o alimento para a alma, que as pessoas são belas pelo que vivem, pelas experiências que podem vivenciar, pelo que podem sentir e não pelo que podem aparentar, pelo que podem dizer, sonhar, cantar, falar. Sempre que vejo dois casais de namorados, ou seja lá o que forem, calados, um ao lado do outro, com o celular na mão, sinto que ali não há mais nada, pode haver tesão, desejo, mas amor, paixão, acredito que não, não posso e não consigo entender uma relação baseada no silêncio, quando não temos o que dizer um para o outro, ou quando não sentimos prazer em ouvir o outro, algo está perdido. Rubem Alves disse que o amor precisa ser masculino e feminino ao mesmo tempo, que é preciso saber ouvir e que é preciso saber falar. O Sultão amou Xerazade mais pelo que ela podia dizer, e o poeta Vinicius de Moraes sabia que quando o silêncio chega é porque o amor já foi embora há muito tempo. Quando amamos a alguém a ouvimos, nosso coração é um confessionário, adoramos ouvir quem amamos, as coisas que ela conta, fala, suas bobagens, rimos, nos deliciamos, achamos graça, nos apaixonamos e nos deixamos ficar, ficamos embriagados pela voz, pelo tom, timbre, pelo som, pelo barulho do outro chegando, ao som dos seus passos encontramos a nossa alegria. O amor  tem voz, barulho, histórias de você, como pediu Vinícius, tem história, o amor precisa ser reinventado todos os dias pela fala, pelo som, quando o silêncio abriga na relação ela já está morta, acredito que casais que encontram motivos para conversar todos os dias serão aqueles que irão sobreviver por mais de mil noites, mil e uma noite, ou seja, o infinito mais um dia.....


sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Um mundo de amor

Um mundo de amor

Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada

Não devíamos só fazer passeatas contra a violência, a corrupção, por melhores salários,  devíamos ir pras ruas proclamando o amor, carecemos de afetos, somos hoje vítimas de tudo aquilo que nos tiraram ao longo da nossa existência, a fé, a esperança, o respeito, o amor, a fraternidade, a compaixão, palavra fora de moda hoje em dia, perdemos a nossa capacidade de amar, de perdoar, de nos sensibilizar, somos preocupados demais em ter, em ganhar, em aparecer, aparentar, com fama e sucesso, com sexo e poder, e esquecemos de sentir, de parar, de sonhar, deixamos de ser simples e nos tornamos complexos, feios e sofridos por uma opção nossa, não temos mais utopias, não nos importa um mundo melhor, mas apenas uma vida particular e privada melhor, perdemos o senso de sociedade, de comunidade, de união, poucos estamos preocupados com o que nos acontece ao nosso lado, com quem sofre, com quem fazemos sofrer, chorar, com quem magoamos ou matamos todos os dias, a nossa preocupação é individual e egoísta, deveríamos ir pra ruas gritar para sermos seres humanos melhores, mais tenros e afáveis, afetuosos e sensíveis, para que o amor volte aos nossos corações, que as nossas palavras sejam dóceis e suaves, os nossos atos meigos e sinceros, sinto, sinto e sinto, por mim, em primeiro, e talvez, penso, que um mundo melhor seja um mundo cheio de amor, onde a gente possa errar e ser perdoado, no qual possamos amar sem medo, um mundo no qual podemos nos entregar sem insegurança, que possamos viver sem arrependimento, que possamos nos apaixonar por ser bom estarmos nele com as pessoas, com gente, como seres humanos, sem receios ou dúvidas, sem ambições e indiferenças, precisamos ir pras ruas grita por um mundo de AMOR. 

Não sou bom em ser amado


Não sou bom em ser amado

Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada



Não sou bom em ser amado, me sinto desconfortável, prefiro amar, não gosto quando alguém gosta de mim, antes gosto eu mesmo de gostar de alguém, não curto muito quando alguém me diz que me ama, e aqui nem gosto de falar, mas adoro antes amar, feliz de quem ama, triste quem espera ser amado, não quero que alguém se apaixone por mim, quero me apaixonar primeiro, que alguém me ensine a amar, me sinto melhor quando gosto, quando abro a porta, quando tento fazer o outro feliz, não sei ser amado, ser servido, tenho necessidade de servir, amar, gostar primeiro, abrir a porta, acender a luz, escrever a carta, comprar o presente, fazer o surpresa, lembrar a data, não espero que alguém me abrace, agora abraço antes, não espero pelo beijo da mulher amada, eu beijo antes, me ofereço primeiro, quero sempre estar um a passo a frente, não me sinto seguro e confortável pensando que alguém está tentando me fazer feliz, eu adoro a felicidade alheia, principalmente quando ela é provocada por mim, quando sou eu quem a desperta, minha felicidade é fazer o outro feliz, amo amar alguém, me apaixono pela ideia de estar apaixonado por alguém e por ela tudo fazer, viver, sentir, gosto de quando posso ser útil, quando alguém pode dizer que a faço muito feliz, pronto, é a minha missão, a minha necessidade, não sei receber amor, carinho, gosto de fazer, dá amor, gosto de ser amigo, prestativo, não gosto de receber, prefiro ir, estar, ser, não tenho vocação para gostarem de mim, se alguém me quiser, terá que suportar o meu amor, o meu romantismo, a minha necessidade de mandar flores, de escrever sobre amor, de demonstrar meu carinho, meu afeto, minha alegria em poder ser alguém para aquela pessoa, alguém especial para ela, tenho essa carência me sentir necessário, não quero que alguém seja pra mim, quero antes que alguém precise de mim e eu por por ela tudo possa fazer, prefiro amar, gostar, antes de ser amado. 

