quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Amar é cuidar

O amor me deixa tenso

Ronaldo Magella  22/12/2016

Sempre sinto um frio na barriga perto da pessoa amada, disfarço, com um riso nervoso, uma gargalhada alta, mas estou tenso.

Olho de lado, tento não olhar, nossos olhares se cruzam, penso mil coisas, amoleço, desconcerto, me quebro.

Perto da pessoa amada tenho medo de errar, de não acertar a palavra, o gesto, de não saber sorrir, quero ser quem sou, acabo não sendo, pareço artificial.

Se espero por ela, não me acalmo, abro a geladeira, perco o sono, passeio daqui pra lá, de lá pra cá, fico inquieto até ela chegar, mexo aqui, arrumo ali, desmancho acolá, não paro.  

Chamaria de cuidado, sempre é um momento delicado encontrar quem a gente ama, gosta.

Não gostaria, e nem quero, deixá-la magoada ou triste, com raiva ou com alguma cisma, mas confesso, nem sempre acerto.

Às vezes e muitas vezes, quero ser simpático, sou chato, quero ser educado, me torno excessivo, se acelero, sou freado, quando sou mais lento, sou reclamado, nunca sei o que fazer.

O bom, o melhor de tudo, ainda é se importar com quem eu amo, se erro, é tentando acertar, se me preocupo, é querendo cuidar, se exagero, é por desejar ser sempre melhor. 

Perto de quem amo, todos os meus defeitos, com bons olhos, são qualidades, sou eu apenas querendo mostrar amor, que amo, quero, cuido e me importo.


terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Vale a pena esperar

O segrego da felicidade é a paciência

Ronaldo Magella – jornalista – 20/12/2016

Outro dia passei três horas na manicure, comendo jujuba.

Depois foi ao cabelereiro. Mais uma hora.

Aproveitei o tempo para ler, caminhar e tomar um sorvete, jantar e ouvir música.
Sim, deu tempo. Sobrou tempo. Muito tempo.

Não era eu quem estava se submetendo ao processo de embelezamento, era minha namorada.

Fui avisado previamente de toda a programação com seu respectivo tempo, quatro horas, aceitei de bom grado o desafio, era um teste de paciência, passei.

Sou uma pessoa paciente, agora sei disso. Estou orgulhoso de mim. Parabéns para mim.

Sou escritor, gosto de experimentar as coisas, vivenciá-las.

Não reclamei, não resmunguei, adorei a espera, fazer parte do processo, se quero repetir? Adorei as jujubas, o sorvete estava ótimo, o jantar uma delícia, a caminhada foi boa, respondi?

Mas pensei, ue, os homens não perdem 120 minutos com jogos de futebol, e nem bonito ficam? Então.

Ao final de tudo, unhas feitas, cabelo perfeito, era nítido o sorriso e alegria da minha namorada, felicidade sem preço, paz interior pra dar e vender.

E olha que nem parecia que haviam se passado 240 minutos, quatro horas, da sua vida, sentada numa cadeira sem fazer nada esperando apenas o tempo passar, e só pra ficar bonita.

Ela me disse que gosta de ficar bonita pra si, é um pouco de ego, vaidade, depois me disse que fica bonita para os homens, é o momento da conquista, de impressionar, e por fim disse que fica bonita para outras mulheres, para sambar na cara das inimigas, é a competição.

Mas nada deixa mais feliz uma mulher do que se sentir bonita, atraente, charmosa, deslumbrante, perfeita, maravilhosa.

Se os homens soubessem disso, teriam mais paciência e claro evitariam muitas outras coisas.

Mulher feliz consegue ser mais doce, meiga, carinhosa, compreensível, leve, aberta.

O segrego da felicidade é a paciência, vale a pena esperar. Mas não vou contar isso a ela.


segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Amar quem te odeia

Ame quem te odeia, é desconcertante

Ronaldo Magella 19/12/2016

Não há nada mais desconcertante do que gostar de quem não gosta da gente.

Simpatizo com as pessoas que não gostam de mim, tenho carinho por elas, afeto.
E acho engraçado.

Penso, como alguém que nunca falou comigo pode não gostar de mim? Acho interessante.

No fundo a pessoa espera que eu seja como ela gostaria e como não sou, ela não gosta de mim, ela não sabe me aceitar como eu sou, por isso me suporta.

Nada mais angustiante do que odiar alguém e ela te retribuir de forma contrária, com amor.

Desarma.

