domingo, 29 de dezembro de 2013

No meio da roda puxando quem está na beira

No meio da roda puxando quem está na beira

Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada

Nas minhas últimas sessões de terapia disse a minha terapeuta que não queria mais ser aquele menino no canto da sala esperando que alguém pegasse na minha mão e por pena ou educação, ou talvez apenas por obrigação, me levasse ao centro da vida, agora eu queria mudar, queria estar no centro e  puxar aos outros para o meio da roda, quem estivesse na beira.

Cansei de encontrar minhas culpas, passei a assumir minhas responsabilidades, decidi ser melhor, trocei o sentimento de melindre por esperança, de drama por amor, se consegui? Certamente muitos vão dizer que não, mas não poderão dizer que não estou melhor, e 2013 foi um ano em que decidi melhorar, ser melhor, e acho que consegui sair do lugar no qual estava há muito tempo.

Quando você pensa na vida e faz as suas reflexões, pondera, pensa, percebe que só existe uma vida só você se arriscar a viver, e foi então que entendi a riqueza da existência, e ela só é rica pelas suas possibilidades, se pudermos viver, chorar, cantar, sorrir, andar, sentir saudade, arriscar, se arrepender, sofrer, sentir dor, como me disse um amigo semana passada, viver só vale a pena se a gente sofrer, entenda, ele me disse, melhores do que nós sofreram, por que a gente teria essa arrogância toda de não querer passar pelo sofrimento? Pensei e conclui que ele tinha mesmo razão.

Foi então que li o que a escritora Ana Elisa Ribeiro escreveu, “De que serve viver mornamente? De que serve avaliar o risco sem nunca arriscar? De que servem uma relação discreta, um apartamento alugado e uma noiva morta? De que serve o amor, sem a proximidade, o cuidado, a companhia? De que serve viver aos sussurros, mesmo diante da possibilidade do ridículo?”.

Foi o que pensei durante todo este ano de 2013, que por mais que tenha fracassado em alguns pontos, em muitos pontos, mesmo que tenha deixado a deseja em muitos outros, fiz e vivi muitas coisas boas, e isso, se pelo menos não equilibrou a balança, ao menos me ensinou muitas coisas, uma das principais a de que viver vale a pena, e as coisas só acontecem se a gente estiver vivo e se permitir, permitir que outras pessoas também possam viver ao seu lado.

A vida sempre será uma concessão, sempre será uma renúncia, uma oportunidade, um momento, uma hora, um instante, os quais chamo de eternidade, pois eterno é o que vivemos, é o primeiro beijo, o primeiro filho, o primeiro livro, a beijo na chuva, a primeira dor de amor, a pessoa querida que um dia perdemos, são coisas eternas, que vivemos que nunca jamais irão nos deixar, e mais, as saudades, as risadas, as boas conversas, as loucuras, conquistas, o mundo que não deixa de girar, as lágrimas, as lembranças, a vida enfim, o que vivemos como um todo, mas que a gente nunca volta a vida que um dia teve.

Deixo 2013 com uma sensação de dor e saudade, de mágoa e confusão, mas com muitas certezas, uma delas a de que tudo irá acontecer como deve acontecer, o amor virá, a paz, a segurança, mas junto com as coisas boas, as ruins, a balança nunca deixa de ser equilibrada, não seremos feliz sempre, completamente, mas mais ainda, deixo 2013, com a certeza e vontade de fazer um ano novo melhor, de mais coragem, criatividade e conquistas, não vou parar por aqui, não agora, como cantou Renato Russo, “teremos coisas bonitas pra contar, e até lá, vamos viver, temos muito ainda por fazer, não olhe pra trás, apenas começando, o mundo começa agora, apenas começando”



sábado, 21 de dezembro de 2013

Meu defeito de fábrica

Meu defeito de fábrica

Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada

Meu defeito de fábrica é viver, enquanto uns dormem, quero ficar acordado para aproveitar a vida, ver o sol nascer, a lua brilhar, fazer da vida uma coisa viva, em simbiose com o que se há para viver, a vida.
É pelo meu defeito de fábrica que quero amar, me apaixonar, tomar banho de chuva, deitar no chão, sentir o sol, sair pelo mato, mee embriagar na literatura e viver romances de livros, aventuras de filmes, histórias de amor, guerras de travesseiros, brigas de mentirinhas, chorar de alegria, abraçar as pessoas, cantar no banheiro, olhar as estrelas.

