segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Com o tempo

Antes importava chegar, agora o importa é a viagem

Ronaldo Magella 06/11/2017

Marisa Monte cantou, “eu sou de ninguém, eu sou de todo mundo e todo mundo me quer bem”, refletindo uma época das nossas vidas de espalhamento e vivências intensas.

O tempo passa e a gente vai deixando querer de ser de todo mundo, preferindo ser de alguém, buscando um único sorriso, um olhar em particular, o melhor abraço que possa nos conter pra gente se deixar ficar, a pessoa especial.

Parece que a maturidade nos deixa mais seletivos, também com poucas opções, é verdade, ou será que é a gente que não se permite mais os abusos de antes? Talvez as duas coisas, tudo junto e misturado, mais seguros, experientes, porém, menos inconsequentes, menos situações possíveis, uma vida mais enxuta.

Vamos percebendo ao longo da vida a valorizar os detalhes, a conversa gostosa, a companhia a agradável, os projetos possíveis, o sonhos reais, a vida a dois, o afeto sincero, o carinho suave, o cuidado sem interesse, o amor tranquilo, a paixão controlada.

Antes a gente queria virar a noite, com o tempo a gente prefere a nossa cama e sonha com um abraço quente pela manhã, um beijo com sabor de hortelã e café, um bom dia sereno e um rosto ameno para nos dar coragem de seguir.

Antes a gente quer fazer tudo com tudo mundo, ir pra todos os lugares, fazer parte, está incluído em tudo, não perder nada, depois, a gente acalma os impulsos, prefere os lugares calmos, de silêncio forte, pra esquecer a semana, pra curtir o outro, pra olhar nos olhos e segurar a mão, sorrir e pronto.

Mas a gente precisa da vida veloz, pra ir desacelerando aos poucos, antes o importante era chegar, ir, com o tempo o que importa é aproveitar a viagem, curtir a paisagem, a conversa pelo caminho, a experiência da vivência.

Meio que me sinto velho, encontro prazer no pouco, estou no ritmo lento, no caminhar seguro, no olhar terno, buscando o prazer do detalhe, da vida possível, já vivi o antes, agora escolho os passos calmos do depois, com prudência e esperança.



segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Vida

A ânsia pela vida que ainda não vivi

Ronaldo Magella 23/10/2017

De todos os medos, o maior que tenho é o de não viver, passar pela vida incólume das suas exuberâncias, do seu único sentido, que é viver, apenas isso, viver.

No filme Otherlife, disponível na Netflix, uma nova droga é criada, com ela é possível viver experiências sensoriais como se fossem reais, assimiladas pelo cérebro, tornando-se memórias, lembranças, táteis, reais.

As experiências mais fascinantes, mergulhar no mar, esquiar na neve, entrar num vulcão, escalar uma montanha, flutuar no espaço, viver tudo que é possível neste mundo, saltar de avião, descer um rio, entrar numa caverna, conhecer os lugares mais singulares do mundo.

Enquanto extasiava-me com as cenas do filme, percebia que a nossa vida é muito pequena, curta, simples, tediosa e limitada, somos reféns das nossas escolhas, prisioneiros dos nossos desejos, amargurados com a nossa realidade, ávidos e sedentos por mudanças, medrosos e inseguros de arriscar, de mudar.

Vamos passar a maior parte da nossa vida salivando por uma paixão arrebatadora, por um amor único, por uma alegria contagiante, mas aos poucos vamos nos perceber que somos pequenos e medíocres por viver apenas aquilo que podemos, nossas contas, nossos dias, nosso trabalho, nossas possibilidades.

O que me angustia não é o viver, mas a ânsia pela vida que ainda não vivi, a vontade ávida de sentir a vida, fazer parte de algo, construir uma história, provocar saudades, ter lembranças, arder de desejo, tremer de vontade, chorar de emoção, gritar de euforia, gostar por prazer.



segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Entenda os sinais

Os homens confundem interesse com simpatia

Ronaldo Magella 18/09/2017

Mulher simpática nem sempre estará interessada em você, os homens precisam aprender isso, um sorriso não quer dizer um sim, um abraço não é um pedido pra ficar, uma conversa não é um convite pra ir pra cama.

Mas os homens insistem em não entender isso. Imaturidade? Machismo? Hum, talvez, o fato é que, todo homem é fácil. E se é fácil, não perderá a oportunidade.

Outra, homens não suportam rejeição, receber um não, agora sim, isso é machismo, eles não aceitam a liberdade de uma mulher poder escolher não querer, dizer não.

Uma amiga me contou, conheceu um cara, inteligente, simpático, bonito, mas ela não tinha o menor interesse, conversaram horas, dias, mas ela nunca demonstrou nada, estava em outra esfera, momento, não estava aberta, mas o carinha, me disse ela, tentou de todas as forma conquistá-la, sem nunca ter recebido aval pra isso, ou algum tipo de demonstração.

E claro, eles cansam. Foram mensagens, puxamento de conversa, bom dia, oi, tudo bem? E nada, até um dia ele desaparecer. 

Isso, eles desaparecem do nada, somem, fogem, perdem a vontade, o encanto ou simplesmente desistem.

