sexta-feira, 29 de julho de 2016

Gente simples me encanta

Gente simples me encanta
Ronaldo Magella 26/07/2016

A simplicidade é a mais difícil das virtudes.

Gente simples me encanta e fascina. 

Pessoas simples cantam a vida, em qualquer canto.

E todo canto há um canto esperando ser ouvido.

Admiro quem é leve.

Quem não deseja muito é simples.

Quem sabe sorrir é simples.

Quem ama é simples.

Quem sonha é simples.

A simplicidade está em saber o que se deseja.

Admiramos a simplicidade e nos assustamos com ela.

Das qualidades humanas a simplicidade é mais difícil de alcançar. 

Só é simples quem é sincero.

Gente simples sabe gostar e esperar, se encanta com o possível.

Não se atrapalha com o que não pode, com o impossível. 

Vê a beleza nas coisas feias e pequenas da vida.

E acho tudo bonito e grandioso.

Há certa loucura na simplicidade, por não querer o todo, por não ser o todo, por já ter tudo.

A simplicidade está em gostar do que temos e não desejar o que falta.


Tenho a leve sensação que pessoas simples alimentam a alma e preenchem o coração

quinta-feira, 28 de julho de 2016

“Parabéns pra mim”, sou carente

“Parabéns pra mim”, sou carente
Ronaldo Magella 28/07/2016

Tenho pensando, nesses tempos de quantidades, quando buscamos “amigos”, seguidores, comentários, curtidas, compartilhamentos, parece, não sei, tenho a leve sensação que vivemos uma solidão coletiva e uma carência perturbadora.

Hoje somos medidos pela quantidade de seguidores, das curtidas que conseguimos amealhar. Como diz Bauman, se durante toda uma vida a gente, se muito, consegue ter três amigos de verdade, as redes sociais nos permitem a ilusão de pensar que temos milhares de amigos, e como isso, achamos que podemos desabafar em rede.

Tenho acompanhado muitas formas de comunicação, desde o Facebook que nos lembra dos anos de amizades com alguém, das correntes que “imploram” por um comentário, das formas muitas, diversas e variadas de chamar a atenção das outras pessoas em busca de um pouco de atenção para nós mesmos.

Tenho a leve sensação de que agora vivemos em função de mostrar aos outros o que estamos a pensar, sentir, viver, fazer, antes de viver a gente pensa logo nas quantidades de curtidas que tal cena da nossa vida irá conseguir atrair nas redes sociais.

Isso me lembra dois fatos importantes. Um dia conversava com uma menina e a pedi em namoro (sim, ainda sou desse tempo), e ela me perguntou, vamos namorar com direito a foto no instagram, mudança de status de relacionamento no Facebook e selfie? O outro fato é de um amigo que sempre estava procurando aventuras para tirar fotos, e sempre dizia, isso vai dar muitas curtidas.

Parece que estamos gritando, ei, estou aqui, por favor, olhem pra mim, me deem atenção. Aí os limites não são ponderáveis, nem sensatos, da foto de um prato de comida ao “parabéns pra mim”, como se eu precisasse avisar aos demais que estou a comemorar alguma coisa, e aí é que está, sim, eu preciso.

Preciso, pois se algum dia as redes tiveram por e como objetivo reunir amigos, parentes, familiares, gente distante, com o intuito de nos deixar perto, próximos, hoje elas nos servem para mostrar a nossa popularidade, ostentar a nossa vida privada, acumular desconhecidos, manter contatos com pessoas que na vida real eu não direcionaria nem um olhar, menos ainda um simples afeto de saudação, mas posso ter acesso a vida dela e saber sobre a forma ela existe.