É por meu defeito de fábrica que sonho acordado, que canto no escuro de olhos fechados e fico passando a vida em revista, que decido viver aquilo que não provei, que o que provei quero outra vez sentir o gosto, quero aprender a amar e saber perdoar, acreditar que o que um dia foi bom, outra vez poderá acontecer.

Meu defeito de fábrica, sem conserto, me faz encontrar os amigos, rir das coisas, da vida, conversar em grupo, tomar café, lembrar do passado, contar a infância, ouvir música, assistir filmes, sorrir de mim mesmo, sozinho, achar graça nas besteiras que fiz, me achar ridículo e mesmo assim não me culpar.

É meu defeito de fábrica que me põe um sonhador, poeta sem rumo, prosador quimérico, colocar no papel sentimentos e sonhos, ilusões e emoções, acreditando sempre em amor, em esperança, buscando superar a dor, os conflitos, as guerras, as dúvidas, para um dia encontrar a paz interior que tanto anseio.

Vim com esse defeito de fábrica, que tentar ser melhor, sorrir mais, sofrer menos, enxergar o lado bom da vida, das pessoas, tentar viver as coisas que precisam ser vividas, me aventurar nessa coisa chamada existência, um caminho sem volta, que sigo pelo prazer de existir e pela sensação gostosa de que estou vivendo as coisas que posso viver.

Com esse defeito meu de fábrica, não conto dinheiro, não meço distância, não reclamo das ausências, sinto as saudades, crio um futuro, espero, vivo o presente, guardo o bom do passado, tenho pressa, mas aprendi a esperar, a sentar no chão, a ouvir a vida, o som do vento, a contar as horas no seu lento tic e tac sem fim.

Mal fabricado que fui, não me nego o que ainda posso viver, e viveria muitas coisas, agora mais maduro, seguiria um caminho diferente, mas amaria as mesmas pessoas, iria aos mesmos lugares, não diria as mesmas coisas, procuraria sentir as coisas de outra forma, calaria mais, entendia melhor, compreenderia o necessário e ajudaria sem parar.

Fui fabricado errado, para não esperar pelo destino, mas para acreditar que ele precisa acontecer através das minhas ações e meu atos, que preciso ir de encontro ao meu caminho, seguir, e não esperar que a estrada passe por mim, é o meu erro que diz que preciso não perder tempo, que preciso combater o bom combate, que tenho que sair do canto da sala, quando esperava que alguém me tirasse para dançar, agora eu vou ao centro do salão e chamo quem quiser dançar comigo essa música que chamam vida.

É o meu defeito de fábrica, sem conserto, sem cura, sem fim, é essa minha necessidade de viver, de estar vivo, de sentir a vida, de gostar da existência que me move, me consome e me impulsiona tudo dia, toda hora, a vida toda.




sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

O botão da maturidade

O botão da maturidade
Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada

Medos, os tenho, e muitos, mas já tenho idade, ou já vivi algumas coisas, pra saber realmente o que desejo pra minha vida.

Outro dia uma amiga me disse que sentiu ou percebeu em mim que eu havia acionado o botão do “dane-se o mundo”, que não estaria mais preocupado com a opinião dos outros,  e entre outras coisas, muitas coisas, entre tantas, mas lhe disse que não, o botão acionado foi outro, o da prudência, de uma possível maturidade que acho que tenho, mas não sei ainda, só vivendo irei comprovar.

Já vivi uma vida sem amor e já provei do doce sabor do que é gostar de alguém, e confesso, gostei mais desta parte, e então posso dizer, por já ter vivido, não vou entrar numa vida, outra história, sem amor, apenas por segurança financeira, por conta dos filhos, da família, dos amigos, com medo da solidão, sei o que é viver com uma pessoa a qual não amava, gostava, tinha carinho, afeto, mas faltava paixão, tesão, e digo, opinião pessoal, dói, talvez, mais do que a solidão.