Tinha um amigo que achava que toda mulher que olhava pra ele, ele dizia, estava paquerando com ele, claro, nunca o vi com  nenhuma, mas ele insistia nisso, que elas, olham só, tinham interesse nele, repito, ele nunca ficou com nenhuma.

Até sei que um bloco chamado “Simpatia é quase amor”, mas nesse caso nem sempre, é preciso entender os sinais, sinais que nem sempre são sinais nem mensagens.


sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Nosso próprio tempo

O nosso tempo de cada um

Ronaldo Magella (jornalista) 18/08/2017

Um amigo demorou dez anos pra decidir casar e morar junto, outro só precisou de uma festa, um final de semana, uma conversa, e, no mês seguinte já estava sob o mesmo teto, em vida de casal.

Conheço gente que namorou a vida toda, casou e com uma semana pediu divórcio, não suportou conviver, está no mesmo lugar, dormir e acordar junto.

Qual o segredo? Nenhum, cada um tem seu tempo, cada um nós sabe de si, uns se apegam mais rápidos, outros demoram mais, uns resistem, outros desistem, não somos iguais, não poderíamos ser, não faz sentido, só não podemos esperar que todo mundo tenha a mesma reação.

Outro dia uma amiga, aquariana, super racional, me disse, sou romântica, e  ao questionar, ela me disse, meu romantismo é entre quatro paredes, não escrevo textão em redes sociais, sou mais intimista, preparo o café, o jantar, roço a perna, compro uma lembrança, me entrego a quem está comigo, simples e prático, ela me disse.

Cada um com seu tempo, no seu ritmo. Com o tempo me tornei mais lento, meio ariano, há até quem diga que não me importo, gosto, seja indiferente, perdi meu romantismo, não é bem assim gente, mas a verdade é que ando com o freio de mão puxado, na banguela, não sou mais um romântico sonhador desaviado da próxima curva, sei que uma curva pode ser falta.

Algum tempo atrás conheci uma menina, me encantei, conversa boa, boa companhia, parecia que iríamos seguir, até que um dia ela me disse que comigo, olha que ironia, acabou por descobrir que ainda gostava do ex, ficou confusa, mas criou um bloqueio pra mim, ela pediu um tempo pra pensar, decidir não continuar, sei como essas coisas são, mas era o tempo dela, ainda não estava livre, curada, completa para outra.


Somos assim, às vezes nos entregamos por inteiros, de cara, outras vezes precisamos de tempo, segurança, certeza, de tato, paciência, de outras demoramos uma vida pra entender que não é o que gostaríamos ou que não tinha mesmo que ser. 

sábado, 12 de agosto de 2017

Sorte e azar no amor

Será que existe azar no amor ou sofremos por nossas escolhas?

Ronaldo Magella 12/08/2017

Outro dia ouvi uma amiga reclamar, não tenho sorte no amor, só faço escolhas erradas, só encontro idiotas, gente sem perspectiva, desisto, isso não é mais pra mim.

Minha amiga não atentou para a própria fala, como ela mesma disse, “escolhas”, foram as escolhas delas, as suas decisões.

Quando a gente escolha alguém baseado em beleza, sexo, dinheiro, ou algum outro interesse, é provável que com o tempo isso se torne tedioso.

Ninguém será bonito a vida inteira, dinheiro não pode nos satisfazer sempre e quando ele acaba, acaba o seu real poder, e sexo às vezes é bom, outras vezes não, com o tempo se torna comum e chato.

Não existe sorte ou azar, existem pessoas que podem gostar de nós ou não, mas também é preciso dizer, o gostar nem sempre é eterno.

Existem pessoas interessantes, inteligentes, atenciosas, cuidadosas, prestativas, talvez isso possa os cativar, depende muito do nosso olho.

Hoje, penso, arrisco dizer, a nossa grande questão, e dificuldade, é encontrar alguém com quem a gente tenha prazer em conversar, dividir coisas, momentos, uma história, o resto se afina, se encaixa.

 O bom mesmo é sentir prazer na presença do outro, gostar de estar perto e sentir certa admiração por ela ou ele, quando a conversa é boa, o riso nasce, a alegria permanece, a companhia é agradável e se faz necessária, gostosa e leve.

Minha amiga, me parece, realiza suas escolhas por outros critérios, os quais não sei, mas supeito, e por isso acaba sempre quebrando cara, se ela me pedisse um conselho, lhe diria para mudar os seus padrões de escolha, sim, todos nós temos uma padrão, nos repetimos, como se andássemos em círculos.


Mas variar pode nos surpreender, mudar pode nos fazer sentir novas e outras emoções, sair da nossa zona de conforto pode nos trazer uma nova forma de viver e existir, mas é preciso tentar e ter coragem de mudar. 

segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Ixe

A solidão depois do prazer: gente sem conteúdo

Ronaldo Magella (jornalista, professor, escritor)  07/08/2017

Minha solidão é essa: gente sem conteúdo.

Foi o desabafo de uma amiga nesta segunda-feira. Gente pra transar, ficar, beber, sair, a gente encontra, o problema é o conteúdo, não dá pra viver, conviver, namorar, se apaixonar por alguém que não sabe mais do que meia dúzia de palavras, ela disse.