Não consigo alcançar o futuro e fazer uma ponderação sobre o que iremos sentir logo mais, adiante, sei que precisamos de afetos, e eles acontecem na vida real, no mundo de carne e osso, com cheiro, suor, lágrimas e sorriso, pois tudo que fazemos online é apenas para nos sentirmos bem do lugar de onde estamos.

quarta-feira, 27 de julho de 2016

“Nesse nosso desbravar”

“Nesse nosso desbravar”
Ronaldo Magella 27/07/2016

É preciso muita coragem para se reconhecer e se buscar, em mais de 15 anos de terapia, com intervalos, sempre busquei equacionar minhas inquietações, angustias e dores existenciais. Existir já é uma dor em si.

Acredito que somos sozinhos e como tal ninguém pode viver a nossa vida e sentir a nossa dor, nem sorrir a nossa alegria, naturalmente, ninguém pode resolver as nossas questões, nessa caminhada não importa o caminho, nem chegar, mas os sentimentos e emoções que irão de desenvolvendo, alguns nos libertando, outros nos prendendo.

Nem sempre é fácil se olhar no espelho e decidir que se precisa mudar, a grande maioria de nós cospe na própria ferida e lambe a si mesmo, soprando a dor ou fingindo que ela não existe, ignorando-a, como se ela não existisse, quando na verdade ela nunca deixa de estar.

Fazer terapia é deixar ser para tornar-se, é trabalho o que se é, dentro do que se foi para apoderar-se do que se deseja vir a ser, é mastigar o ontem, entalado no hoje para sentir-se aliviado amanhã.

 Ir pra terapia é provocar um parto, expulsar de você suas crias mal digeridas. Sei que o tempo pode nos curar de muitas coisas, outras precisam verbalizadas, materializadas pela fala, admiro gente que se resolve só, sem ninguém, é charmoso, a grande maioria de nós precisa de afeto, amigos, das relações, na falta, recorremos ao psicólogo.

Sou inquieto por natureza, não consigo parar e nem me deixaria parado, sempre percebi minhas faltas e sempre acreditei que era possível superar muitos pensamentos recorrentes e sentimentos travados, paralisantes e amedrontadores.

Acho que a maturidade, e ser maduro é se conhecer e se trabalhar, nos deixa mais bonitos, menos ansiosos. Há uma certa beleza em ser leve e se encontrar, repaginando a si mesmo e se melhorando com o passar o tempo.

Há muitos buracos que ainda precisam ser tapados, neles ainda caio, aqui e ali, há pisos que precisam ser esburacados, neles não consigo penetrar, talvez falte coragem, talvez, vontade, é possível existir medo.

Na obra de Oscar Wilde, Dorian Gray contempla a si mesmo no tempo, sem nunca mudar, envelhecer, seus medos, culpas, dores, tristezas, presas, emolduradas, presas, nós, gostaríamos desse distanciamento, mas temos que conviver com a gente mesmo, nessa relação de amor e ódio, de dor e leveza, de paz e guerra, buscando o equilíbrio e a serenidade, a busca eterna de si mesmo.


Perdas necessárias

Perdas necessárias
Ronaldo Magella 

Diz Joanna de Ângelis no livro Em Busca da Verdade, “todos necessitam de vivenciar, vez que outra, alguma perda, a fim de melhorar valorizar o que possui”.

Reflexo do nosso nível moral e evolutivo, a criatura humana vive a cata emoções efêmeras e prazeres vazios, buscando sempre aquilo que não tem, esquecendo-se e desprezando daquilo que já possui.

Não precisamos refletir muito, nem pensar profundamente, só precisamos abrir os nossos olhos para fora e pra dentro, e nos interrogarmos sobre os nossos interesses mais urgentes, quais tesouros estamos buscando amealhar nos próximos momentos, nas horas seguintes, nos dias que se seguem. Quais são as nossas prioridades, nossos anseios. E o nosso coração, pulsa forte, inquieto e incessante, quando, como, por quê?

Ali buscamos o consolo dos bens terrenos, acolá desfrutar das facilidades do poder, aqui a sensação vazia do sexo sem amor, mais a frente as glórias efêmeras do sucesso, depois o reconhecimento interesseiro do público. Queremos o topo, sempre o nível mais alto, as primeiras posições, os lucros exorbitantes, as posições de destaques, a vida tola dos homens mortais e comuns, como define Sidarta no livro do Nobel de Literatura Hermann Hesse.

