segunda-feira, 28 de julho de 2014

Os meninos contam vantagens, as meninas segredos

Os meninos contam vantagens, as meninas segredos

Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada (28-07-1014)

Está lá na música do Leoni, “são sempre os mesmos sonhos, de quantidade e tamanho”, definição melhor para os meninos não poderia haver.
É fácil de comprovar, quando passa uma menina, os meninos cobiçam o tamanho que estão a olhar, ver, nunca a qualidade de quem passa, prestam atenção nos dotes físicos, e pouco ou na quase no intelectual e sentimental.

As meninas verão outra coisa, discorrerão sobre a vida do sujeito, quem ele é, idade, o que faz, quem foi a última namorada, se é ou foi casado, um completo dossiê sobre a vida do cidadão, e claro, se ele é bonito ou não, interessante ou não, inteligente ou não, elas farão um julgamento completo do objeto.

 Os meninos estão sempre preocupados em contar vantagens, gostam de números, de quantidade, desde pequeno aprendem que ser o maior e ter o maior será mais importante na vida.

É quem consegue ficar com a maior quantidade de meninas, quem irá conseguir ficar com a moça “mais gostosa”, mais bonita, é sempre o mais que interessa a eles, o tamanho das coisas, gostam de contar vantagens entre os seus pares, daí então a razão para eles falarem tanto do que fazem com as meninas, querem mostrar aos outros que são capazes, é uma prova de masculinidade, de ser macho, num basta viver, é preciso falar, contar, claro, vantagens.

As meninas confessam e contam segredos, pra elas nunca foi importante o tamanho ou quantidade, mas a qualidade, enquanto os meninos conversam sobre quantas beijaram, as meninas estão preocupadas com a qualidade do beijo, se era bom, gostoso, intenso, forte, gostoso, macio, bom.

Elas gostam de paixão, de história, romance, de ousadia, de coragem, atitude, segurança, cuidado, carinho, amizade, ternura, coisas que elas sabem que não irão encontrar em todos ou em qualquer um, mas talvez numa única pessoa em toda a vida, e poderão esperar por isso até um dia encontrar.

Depois de uma festa os meninos passarão em lista as suas aventuras da noite, enquanto as meninas irão confidenciar detalhes do evento. Os meninos falaram das bebidas, sempre quantidade, de quantas ficaram, as meninas de quem estava feia ou bonita, arrumada, de quem as chamou pra dançar e das coisas que viram durante a noite.


Será, parece, sempre assim, muito embora quero acreditar que haja mudanças, mas por enquanto, os meninos, contam vantagens, e as meninas, segredos. 

domingo, 27 de julho de 2014

Não dá pra ser feliz nesse mundo zumbi

Não dá pra ser feliz nesse mundo zumbi

Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada (27-07-1014)

Odeio livros de auto ajudar, prefiro o livro do Francisco Bosco, Alta Ajuda, algo mais alto, bem mais alto, filosofia para despertar e não para obrigar, odeio essa opressão em ser feliz, essa ditadura branca de felicidade, todo mundo querendo viver as mesmas coisas, postar fotos sorrindo para provocar inveja em outras pessoas que no momento não estão podendo fazer o mesmo mas que irão fazer tudo igual quando puderem e irão tentar provocar invejar nos outros da mesma forma e a roda gigante não irá parar nunca.

A imensa quantidade de livros que nos ensinam coisas para sermos felizes e sorridentes cresce a cada dia ou a infinidade de músicas que falam de amor, sempre amor, só amor, sim falo de sertanejos universitários que preferem acordar a namorada num domingo de manhã a ir viajar pelo espaço, velejar pelo caribe e se hospedar em Dubai, o cara é tão burro, idiota e otário que poderia levar o amor da vida dele com ele, mas ele prefere acordar a moça num domingo de manhã, desligar, pedir desculpar e claro, ele ama tudo aquilo, ah vá.....

Parece que somos todos carentes, é só olhar, ou melhor, ouvir, todas as músicas imbecilizantes que só sabem falar de amor, amor pra cá, pra cá, parece que somos todos carentes, sofremos com amor, de amor, sem amor, por amor, através do amor, pelo amor, cansa, cansa, cansa, e o pior, tem pior, sim, muito pior, é só ouvir. E claro, a gente ama muito tudo isso.