O problema, ela continua, é depois do prazer, o vazio que fica, a falta de diálogo, a risada gostosa, a brincadeira inocente, o afeto simples, o prazer de estar ali e poder sentir que é bom estar ali com aquela pessoa que acabou de viver a sua intimidade e se deixou também ser vivido.

Minha amiga sente o que há de mais comum no mundo moderno, a solidão acompanhada, estamos todos a todo mundo “acompanhados”, conectados, mas é raro sentir empatia, afinidade, cumplicidade.

Como diz o escritor Fabrício Carpinejar, de corpo estamos cheios, mas sofremos da ausência e da falta da cabeça e do coração das pessoas. Podemos até encontrar prazer e um pouco de alegria no corpo de alguém, sentir prazer, gozo, mas só nos sentiremos completos e plenos ao nos encontramos com o pensamento e o sentimento do outro, isso que chamamos de “a gente tem tudo a ver”.

Sei o que minha amiga sente, tédio.

 Há um momento em nossas vidas que a gente está cheio das pessoas, acha todo mundo chato, sem graça, todo mundo comum demais, igual demais, com as mesmas conversas, tudo mundo sem cor.

Procuramos alguém que nos arrebate e nos encante, e nada, sofremos, refletimos, mergulhamos no banzo, decidimos viver a solidão, ficar a sós.


A boa notícia é que, isso passa, a má notícia é que, sim, é raro, cada vez mais raro encontrar pessoas interessantes e encantadoras, gente que nos faça rir, gente que nos tire da nossa zona de conforto, que nos faça sentir admiração por ela e vontade, nos faça o coração bater mais forte, rápido, nos faça ter medo, nos faça querer viver. 

sábado, 5 de agosto de 2017

Dói

Precisamos de palavras, pois o silêncio é sempre dúvida, incerto, inseguro

Ronaldo Magella 05/08/2017 (jornalista, escritor, professor)

Quando falamos de afeto nada mais angustiante do que o silêncio do outro, nos relacionamentos o silêncio dói tanto quanto as palavras, estas podem nos marcar, mas aquele nos atormenta.

Não é para tanto que o nosso afeto crescer na palavra, é  o diálogo que nos confirma o sentimento, amadurece o gostar, intensifica a vontade, aumenta o desejo, é através do que é dito que a gente confirma a certeza do nosso querer, mas quando há silêncio, pairamos sobre dúvidas, dormimos sem a certeza de um novo amanhã, o silêncio é sempre um ontem, uma busca, a procura, o que não temos. 

Aprendi a respeitar o silêncio do outro, pra mim ele é sempre bem claro, deixa um recado no ar, quer dizer algo, não o que gostaríamos, mas é preciso entender, aceitar e seguir.

Não digo que o silêncio é bem vindo, nunca é, a gente precisa ouvir o outro, precisa ouvir do outro, como se nos alimentássemos da palavra do outro, para o bem ou para o mal.

Que ele diga que não nos ama, que nos quer ou não, que está ocupado, cansado, que diga qualquer coisa, mas que não se cale, não silencie, não nos deixe na dúvida, sempre cruel e má.

Sempre precisamos seguir em frente com uma palavra pra carregar, seja de conforto, seja de dor, é preferível carregar o peso da fala do outro do que viver prisioneiro do seu silêncio, e silêncio é sempre dúvida, incerteza, insegurança, vazio.

Nas palavras a gente pisa, como alguém que reler mil vezes o mesmo bilhete de amor, no silêncio a gente escorrega e nunca sabe pra qual lado cair, pra qual caminho seguir, palavras são fortes, nos suporta, o silêncio do outro é sempre frágil, não há como se segurar, nos que se agarrar.



domingo, 30 de julho de 2017

Elas

Mulher fica com quem quer, homem com quem pode

Ronaldo Magella (jornalista, escritor)  30/07/2017

Acho engraçado quando um amigo me diz, cara, ontem “peguei uma gata”, ele, inocente, acha que tem algum poder, ou que é ele quem decide algo, principalmente quem “pegar”, com quem ficar.

Outro diz ouvi de uma mulher uma das frases mais importantes da minha vida, ela me disse, Ronaldo, mulher fica com quem quer, vocês, homens, com quem podem.

E com quem podemos? Perguntei, ela respondeu, com quem a gente deixar, quiser. É simples. Riu na minha cara.

Ela queria me dizer que, a palavra final, o sim, o desfecho é sempre da mulher, é e será sempre ela quem irá definir os nossos destinos, os rumos da nossa vida.

Isso me fez lembra uma frase que li num livro, a qual dizia, homem sempre é fácil, todo homem é galinha, não sabe dizer não. Mulher não é fácil nem difícil, depende do homem e da ocasião, mas no final o poder de decisão será sempre dela.

Quando penso nisso, penso que a vontade será sempre da mulher, é dela o poder sobre a vida de nós pobres mortais homens. São elas que dizem quando, onde e como, por mais apaixonada por um homem, a palavra final será sempre dela, ela quem irá decidir se entregar ou não, dar ou não, ficar ou não.