Só saberemos os valores da paz, quando estivermos em guerra, só apreciaremos a tranqüilidade de uma consciência serena quando tivermos deambulado pelos erros infantis da vida terrena, só saberemos o preço de uma amizade sincera e verdadeira quando o véu da ilusão da fama cair, juntamente com os interesses mesquinhos, mutáveis e falsos, só conseguiremos avaliar o valor do amor, de um carinho, de um sorriso, de alguém em nossa vida quando a solidão nos visitar e fincar morada próxima a nós.

Sim, vez por outra, é necessário que a criatura humana perca algo em detrimento de valorizar aquilo que possui. Onde está o nosso tesouro, sempre estará o nosso coração. Preciso é meditar sobre tais palavras.

O que será que buscamos enquanto caminhamos pelas paisagens humanas e terrenas, quais valores e sentimentos nos estimulam a continuar, a viver a engrenagem dos dias? Necessário também o é pararmos um pouco e medirmos a magnitude e o valor dos nossos tesouros, pois é lá que está o nosso coração, é ali que estamos, permanecemos.

Estaremos nós cultivando com afinco e renúncia aquilo que ninguém pode tirar de nós, os bons sentimentos, as boas ações, ou preferimos coisas, objetos, matéria que a qualquer momento alguém pode nos roubar, a natureza pode destruir, a vida pode tomar. Sim, mais uma vez, é necessário que haja dor e perda, para que possamos valorizar o que temos e, mais ainda, entendermos ao que realmente devemos valorizar. Só sabemos o quanto o nosso corpo é necessário e o quanto é bom uma vida saudável quando a nossa saúde deperece, arria.


Só sabemos o valor de uma noite sono quando uma dor de dente nos rouba a paz de uma noite. Como cantou Cazuza na música Blues da Piedade, somos pessoas pequenas, remoendo pequenos problemas, querendo sempre aquilo que não temos. Enxergamos a luz, mas não iluminamos nossas minicertezas, contamos dinheiro e não mudamos com a lua cheia. Não sabemos amar, vivemos a procura de alguém que nos ame, senhor, piedade. 

terça-feira, 26 de julho de 2016

Nem todo gostar é bom

Nem todo gostar é bom

Ronaldo Magella 26/07/2016

Acho que foi Lacan quem disse que é possível sentir prazer na dor. O psicanalista Flávio Gikovate diz que nem todo prazer é positivo, há prazeres negativos.

Penso no amor, no ato de amar alguém, mesmo quando muitas vezes esse sentimento trás mais momentos ruins do que alegres.

Gostar de alguém nem sempre é algo realizador, agradável, junto com o amor, há e vem junto outros sentimentos, de posse, ciúmes, insegurança, o medo de perder.

Djavan quem cantou, “amor, e o que é o sofrer, para mim que estou jurado pra morrer de amor?”.  Talvez pela nossa imaturidade psicológica, acreditamos que só amaremos se sofrermos.

Isso talvez explique muitas relações negativas, mas duradouras, pois se acredita que toda relação seja algo difícil e complicado, e por assim pensar e acreditar, muitas pessoas se deixam ficar.

A nossa tradição nos legou um discurso amoroso pesado, acreditamos que não há amor sem dor, é preciso sacrifício, resistência, renúncia, negação para se alcançar a plenitude do amor. 

Jesus nos amou e como tal, sofreu, morreu por amor, sofreu por amor, deu a vida por amor. Romeu e Julieta, Tristão e Isolda, paixões e amores sofridos, relações épicas da literatura universal que nos imprimiu um afeto pessimista.

Não acredito que seja necessário passar por tais sentimentos para se ter uma relação gratificante e plena. Na juventude, quando não nos conhecemos bem, isso nos acontece, não temos capacidade para parar e pensar nas coisas, mas bem mais tarde é possível evitar muitas situações vexaminosas.