Quero amar a sua alma

Quero amar a sua alma

Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada


Lya Luft disse que há uma idade em que as almas são mais interessantes do que os corpos, pretensão minha ou não, sinto que estou nessa idade, não me importam as curvas, mas o sorriso, gosto do olhar, da boca torcida, de preguiça pela manhã, da fome do meio dia, do sono da noite, da insônia da madrugada, gosta da alegria do abraço, do cansaço do final do dia, da sonoridade da voz, do som dos passos, do cheiro do corpo, pouco preciso da beleza, mas do espírito, gosto de gente alegre, divertida, que fala, conta história, chora, rir, ama e sente raiva, não quero amar ou gostar de massa, de corpos, prefiro a leveza dos sentimentos, quero amar as pessoas pelo que elas possam despertar dentro de mim e não apenas pelo que elas possam aparentar aos meus olhos. Quero a alma, o sentimento, a complexidade de cada um, quero a vida, a história, a tragédia e a comédia, acho todo mundo bonito, belo, de uma perfeição imperfeita e mesmo assim singela única e rara, eterna, todos são bonitos, gente rica, não pela beleza que existe na aparência, mas pela história que cada um traz dentro de si, um mundo, um universo, um encanto, dores, saudades, alegrias, tristezas, lembranças, quantas riquezas há numa pessoa, num ser, em uma vida, que muitas vezes a gente não se deixa conhecer pois ficamos apenas a espiar o que há por fora e não chegamos ao essencial. Quero uma alma que canta que se maravilha com pouco e que espera muito da vida, do mundo, das pessoas, gente que sorrir com chuva, que adora flores, que deita no chão, que caminha descalço, que decide viver, gente que abraça com força, beija devagar, segura as mãos, olha nos rosto, beija na face, cheira com ânsia, corta caminho, corre com pressa, chega antes, fala de tudo, tenta viver o que pode. Quero amar a alma de quem não desiste, de quem confia, acredita, tem esperança, de que pensa, reflete e sofre, de quem ama, se apaixona pela vida, pelo tempo, pelo viver, gente que escuta o vento, sente o tempo, olha com ternura, abraça a existência, gente que gosta de aprender, de viver, de conhecer, de experimentar, de provar, quero amar uma alma viva, não uma alma parada, estanque, quero a alma, amar uma alma, mas uma alma que vale mais a pena do que um corpo, uma alma que queria se sentir viva e queira viver, viver para poder amar.


quarta-feira, 16 de outubro de 2013

E ela se apaixonou...

E ela se apaixonou...

Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada


Ela me contou que se apaixonou, não que quisesse, só não tinha outra opção, algumas coisas você escolhe, outras escolhem você, ali não tinha como escolher, foi escolhida para viver aquele amor, e ela se apaixonou pelo que não tinha e por tudo que ali poderia ter, se apaixonou pela emoção, por uma vida, pelos convites para olhar as estrelas, tomar banho de mar de noite, deitar no chão, conversar no escuro, pelo caminhar pelas ruas, pelas conversas pelas horas soltas, pelo silêncio, pelos risos que ele provocava, pelo amor que ele causava, o cuidado, o efeito, o carinho, coisas que ele emitia sem nenhum esforço, era tão simples gostar dele e tão fácil, só a presença já garantia a paixão, tudo transbordava vida, emoção, e ela se apaixonou, pela história, dele, e dela, história que estava vivendo, a viver, pela ousadia dele, pela coragem, foi ele quem lhe tocou a alma, os outros apenas lhe haviam tocado a pele, ele foi além, extraiu dela o desejo e a paixão pela vida, por viver, despertou seu sorriso mais singelo e seu beijo mais intenso, despiu sua roupa como ninguém, lhe vestiu com calma e segurou sua mão com seu segurança, lhe olhava com ternura e lhe falava com doçura, entendia os seus segredos e guardava seus sonhos, ouvia em sua hora, no seu tempo, esperava o seu momento, e ela gostou, gostou, amou, se apaixonou, pela sensação, pelos sonhos, foi quem lhe arrancou sua gargalhada mais gostosa, e esteve em sua dor mais profunda, era ele quem lhe fazia sorrir mesmo quando queria chorar, quem entendia o seu silêncio e esperava pelo barulho da sua voz, quem insistia na sua felicidade e lhe permitia a alegria, quem abria a porta e trancava as janelas, quem lhe servia, tirava a mesa, espera ela dormir, a beijava no rosto, a acordava com um beijo quente nas manhãs frias, e ela se apaixonou por não ter escolha, por não ter mais nada de tão bom no mundo para se viver, por amar como nunca amou, por gostar de  forma tão intensa e absurda, e ela se apaixonou e amor, assim ela me contou. 

Sozinho num vou nem pra o céu

Sozinho num vou nem pra o céu

Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada

Felicidade só é boa acompanhada, sozinho não quero ser feliz, felicidade é pra ser partilhada, compartilhada, dividida, espalhada, sozinho não dá pra ser feliz, sozinho não quero nem ir pra o céu, nem quero encontrar a felicidade, sozinho não quero nada, nem viver.

Sozinho não é possível sorrir, a não ser de si mesmo, sorrir pra quem, sozinho? Com quem dividir a bola de sorvete, a risada gostosa, o café quentinho, a fofoca da hora, pra quem contar da novela, a quem mostra o visual novo?