Não danço, se ela não quiser, não beijo, se ela não deixar, não namoro, se ela não aceitar, parece isso algo muito simples, por mais que se diga que o universo, o mundo, a terra, o sistema seja machista, não acredito nisso totalmente.

Penso que nós, homens, somos sutilmente submetidos ao julgo feminino e não percebemos isso, não nos damos conta que muitas das nossas decisões, das coisas que fazemos, da vida que vivemos, sempre há uma influência feminina a nossa vida é fortemente influenciada pelo desejo e pela vontade das mulheres.



segunda-feira, 10 de julho de 2017

Nossa era

A idiotização nossa de todos os dias

Ronaldo Magella (jornalista) 10/07/2017

Hoje o Facebook me lembrou que estou fazendo três anos de amizade com alguém que nunca falei na vida, e claro, a minha primeira reação era compartilhar a informação, com dizeres carinhosos e afetivos, do tipo, “gente que a gente respeita”, ou, “parceria forte”, e, “tamo junto migo”, mas foi só uma reação, não concretizei a ideia, me senti um pouco e meio idiota, tenho essas coisas.

Depois me apareceu um aplicativo, desses de testes, que iria me relevar com qual ator, estrela, pessoa, cantor famoso me pareço, novamente me bateu um ímpeto de curiosidade, nossa, será que me pareço mesmo com alguém famoso? Seria até legal, né? Mas logo desisti da ideia de querer saber, enfim, deixa pra lá, de que me serve mesmo isso, né?

Sempre bate aquela vontade de fazer testes, usar aplicativos que mudam a foto, besteirinhas do nosso cotidiano via redes sociais que vão deixando a nossa vida mais, digamos, entretida, ocupada, divertida e inútil, mas que todo mundo usa uma vez ou outra na vida, qual o livro da sua vida, com qual super-herói você se aparece, nossa, o melhor dos mundos, né?

Em nos prender o Facebook é genial, nos recorda lembranças do passado, nos lembra do aniversário dos amigos, seleciona quais informações devem subir em nossa linha do tempo, time line, claro, baseado em nossas preferências, uma forma de, o cliente tem sempre razão, e somos clientes, as redes sociais vendem o nosso tempo, tempo que doamos de grátis, em vão, e assim vamos consumindo a nossa, a nossa existência.

Agora, mais do que antes e mais do que nunca, sei da vida de todos, conhecidos, desconhecidos, gente que me interessa e gente que pouco me importa, estamos todos juntos e misturados, o que antes era uma forma de aproximação com amigos distantes, familiares, se tornou a nossa coluna social, somos todos famosos e nos tornamos pequenas celebridades em busca de curtidas e comentários positivos.

Nos mostramos, mostramos, vivemos e passamos horas, dias, estamos lá, nas redes, pulando de uma para outra, curtindo, comentando, postando, visualizando, é o que temos, né? Que podemos fazer?  Porém percebo que estamos nos tornando idiotas, aliás, estamos nos tornando uma massa de idiotas online.


Nelson Rodrigues dizia que os idiotas iriam dominar a Terra, não pela capacidade, mas pela quantidade. É só conferir as redes sociais, os assuntos mais comentados do Twitter, os vídeos de maior audiência no Youtube, pra perceber que o brasileiro pouco se importa com a crise política, é indiferente ao país, não se interessa pelo futuro, não pensa de forma coletiva, apenas de forma individual, somos o país da piada, da comédia, gostamos de coisas engraçadas, não de coisas sérias, não discutimos o essencial, rimos do trivial, fazemos graça da nossa miséria, tripudiamos da nossa desgraça, gargalhamos para tudo isto que está aí.....

terça-feira, 4 de julho de 2017

Não entende

Homem tem dificuldade de entender e aceitar o fim da relação

Ronaldo Magella 04/07/2017

Um amigo anda aos prantos, a namorada saiu de casa e disse que não volta mais.

E como todo homem ele tem dificuldade de entender e aceitar o fim da relação.

Ele está arrasado, ele não consegue entender, pra ele não houve motivos para a separação, não houve traição, mentira, violência, briga ou discussão, nada, não houve nada, ela apenas quis ir embora pra não voltar e ele não entende.

Meu amigo não entende que uma relação acaba, muitas vezes, quando o desejo termina, quando a paixão morre, quando o amor se encerra, quando o tédio cresce, quando a vontade deixa de existir.

Como homem ele precisa de provas fortes, de motivos reais, de uma lógica mais concreta, de uma razão que justifique a separação, mas nem sempre elas existem ou estão presentes de forma explícita.

Agora ele pede uma segunda chance, mas ele não entende que muitas vezes se ganha na relação inúmeras outras chances de continuação e nem sempre elas são claras, são ditas, são pronunciadas e estão ali na cara estampadas, o homem é que não tem sensibilidade pra entender e perceber. 

Erra-se muito numa relação, e o outro ou a outra em silêncio, muitas vezes suporta tudo calado, calada, mas chega um dia, uma hora que a panela explode, que não é mais possível segurar a barra, se conter, então, é fim.