Não sou da ideia de se lutar por alguém pra ela seja minha ou meu, acredito na leveza das coisas, sem a necessidade de discussões infantis ou pressões imaturas.

Acho toda cobrança dentro de uma relação demasiada e desgastante, já sei quando algo não é pra seguir, retomo o meu silêncio e sigo minha caminhada, sem a necessidade de encher o outro com perguntas e inquietações.

Penso que duas pessoas que se entendem e se gostam, que acham possível conviver terão “vontades” para tal e irão se encontrar e achar meios para se realizarem dentro das suas necessidades e possibilidades.


sexta-feira, 22 de julho de 2016

Alguém que cuide da gente: homens também são frágeis

Alguém que cuide da gente: homens também são frágeis

Ronaldo Magella 22/07/2016

Ainda a pouco senti falta de receber um cheiro na cabeça, de alguém que me tire o perfume e me envolva num abraço.

Sinto falta de alguém de quem eu goste.

Faz tempo que ninguém me segura pela mão e me olha nos olhos com vontade, e isso não é mi mi mi, isso é carência de afeto, de gente, de carinho, é falta de cuidado.

Não é solidão ou ausência de pessoas.

Um dia vivi isso, tive alguém que tinha vontade de mim, como ela mesmo me dizia, “tenho dias de você, quando tudo que eu quero é estar com você, seja como for e isso me basta”, sinto falta disso, de alguém que me tenha, me queira, me deseje, me possua, e que receba também de mim o mesmo sentimento com a mesma intensidade.

Sim, homens também são frágeis, mesmo com todo machismo, com toda grosseria, depois de toda rudeza, no fim a gente só quer alguém que cuide da gente, alguém que se preocupe com a gente, que nos dê colo e nos olhe com ternura e paz.

No fundo a gente só sente falta de alguém, que pergunte como estamos, se já tomamos o remédio ou se estamos bem depois de um dia trabalho, que nos pergunte bobagens e nos beijo nos lábios de forma leve simples, mas com paixão e desejo.

Toda a casca grossa é só cortina de fumaça, nós homens somos como bebês grandes, crianças adultas, somos gente esperando cuidado e proteção, homem também chora, sofre, morre, cansa, fica desanimado, confuso, em dúvidas, também é carente, também é gente, quer gente, precisa de gente.

Desconfio dos machos pegadores, no fundo são pessoas inseguras em busca de afirmação, são pessoas atormentadas querendo mostrar a si e aos outros que são capazes, são vulneráveis e sofrem com suas próprias angustias e com seus imensos conflitos interiores.

Gente bem resolvida não fica variando, busca o equilíbrio, a qualidade, não a quantidade, gente bem resolve não se mostra, permanece.

A gente também tem medo de ser usado, se sente objeto, não suporta mentira, odeia traição, perde a autoestima, desaba, se perde, mas séculos de machismo e de superioridade infantil nos fizeram criar uma crosta na pele, uma parede, um muro, mas já não suportamos mais, não nos seguramos mais em pé, estamos amolecendo e nos deixando descortinar.


“Um homem também chora, menina, morena, também precisa de colo e palavras amenas”, como canto Gonzaguinha. 

quinta-feira, 21 de julho de 2016

Toda mulher gosta de ser desejada

Toda mulher gosta de ser desejada
Ronaldo Magella 21/07/2016

Só gente feia acha que beleza não importa.

Só pobre acredita que dinheiro não trás felicidade.

Só mulher chata não quer ser desejada e morre tédio.

Toda mulher gosta de ser sentir desejada, olhada, disputada.

Falo das minhas experiências, não dos meus livros.

Já fui educado com uma mulher, quase não a toquei e levei muitos esporros por isso. “Pensei que você tivesse mais desejo em mim, fiquei decepcionada”. Foi a mensagem que recebi pelo WhatSapp ao chegar em casa.  

De outra feita, avancei sinal. “Calma aí, não é assim, deixe de pressa”, escutei na hora, mas outro dia um apelo, “quero muito você hoje, todo, com tudo”.

