quinta-feira, 28 de abril de 2016

Amores de ontem, de hoje e de sempre

Amores de ontem, de hoje e de sempre

Ronaldo Magella 28/04/2016


Nem sempre amar é claro. A gente ama e isso talvez baste. Ou não. Sentimentos fortes, intensos, trancados. Guardados. Silenciosos.  Nem tudo a gente conta, revela, deixa vir a luz, deixa transbordar. Algo que ninguém percebe, acha, encontra, mas que acontece dentro de nós,  nem mesmo quem a gente gosta vê o que a gente sente. Bom, ou ruim.  A gente se apaixona, gosta da pessoa, quer tá perto, olha as fotos, curte os momentos, sorrir com a vida dela, ela nem sabe, desconfia, pressente o que a gente está a sentir, sentiu ou sente. Nem todo amor é transparente, nem todo gostar é livre, nem todo sentimento é expresso, nem tudo que a gente vive precisa mostrar, dizer, nem tudo que sentimentos falamos, mas demonstramos, pelo olhar. Se te olho, e se te olho com carinho, é gostar, é amor. Meu olhar vê em você coisas que meu coração sonha, coisas que a minha alma deseja, que o meu corpo reclama, mas isso guardo em mim. Alguns amores, algumas paixões, alguns sentimentos são como sonhos, acontecem, a gente nem sabe ou pode descrever o início, quando tudo aconteceu, quando se percebe já estamos no meio de tudo, chegando ao fim, acordando. Amar é algo estranho que nos acompanha, um sentimento bom, mas com uma pontinha de tristeza, pois todo amor gosta de amar e ser amado, gosta de ter e ser tido, gosta de pegar e ser pegado, gosta de ir e receber de volta e nem sempre isso é possível. Se te guardo o que sinto, vivo, é por saber que tu não sentes o mesmo, fecho-me, deixo-me aqui, sozinho, sentindo, até um dia tudo passar, até um dia tudo acaba, até um dia tudo morrer, mas os amores são eternos, vivem em nós, minto, se disser, ao dizer que já não sinto nada, que tudo acabou, minto, se disser que não te espero, a verdade, a única, é que alimento uma coisinha pequena, minúscula, pouca, chamada esperança, esperança de que um dia você possa também despertar algo por mim, como um dia algo em mim de você nasceu.

quarta-feira, 27 de abril de 2016

Coração tem porta e chave

Coração tem porta e chave

Ronaldo Magella 27/04 /2016

Aprendi a fechar as portas
Trancar as janelas 
Vendar as brechas
Prender o ar
E deixar de sentir.
Coração tem porta e chave
Só entra quem se deixar
Só fica quem a gente quiser
Quem entra, pode sair
A distância faz esquecer
O tempo diminui o sentir
Em coração se manda
Sentimento se domina, se controla
Se põe cabresto, rédea, laço
“A dor é inevitável,
Mas o sofrimento é opcional”.
Sofre quem assim deseja
Vive quem prefere viver
Ausência, saudade se cura com presença
Agora de outra pessoa, com outra pessoa
Na outra pessoa.






 [D1]

terça-feira, 26 de abril de 2016

Quanto teus silêncios falam

Quanto teus silêncios falam

Ronaldo Magella 26/04/2016

Perguntei se ela me amava, ela sorriu e disse, “eu gosto de você também”, me abraçou, parecia a melhor resposta do mundo, não foi, não era.

Algum tempo a mais, ela saiu da minha vida, não havia razões ou motivos, ela apenas não queria mais, foi o que ela me disse.

E foi embora pra nunca mais voltar.

Demorei muito tempo pra entender e aceitar aquela decisão. Como tem que ser.

Não cabia dentro de mim de dúvidas e inquietações, o tempo pode até curar as feridas, mas deixa marcas que a gente carrega pra o resto da vida e vez por outra nos lembramos do passado e das coisas que carregamos dentro de nós.

Elas afloram. Fazem-se presente. Saltam de dentro pra fora. Fervem. Pululam. Vibram. Afloram.

Depois de muito tempo, de martelar dentro de mim aquela frase, “eu gosto de você também”, foi que percebi e entendi o silêncio daquele momento.

Era mais o que ela não havia dito, mais, muito mais, do que aquilo que havia sido falado.

Havia um silêncio no ar, que ela transpirava.

Mas não tinha como entender, envolvido, envolto e preso aos meus próprios sentimentos do momento.