Meu amigo ainda chora, tem esperança, perturba amigos, amigas, em vão, o melhor seria seguir, vida que segue, ele precisa entender que errou, que fracassou, agora é melhorar e partir pra outra, ela pode até gostar dele, mas gostar só não basta, resolve, uma relação precisa de mais, de muito mais.


quinta-feira, 29 de junho de 2017

4 fases

Um breve histórico do forró moderno

Ronaldo Magella 29/06/2017

Faço aqui nesse texto um breve histórico do forró, dos anos de 1990 pra cá, quando o forró tradicional perdeu espaço para o forró, chamado, digamos, moderno, eletrônico.

No inicio dos anos de 1990 explodiu o chamado forró eletrônico, com guitarras, em predominância, mas com letras ainda voltadas para temas nordestinos, é dessa época que surgem bandas como Mastruz Com Leite, Mel Com Terra, Cavalo de Pau, Rita de Cássia, Redondo e Banda Som do Norte, Capital do Sol, Brucelose, Caviar Com Rapadura, Banda Líbanos, Forró Saborear, e tantas outras na época, que invadiram o cenário nordestino, com sua gênese no Ceará.

É nesse contexto que nasce a Oxe Music, como foi chamado o movimento, com uma forte cadeia de rádios para propagar o novo estilo e consolidar bandas, nomes. Esse forró tinha como linha temas urbanos, e, mais eletrônico do que o forró tradicional, sem o zabumba e o triângulo, o novo forró era feito pra jovens urbanos das capitais do Nordeste.

Se antes o forró vinha do interior pra capital, agora o percurso muda, ele nasce na capital, com uma nova roupagem e vai pra o interior, tomar conta das festas juninas.

Continua o estilo, muda o tema, começa a era do forró romântico, aqui nascem bandas como Limão Com Mel, Magníficos, Calcinha Preta, Moleca Sem Vergonha, Brasas do Forró, Collo de Menina, é um forró mais lento, com letras doces e gemidos nas canções, e também grandes shows no palco, com dançarinos, coreografias, como eram os shows da Banda Magnífico, da Banda Limão Com Mel.

Na terceira fase do forró, a pancada é maior, nada de guitarras, nada de amor romântico, nasce a era dos palavrões, da putaria, do final de semana, dos paredões, do whisky, das novinhas, com forte predominância para o som da bateria em detrimentos de outros instrumentos, e das percussões, quase o fim, da safona, agora é a vez das bandas Aviões do Forró, Garota Safada, Solteirões do Forró, Saia Rodada.

Esse estilo é pra jovens com seus paradões de som potente, suas letras falam de aproveitar o final de semana, curtir a pegação, beber até cair, com diz uma letras, “beber, cair e levantar”. Nessa fase o ritmo da música é mais veloz, agitado, feita pra ser dançada sozinha, como se se estivesse numa boate, numa rave. 

Agora, na atualidade, nesta fase do forró atual, como aconteceu com a Axé Music, parece que a era das bandas está passando e começando a era dos cantores, Wesley Safadão, Gabriel Diniz, Márcia Felipe, Mano Walter, entre outros que estão seguindo carreira solo, como aconteceu na Bahia, quando as bandas perderam espaço e o individualismo surgiu como protagonista para os cantores das bandas que já faziam sucesso.

segunda-feira, 22 de maio de 2017

Sem tédio

Gente normal não se apaixona

Ronaldo Magella 22/05/2017

A paixão não se mede pelo bom senso
Todo apaixonado é insano
Você não está apaixonado se não fizer loucuras
Todo apaixonado é inconsequente
Se não faz surpresa, não está apaixonado
Se não é chamado de louco, não está apaixonado
O amor faz o pode e deve
A paixão desconhece as regras, não se importa com a lógica
Se você espera pela hora certa, não está apaixonado
Se você se comporta, não está apaixonado
Todo apaixonado é um transgressor
Pula muros, foge de noite, viaja dias, busca emoção
O estado da paixão é de sonho, de ilusão, de aventura
O ritmo é intenso, veloz, frenético
Só um apaixonado é capaz de surpreender
De aparecer do nada, de fazer o inusitado
De beijar na chuva, de rolar no chão, de cair no ar
A paixão é o estado de anormalidade
Gente normal não se apaixona
A paixão não tem vergonha, tem emoção
Não tem medo, tem desejo
Nenhum apaixonado é tímido

A vontade desperta, permite, incentiva

terça-feira, 25 de abril de 2017

Em sintonia

Alguém de quem a gente goste e que nos faça bem
Ronaldo Magella 25/04/2017

Por que não poderia ser diferente? Um dia bem no meio da relação a gente se faz essa pergunta.

Olha pra si e vê que algo não está bem, olha pra o lado e sente vontade de mudar, olha pra relação e sente um cansaço das coisas como são, estão.

Acredito que a gente fica com as pessoas por dois motivos, primeiro, a gente gosta, e depois, a pessoa de quem a gente gosta nos faz bem, mas nem sempre a equação bate.

Gostar só não basta, a gente gosta, mas a pessoa não nos faz bem, nos faz sentir insegurança, ciúmes, nos faz raiva e não se comporta de forma carinhosa com a gente, é, gostar é pouco.

