O nosso tempo de cada um
Ronaldo Magella (jornalista) 18/08/2017
Um amigo demorou dez
anos pra decidir casar e morar junto, outro só precisou de uma festa, um final
de semana, uma conversa, e, no mês seguinte já estava sob o mesmo teto, em vida
de casal.
Conheço gente que
namorou a vida toda, casou e com uma semana pediu divórcio, não suportou
conviver, está no mesmo lugar, dormir e acordar junto.
Qual o segredo?
Nenhum, cada um tem seu tempo, cada um nós sabe de si, uns se apegam mais
rápidos, outros demoram mais, uns resistem, outros desistem, não somos iguais,
não poderíamos ser, não faz sentido, só não podemos esperar que todo mundo
tenha a mesma reação.
Outro dia uma amiga,
aquariana, super racional, me disse, sou romântica, e ao questionar, ela me disse, meu romantismo é
entre quatro paredes, não escrevo textão em redes sociais, sou mais intimista,
preparo o café, o jantar, roço a perna, compro uma lembrança, me entrego a quem
está comigo, simples e prático, ela me disse.
Cada um com seu
tempo, no seu ritmo. Com o tempo me tornei mais lento, meio ariano, há até quem
diga que não me importo, gosto, seja indiferente, perdi meu romantismo, não é
bem assim gente, mas a verdade é que ando com o freio de mão puxado, na
banguela, não sou mais um romântico sonhador desaviado da próxima curva, sei
que uma curva pode ser falta.
Algum tempo atrás
conheci uma menina, me encantei, conversa boa, boa companhia, parecia que
iríamos seguir, até que um dia ela me disse que comigo, olha que ironia, acabou
por descobrir que ainda gostava do ex, ficou confusa, mas criou um bloqueio pra
mim, ela pediu um tempo pra pensar, decidir não continuar, sei como essas
coisas são, mas era o tempo dela, ainda não estava livre, curada, completa para
outra.
Somos assim, às
vezes nos entregamos por inteiros, de cara, outras vezes precisamos de tempo,
segurança, certeza, de tato, paciência, de outras demoramos uma vida pra
entender que não é o que gostaríamos ou que não tinha mesmo que ser.