O que me fosse dado me seria de bom grado, dava mais do que tinha pra receber, e aquilo me era tudo. Mas não era.

Gostar por gostar, de gostar. Nunca é o bastante.

Gostar só não basta. Aprendi isso.

Isso ela me ensinou.

Depois, distante, lançando um olhar pra o passado e pra o tempo, sobre mim, sobre nós, sobre tudo, me refiz, voltei, caminhei outra vez, fiz a mesma me trilha e encontrei as respostas para os entendimentos necessários das dúvidas pungentes.

Há silêncios que precisam ser ouvidos.

Voisas que calamos que falam mais alto

Há coisas no escuro que são claras, e nem tudo que é visto corresponde a realidade.

Hoje aprendi a procurar pelo que não tenho

Ouço mais o que não é dito

Presto atenção ao que não vejo

É o que falta que precisa estar presente

É o silêncio que precisa ser ouvido


segunda-feira, 25 de abril de 2016

Melhoro sempre no final

Melhoro sempre no final

Ronaldo Magella 25/04/2016

Meu começo é sempre sem graça, confundo as palavras, tropeço no momento

Quem me tem paciência me terá melhor, meu início é um desastre

Nunca sei começar, sou atrapalhado, digo o que não deveria, faço o que não poderia

Faço piadas sem humor e humor sem graça, canto desafinado e desafino o canto

Mas tenho solução, o tempo é o remédio, a paciência a dose, a recompensa vem ao final

De quem lá me chega.

Sempre melhoro no final, não é que escondo o melhor pra o fim, é que sou gente e gente melhora com o tempo

Gente amadurece, gente cresce, gente aprende, gente é sempre bom no final, é mais gostoso, mais doce, terno, singelo, melhor ao fim

Quem se acostuma comigo aprende a gostar, quem aprende a gostar deseja ficar, quem fica foi por que aprendeu a amar.

Meu começo é sempre ruim, chato, sou um idiota no início, um lugar comum no meio, uma surpresa no fim

 Daqueles livros que o autor pede pra deixar logo na primeira página

 Mas se você conseguir ir adiante, passar pelo meio e chegar ao fim, terá uma linda história.

Se me lagar no início, não me conhece

Se me deixa no meio, não encontrou os motivos

Se chegou ao fim, tem suas razões.

Quem chega ao fim suportou meus abusos, entendeu minhas crises, superou meus tormentos, venceu meus dias ruins, deixou minhas dívidas, perdeu o medo.


Melhoro sempre no final, mas ninguém ainda entendeu isso. 

quarta-feira, 20 de abril de 2016

Mulher bonita não é bela, nem recatada, nem do lar

Mulher bonita não é bela, nem recatada, nem do lar
Ronaldo Magella 20/04/2016

A beleza pra mim consiste na luta, no labor, no assanhamento, nos sonhos e desejos, na vontade de mudar, de ser diferente, mulher bonita, que me perdoe o poeta Vinícius de Moraes, não é quem se pinta, mas quem se borra, quem se joga, quem se deixa e quem se descobre para então cobrir o que restou de si para descobrir-se outra vez.

Cada vez mais penso que a beleza das pessoas está nas suas atitudes, na sua força, em sua inteligência, na sua coragem de lutar e gritar por melhores dias, por uma vida melhor, por uma mundo melhor, feio é quem só dispõe de estética, de corpo e forma para se apresentar, para se mostrar, para brilhar.

Mulher bonita não é recatada, é assanhada, é buliçosa, é crítica, é mordaz, é contra, é de briga, de campo e de luta, não se arredia, não se encobre, se desnuda, se despenteia e se desorganiza para se organizar.

O preconceito machista de ainda desejar uma mulher bonita, recatada e do lar, prova e mostra a crise masculina do século XXI, os homens não sabem ainda como conviver com a igualdade feminina, com o não da mulher, com a negação, com a não aceitação, com a liberdade, conquistada todos os dias palma a palmo, metro e metro.

Deus me livre de ter uma mulher de lar, que me perdoe Chico Buarque, mas não quero uma mulher que faça todo dia tudo igual, que me espere pra o jantar e que me diga essas coisas que diz toda mulher, nem que ela me pegue e me espere no portão, mas desejo que ela me ame com a boca cheia de paixão, que me jure eterno amor, que não me sorria um sorriso pontual, mas tenha ares de liberdade e insinuações.