Respeito quem sufoca seus sonhos e ilusões, que renega dentro de si a vontade de viver e se conforma com aquilo que tem, não é o meu caso, decidi viver para ver o que a vida está reservando pra mim, espero que seja algo bom, mas se não for, pronto, ainda assim será vida, mas não quero viver uma mentira, ilusão, até poderia, seria fácil, mas vim com um defeito de fábrica chamando sentimento, e procuro respeitar o que sinto, pois mais do que em qualquer outra pessoa, dói em mim sentir o que sinto, e não quero o vazio de uma vida sem amor, sentido, paixão, não, pelo menos pra mim.

Quero alguém que valha a pena estar ao lado dela, mesmo com todos os problemas, crises, dificuldades, pois sei que isso passa, a vida não é sempre a mesma, mas que pelo menos eu goste, ame, admire, tenha afeição, pois já passei da idade de estar e ficar com alguém só pra dizer que não estou sozinho, tenho muito medo da solidão a dois, que é atroz e causa dores, deixa cicatrizes, provoca medo e promove traumas.

Quero me encontrar em outra pessoa, dividir coisas, uma vida, alegrias, não quero sexo, isso não me compra, nem quero ninguém dependente de mim, quero uma vida partilhada, e sim amiga, eu me importo com muitas coisas, mas devo confessar que o momento não seja um dos melhores há algo ainda solto e perdido dentro de mim, coisa que apenas o tempo irá resolver, se você sentiu isso em mim, não é que eu seja assim, digamos que estou assim, buscando curar uma ferida e estou tomando todos os remédios possíveis para sarar logo e assim poder voltar a viver inteiro outra vez.


Talvez seja isso, a maturidade, é você ter consciência e convicção do que quer, deseja, se respeitar, respeitar seus sentimentos, saber dizer não e sim quando for possível, se reconhecer, se permitir, tentar, desistir, enfim, ter a paciência e prudência necessária para saber que um dia tudo passa, começa, termina ou chega ao meio, então, o botão está acionado, vamos esperar os resultados. 

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Quando é que os homens vão entender que amar não dói?

Quando é que os homens vão entender que amar não dói?

Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada

Outro dia uma amiga me contou em lágrimas que não suportava mais o casamento, o marido só a procurava para fazer sexo e depois voltava a viver a vida dele, como se nada mais houvesse entre eles, e ela ficava arrasada sem saber o que fazer, já tentou conversar, ele não tem nada a dizer, já pediu pra mudar, já brigou, ameaçou separar, mas nada muda, tudo continua do mesmo jeito, na mesma indiferença, ela sofrendo, ele indiferente.

Não sei quando os homens irão entender que amar não dói tanto assim, que gostar e demonstrar o que se sente dentro de uma relação faz parte de uma vida a dois, que se entregar e permitir se amado, deixar que alguém faça parte da sua vida não é ser menos homem, ser menor, não irá arrancar pedaços, ninguém perda nada com isso, não vai matar ninguém, que alguém não irá morrer por dizer que ama, gosta, por elogiar quem está ao nosso lado.

Para muitos homens ser grosso e bruto com a mulher, mostrar aos outros homens que manda em casa, na companheira, que sabe se cabra mesmo, que se irrita com a mulher, faz piada de mal gosto, a destrata na frente dos outros, que ainda é macho o bastante e consegue outras mulheres além, é prova de que são homens de verdade, isso é muito brega, cafona e ridículo, infantil e imaturo.

Existe certo entrave, ainda uma barreira imensa, não em todos os homens, mas ainda em muitos, em demonstrar o seu lado afetivo, carinhoso, meigo e romântico, e isso não irá fazer com que se perca a masculinidade, penso até que os relacionamentos seriam melhores se houvesse mais diálogo na relação, mais compreensão, se houvesse mais cuidado por parte dos homens, mais atenção para com as suas parceiras.

A grande maioria deles querem ignorar as necessidades básicas das mulheres e seus desejos de amor, afeto e companhia, acham que sexo e dinheiro resolvem tudo, que isso basta para manter a relação, e sim, muitas se mantem por essas questões, vivem infernos dentro dos lares mas não querem partir para outra, vivem uma vida sem amor, mas tem medo de mudar, pois separar dói e o novo é algo assaz inseguro para se tentar.