Sozinho ninguém é ridículo, passa vergonha ou canta desafinado, sozinho ninguém é feio ou fala besteira, é preciso alguém que nos ache ridículo, que nos perceba o desafino, a nossa falta de beleza ou as coisas que falamos, precisamos de alguém, sozinhos não erramos.

Sozinho não dá nem pra ser egoísta, fica faltando alguém para negarmos o que temos, vida é viver na companhia de alguém.  Não existe emoção solitária, alegria é bom quando se tem alguém pra dividir, sozinhos não podemos viver, como chorar ou ficar triste sem alguém pra nos consolar, enxugar as nossas lágrimas? Sozinho não dá nem pra ser bonito, quem vai nos admirar?

Sozinho não há encanto, a quem abraçar, com quem brigar, brincar, correr, fazer careta, xingar, pedir perdão? Sozinho nem pecar podemos, não há pecado solitário, precisamos de alguém pra errar, sozinhos somos perfeitos.

Solidão se vence, dá abuso, sozinhos com a gente mesmo cansa, tem prazo de validade, ninguém se aguenta por muito tempo, precisamos de outrem, precisamos de alguém para quando não nos quisermos mais e quando assim o for, acontecer, a gente se deixa e vai viver o outro, eis o encanto da companhia.

Sozinho só penso, sonho, desejo, não realizo, sozinho ninguém pratica nada de bom, sozinho não é bom nem morrer, e a gente só morre por saber que já há muita gente nos esperando, sozinho num dá nem pra ter esperança.


Sozinho não temos saudades, lembranças, não morremos de amor ou nos apaixonamos, não sofremos, nem sorrimos, como disse, sozinho não quero nem ser feliz, menos ainda ir pra o céu. 

terça-feira, 15 de outubro de 2013

De todo amor, quando se ama, invejo, quero, espero

De todo amor, quando se ama, invejo, quero, espero 

Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada

Quando a gente ama o feio parece bonito, o sério é engraçado, a curva é reta, o defeito é qualidade, o choro tem sabor de riso, o silêncio fala mais do que o barulho, quando a gente ama não precisa entender ou explicar, só se precisa sentir e a gente sente, quem ama sente aquilo que os outros não conseguem perceber, ver, aceitar, quem ama se deixa levar pelos próprios motivos e encontra ali a força para continuar, quem ama não precisa de mais nada, já tem tudo, o amor....

Tenho inveja de quem recebe declaração de amor, de quem recebe flores, ganha poesia de presente, rabiscada num papel qualquer, de quem beija na chuva, caminha de mãos dadas no final da tarde, de quem dorme abraçado, de quem ama pra sempre, de quem sente saudade e pode dizer, inveja de quem canta por amor, vive por paixão, gosta por querer, sente vontade em amar, inveja de quem tem alguém pra chamar de seu, de quem abraça por paixão, beija por desejo, sonha com liberdade, de quem diz eu te amo sem medo, chora de emoção, sorrir por felicidade, a minha inveja é sadia, é uma inveja de poder fazer o mesmo um dia e provocar inveja em outros, inveja boa, de amor, inveja de paixão.

Não quero que alguém se apaixone por mim, quero que alguém faça eu me apaixonar, me tire de mim, me deixe bobo e sem rumo, não quero que alguém goste de mim, quero que alguém me ensine a gostar, me ensine a amar, me apaixonar por ela e com ela, quero que alguém me deixe viver por ela, dela, com ela, eternamente nela, me deixe cuidar, ficar, estar, ser companheiro, amigo, amante, quero que alguém me roube a vida, me tire a saudade, a dor, me mate a solidão, quero que alguém faça eu sentir o quanto é bom gostar de alguém, alguém que já gosta e espera apenas a gente, eu, se permitir, me permita, se permitir viver e amar, ter paixão, quero que alguém me procure, me ache, me encontre, me salve, me cure, quero, só quero....

Espero que o amor me encontre na esquina, ou na minha próxima insônia, que venha com a chuva ou chegue com o sol de um novo dia, espero que o amor venha no sorriso de quem não conheço, nunca vi, que me apareça no próximo final de semana, na fila do cinema, na padaria, na feira, no mercado, que se apresente no ponto de ônibus, no caminhar do final do dia, que venha por fora correndo, que me acerte no meio e me parta ao meio, que me mire e me atire, que o amor venha em meu próximo tropeção, que esteja presente no meu almoço, que não me deixe esperando tanto, muito, que aconteça quando eu menos esperar, sonhar, espero que o amor venha na música que toca no rádio, quando eu esbarrar em alguém ou tiver vergonha, quando eu sorrir por medo e acordar mais cedo, quando eu errar o caminho e me perder para encontrar o amor, a quem amar, que o amor venha quando eu perder a hora para encontrar o tempo, tempo de amar, só resta esperar.

Invejo o amor, quero o amor, espero o amor, de todo o amor, quando se ama, de tudo o que o amor possa nos ofertar, em si mesmo, amar, sonho, desejo, espero, que aconteça, hoje, amanhã, quando eu menos precisar e mais querer, quando eu estiver preparado e sem esperança, que ela venha, apenas fique e tudo será eterno. 

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Todos os dias penso em você que ainda não chegou

Todos os dias penso em você que ainda não chegou

Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada

Todas as noites antes de dormir eu penso em você, é um pensamento continuo, permanente, um pensar que te encontra, te busca, se perde e encontra, te pede e acha aqui dentro de mim, sempre, ali, aqui, você me acompanha, todas as noites penso em como seria bom tê-la ao meu lado, comigo, perto, e então, acontece, a alegria me invade,  e levemente sorrio, como se pensasse que você também está pensando em mim em qualquer lugar do mundo.