Que haja beleza em suas palavras, não apenas no seu corpo, que o recato seja o bravio da luta, não o do lar, que o seu lar seja os sonhos e as suas vontades, que lá faça morada, que não deixa de lutar e viver, para ficar feia, pois feio, feia, é que renúncia a vida, as paixões, a liberdade, a si mesmo, mesma. 

terça-feira, 19 de abril de 2016

Amores burgueses

Amores burgueses

Ronaldo Magella – 19/04/16 – jornalista, escritor, professor

Outro dia conversava com uma amiga e ela me confessava que preferia homens brancos, altos, fortes, bonitos, resolvidos, simpáticos, divertidos, sinceros, românticos, educados, e mais uma lista de itens, que ela achava indispensável para alguém ter para estar ao lado.

Não há nenhum mal ou problema em desejar, querer ou preferir pessoas de uma forma ou de outra, mas sinceramente, me parece que é uma exigência infantil e imatura.

Crianças brigam por suas preferências, fazem birra, choram, jogam o brinquedo que não era o desejado no chão, mas depois de alguns segundos, já maduros pelo tempo do momento, e percebendo que não vão poder ter outro, aceitam aquilo ou aquele que lhes foi dado.

A vida mostra e prova que a gente precisa aprender a tirar proveito das situações, no caso, das pessoas, há sempre qualidades a serem exploradas, sentimentos inéditos, situações a serem vividas, emoções por sentir, histórias por viver, coisas pra curtir.

E todo mundo pode despertar algo em nós, é muito pequeno e claustrofóbico impor limites, delimitar regras, circular o espaço e não aceitar mais nada além disso, como alguém que só deseja a beleza dos outros, ou o dinheiro, ou o corpo, o poder, as vantagens, sem saber apreciar uma boa conversa, ou se encantar pelo sorriso de alguém ou pela inteligência dela. 

O amor burguês é cheio de regras e modelos, quando se acredita, hoje pelo menos, penso assim, o que o amor é um sentimento anárquico, ele não conhece limites, regras, ele invade, corta, fere, mata, luta, batalha.

Sentimentos burgueses são convenientes por natureza, é um sentimento que não se arrisca, nem vive de emoções, mas do conforto, gente que não sai da sua zona de conforto e tenta encaixar tudo o que está ao redor no seu ângulo de alcance, na sua visão limitadora e pequena.

É uma forma de tornar a própria vida menor, uma forma preconceituosa de viver consigo mesmo, se proibindo de viver o diferente, outras formas de vida, de coisas, de maneiras e situações, é torna-se prisioneiro de si mesmo e das suas vontades, o que talvez, penso, aumente a solidão.

Como casar de branco, numa igreja, sem perceber que há outras cores e outros lugares, deixando de viver a imensidão da vida para se restringir ao que se conhece, uma visão tediosa da existência.


Não julgo, nem critico a minha amiga, espero que ela possa sentir a vida dentro das suas escolhas, prefiro experimentar o novo, o inédito, sem rótulos ou classificações, o bom da vida é ter histórias pra contar e não fazer o que todo mundo faz só pra se sentir igual aos outros, insosso, indolor, insípido, preto e branco. 

quarta-feira, 13 de abril de 2016

Como eu digo que ainda sinto a sua falta?

Como eu digo que ainda sinto a sua falta?

Ronaldo Magella 13/04/2016

Faltam palavras, músicas, frases, sobram emoções, saudades e um desejo incontido que prendo com todas as forças, mas hoje me sinto fraco, pouco, menor, cansado para conter em mim toda a ausência que sinto de você.

Mas hoje desisto de me conter, segurar, barrar, me quebrar todo tentando me manter inteiro, indiferente a você e ao que sinto, hoje me jogo em pedaços, me deixo aos poucos, me desnudo, me mostro, me amostro, me olho e choro: lágrimas de amor, lágrimas por você.

Por isso escrevo, canto, falo, publico, já que sentir é algo que nunca deixei de fazer, sentir, hoje sinto, e muito, de muito, aos montes, pelos mundos, mas não sei como te encontrar, qual o caminho a ti, qual o sentido, em que direção devo ir para te ver e te falar todo o que preciso, quero, posso, tenho vontade, sofro.

Hoje me sinto pouco para o mundo que tenho e guardo dentro de mim, um mundo cheio de você, como uma vez você me disse, “tenho dias de você”, estou nesses dias, hoje meu dia é pra você, é de você, é com você, em você, teu, pois estou contigo, pensando aqui agora onde você está, o que fazes, se ainda pensa em mim, se ainda caibo dentro do seu coração e nos teus pensamentos.