Quando alguém não te suporta e você revida da mesma forma, apenas estará ensejando argumentos para alimentar o sentimento negativo que ela nutre e tem por ti.

Aos meus críticos a resposta é sempre a mesma, o silêncio.

Não me dou o trabalho de rebater ou criticar de voltar, sei que um dia eles cansam, não tenho energia para acusações ou discussões sem fim.


Não é fácil, muitas vezes a gente até tem um sentimento contrário contra alguém, mas a gente guarda, não fala, um dia passa, a gente esquece, a vida segue. 

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Machismo é só carência, medo e insegurança

Machismo é só carência, medo e insegurança

Ronaldo Magella – (jornalista) – 15/12/2016

O cara proíbe a namorada de usar aquela saia curta, ou qualquer outra roupa, tem medo que a esposa trabalhe fora de casa, não gosta de dividir a conta, não se aproximada de mulheres fortes, independentes e inteligentes, tem ciúmes, só pode haver uma explicação, é carente, inseguro e medroso.

Todo machista é carente, e no fundo é alguém solitário que precisa de atenção e cuidado, não sabe dividir, não permite a liberdade, não consegue se virar sozinho, tem medo de ser abandonado, deixado.

Todo machista é medroso, por mais macho que ele seja, como dizem, a ponto de usar a frase, “mulher minha...”, aí entra um traço de possessividade, ele tem apenas medo da liberdade dela, por isso a proíbe de usar determinadas roupas, de ir pra alguns lugares, de ter determinadas atitudes.

Todo machista é inseguro, não confia em si mesmo, não tem autoestima, por isso muitas vezes usa da força, da violência para se sentir superior, melhor, ter o controle sobre a mulher que está ao seu lado.

Todo machista não se acha capaz de possuir o que tem, ou seja, alguém, no caso, uma mulher, por isso se usa de várias formas de coerção para não perder aquela a quem diz amar, desejar, querer, mas que muitas vezes é apenas um objeto de orgulho e vaidade.

Não é o machismo que causa a carência, o medo, a insegurança, é o contrário, o machismo nasce do não saber lidar com a liberdade do outro, com certas formas, hábitos, condutas, logo, é mais fácil proibir, cessar, coagir, violentar.

A violência é o último recurso praticado, quando já não é mais possível estabelecer uma linha, as regras, quando a ordem foge ao controle do machista, não restando mais nada, apenas ser mais incisivo e ríspido, não que o machismo não seja uma forma de violência seca e áspera, sim, é, mas muitas vezes aceitável para quem se sujeita e se sente confortável.

Todo machista quer pra si aquilo que nega a outrem, para ele as regras não se aplicam, ele exerce o controle, o poder e não tolera que lhe sai do comando aquela a quem diz gostar, mas não gosta realmente, apenas possui.


Todo machista é infantil, autoritário, limitado, além do medroso, inseguro e carente. 

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

A beleza pode nos tornar infelizes?

A beleza pode nos tornar infelizes?

Ronaldo Magella 12/12/2016

Sou feio e isso me permite um certo alívio, pois sei que ninguém irá se interessar pela minha beleza, já que não a tenho, logo, não serei objeto de ninguém, nem alguém me terá para ostentar aquilo de que não disponho, beleza, é claro.

Sempre pergunto as pessoas bonitas como é ser como são, claro, ninguém diz ou se acha realmente bonito, pelo menos, é o que dizem, o que é uma coisa educada, digamos, ou politicamente correta, já que a gente não pode se atribuir beleza, são as outras pessoas que nos acham belos.

Sei que beleza cansa, sei que ser bonito pode nos pregar peças, pode nos enganar, mas agora penso que ela pode nos tornar, de alguma forma, infelizes, uma vez que pode atrair pessoas interessadas naquilo que aparentamos e não no que realmente somos.

Bela, bonita e infeliz, isso é mais comum do que se imagina, se pensa, podemos acreditar. Num mundo que se cultiva a juventude, a beleza, a sucesso, a fama, o dinheiro, sempre pensamos no lado positivo, como se não houvesse um lado negativo em tais estados, atributos e qualidades.

Qualquer mulher bonita sabe como se sente ao ser cortejada por um homem, por mais que ela adore se sentir bonita, estonteante, deslumbrante, perfeita, magnífica, ela cansará de receber elogios sobre as suas pernas ou de como a sua bunda é bonita ou de como ela tem o corpo perfeito, de tanto receber essas observações com o tempo ela até poderá perceber e entender ou sentir que a beleza é uma maldição muitas vezes. Talvez.