Todos os dias ao acordar penso em como seria bom ter a tua companhia e te acordar com um beijo, te dar um abraço quente, fazer o seu café da manhã, te chamar docemente, puxar teu pé e esperar que você me puxe de volta para cama por mais dez minutos, os melhores do dia.

Todos os dias sofro com a ausência de você, nessa saudade que eu insisto, de ti que ainda não vi, não sei, apenas sinto, e vivo, com a sua sensação dentro de mim, e meio dia penso em ti, tu me acompanhas pelas horas, olho o celular você não está, como calado, seu silêncio me dói, penso que talvez você também sinta o mesmo e que me espera, me sonha, me pensa, sente a minha falta e se pergunta por onde eu possa estar.

Assim como fico imaginando quando irei te encontrar e o que iremos sentir, talvez a vida nos permita esse encontro, uma troca de olhares, um sorriso e pronto, tudo vai acontecer, vamos nos perceber, nos reconhecer e nos envolver.

Todos os dias penso em contar as minhas coisas, a minha vida, a minha dor, sentar no teu colo e te beijar, olhar teu olhos, cheirar a tua pele, acariciar o teu resto, e penso em ti me chamando para perto, “vem cá”, quando tu irás me beijar, me abraçar e dizer, “senta aqui, para de falar e fica aqui comigo, deixa eu cuidar de você”, e ali me esqueço de tudo para lembrar apenas de nós, de você, de tudo que podemos viver, sentir.

Todos os dias te procuro sem cessar, uma esperança absurda toma conta de mim, imagino a ti, crio a nós, invento histórias, momentos, todos os dias vivo assim, esperando por você, procurando a ti, preenchendo o vazio de ti, e enquanto tu não chegas, todos os dias vou assim indo ao teu encontro até te encontrar, te esbarrar, pois te amar, já é todos os dias, amo sem saber, e antes de saber já te amo. 



terça-feira, 8 de outubro de 2013

Complicados somos todos nós e ficamos a ver navios em tempos de seca

Complicados somos todos nós e ficamos a ver navios em tempos de seca

Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada

Pergunto pelos amores, ela me diz, sou complicada, entendo, mas esqueci de lhe dizer, todos somos, pois queremos o que não temos, sonhamos docemente enquanto vivemos amargamente, não aceitamos os erros alheios, o que é diferente, queremos sempre as afinidades dos outros, nunca a incompatibilidade presente, talvez muitas vezes a única coisa real, as nossas diferenças.

 Queremos sempre e apenas a beleza exterior e nunca nos permitimos adentrar no âmago do outro e assim nos deixar nos apaixonar pela essência, pelo conteúdo, pela verdade, verdade, não conseguimos nos deixar arrebatar pelo há de mais sincero.
Esqueci de dizer que não é olhando que iremos amar, mas convivendo, aceitando, entendendo, deixando ser e estar, fazendo acontecer, nos permitindo que a vida siga o seu rumo.

 Mais e mas, o mais importante talvez do que gostar e amar alguém é deixar talvez que alguém nos ame e nos faça felizes, estamos preocupados em amar, em gostar, mas poucas vezes deixamos que alguém nos ame, nos goste e à sua maneira nos envolva, tome conta de nós, nos sinta e nos faça melhores, nos arranque sorrisos, nos provoque arrepios, segure o nosso choro, abrace a nossa dor.

Esqueci de dizer que precisamos de tempo para entender o outro e nos acostumar com ele, muitas vezes é um mergulho de olhos fechados, que temos que fazer sem a esperança de voltar, apenas com a certeza e a sensação de ir, mas se for necessário, abrimos os nossos olhos e voltarmos, nos erguemos e fazermos a volta, mas é preciso dizer,  e esqueci, que é preciso tentar, querer, desejar, e o essencial, é querer, e quando a gente quer, a gente acredita, e por acreditar as coisas acontecem e quando  vida acontecem tudo muda e por mudar vivemos e vivendo nos encontramos.

 Foi isso que esqueci de lhe dizer amiga, que complicados somos todos, que complicamos, que nos fechamos, que não nos permitimos, que negamos o amor dos outros, aliás, nunca o amor, pois amor é bom, amor tudo mundo quer, a gente não aceita é quem quer nos amar, é diferente, não gostamos de quem nos quer, nos aceita, nos deseja, e por isso, muitas vezes ficamos apenas a ver navios.

Precisamos muitas vezes estar distraídos para que tudo aconteça e deixar a vida seguir o rumo, esperar sempre pela hora seguinte, viver, sorrir, abraçar, trabalhar, caminhar, e pronto, um dia, quando a gente menos esperar, tudo acontecerá, mas se posso te dizer, e como gostaria que você pudesse entender, se permita, se dê uma chance, experimente algo novo, deixe acontecer, tente permitir que a vida te surpreenda, que alguém que nunca pensou ou sonhou chegue na tua vida e te faça feliz, aceite o amor, o carinho, o afeto, o abraço, se entregue, ouse ser amada.

 Somos muitas vezes como barcos vazios, apenas esperando por algo que nunca irá acontecer, temos que mudar de águas, encontrar outros rios, novas formas de esperançar a vida, de encontrar amor e sentido para as nossas existências.