Outras vezes a gente não gosta, não consegue gostar, a pessoa nos dá atenção, é carinhoso, super interessado, mas, não rola, a gente não consegue gostar, não adianta, a química não rola, não acontece.

E quando esses dois fatores não estão em sintonia, a gente começa a olhar de lado para outras alternativas.

Uma amiga me conta, gosto do meu namorado, ele não é bonito, mas eu gosto dele, mas a gente é meio estranho, ele é orgulhoso, eu também sou, se ele não fala, eu não falo, na rua muitas vezes parecemos dois estranhos, ele não me deu presente no meu aniversário, ele não é romântico, ele muitas vezes sai com os amigos e me deixa sozinha, não me importo.

Ela diz que não se importa, mas começa a perceber, interiormente, que isso que não faz bem pra ela, ninguém consegue viver sem atenção, sem carinho, sem amor, sem afeto, se a gente gosta de alguém, quer a companhia dela, isso parece simples.

Mas ela deixou escapar, está encantada pelo olhar de outra pessoa, ela diz que isso não é traição, está apenas curiosa.

Minha amiga não percebeu, mas já mostra cansaço da sua relação, ela percebe que falta algo e há um vazio, vácuo que o sentimento de gostar não está preenchendo, ela também precisa se sentir bem, feliz, ela quer história, romance, vida, música, companhia, prazer.

Não sei se ela terá coragem de mudar, se irá esperar mudanças, se terá força para conversar e tentar mudar as coisas, se é que já não tentou, o que é sei é que, cedo ou tarde, a gente não suporta a falta de empatia entre o que a gente sente e sonha, é preciso que sentimento e sonho andem juntos, ou seja, alguém que a gente gosta e que nos faça bem

terça-feira, 18 de abril de 2017

Segredos

Alguém tem um amor secreto por mim

Ronaldo Magella 18/04/2017

Alguém me liga, já é a terceira vez este ano, parece me admirar, reclama que não tenho escrito minhas crônicas, me ler, interessante.

Ela diz gostar de mim, mas não me diz quem é, seu nome, acho isso tão anos 80, aquela coisa de gostar de alguém, esconder, manter sem segredo, é muito fofo e meigo, adoro.

Quanto suspense. Mistério.

Não tenho mais idade para amores secretos, minto, também admiro e gosto de muita gente, uma admiração e um gostar sem serventia, é sentimento indiferente, explico.

Quando falo indiferente digo que não me importo com a pessoa por quem nutro alguma simpatia, não tenho interesse, apenas acho legal o jeito dela, ao contrário da minha amiga que me liga, conversa, mas não se revela, ela parece, só parece, gostar de mim, pelo menos é o que ela me diz.

O pior é que, não vejo ninguém próximo a mim com tais intenções, insinuando-se, me olhando, vasculho minhas redes sociais e não encontro ninguém que venha a nutrir algum sentimento por mim, nem sei mesmo se essa moça existe, penso ser isso um trote, mas as ligações são reais, a pessoa do outro lado, tem voz, é uma mulher.

Se for verdade, se existir, for real, minha amiga secreta tem o dom da paciência, admiro isso nas mulheres, ela sabem gostar em silêncio, sabem esperar, guardar o sentimento, talvez até morrer, fascinantes.

Mas sabe, talvez se ela fosse mais direta, bem, já escrevi sobre isso antes, ela deve ter lido, não vou me repetir.

Olha, você reclamou, escrevi. Parabéns, você me inspirou.


sábado, 1 de abril de 2017

Tempos atuais

Sexo não é intimidade

Ronaldo Magella 01/04/2017

Às vezes me pergunto o que realmente queremos das nossas relações, qual o sentido hoje de estar com alguém, se nenhum de nós tem segurança alguma de nada, nem confiança, nem certeza.

Tenho ouvido muitos depoimentos de mulheres que foram traídas, uma me contou que o marido a traiu com a babá, outra me fala que foi trocada por uma conhecida, outra me diz que o seu companheiro a deixou por uma adolescentes, seguem os depoimentos.

Hoje dia primeiro de abril, Dia da Mentira, poderia dizer que a maioria das nossas relações sofre da falta de intimidade, cumplicidade e afeto.

A gente costuma entender e aceitar que o sexo é o coroamento da relação, mas é um erro, um engano, sexo nunca foi intimidade, conhecer o corpo de alguém não nos torna íntimos delas, pelo contrário, pode muitas vezes nos tornar distantes.

Intimidade é baseada em confiança, em segurança, em afeto e cumplicidade, se temos isso, já temos uma estrutura interessante para nos prender no laço afetivo.

Saber do outro, está na vida dele, ou dela, participar, dividir a relação, o que é raro, pois muitas pessoas têm alguém, uma pessoa, uma espécie de rótulo, namorado, esposo, marido, mas não tem um companheiro, um amigo, alguém do lado, a isso chamaria de falta de cumplicidade. 

Gente que divide os corpos, o prazer, o mesmo teto, mora na mesma coisa, pagam contas juntos, mas não dividem os sentimentos, um não sabe do outro ou não se importa, a isso chamaria de falta de intimidade.