Triste da mulher que não se sentir desejada.

A arrogância fere, mas o desejo encanta.

Uma cantada gostosa, vinda de lábios doces e finos, deixa qualquer mulher boba.

Só as chatinhas do mundo moderno não gostam de ouvir cantadas.

Sem essa de que mulher não gosta de ouvir “gostosa”, depende da hora e de quem se insinua.

Se mulher não gostasse de se sentir desejada não se sentiria infeliz ao ser chamada de gorda.

É no perigo que mora o desejo, é o risco que aumenta o tesão, é na vontade que a vida se realiza.

O desejo não pode ser educado, contido.

Só gente chata, que depois de uma bela de noite de vinho e uma conversa agradável, se despede sem vontade de nada.


Só as chatinhas modernas não gostam de ser olhadas, qualquer mulher bonita sabe como atrair olhares e como isso é gostoso. 

quarta-feira, 20 de julho de 2016

Gosto de mulher lesada

Gosto de mulher lesada

Ronaldo Magella 20/07/2016

O que me encanta numa mulher é sua falta de noção. Leia-se lesada.

Não é uma lesada chata, nem burra, mas engraçada. Ela te prende pelo humor.

Você a vê e sorri, ela fala, você se apaixona, ficar perto e conviver, é coisa pra amor. Gente lesa nos prende e encanta.

Gosto quando ela tem um sorriso bobo e meigo. Espontâneo. A boca aberta como se fosse engoli o mundo. Risos.

Ela amadurece, mas parece que nunca cresceu. Nem vai crescer. Isso fascina.

Permanece terna, simples, cativante, envolvente. E atrapalhada.

Gosto quando ela esquece coisas, sorri e pede desculpas.

Quando faz a mesma coisa mil vezes e mil vezes você pede pra parar e mil vezes diz que não fará mais e mil vezes outra vez ela faz tudo novamente outra vez.

Mas você não consegue ter raiva, ama mais ainda, ela é lesada, é boba, é linda, é um amor.

Quando ela parece que não está no mesmo lugar que você, e você fala, fala, e depois de tudo ela pergunta, é o quê? Você quer explodir, mas não consegue, você gosta mais ainda, ela é lesada.

Quando se atrapalha, feito criança, quando ri sozinha, em si, longe, distante, como se o mundo ali mesmo bastasse.


É atrapalhada, louca, livre, linda, charmosa, lesada, muita e pouca, mulher só presta lesada. 

segunda-feira, 18 de julho de 2016

Sentimos tédio porque somos insaciáveis

Sentimos tédio porque somos insaciáveis

Ronaldo Magella 18/07/2016

Nada nos tornará completos.

Estamos fadados à incompletude, o que pode ser algo bom. Ode Manuel de Barros.

Não consigo entender como as pessoas podem sentir tédio no mundo moderno contemporâneo. E entendo.

É simples de perceber que nada nos basta, somos insaciáveis.

Consumidores vorazes, ávidos por novidades, famintos pelo que nos falta.

Normal um cidadão dos ano 80 morrer de tédio, vida parada, tempo ruim, falta de oportunidades, poucas opções.

Mas o que dizer de alguém, hoje, nos tempos de agora, sentir o mesmo? Um mundo cheio de tecnologia, de opções, de diversidade, com variedades, de acesso mais rápido e fácil aos bens culturais, com redes sociais, interações em tempo real, constante, como é possível alguém ainda não ter o que fazer com a própria vida e da própria vida? #tedio

A conclusão óbvia, que um pouco de reflexão irá nos proporcionar é que, nada nos basta, a tecnologia não resolveu a nossa carência, a diversidade não nos tornou melhores, o leque de opções nos deu mais angustia do que felicidade e satisfação.

Há tanta disponibilidade e apenas uma escolha a ser feita, e ao decidirmos por algo, renunciamos aos demais, ao resto, e isso nos causa uma paralisia, o que fazer, pra onde ir, o que ter, como ser? #tedio

Diante da escolha, de tantas escolhas, decidimos não escolher, e isso nos causa tédio.