A vida não está fácil para ninguém, já temos problemas demais, e talvez, acho, penso, que seja desnecessário viver uma relação conflituosa, cheia de indiferenças, com mágoas, rancores, com discussões inúteis, sem amor, não dá pra viver assim, com essa briga de ego e orgulho dentro de uma mesma casa, quando a gente sabe que sorrir é de graça e é bom, custa pouco, mas rende muito, pra que alimentar lágrimas e dissabores?

Não sou maduro, já errei muito, mas já aprendi que uma relação sem afinidade não comporta permanência, já sei que viver as turras não me lavará a nada, penso que é preciso viver algo sereno, seguro, confortável e alegre, mesmo com pouco dinheiro, mesmo sem nada, mesmo como muitas dificuldades, mas sem grandes problemas, foi isso que aprendi.


terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Mulher gosta de macho, não de romantismo

Mulher gosta de macho, não de romantismo

Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada

Claro, elas vão dizer que não, mas minha tese provará o contrário.

Mulher gosta de macho, não de romantismo, nem de homem sensível, inteligente, gosta de macho e pronto, no máximo engraçado e se tiver um carro, ficará mais engraçado ainda.

Conheço um cara que já “pegou” todas as mulheres bonitas que conheci da minha geração e nunca o vi colocar uma frase de amor no Facebook, enquanto outros morrem sonhando com um amor, são românticos, e estão sozinhos.

Vejo por mim, já mandei flores, já fiz jantar a luz de velas, ceia de Natal pra namorada, vinho, salada, salmão, queijos, bife ao molho madeira, eu cozinhei tudo, comprei tudo e preparei tudo, pus a mesa e a servir, já levei café na cama ao som de Emílio Santigo, e hoje estou sozinho, o que comprova duas teses, sensibilidade e romantismo não servem pra muita coisa, nem a tal da beleza interior é o mais importante.

Ah claro, eu não sou perfeito, tenho meus defeitos, fiz coisas erradas, dei minhas mancadas, confesso, me perdi algumas vezes no caminho, mas minha vontade de acertar sempre foi maior do que meu desejo de ser quem sou, aliás, vivo para mudar as coisas de mim, de quem sou, mas isso é uma outra história, fica como recado para quem puder entender.

A grande verdade é que o que prende os relacionamentos é um pouco de indiferença, é uma grande contradição, mais é uma realidade, pois a teoria do desejo diz que a gente só quer aquilo que não tem e só percebe o que tinha quando um dia perder, eis as verdades que nos movem desde todo o sempre.

A gente sonha com alguém, com uma pessoa que fosse assim e assado, que pudesse fazer certas coisas, e que a gente também pudesse fazer coisas boas, mas parece que a gente só sonha, no fundo a gente acaba gostando do pesadelo, do que a gente não queria, Deus é mesmo um sádico, adora nos vê sofrer, ou é um comediante.

Já ouvi de muitas mulheres, cara, você é inteligente, sensível, quem não gostaria de ficar com você, mas entenda, ainda estou presa ao meu passado – e claro, quando você vai procurar saber o passado é um relacionamento que não deu certo, é algo mal resolvido, ou seja, gosta de alguém com quem ela não foi feliz, geralmente é sentimento de culpa pelo fracasso, outra vez é ego ferido, querendo voltar para dá o troco, outras é baixa autoestima, mas a grande questão é, então por que não se permitir uma nova história com um cara que possa ser viável? Ah sei, a famosa química que não faz acontecerem as coisas. 

Simples, pelas questões que já tratei assim, romantismo, etc, não funciona, o que funciona são as contradições, a indiferença, pois as nossas conquistas a gente esquece, o que é bom, mas o que deu errado fica com cicatriz, pois nossa sociedade é pessimista, vê apenas aquilo que não é bom, procura o defeito, exalta o que está errado e ignora o que há de melhor, mas isso merece outro texto.