Mas se isso pode sim ser verdade, se ruim com ela, pior sem ela, só gente feia sabe como é ruim ser como é. Se a beleza pode nos tornar em algum momento da vida infelizes, a feiura pode nos amargurar para o resto da vida.



Óbvio, beleza conquista, abre portas, aproxima pessoas, atrai olhares, mas ela finda, termina, passa, acaba, deixa pouco do que um dia foi, era, parecia, mas a coisa feia chega, fica, não passa e nunca vai embora. 

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Não é tão fácil e simples esquecer das pessoas, algumas ficam arquivadas

Não é tão fácil e simples esquecer das pessoas, algumas ficam arquivadas
Ronaldo Magella 07/12/2016

Tive um grande amor e durante seis meses tentei reatar a nossa relação, se lograr êxito. Ela parecia decidida, feliz, resistente, enquanto eu me arrebentava por dentro e por fora, pensando que jamais iria conseguir superar aquele momento, aquela sensação, aquele sentimento.

Acreditava que ela já havia superado tudo que havíamos vivido e também havia decidido não mais me querer, desejar, e claro, a admirava por isso, uma vez que não conseguia, nem tinha perspectiva, enquanto ela me parecia já bem distante de mim, até um dia.

Bem, um dia, um dia também decidi que já era hora de seguir, mesmo gostando, mesmo sofrendo, da forma que fosse, era a hora e o momento de superar o que havia, me renovar, voltar a viver, mesmo carregando dentro de um vazio que vez por outra me arrastava pra baixo.

Mas qual não foi a minha surpresa quando, meio que de forma aparente, eu que já não demonstrava, pelo menos em gestos e insistência, mais querer e ter em mim mais tanta paixão por ela, eis que ela reaparece na minha vida, com todas as saudades, com todas as ausências, com todas as vontades, outra vez me querendo, me desejando.

A gente nunca sabe o que se passa no coração e na cabeça das pessoas, muitas vezes os sentimentos e emoções estão ali, presentes, fortes, pulsando, mas algumas pessoas conseguem controlar, silenciar, vivem amores silenciosos, gostando de forma discreta, sofrem sem alarde, à distância.

Elas meio que ficam arquivadas em nossas memórias, como pastas, como arquivos, como documentos que vez por outra a gente acessa, mexe, muda, salva, mas não consegue ou não pode jogar fora, nunca se sabe quando se irá precisar.

Jogando fora a teoria de que a gente só enseja valor quando perde, acredito que a questão seja outra, não é tão fácil e simples esquecer as pessoas, das pessoas, muitas ficarão com a gente pelo resto da nossa vida, mesmo que distantes, idealizadas, ou despertando sentimentos não tão nobres, mas o espectros delas viverão em nós, da forma que nos for possível.

A gente não esquece o que viveu, o que passou, sentimentos não morrem, a gente até ignorá-los, silenciá-los, mas eles estarão sempre por aí, uma vez que pensamento é algo que não se controla, quando a gente não quer pensar, já pensou, quando não quer lembrar, já lembrou, a saúde nos invade, a falta do outro se faz presente, o passado se torna muitas vezes a única coisa possível em nossas vidas.

Quanto ao meu amor, ela desistiu, mas ainda me segue nas redes sociais, vez por outra me curte, se faz presente, penso até que ainda gosta de mim, sente saudades, só não sei o que ela faz com isso. 

Com ela mesmo me diz, “tenho dias de você, esses dias em que apenas você existe na minha vida, no meu coração e na minha mente, nesses dias e te amo como sempre amei um dia”.


terça-feira, 6 de dezembro de 2016

As pessoas mudam sim por amor, quando querem

As pessoas mudam sim por amor, quando querem

Ronaldo Magella 06/12/2016

A tese de que ninguém muda ninguém não é uma verdade imutável, acredito que sim, as pessoas mudam por amor.

Claro que mudanças não acontecem por obrigação ou forçadas, mas por vontade , desejo e de forma livre.

Fazer parte da vida de outra pessoa é renunciar um pouco de si, a gente esquece um pouco do que gosta para gostar um pouco do que a outra pessoa gosta, é uma ponte, servir pra ir, serve pra vir, pra ligar os dois, pra manter um elo.

Hoje acredito que os diferentes podem ser atrair, mas são os similares que irão continuar juntos, aqueles que comungam de afinidades, que são cúmplices e solidários um com o outro.