Nunca foi tão difícil viver, não pela liberdade, e sim, pela liberdade, alguém que não tenha tantas escolhas será melhor e mais resignado, alguém que prova de tudo que há, terá problemas em se decidir e ficar sempre dúvida e talvez triste pelas escolhas que tenha feito.


O resultado é tédio, por incrível que isso pareça. 

terça-feira, 12 de julho de 2016

O homem moderno é um sócio do lar

O homem moderno é um sócio do lar

Ronaldo Magella 12/07/2016

Posso estar errado, acho que não estou, mas penso, tenho a sensação de que aquela relação do homem que espera, a mulher quem faz, não funciona mais no mundo atual.

As mulheres modernas, e tenho encontrado muitas, são avessas aos trabalhos domésticos, fazem por necessidade, obrigação, mas não mais por vontade.

Homens e mulheres agora são sócios na mesma casa, se um cozinha, o outro lava, um varre, o outro limpa, um coloca o lixo pra fora, o outro arruma a cama, as tarefas são divididas, as contas, a vida, o mundo, as obrigações, as necessidades.

Não há mais espaço para o cara que deita, ligar a televisão e recebe atenção, esse tempo já era, não volta mais.

O espaço agora é único, para os dois, não há mais divisão de exercícios. Mulheres lavam carros, trocam pneus, acordam tarde, montam móveis, assistem ao futebol, enquanto eles fazem o café, a pipoca, pedem a pizza, abrem o portão, lavam o banheiro. 

Homens fazem feira, cuidam de criança, arrumam a casa, fazem compras, sabem cozinhar, caíram do sofá, ou foram derrubados, não importa, o que importa é que nessa empresa chamada lar e nessa história que são as relações, homens agora são parceiros, companheiros, sócios, amigos, amantes e empreendedores da casa, junto com elas.


Não há mais papéis, o caminhar é junto, ou está dentro, ou está fora, vou vem comigo, ou fica sem mim. 

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Dá pra conviver com a diferença, com a intolerância não

Dá pra conviver com a diferença, com a intolerância não
Ronaldo Magella 11/07/2016

Já faz algum tempo, era estudante de jornalismo, conheci uma menina em Campina Grande, bonita, interessante, papo agradável, jurava que era o amor da minha vida. Combinamos, ficamos de nos encontrar no Shopping, e, conversamos muito, rimos, tudo muito perfeito.

Na volta, antes do beijo que selaria a nossa existência, ela me perguntou, qual a sua religião? Ué, mas o que aquilo tinha lá a ver? Pensei, mas afirmei ser espírita, ela sorriu, e disse, ah tá.

Quis saber mais os motivos da expressão, por quê?, Ela apenas me disse, que a gente deveria parrar por ali, não tinha como continuar, ela era evangélica e a mãe jamais iria me aceitar, me desejou boa sorte e foi embora, sem mais nada, sem direito a apelação, argumentação ou espanto.

Foi a primeira vez que tomei conhecimento do preconceito, senti-me envolvo com a intolerância, foi a primeira vez que percebi que os rótulos podem afastar as pessoas, que o preconceito pode ser radical e violento, que as pessoas podem ser conversadores e fechadas em suas ideologias, discursos e sentimentos.

É possível aceitar o diferente, a pessoa que não gosta das mesmas coisas, que não tem as mesmas ideias, até podemos conviver, mas é quase impossível conviver com o intolerante.

Com ele não há diálogo, conversa, ele não cede, não se permite e nem permite, pior, ele nem tenta, conservado e protegido dentro do seu discurso limitado, castrador e apenas exerce a sua vontade, isso pra ele basta.

O que assusta é perceber que esses discursos e ideologias estão no mundo moderno vivos e vivenciados, continuam firmes e fortes, provocando separações, causando abismos. 

domingo, 10 de julho de 2016

Coração ocupado, mente preenchida

Coração ocupado, mente preenchida
Ronaldo Magella 10/07/2016

Uma das coisas boas de se ter alguém, é se ter alguém, e ser de alguém.