Sei que elas vão dizer que não, mas se forem sinceras, conheço muita mulher que está com um canalha, sabe que é traída, apanha, sabe que não ama o cara, sabe de tantas coisas, mas mesmo assim e ainda assim lá permanece, sei que separar não é fácil e que tentar coisas novas dá muito medo, insegurança, mas uma vida sem amor é pior ainda, mas é a minha opinião, cada um vive o que pode e deve. 

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Sei quando alguém não gosta de mim

Sei quando alguém não gosta de mim

Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada

Se quando alguém não me quer, meu telefone não toca, minha janelinha do Facebook não pisca, sua mão não busca a minha, seus elogios não chegam aos meus ouvidos, suas mensagens dizem pouco, não há procura por mim.

Sei quando alguém não gosta de mim, não há admiração por mim, ela não me olha curiosa para saber mim, não me descobre e pesquisa, não me desnuda e pergunta, não me interroga, não presta atenção em mim, não me olha, não me consome, mastiga, engole.

Sei quando alguém não me quer, seu silêncio é maior do que suas palavras, seus carinhos não me alcançam, seu afeto não me abraça, seus beijos não me provocam, sua vida não se abre, seus segredos permanecem segredos para mim.

Sei quando alguém não gosta de mim, não há palavras de carinho ou amor, juras doces, frases alegres, não há cuidado ou proteção, não existe apreço e afeição, não tem surpresas e declarações, olhares e beijos roubados, transas rápidas e aventuras insanas.

Sei quando não alguém não me deseja, não estou nos seus planos, em seu futuro, não a escuto falar em saudade, não andamos juntos, não sorrimos das mesmas coisas, com as mesmas coisas, não nos abraçamos, não sabemos nos olhar, não nos sentimos, desejamos, fingimos uma ilusão e sofremos uma verdade.

Sei quando alguém não me ama, há sempre distância após o sexo, há sempre uma distância entre nós, o som da voz irrita, a voz chega rasgando rancor, o cheiro abusa, a conversa entedia, não há interesse em nós dois, nada nos comove, nada de nós interessa, não fazemos programas juntos por prazer, mas obrigados pelo dever.

Sei quando alguém não gosta de mim, nunca há motivos ou razões, sempre há desculpas, mentiras, sumiços, hesitações, não decidimos coisas juntos, sempre há alguém de nós de cara feia, amarrada, um sempre está a frente do outro, nunca estamos juntos, lado a lado.

Sei quando alguém não gosta de mim, na volta nunca nos falamos, estamos sempre reclamando um do outro, não temos mais paciência, ficamos irritados com poucas coisas, falamos alto, discutimos besteiras, perdemos nossos melhores momentos e deixamos de viver.

Sei quando alguém não gosta de mim, qualquer pessoa é mais interessante, na minha frente sempre os outros são mais bonitos e eu deveria ser de outra forma, daquela forma, não me aceita, não me entende, só me reclama.

Sei quando alguém não gosta de mim, quando não há uma outra chance, quando existe em nós um vazio que buscamos preencher com outras pessoas, quando somos poucos e procuramos outros, outras, sei quando alguém não gosta de mim quando não sou o motivo maior da sua vida, dos seus planos, das suas palavras, quando tudo que tenho é um silêncio do barulho de uma relação sem amor.


Se a gente tiver sorte...

Se a gente tiver sorte...
Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada


Se a gente tiver sorte vamos encontrar um amor, morar numa casa cor de rosa, azul, com varanda e jardim, redes espalhadas, vamos conhecer o mundo, viajar por países, ter filhos lindos e inteligentes, realizar nossos sonhos, viajar nas férias, ter um saldo após pagar as contas, ter bons amigos, comemorar aniversário todos os anos e ter oportunidade de contar boas histórias aos netos.

Se a gente tiver sorte teremos alguém a quem amar, chamar de amor, alguém de quem gostaremos e poderemos viver ao lado dessa pessoa, não teremos grandes problemas, viveremos uma vida azul, com dias claros de sol e noites de estrelas, banhos ao luar, bilhetinhos de amor, beijos ao anoitecer e café na cama aos domigo, ganharemos presentes no natal e seremos pessoas normais, comuns e de bem com a vida.