No fundo a gente quer alguém, deseja uma pessoa para dividir uma vida, momentos, pra sentir segurança, saudade, gostar, conversar, pra somar, não pra dividir ou subtrair.
Não queremos trocar de coisas ou ceder a vez ou ficar esperando, queremos é fazer juntos, sermos dois em um, caminhar na mesma direção, no mesmo sentido, com os mesmos objetivos.  

A gente cede aqui, recebe ali, deixa uma hora, espera outra, e vamos assim nos equilibrando, buscando a harmonia, a paz, o bom senso, o conforto da relação.

Como diz a música de O Tetro Mágico, os opostos de distraem, os dispostos se atraem.


É preciso disposição para manter uma relação, recuar e avançar, saber o momento exato, a hora certa, ter a palavra para o momento, saber dividir, calar, apontar, pedir. 

sábado, 3 de dezembro de 2016

Com o tempo seu mundo fica menor

Com o tempo seu mundo fica menor

Ronaldo Magella 03/12/2016

O tempo passa e você faz escolhas, toma decisões, realiza sonhos, deixa o seu mundo menor.

Se antes você tinha todas as opções do mundo, agora, com o tempo, você precisa a viver com os seus caminhos, desejos e escolhas.

Com o tempo o nosso mundo fica menor, não quer dizer pior, ou ruim, mas ele perde as muitas opções do começo.

O início é sempre largo, mas o fim é estreito e limitado.

Não somos feito das nossas escolhas, mas precisamos aprender a conviver com elas.

Quando a gente decide por um caminho precisa aprender a renunciar todos os outros.

Escolher algo significa desistir dos demais, das outras opções, escolhas.


quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

OK diz que não estamos interessados mais

OK diz que não estamos interessados mais

Ronaldo Magella 01/12/2016

Vamos terminar? Alguém pergunta. E de outro lado alguém responde, Ok.

Em tempos de amores líquidos e virtuais a nossa linguagem apressada, curta e monossilábica diz muito sobre os nossos sentimentos e direciona as nossas relações.

Quando a relação desanda a conversa também deixa de fluir.

Também diz respeito sobre o interesse da outra pessoa por você. Se ela quer, fala mais, quando não se quer, falar é um fardo.

Gente apaixonada sorri mais, se apega mais, procura mais o outro e claro, fala mais, até das coisas mais banais, como cantou Cazuza.

Gente interessada conversa, fala, pergunta, se empolga, aprofunda mais as questões, se abre mais, mostra mais.  

Hum, Ok, tudo bem, tá bom, blz, certo, massa, palavras usadas com frequência em nossas conversas virtuais, mostram muitas vezes o nosso interesse ou a nossa falta de interesse.

Particularmente penso e acredito que quando alguém é recatada na conversa, comedido no diálogo, a sensação que tenho é que não está interessada no que tenho pra falar, no que sou, em mim. Mas posso estar enganado.

A verdade é que, se a coisa é pra acontecer, a conversar será sempre a condutora, é por ela que a gente descobre coisas, rir junto, percebe se vale a pena ou não seguir juntos.

Quando não tem conversa, não tem relação, e nem vale a pena tentar.


Ela ainda vai esquecer-se de mim

Ela ainda vai esquecer-se de mim
01/12/2016

Minha namorada é um amor, ela só não lembra disso.

Ela se esquece das coisas. É uma graça.

Todos os dias ela me conta as mesmas coisas, com os mesmos detalhes.

Esquece as músicas que ouviu, esquece os filmes que viu, esquece os livros que leu.

Um dia ela ainda vai esquecer-se de mim.

Sorrio com o seu esquecimento, antes dizia, amor, você já me contou isso.

Não faço mais, agora, quando ela me conta faço cara de quem está ouvindo pela primeira vez, não quero estregar o momento.

Quando ela me pergunta se já me contou, agora, afirmou que não, e ela me conta tudo outra vez, agora com um novo detalhe, como se fosse a primeira vez.

Ouço atentamente, pergunto sobre o que já sei, ouvi, peço os detalhes, viajo na empolgação dela, sigo a sua emoção e o fluxo da sua fala.

Não quero interromper a narrativa da história que ela me conta, já sei o fim, mas agora quero os detalhes, perceber algo novo, e não quero perder a emoção e alegria do que ela me conta, diz, fala, como se fosse algo inédito.

Outro dia ela me contou que bateu o carro.

Da primeira vez que falou, apenas relatou o local do acidente. Na segunda vez, me contou que bateu a cabeça.


Espero ansioso que ela me conte novamente a mesma história, quero agora saber como foi o acidente e o que aconteceu depois.