Vejo um pouco assustado essa busca por um amor, por uma paixão, por uma companhia de que as pessoas são acometidas.

Sites de relacionamentos, de namoro, paquera, para trair, existem aos montes, a gente não reconhece a nossa própria carência menos ainda a nossa solidão.

Evito filmes românticos.

Vejo amigos e amigas em relações confusas e complicadas, com idas e vindas, em sofrimento, com dores, outros em buscas incessantes, testando alguém aqui, provando outro ali.

Tem gente que mal termina algo, embarca em outro, não consegue ficar sozinho, se isso não for uma doença, é uma carência imensa, e deve cansar um pouco, um atormento atroz.

Não restam dúvidas de que essa é uma das nossas grandes buscas existenciais, não diria de amor, mas de um afeto, de uma companhia para compartilhar coisas, dividir momentos, ter uma história.

Tantos livros de amor, filmes, histórias, frases, mostram que ainda não estamos resolvidos nessa questão, menos ainda amadurecidos, a procura continua, fins acontecem, dores são deflagradas, há solidão em massa, e a roda continua girando, e penso, cansando.

Feliz de quem já se encontrou, a ponto de não precisar criar necessidades, feliz de quem já encontrou, a ponto de não mais precisar partir para o enfrentamento.

Pois se há algo de bom e gostoso em estar com alguém, há companhias e relações que são desgastantes e traumáticas, sofríveis e infrutíferas.

Não sei se é uma necessidade criada ou se é apenas uma condição de vida, sei que estamos todos no mesmo barco, uns pulando, outros navegando

quinta-feira, 7 de julho de 2016

Desconfio do silêncio na paixão

Desconfio do silêncio na paixão
Ronaldo Magella 07/07/2016

Já me apaixonei, conheço gente a apaixonada, e, não há nada de silencioso nisso, pelo contrário, a paixão é barulhenta.

A paixão chama, grita, canta, estardalhaça, você anda e ela salta na frente abrindo caminho, as pessoas percebem, sentem que você está diferente, aberta, livre, sorridente, leve, fisgada.

Não há silêncio na paixão, no gostar, desconfio de gente calada, discreta, quieta e se dizendo apaixonada.

Quando a gente está a gostar, querendo, desejando o outro somos uma vitrine, nos expomos, nos abrindo, nos jogamos, fazemos tudo, menos ficar indiferente.

Quem é que está começando a gostar de alguém e consegue não pensar ou falar do objeto alvo dos seus sentimentos? A gente não aguenta.

A gente fala, fala, fala, cansa os amigos, pensa, pensa, pensa e pensa e gosta. Anda na rua e pensando em algo pra comprar, fazer surpresa,  ouve uma música e pensa em mandar, vai sair e pensa em chamar, volta pra casa, pensa em avisar, vai dormir e ainda está lá a pensar, nesse barulho interior gigante.

Não, a paixão é tudo, menos um poço frio e silencioso, antes um vulcão em erupção.

Mas, se você está com alguém e a única coisa que ouve é o som do silêncio do outro lado, cuidado, é possível que a única pessoa apaixonada na relação seja você.


terça-feira, 5 de julho de 2016

Prefiro sonhar sozinho a sofrer acompanhado

Prefiro sonhar sozinho a sofrer acompanhado
Ronaldo Magella 05/07/2016

Aprendi que é possível gostar sem precisar sofrer. Aprendi que gostar não significa aceitar tudo, suportar tudo.

Até gosto de algumas pessoas, mas sei que elas não se interessam por mim, o meu gostar não encerra, termina, mas não implora nem mendiga atenção de ninguém.

Se alguém não me liga, não ligo de volta, se não fala, não falo, se não vem, não vou, quando um não quer não, dois não amam.

Se for pra amar sozinho, amo a mim mesmo, e isso me basta. Me curto, me gosto, melhoro, cresço, vivo, plano meu jardim, cultivo minhas flores, para atrair as abelhas, não corro atrás delas.