Vejo tuas fotos, penso em nós, tenho lembranças, me calo, penso, desisto, insisto, sinto, sorrio, procuro qualquer palavra vã que possa me conter, qual publicação tua que seja um recado, uma esperança, um sonho, uma mera e doce ilusão, qualquer coisa ao qual eu possa me agarrar para continuar a viver e te amar ainda mais.

Como eu digo que ainda sinto a tua falta? Algumas coisas levam tempo, outras, o tempo leva, te esquecer talvez levará tempo, mas o tempo jamais irá te levar, você irá ficar, continuar, pra sempre, como sempre, sim, ainda gosto, quero, penso, sinto, ainda sou teu, só não sei como dizer isso, e talvez seja o melhor.


segunda-feira, 11 de abril de 2016

E quando você não se apaixona mais?

E quando você não se apaixona mais?

Ronaldo Magella 11/04/2016

Aquela sensação gostosa acabou.
A vontade de encontrar não existe mais.
As conversas são poucas.
Os silêncios maiores, pausados, comuns.
As pernas não tremem mais.
Não há suor frio, coração acelerado.
A falta nem causa saudade.
A ausência é compreendida.
A negação entendida.
Se não dá mais, ok, tudo bem.
Se não pode, sem problemas.
Nenhuma música te toca,
Nenhuma canção é cantada a exaustão.
“Te ver não é mais tão bacana quando a semana passada”.
Não há carinho, amor já não há, e agora, José?
E você que sempre foi motivo a paixão, amor, saudade
Agora vive inócuo, vazio, sem sentido
Preso em si mesmo, sem se doar, sem sofrer
Sem amar.
Quando você não se apaixona mais, resta pouco
Além de contar as horas e viver os dias sem cor
Como se a vida ficasse preto e branco
E as pessoas invisíveis e pálidas
E você, perdido, precisa se encontrar,
Melhor, precisa encontrar alguém que te faça

Voltar a viver. 

terça-feira, 5 de abril de 2016

Tô na fase “quero um relacionamento sério”

Tô na fase “quero um relacionamento sério”
Ronaldo Magella 05/04/20016

Foi o que uma amiga me disse hoje cedo, Ronaldo, cansei, estou abusada, quero agora algo mais sereno, tranquilo, gostoso e lento, estou na fase de querer um relacionamento sério.

A paixão é rápida, o amor devagar, a gente se apaixona rápido, mas demora pra amar, é fácil gostar de alguém, mas é difícil entender, aceitar e compreender uma pessoa, e isso se chama amor, a paixão nasce e morre, ligeira, o amor precisa de tempo pra nascer, crescer, desabrochar, dar frutos, é uma construção, primeiro você tem o desejo, faz ação, planta e espera o tempo certo, tudo acontecer, a natureza fazer a sua parte.

Chega um momento na vida que a gente cansa das paixões e prefere os amores, troca as luzes das festes pelo escurinho do cinema, o silêncio de uma casa quentinha ou fria, a paz um filme com uma pizza, uma boa música acompanha de um vinho e uma boa conversa com alguém interessante.

Uma hora você olha pra si e vê que precisa mudar, cansa das mesmas coisas, da rotina, do dia a dia, dos mesmos lugares, agora, você quer algo novo, diferente, até, quem sabe, talvez, a monotonia de um amor lento, mas aconchegante.

Minha amiga me conta, quero conhecer pessoas novas, me apaixonar, ter emoções, pensar em alguém, esperar alguém na minha vida, ser de alguém, estar com alguém, chega uma hora que você cansa de ser de muita gente e não ficar preso a ninguém, de mudar de pessoas e ter que enfrentar todo final de semana os jogos de conquista e sensualidade só por uma noite, cansei, quero estabilidade emocional.

Liberdade é bom, mas tem gosto de solidão, prefiro ser livre me prendendo a alguém, por isso, compartilho do sentimento da minha amiga. Chega um momento na vida que você prefere apreciar a vista, a paisagem, do que só apenas chegar ao destino, é quando a viagem é mais gostosa, quando você se prende aos detalhes, ao que tem e não ao que passa.

Quero estar nos braços de alguém, ter uma música em comum, morrer de rir juntos, viajar pelo mundo, comemorar dias, datas, momentos, ir festas juntos, ao cinema, acordar com um beijo, dormir abraçado, gostar por gostar, sentir saudade, falta, querer estar perto, junto, como ela disse, estou, também, na fase de querer um relacionamento sério.