Somos uma imensa massa de idiotas que consume tudo que vem pela frente, como zumbis, sem pensar ou sem refletir sobre o que estamos comendo, só queremos comer, ter, consumir, ser o que tudo mundo é, não faz muito sentido, ao mesmo tempo, faz muito sentido, há tempos e há muito tempo que perdermos a nossa capacidade de sermos nós mesmos, perdemos a nossa individualidade, só queremos fazer parte do coletivo, da massa, está na moda por ser bonito, por está em alta, não queremos nos diferenciar, queremos nos igualar.

Basta surgir na televisão, pronto, já estamos com o bordão na boca, “sabe de nada inocente”, nos falta criatividade e imaginação, ninguém tem curiosidade de nada, a gente senta feito zumbi na frente da tv e engole com água e açúcar tudo o que está passando de novo, incorpora a nossa vida até surgir algo mais interessante e engraçado que todo mundo vai curtir, copiar, colar e repetir, somos idiotas.

Sinceramente, não dá pra ser feliz num mundo com esse, aliás, prefiro mesmo até nem ser feliz com essa imensa quantidade de idiotice que há no mundo, não quero ser igual a quem me diz que sendo igual eu posso ser feliz, é mais ou menos assim que canta Lobão, se pra ser feliz vou ter que ouvir a banda Malta, ouvir música Sertaneja ou pendurar nos pescoço um terço colorido ou deixar os bolsos do short de fora, prefiro ser essa metamorfose ambulante, mutante, como cantou Raul Seixas.



terça-feira, 1 de julho de 2014

Um dia ela vai cansar da sua insegurança

Um dia ela vai cansar da sua insegurança

Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada (01-07-1014)


Aprendi a dominar a insegurança, o ciúme e o medo, algumas vezes não tenho como segurar sentimentos tão pulsantes, são momentos de tensão, mas entendi que é preciso calar dentro de si, muitas vezes, os seus próprios tormentos, sob pena de perder quem você ama e gosta, pois ela também cansa da sua falta de firmeza emocional.

Se ela te disse que te quer e ama, acredite e se diz que irá ficar com você, encerre suas perguntas e dúvidas, viva o que for possível, aceite e vá embora ao lado dela até, bom, até um dia tudo mudar, se não mudar, ótimo, se mudar, mudou, tome outro rumo, esqueça como puder e não insista mais e deixe o tempo passar, nada mais a fazer.

A insegurança é o pior dos sentimentos, para quem sente e para quem é alvo, o inseguro fica batendo sempre na mesma tecla, fazendo sempre as mesmas perguntas, dando voltas em torno do mesmo assunto, andando em círculos, tudo é motivo para ele reafirmar o seu medo, dizer que estava certo, numa insuportável discussão que nunca leva a lugar algum, apenas cansa e desgasta a relação.

O inseguro é um atormentado e atormenta ao outro, ele não quer acreditar, prefere desconfiar, ele não aceita, antes quer a dúvida para comprovar a sua insegurança, atestar os seus receios e dúvidas, ele não sossega em si, não descansa, é vigilante 24 horas, e mais, não só a si ele perturba, mas também que está ao seu lado.

A pessoa que está ao lado de um inseguro precisa todo dia reafirmar aquilo que já disse mil vezes, que não precisa ter medo, que acredite, que confie, evita brigas, busca contornar situações, tenta sempre provar o que disse e afirmar o que o inseguro não quer acreditar, até um dia cansar.

Sim, você diz uma, duas, três, quatro, cinco vezes até não suportar mais enfatizar a mesma coisa, repetir num exaustivo e longo percurso que nunca leva a lugar algum, até cansar, não suportar mais. No começo compensa falar o que já se disse, mas depois com o tempo você percebe que está deixando de viver o presente e o futuro para ficar reprisando o passado, a relação não anda, não se desenvolve, são sempre as mesmas discussões, em torno dos mesmos temas e situação e não há quem suporte, amor que resista, paixão que não canse, relação que dure.

Mesmo com toda dor, com toda desconfiança, é melhor guardar para si o medo que impera dentro de você, viva os momentos bons, não busca desequilibrar a relação por conta daquilo que você, mas nunca tem mesmo certeza, acredite, confie, siga, se não acontecer, num não for como você pensava que era, aceite, é a vida, ninguém morre, a gente segue com feridas e cicatrizes, mas ninguém morre de sofrimento de amor e paixão, se morre com tais dores, ou seja, viveremos com elas.