Se a gente tiver sorte não sentiremos tanto vazio em nossa existência, não precisaremos tomar decisões duras e fazer escolhas difíceis, nem teremos vontade de olhar para trás nem de lado, vivemos de cabeça erguida, sempre olhando para o horizonte, para o futuro com um sorriso no presente e com saudade do passado, sem magoar ninguém ou fazer alguém sofrer, acreditaremos em Deus e daremos bom dia ao nosso vizinho todas as manhãs.

Se a gente tiver sorte colheremos rosas e flores na primavera, nos banharemos no verão, no inverno ficaremos abraçados e aconchegados, presos no abraço do outro de quem escolhemos para viver e no outono faremos nossos melhores planos, teremos nossa canção favorita, leremos bons livros, apreciaremos cinema, poesia, arte, sempre em boa companha, tomaremos vinhos e comeremos queijo, chocolate e massas, poderemos até reclamar da vida.

Se a gente tiver um pouco de sorte encontraremos prazer em viver as coisas simples da vida, ter alguém pra nos ouvir e alguém pra gente escutar, conversaremos sobre tudo, nossa vida, nosso trabalho, contaremos nosso dia, e sempre encontraremos um motivo a mais para gostarmos de estarmos ali ao lado e ficarmos.


Se a gente tiver sorte, não precisamos de tanta sorte assim, a vida se encarregará de nos proporcionar aquilo que a gente vai conquistando com suor, esforço, trabalho e dedicação, se a gente tiver um pouco mais de sorte, tudo acontecerá em nossa vida, é só esperar que a sorte chegará, se a gente tiver sorte. 

domingo, 15 de dezembro de 2013

Tenho impaciência em amar

Tenho impaciência em amar
Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada

Das coisas da vida, a pior é viver sem amor. Solidão a dois, amizade sem afeto, amor sem paixão, noite sem estrelas, versão sem sol, mãos sem calor, beijo sem sabor.

Tenho impaciência em amar, sou impaciente, me antecipo ao amor, prefiro amar a ser amado, quero me doar antes de receber doações outra, vou adiante, limpando o terreno, colhendo as flores, buscando o horizonte, já sei que é pastorear rancores, raivas e dissabores, agora quero o mel de uma vida a dois, a sede morta na saliva, o corpo aquecido nos abraços, os pés colados pela noite, os sonhos realizados pelo tempo.
De esperar, só o tempo, a velhice, a morte, o amor nos pede urgência, ao meu amor que fales, a ação, antes que pense, o ato, antes que me peça, lá estarei para servir, tenho ânsia de amar, de querer, desejar, ter, quero o tempo do tempo que for de amar e para amar hei de ter o tempo do amor, que for. Não quero ouvir reclamações, não haverá razões para tal, a tudo ao meu amor será eterno e que não seja enquanto durar, mas que se faça durar.

Não me negarei beijos e sorrisos, provocarei o meu melhor, darei o que tenho de perfeito, entregarei meus sonhos e minha alma, melhor, amarei de alma, pela alma, com a alma, de todo o coração, não chegarei atrasado e sairei depois, não esperarei pelo fim, voltarei sempre ao começo de nós dois e para sempre sejamos assim um início de nunca ter fim.

Tenho impaciência em amar, das impaciências que nos levam a descobrir o que há de melhor da vida, não tenho tempo para reclamar, aprendi a só elogiar, não me sobra espaço para não admirar, a tudo e em tudo ao meu amor verei o melhor. Que a minha pressão não seja inimiga da perfeição, e como tal, seja a busca pelo melhor para viver uma vida vivida e acompanhada, amiga e amada.

Não esperei pela mão da mulher amada, antes, como antes, estenderei minha mão em pedido e súplica em louvor e ardor pela paixão que me consumirá, na ânsia de agradar serei e darei sempre o melhor, aprendi a amar, agora sei como amar, mas tenho pressa de um amor para amar.


terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Bilhetes de amor escritos à mão

Bilhetes de amor escritos à mão

Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada

Dispenso cartões de natal, de aniversário, de casamento, gosto de bilhetes de amor escritos à mão num pedaço de papel qualquer improvisado ao sabor do momento, só se sente amado quem recebe um bilhete de amor, quem encontra sem querer um bilhete de amor perdido ou deixado em algum lugar para um dia fosse encontrado, e hoje encontrei dois. 