Foi apenas isso que esqueci de dizer. 

sábado, 5 de outubro de 2013

Não dá pra ser o mesmo

Não dá pra ser o mesmo

Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada


Sofro de uma coisa chamada mudança, não dá pra ser sempre o mesmo, até admiro quem é sempre o mesmo, quem sempre faz as mesmas coisas, discute os mesmos temas, tem as mesmas conversas, mas isso não é pra mim, sofro da síndrome de mudança, de encontrar o novo, de buscar o melhor, de me querer fascinar pela vida sempre, pelo mundo, pelas pessoas, de querer amar, amar por gostar, por achar bom, e sofro, sofro de querer saber um pouco mais, de querer provar o que ainda não sei o sabor, sofro dessa vontade de olhar além, caminhar um pouco adiante, sair do lugar, de ir adiante, por isso penso, invento, crio, escrevo, transformo, mudo, vivo, tento, choro e rio, experimento, amo e amando morro de amor, choro de paixão, sorrio de alegria, tento afastar o medo, e tenho muitos,  tenho medo de acordar amanhã do mesmo jeito, tenho medo de não fazer coisas diferentes, tenho medo de não aprender, de não mudar, tenho medo de não me encantar com o mundo, de perder a esperança, de não tentar fazer acontecer, de não buscar, tenho medo de deixar de sorrir, sim, agora tenho medo, de não poder mais abraçar, sim, agora tenho medo, medo de não mais amar, de não mais poder falar, medo, mas um medo que não me poda, não me paralisa, não me trava, meu medo me impulsiona a continuar, a ler, aprender, me renovar, ser sempre outro, mudar, deixar de ser quem sou e passar a ser outro, melhor, bem melhor,  como cantou Renato Russo, “quero ser prudente e sempre ser correto, quero ser constante e tentar sempre ser sincero”, mas não nasci pra ser o mesmo, quero a calma de um dia que amanhece após uma noite de chuva, quero ser correto como quem sorri por vontade, quero ser constante aos meus sonhos e ideias, à fé que acredito à esperança que alimento, e quero sempre ser sincero comigo mesmo, aos outros pouco importa a minha verdade, como disse Fabrício Carpinejar, ser fiel é fácil, difícil é ser leal, e lealdade é confiar, confiar que mudando pode-se ser melhor, aprendi que melhor ainda posso ser, hoje melhor do que ontem e amanhã melhor do que hoje, foi uma decisão, decidi, tive a coragem e audácia e me dizer, falar a mim mesmo que sim, é possível ser melhor estar melhor, isso pelo menos aprendi, aprendi que posso abraçar, sorrir, falar, olhar que posso viver e vivendo tudo pode e vai acontecer, é assim, para viver a vida precisamos estar para que tudo seja e se torne real, apenas isso. 

Gosto quando ela fala.... ela é gente que me inspira

Gosto quando ela fala.... ela é gente que me inspira

Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada


Gosto quando ela me pede segredo, quando me diz pra não falar com ninguém, “ai não conta, você e sua manai de jornalista, que chato, não fala viu?” Gosto mais ainda quando ela, com raiva, me mandar calar a boca, para, “não diz mais nada idiota”, e segundo segundos depois, me beija, diz que me ama, mas que sou um idiota e que ela é muito burra por ter se apaixonado por mim, gosto quando ela sente pena dela mesma por gostar de mim, “eu sou muito burra mesmo, mas eu adoro você idiota, você é muito burro”, gosto quando ela reclama a minha atenção, “olha pra mim, estou falando com você, você não está olhando pra mim, olha pra mimmmmm!!!” Gosto quando ela me diz que precisa contar as novidades, que eu não sei da boa, e vem correndo me contar, ou quando chama a minha atenção pelo bate papo, pedindo o meu tempo, adora essa alegria dela de me dizer as coisas, contar da sua vida, dos seus detalhes, de preencher meu tempo com coisas dela, da sua vida, das suas amigas, e bebo cada segundo, claro, entre um café, uma notícia e meu olhar nela, eu me deixo rir, presto atenção e a deixando falando, ela não para, apenas fala e fala, quando, sem eu determinar, ela fica ali parada e olhando pra mim, me beija e me diz “chato!”, sabe que estou um pouco distraído, é outra coisa que adoro, quando ela me chama de chato, “Ronaldo por favor, não faz isso, não começa”, gosto quando ela fica assim quando estamos iniciando uma discussão,  é a sua preocupação em não estregar o momento, em não perder a hora na qual estamos juntos, que já não precisamos, “não aguento mais isso, cansei, pra mim chega”, é um momento de dor, mas que passa, e a gente volta, gosto quando ela chega calada, desconfiada, sei que quer me pedir uma coisa, dizer algo que sabe que irie relutar para aceitar, ela vem de mansinho, fica por ali, na espreita, calada, mexendo em alguma coisa, mas com um sorriso bobo no canto de boca, esperando eu dizer, então, vai falar logo hoje ou vai esperar pelo natal? Ela sorrir e me conta o que deseja, são seus sonhos e vontades, gosto quando ela me conta do que gosta, gosto de dividir sua alegria, de puder realizar os seus desejos, gosto quando ela me pergunta se podemos tomar um café, entendo que ela precisa falar, tem muitas coisas pra dizer, da saudade de mim, da gente, do que fez a semana toda, das suas preocupações com a mãe, com a casa, com a vida, tem uma magia em poder ouvi-la, alimenta a minha imaginação, me inspira, ela é gente que me inspira, fico tentando entrar seus pensamentos buscando adivinhar o que ela pensa ou pensou o dia inteiro, se pensou em mim, se fez planos pra nós, se quis fazer alguma coisa por mim, mas muitas das coisas ela não me diz, eu preciso saber sem ouvir, eu preciso apenas sentir, e isso já venho fazendo, sentindo, vivendo, o resto é escutar. 