Uma relação sem afeto, gente que deixou de namorar desde o primeiro ano de relação, não se beijam mais, não se abraçam, não se tocam, não fazem planos, não vivem mais uma vida, estão apenas seguindo por motivos os variados, a isso chamaria de falta de afeto.


Já não basta dividir corpos, precisamos untar almas para somar corações e unir mentes, ligar sentimentos para fortalecer vidas, viver emoções para criar vínculos, ter vínculos para continuar unidos, ligados, somando, sentindo. 

terça-feira, 28 de março de 2017

Até acabar

Não tenho pretensão de amar pra sempre

Ronaldo Magella 28/03/2017

Não quero amar pra sempre
O amor não vive das eternidades
O amor está nos detalhes
O amor não é imenso
Nem grande,
O amor está nas menores coisas
E a ela nos apegamos.
Não tenho a pretensão de amar pra sempre
Talvez até amanhã ou semana que vem
E quando acabar, quero voltar a amar
Amor tem prazo, tem validade
Mas se renova, retorna
E até deseje ficar.
Não quero amar até o mundo acabar
Quero acabar o mundo de tanto amar
E isso talvez baste
O amor não é uma prisão
Mas a gente prende ao beijo
Se prende no abraço
Se apreende ao outro
Se apega no esforço
Não se deixa morrer se for disposto
Se distraídos, se tropeçamos e não voltamos
Não quero ser cego de amor
Quero depois do amor cegar
E para ninguém mais olhar
Não quero amar como se não houvesse amanhã
Quero amar sabendo que amanhã ainda hei de gostar

E por gosta deseje sempre ficar. 

segunda-feira, 27 de março de 2017

Mulheres

Um homem precisa de amigas mulheres

Ronaldo Magella 27/03/2017

Um homem, principalmente os solteiros, precisa ter amigas mulheres, é essencial.

O universo masculino é muito pobre, sexo, futebol, cerveja, carro, dinheiro, trabalho, só, a maioria dos homens passa a vida inteira apenas falando sobre esses assuntos, basta observa um grupo de homens numa segunda-feira pela manhã, o assunto não pode ser outro, futebol.

Particularmente penso que a gente, homens, precisa prestar mais atenção ao universo feminino, conversar mais com elas, ser mais próximo, manter o diálogo aberto, ouvir mais o que elas têm a nos dizer. E olha, como elas têm a nos dizer.

Gosto de mulheres, e confesso, acho o universo feminino fascinante, adoro ver com elas se vestem, como se pintam, sobre o que conversam, do que gostam de falar, gosto de ouvir suas histórias, seus medos e sua insegurança, adoro como andam, mexe o cabelo, como escolhe o guarda roupa, pintam as unhas, como gostam de ser admiradas e elogiadas.

Acho que toda mulher gosta de ser observada, receber atenção, ser desejada e elogiada, não de forma vulgar, mas de uma forma que a encante e seduza. 

As mulheres nos consertam, são elas que nos dizem a onde estamos errando, falhando, nos apontam os desequilíbrios, nos tornam melhores, mais humanos, nada mais humano e doce do que um homem apaixonado por uma mulher.

São elas que tornam os nossos dias melhores, mais alegres, meigos, cheios de ternura, claro, falo de mulheres suaves, mas também gosto de mulheres fortes, decididas, corajosas, donas de si, com certo ar de revolta contra o mundo e humanidade.

Gosto do cabelo delas, da boca, de um certo jeito de olhar, mexer com as mãos, de viver uma vida cheia de intensidades e limitações, gosto como elas sabem ser sensuais, maduras e ao mesmo tempo infantis, delicadas, às vezes ásperas, mas sempre graciosas, sempre mulheres.


sábado, 25 de março de 2017

Carente

Gente carente dá medo

Ronaldo Magella 25/03/2017

Foi uma amiga quem me disse, tenho medo de gente carente, não dar pra conviver com gente assim, cobra demais, pede mais, quer te controlar, dramatiza demais a relação, corro léguas, ela me disse, quando vejo um carente.

Acredito que a maioria das pessoas é carente, melhor, todo mundo é carente, mas uns sabem controlar melhor os sentimentos, são reservados, sofrem em silêncio, já outros são mais sufocantes, esparramados, mas no fundo todo mundo quer carinho, afeto e atenção.

O problema do carente sentimental é que ele não olha pra si, não se ocupa de si, ele busca no outra a sua felicidade, torna o outro o centro das suas atenções, se apega demais, quer controlar, vigiar, chegando muitas vezes a aborrecer com a sua insistência.

O carente é um angustiado, inseguro, tem medo, fala sem pensar, se repete, sofre de bipolaridade, tem ataques numa hora, na outra volta ao normal, acha que não foi nada e quer que a pessoa o entenda como a coisa mais simples e normal do mundo.

Ele se sente vítima, acha que todo mundo precisa entendê-lo, faz bico, fica mudo, no fundo quer só atrair a atenção do outro, mas isso cansa, nem todo mundo tem paciência para tais alterações de humor, gente assim sofre e faz o outro sofrer.