Liberdade é estar preso a quem se gosta, se alguém gosta de mim, se prende a mim, fica, se deixa, não me força ir, é um estar-se preso por vontade, não por insistência minha.

Aprendi a respeitar as pessoas e os desejos, mas também a gostar de mim e me respeitar, sofrimento nenhum conquista alguém.

Se alguém não quer me dizer sim, não será a minha insistência que o fará o mudar, mas talvez a falta que um dia ela venha a sentir por mim, de mim.

Se alguém não se faz presente em minha vida, terá a minha ausência. Se cada um dá o que tem, recebo, mas não espere de mim o que não me ofertas.

Se ninguém munda ninguém, mudo eu então, por mim, pra melhor, deixo o que sou e me torno outro, melhor, espero.

É gostoso correr junto, não correr atrás. É bom gostar junto, mas não gostar sozinho esperando retribuição. Cansa.

Não sofro mais com o meu gostar, sei criar muros, ocupar a mente, curar o coração, esperar o tempo, deixar a vida passar. E passa, me ocupo, espero, fico mais bonito, sereno e forte.

Não há dor que não se cure, nem pensamento que não se vá, mas não quero mais sofrer por quem não me quer ver sorrindo.

Não estendo mais os braços para quem se fecha, não olho mais para quem não consegue me ver, não me entrego para quem não pode me sentir.

Prefiro sonhar sozinho a sofrer acompanhado. Solidão a dois, dispenso, sozinho sou livre, preso a quem não me deseja, sofro.

Isso pelo menos eu aprendi. 

Quero tuas manhãs


Quero tuas manhãs

Ronaldo Magella 05/07/2016


Quero suas manhãs frias e para encostar no teu corpo quente
Teu mau humor rotineiro e teu sorriso abusado
Teu jeito insuportável da manhã e tua delícia da tarde
Quero teu cheiro gostoso de cedo e seu beijo com sabor de café
Tua boca com hortelã, seu silêncio das primeiras horas
O teu desabrochar pelo dia e a tua volta mais tarde
A alegria das tuas horas, teu caminhar pelos períodos
Quero suas palavras durante o dia, teus reclames do tempo
Teu dengo da noite e tua preguiça ao final de tudo
Teu ar de cansada e o seu estar sem fazer nada
Quero estar perto pra o que der e vier
Quero o que você me der e vou para o que for
E quero que isso chamem de amor.


segunda-feira, 4 de julho de 2016

Mulheres adoram homens engraçados

Mulheres adoram homens engraçados

Ronaldo Magella – jornalista

As mulheres preferem homens engraçado, leia-se, inteligentes.

Saber fazer alguém sorrir denota inteligência, logo, se você é engraçado, não escrachado, mas com e de bom humor, você deve ser alguém inteligente.

Pessoas divertidas são mais atraentes, simpáticas, extrovertidas, é gostoso rir, logo, se alguém me faz rir, quero eu estar perto, por perto, bem perto.

O riso nos prende, nos envolve, lembramo-nos da pessoa que nos faz rir com carinho, de forma terna, meiga, e claro, é a primeira que convidamos, por saber que o momento será gostoso.

Quem torna nossa vida agradável tem a nossa atenção, ganha a nossa simpatia, merece o nosso apreço, leva a nossa companhia.

Uma pesquisa mostrou que elas sentem maior atração por pessoas engraçadas, para os homens, o risos, ser engraçado, é uma arma de sedução, talvez até maior do que a própria beleza, o corpo, o sexo.

O riso tem o seu charme, o humor é algo inteligente, rir tem seu tom sensual. Se alguém, uma mulher te chamar de engraçado e disser que está rindo litros e algo ao seu lado, ela está gostando de conversar com você. Isso é um bom sinal.

Nada de piadas idiotas ou comentários ridículos. Elas gostam de descontração, de momentos alegres e leves, quem puder oferecer isso, vai se dar bem.