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Saber olhar uma mulher

Saber olhar uma mulher

Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada

Uma amiga reclama, não voltou com o marido, não partiu pra outra, está sozinha, quer um tempo pra si, mas reclama, talvez até estivesse com alguém, mas falta esse alguém, um alguém especial, como diz Ivan Martins, gente tem sobrando, mas gente pra gente gostar, tem poucos, poucos.

E ela reclama, os homens não sabem olhar uma mulher, não sabem como cuidar, não sabem transmitir afeto, carinho, muitos só pensam em sexo, pensam que isso resolve o problema, mas esquecem que existe uma distância e uma vida entre uma transa e outra, isso deve preenchido, e nem sempre o é, acontece, aí nos sentimos vazias e mal amadas, carentes e solitárias, queremos um companheiro, um amigo, um amante, não apenas um provedor, um comedor, um fodão, queremos gente, alguém que esteja ao nosso lado e procure ver nos detalhes aquilo que nos fazer ser quem somos no todo.

Falta alguém com esse olhar, com essa atenção, a gente até tem alguém, se deixa ficar, temos sim também medo da solidão, mas no fundo a gente sabe que não estamos com a pessoa certa, até que conseguimos viver, mas sempre sentimos que falta alguma coisa, há uma ausência a ser preenchida.

Os homens desconhecem que nós mulheres estamos nos detalhes, nas unhas, nos brincos, na maquiagem, somos um conjunto de pequenos detalhes, queremos nos sentir bonitas, bem cuidadas, especiais, queremos um homem para chamar de nosso, alguém que nos dê atenção e não apenas nos procure quando está com vontade fazer sexo, queremos sair, conversar com as amigas, queremos estar na moda, nos sentir vivas, queremos coisas diferentes, provar, não quero apenas cuidar da casa, das crianças, de um marido, queremos ser cuidadas também, que alguém se lembre da gente e nos faça uma surpresa, que nos surpreenda, que seja educado, simpático, atencioso, que procure nos perceber em nossos momentos, que temos muitos, não são poucos, todos os meses sabemos o que passamos.


Não queremos que um homem nos enxergue apenas por conta do nosso corpo, da nossa bunda, dos nossos peitos, pelo menos, me respeito, e exijo que eu seja vista além daquilo que aparento, pois sei que o meu corpo vai ficar velho, muitas coisas vão cair, deixaram de ser atrativas, por isso quero ser vista com uma MULHER, mulher mesmo, firme, que trabalha, mas que também precisa de amor, carinho, paz, tranquilidade, não vou ceder a cantadas baratas, nem preciso disso, inteligência nunca saiu de moda, um homem sensível, é tudo apenas que queremos, que possa nos sentir e perceber, isso não tira a sua masculinidade, ser romântico, não vai tirar o pinto de ninguém, saber agradar não fará de ninguém mais ou menos homem, só queríamos que os homens entendesse isso, apenas isso. 

Homens, pobres homens, tolos, bobos, ingênuos, infantis

Homens, pobres homens, tolos, bobos, ingênuos, infantis

Ronaldo Magella - professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada

Pensava que mulher era mesmo o sexo frágil da história, mas me enganei profundamente, uma prova de que nós homens somos ingênuos, infantis, tolos e imaturos.

Ah homens! Pobres homens.

Agora preciso ter mais cuidadoso com as mulheres, elas sim, são elas quem nos governam, de forma sutil, e as gentes, homens, coitados, nem percebemos.

Descobri isso ao ler o livro da Martha Mendonça, chamado Canalha, substantivo feminino, contos de mulheres, só não sei se para mulheres ou para homens, com personagens mulheres que demonstram que podem ser bem piores do que os homens quando o assunto é canalhice. Mulheres que mentem, enganam, fingem, manipulam, obrigam, roubam, choram falsamente, riem de raiva, e que enganam homens como quem engana uma criança.

O fato é que, não quero saber o que as mulheres podem fazer para se tornarem iguais a nós homens, o que me chamou a atenção é como nós homens somos tolos e infantis e ingênuos e limitados quando o assunto é mulher, qualquer par de coxas, qualquer decote, todo corpo sarado, bonito, belo e fresco nos prende e nos fazer perder a noção das coisas.

Verdade, como disse a escritora, mulher só tem duas opções, ser bela e maravilhosa, homem com dinheiro se resolve e conquista a bela e maravilhosa, a verdade do mundo é essa gente, me desculpem, mas não podemos esconder isso embaixo do tapete, essa verdade, queremos parecer jovens, fazer sexo, comer do bom e do melhor, ter a consciência tranquila e aproveitar a vida, nada mais, nada menos, vivemos e giramos em tornos dessas ideias de consumo e existência.

Isso me lembra um depoimento seguindo de comentário no site da Revista Veja, no Consultório Sentimental, um homem de pouco mais de 40 anos escreveu para a psicanalista Betty Milan, dizendo-se que havia se apaixonado por uma americana, ambos casados, e que depois de muitos encontros tórridos regados a sexo, ele ficou apaixonado, largou a mulher, o único filho, para ficar com a tal mulher estrangeira, mas ela não deixou o marido e ainda por cima arrumou um outro namorado nos Estados Unidos, o homem termina o comentário dizendo-se humilhado e abandonado.

E a escritora pergunta, o que te fez pensar que a sua amante iria abandonar a vida dela em outro pais, o casamento para ficar com você?