O carente aborrece, se antecipa, sofre antes, imagina de mil coisas, faz mil perguntas, põe muitas vezes a relação abaixo por conta da sua neurose, se você não responde ele diz que você mudou, que você não é mais o mesmo, ele não consegue entender a vida do outro, pois ele quer ser o centro das atenções, acha que tudo deve girar ao redor dele, no fundo ele é um egoísta.

O carente torna a vida um saco, um tédio, não quer sair com seus amigos, quer isolar você do mundo, não sabe conviver com todo mundo, não é aberto, é sempre fechado, resmunga demais, reclama demais.

Minha amiga tem razão, é melhor não passar nem perto, da próxima vez que você encontrar um carente, dê um abraço bem forte e deseja boa sorte e saia corrente.


sexta-feira, 24 de março de 2017

Cansado

Quando o amor cansa
Ronaldo Magella 24/03/2017

Chega um momento que sentir cansa, não é que amar canse, são os seus recomeços, a convivência, os jogos, a insegurança, o medo, o ciúme, o tédio, a rotina, ou muitas vezes o início.

Depois de muitas relações, de muitos encontros e desencontros, você se sente cansado e desestimulado para algumas vivências, passar novamente e outras vezes por todo aquele processo de conhecimento de outra pessoa, nem sempre é tão gostoso e intenso.

Muitas vezes é uma experiência encantadora, te motiva, estimula, outras vezes é mais do mesmo e te deixa enfadado com as mesmas conversas, perguntas, com as mesmas cobranças, com as novas velhas atitudes, táticas e rodeios.

Pior é quando você percebe e começa a achar tudo mundo igual, não consegue mais encontrar ninguém interessante ao seu redor, perto de você, e se conforma com a sua solidão, povoada de filmes, séries, redes sociais e amigos.

Cedo ou tarde a gente passa por essa fase, a vida de solteiro tem a sua liberdade, suas vantagens, e desvantagens, aqui, solidão é uma delas, e uma das vantagens é ser livre, mas a liberdade também cansa, como tudo mais.


Mas entediado de ser livre, você procura alguém, percebe que não se encanta com ninguém, cansa da procurar, desiste, mas somos povoados de sonhos e esperanças, a gente continua, sempre esperando que a vida te surpreenda e algo bom te aconteça, até você cansar outra vez. 

quarta-feira, 22 de março de 2017

Força sempre

Pena não desperta amor

Ronaldo Magella 22/03/2017

Pousar de vítima pode até te fazer se sentir melhor, mas não resolverá seus problemas, nem te levará a alguma algum.

Ainda hoje recebi uma ligação, uma mulher me ligou, pela segunda vez, não quis se identificar, apenas me disse estar com saudade de mim, pedi pra ela me dizer quem ela poderia ser, ela preferiu não falar, apenas disse que eu jamais ficaria com ela.

Não entendo o que faz me ligar para dizer que não há chances entre nós, se ela já sabe disso, pra que o jogo, a insistência, a tentativa, não seria melhor deixar pra lá?

Na verdade ela não sabe o que pode acontecer, mas quer se passar por vítima, uma tentativa inútil de me conquistar, claro que, pelo caminho errado, quando poderia mostrar maturidade e se arriscar, pra ganhar ou perder.

Dizer que o mundo não te entende, não te aceita ou te compreende, pode até aliviar um pouco as suas responsabilidades, mas a grande verdade é que, ninguém está nem aí pra você, o mundo não se importa com seus problemas.

Se você é feio, fique bonito, se não tem grana, arrume, dê um jeito, se mora longe, venha pra perto, as pessoas querem soluções, não problemas, querem prazer, alegria, rir, não dores e lágrimas, não querem lamentações.

Já tive meu lado pisciano rasgado, hoje me acho ponderado, de me achar a maior vítima do universo, coitado de mim.

E por essas e outras perdi um grande amor por pensar e achar que ela iria ter pena de mim, ela perdeu apenas a paciência e me mandou embora, simples assim, dali em diante entendi que as pessoas querem segurança, confiança e estabilidade, apenas isso, mesmo na pior das situações, nada de dúvidas, receios ou fraquezas, culpas e vitimização, força sempre.

Tive uma ex-namorada, já acostumada com meus processos, que ria-se de mim, quando começava a me lamentar ela gargalhava e dizia, tenho pena de você, coitado, vem pra cá, deixa eu te dar um cheiro, aquilo me deixava possesso de raiva, chateado, mas vi que ela tinha razão, eu não precisava me culpar, nem ela queria saber daquilo, muito menos servia pra alguma coisa, como não levaria a lugar algum.

Minha amiga, se você me ler, ler o meu blog, meus textos, da próxima vez que me ligar, seja clara, direta e objetiva, ninguém manda no coração de ninguém, coração é terra que nunca controla, nem você, nem eu podemos saber o que pode acontecer, sentimentos nascem, morrem, crescem, mudam.

Não se lastime, nem aponte seus defeitos, é mais fácil falar das suas qualidades, do que você sente por mim, o que deseja, talvez, quem sabe, a gente possa viver uma história, mas não comece pelo fim, comece pelo começo.