Tolinhos, nós homens somos bebês perto das mulheres quando o assunto é sedução e conquista. Somos, ai Jesus, vou repetir, ingênuos e imaturos, nos deixamos iludir por olhares, sorrisos bobos, por sexo, claro, sexo, o sexo bem feito, pode nos colocar a mercê de qualquer mulher, somos mesmo todos os iguais, já começo a concordar com isso.

Fiquei impressionado com os contos da Martha Mendonça, descobri um viés masculino que pouco havia percebido e entendi que as mulheres realmente, quando querem, elas podem tudo e fazem de tudo para conquistar o que querem. Mulheres sensuais, sexys, provocantes, inteligentes, maduras, resolvidas, independentes, poderosas, essas podem nos colocar aos seus pés, se quiserem.


E garanto, sim, elas querem. Homens, pobres homens, tolos. 

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Quero, que tu venhas, apenas chegue

Quero, que tu venhas, apenas chegue

Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada Quero que tu me venhas, chegue, apenas fique, aqui, como o sol, me trazendo esperança, me despertando, tocando a minha pele levemente, me convidando para um futuro presente na minha hora mais importante, o dia, o agora, o momento.

Quero que tu me sejas como as horas do meu dia, preenchendo minha vida, ocupando meu espaço, tomando o meu destino, ficando em cada canto, me permitindo cada caminhar, sem parar, minha ocupação, meu sorriso mais bonito, meu café mais gostoso, minha conversa mais importante, meu encontro especial.

Quero, que tu chegues como a noite, alívio e esperança, paz e fim, renovação, confiança, planos e sonhos, cheiro bom, jantar gostoso, lençol e brisa, café e sono, livros e histórias, o resumo, minha vida, tua história, nosso encontro, a nossa vida, nosso finito, até o outro dia, e que tu esteja lá, apenas lá, aqui, pra sempre.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Minha vontade de casar, é maior do que a de viver

Minha vontade de casar, é maior do que a de viver

Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada

Ninguém admite, mas tudo mundo suspira por dividir uma vida, quer uma companhia para está ao seu lado, sonha com um amor eterno, e quero casar, vou casar, estou decidido, ainda acredito que é melhor sofrer em companhia do que morrer sozinho.

Quero casar na igreja, quero esperar minha noiva no altar, quero vê-la perfeita, voando, maravilhosa, linda, quero recebê-la, quero que seja um momento ímpar, especial, eterno, esperando, gostoso, simples e indescritível.
Minha namorada não precisa sonhar, sonho por ela, quero noites de sábado em casa, deitados no chão, filme e pipoca, beijo e cócegas, risos e vinhos, alegria e diversão entre nós dois, conversa amena, aconchego na rede, carinho na cama, silêncio de depois, afeto e carinho, abraço apertado, sono gostoso.

Ela não precisa se preocupar, vou escolher os móveis, decorar a casa, quero flores, jardim, vamos disputar a igreja, de São Francisco ou Santa Luzia, convidar os amigos, entregar juntos os convites, vamos escolher as músicas, organizar a festa, cantar a nossa canção, vamos dizer sim e juntos vamos chorar e sorrir e nos beijar, ela jogará o buquê, celebrarei aos amigos, junto, com abraços e desejos de boa sorte.

Renuncio as noites em claros com os amigos nas festas e baladas, mas quero nossos amigos juntos, perto, quero recebê-los em casa, conversas fraternas, jantares, festas surpresas de aniversário, reuniões nos finais dos anos, amigos secretos, quero manter os laços, as amizades, seremos uma comunidade, uma cidade, seremos dois, seremos muitos, seremos até que a morte nos separe ou nos permita amar pela eternidade.

Não acredito que casar, o casamento, seja perder a vida, não tenho medo do sim,  acho que é simplesmente ganhar em qualidade, compartilhar mais e melhor, de forma calma, cuidadosa, prudente, simples e afetuosa, acredito em casamento, em vida a dois, quero casar, quero ser burguês, classe média, ridículo e feliz, acompanhado e sereno.

Quero que a minha namorada seja minha noiva, torna-se minha esposa, quero que ela lhe me traga uma camisa de presente, o livro que falei na noite passada, me convide para ver o filmes que falei a semana inteira, me proponha sair, jantar fora, sairmos de férias, nos perdemos pelo mundo, só nós dois, e  por ela farei o mesmo, café pela manhã cama, jantares a luz de velas, surpresas pelo cotidiano banal.

Vamos escolher o nome dos nossos filhos, nossa primeira briga, vencerei, meus argumentos serão melhores, e mais, vamos decorar o quarto das crianças, vamos dormir tarde falando dos nossos filhos e acordar cedo para preparar lhes o café e encaminhá-los para a escola, vou buscar meus filhos na escola, ensinar o dever de casar, colocar pra tomar com um beijo na testa, ensinar a rezar e dizer que os amos, serei um pai.

Vou casar, antes que pergunte, respondo, sim, vou, quero, está decidido, minha vontade de casar é maior do que a de viver, sou um romântico, amo tanto e de tanto amar, acho que é bonito casar, como nos diz Chico Buarque.


Falta homem no mercado ou a mercadoria é ruim mesmo?

Falta homem no mercado ou a mercadoria é ruim mesmo? 


Sim, falta homem no mercado e sim, a mercadoria não é mesmo das melhores. Sempre me pergunto por que muitas mulheres, que presumo, devem ter um nível social, intelectual, financeiro, cultural e sentimental, digamos, razoável, se submetem a relações sôfregas e amargas, com homens rudes e as mais das vezes infantis.

A resposta, claro, lógica, é que, falta homem no mercado. Isso é uma realidade, os números estão aí, o IBGE prova e comprova isso. Fiz uma pequena pesquisa no site do IBGE e pude comprovar isso, não precisa ir muito longe, só se precisa procurar pelo estado no qual você mora e a cidade na qual você está inserido, e poderá comprovar isso, falta homem e sobra mulheres.
Isso é um fato, um dado, são números, pois bem. Ok, resolvido. Agora vem o outro problema, a qualidade do que está em falta, está em falta e ainda assim o que há não é de boa qualidade. Vamos ao que temos em estoque.
As mulheres reclamam, até com certa razão, que os homens metem, não são educados, não são sensíveis, românticos, amorosos, atenciosos, simpáticos, enfim, a lista é imensa, enorme, dizem mais, que homem é tudo igual, só sabe beber, gostar de futebol e fazer besteira, devo concordar em partes, mesmo assim e com tudo isso, vem sempre a questão, ruim com eles, pior sem eles, será? Então.

Já escrevi certa feita que, melhor do que esperar por um amor, querer um amor, desejar que um amor, o seu amor, seja assim ou daquela forma, seria melhor construir um amor, criar alguém pra você, modificar uma pessoa, claro, sem ferir a sua personalidade, mas como dizem, ir comendo pelas beiradas, mas isso ainda não resolve a falta de homem no mercado.

E o pior, quanto mais a mulher envelhece, mas difícil se torna pra ela encontrar alguém, isso não é um discurso vazio, isso está no livro da antropóloga Mirian Goldenberg, Infiel, ela diz isso claramente. É mais fácil um homem de 50 anos namorar com uma jovem de 20 anos, do que uma mulher de 40 arrumar um de 30, isso é comprovado por estudos, estaticamente.

Logo, já temos alguns vários problemas, primeiro, falta homem, segundo, o que há não é muito bom, terceiro, mesmo o ruim, não está disponível, quarto, ainda há os que são homossexuais, ou seja, é muito problema para as mulheres resolverem. O que fazer?

Bem, sinceramente, não sei. Agora, posso dizer alguma coisa. Muitas mulheres pecam e sofrem com o perfeccionismo de querer alguém “o cara”, bom de cama, resolvido R$, bonito, charmoso, elegante, sexy, gostoso, enfim, é escolher demais.

Em outro texto que escrevi disse que é melhor ter as partes do que o todo, melhor alguém, pois um dia ele acerta, do que alguém já pronto, não terá graça mesmo. O bom da vida é construir, é ir aos poucos fazendo algo, ir vivendo pouco para chegar no grande.


Mesmo assim ainda não se resolveu o problema, e claro, acho que não tem mesmo solução, quem tiver o seu homem, segure firme, prenda, dê um jeito dele só olhar pra você, que você seja a única mulher do universo, pois amiga, se ele olhar de lado, pronto, adeus. 

Não desisto de mim

Não desisto de mim

Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada

Sou romântico e sonhador, vejo o mundo com um sorriso que aprendi agora a sentir, com um olhar que a pouco comecei a abrir, percebo um novo perfume no ar que antes não via, apenas agora entendi que é possível amar.

Um amor que há muito sonhara e que só agora resolver de acontecer, aparecer, chegar, me tocar, afetar, e que quero viver, estou a viver e irie viver.

Um amor que talvez poucos não possam compreender, mas sei que me faz bem, um amor pela vida, pelo viver, um sentimento interior de tranquilidade, paixão e intensidade por estar aqui e viver, sem desistir, não desistir, e não desisto de mim.

Quero paz e amor, cuidado e carinho, quero voar e parar, olhar e viver, não desisto de mim, posso chorar, silenciar, calar e morrer, mas não disto de mim, pouco importa que não me possam ver, pouco importa que não consigam me encontrar, me ver, vou tentar, ir, querer, desejar, fazer, lutar, orar, trabalhar, mas não desisto de mim.

Não desisto dos meus sonhos e sentimentos, de ser quem sou, de me entregar, de amar, de sorrir, de chorar, não desisto de viver a minha vida, abraço a mágoa, durmo com a dor, levo a angústia, carrego a solidão, mas não paro, sigo, não desisto de mim, aprendi a me ter, me conquistar, me saber, me conhecer para não desistir de mim.

Preocupo, choro, sofro, mas não desisto de mim, não nego o melhor, mesmo que alguém antes não soube me reconhecer, não vou a outrem me negar, me entrego, amo, ardo, mas não desisto de mim.

Não me prendo, travo, tranco, não desisto de mim, vivo a vida e cada momento com a sua intensidade necessária, agora sei e aprendi a esperar, espero o que for preciso, a vida que levar, o tempo que durar, mas não desisto de mim, espero a noite passar, o sol nascer, a dor curar, a ferida sarar, a solidão calar, mas não desisto de mim.

Sento e fico, que a paixão vá, o amor chegue, o carinho console, o afeto resolva, a companhia agrade, mas não desisto de mim, pois aprendi a viver, deixar acontecer, aprendi a sentir, antes de falar, olhar, antes de olhar, sentir, antes de sentir, pensar, mas não, não desisto de mim.


Que antes desistam de mim, me deixam, vão, se vá, mas não vou, fico, em mim, aqui, pois já decidi, não desisto de mim, apenas não desisto de mim, e por acreditar em mim, não desisto de mim, que os outro o façam, mas não eu.