Abri o livro, O homem no escuto de Paul Auster, para voltar a ler minha história e caiu em cima de mim o primeiro bilhete, te amo, adoro você, não se esqueça disso, bilhetes de amor são como histórias que ficamos a imaginar, a gente não cansa de ler, ler mil vezes, guarda, é um tesouro, é uma demonstração de afeto, carinho e amor que sentimos profundamente.

Alguém teve o cuidado de pensar em nós e nos dizer palavras doces e meigas, ternas e simples, diretas e profundas, tocando o nosso ser , a nossa alma, o nosso coração, como fazem os bilhetes de amor escritos à mão num folha de papel qualquer. 

Sorri e voltei pra o livro, tempos depois encontrei o outro bilhete, não suma da  minha vida, preciso de você para sempre ao meu lado, assina, seu grande, único e verdadeiro amor. Não se pode dizer qual seja a emoção maior, encontrar um bilhete deixado ali para que um dia tu possas encontrar ou encontrar esse bilhete de amor escrito à mão, quando você não esperava mais nada da vida, numa folha de papel qualquer. 

É o inusitado que nos encanta, a linha torta, as palavras com as letras redondas, a frase completa, a letra que desliza no papel qualquer, num pedaço de papel pequeno que se torna imenso e eterno, é a imaginação que vai encontrar a pessoa que escreveu e que na sua timidez não te disse nos olhos o que escreveu ali num pedaço de papel um bilhete de amor. 

Quer demonstrar amor e afeto por alguém, escreve um bilhete de amor, numa folha qualquer, com a sua mão, não há como resistir, ninguém consegue, é pura emoção,  a gente imagina e pensa, alguém  parou um  momento da sua vida para me escrever, cinco linhas, escreveu de próprio punho, arrancou um pedaço de papel e me entregou sob a orientação de que fosse lido depois, ou colocou em algum lugar para que eu pudesse encontrar, é mistério e amor e magia.

Adoro bilhetes de amor, gosto, tinha um caderno cheio deles, quase que todos os dias relia todos, um por um, e sempre sentia a mesma emoção, o mesmo carinho, o amor que alguém podia dispensar pra mim. Não há emoção maior, deixar um bilhete para quem  tu amas, não importa email, mensagem de celular, depoimento, linha do tempo, nada é mais profundo do que um bilhete de amor escrito à mão num pedaço de papel com seu nome lá escrito por alguém que te conhece e te ama, isso é eterno, é um riqueza, é amor escrito num pedaço de papel qualquer um bilhete de amor.

Só se sente amado quem recebe um bilhete de amor, quem encontra sem querer um bilhete de amor perdido ou deixado em algum lugar para um dia fosse encontrado, e hoje encontrei dois. 

É o agora que é eterno, a eternidade é agora

É o agora que é eterno 

Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada

Descobri sem querer, depois de muito pensar, mas como de tropeção, que a eternidade não é um tempo sem fim, mas é o momento que vivemos e que nunca irá terminar dentro de nós. 

A eternidade é o agora, é o que estamos vivendo neste exato momento, coisas que jamais irão nos deixar, serão eternas, não é um tempo que está por vim, não, é algo que vivemos, sentimentos, amamos, choramos, é o existir do momento, do agora, da vida que pulsa neste momento enquanto respiramos, morremos e vivemos. 

Quem pensa que o pra sempre é o amanhã comete um erro, o pra sempre é o agora, é o beijo, o cheiro, o abraço, o sorriso, a dor, a doença, a tristeza, é tudo que vivemos, sentimos, e mesmo que a gente queira esquecer, queira não lembrar, faça um esforço para esquecer, jamais podemos apagar aquilo que um dia vivemos, e isso é a eternidade, será a nossa eternidade. 

Não existe amanhã, o depois, existe apenas o agora, e isso é eterno, é tudo que temos e que podemos viver, que temos que sentir. Jamais vou esquecer de muitas coisas que vivi, alguns amores, vou sentir saudades, mágoa, rancor, dor, amor, paixão, mas apenas pelo simples fato de que eu vivi todas essas emoções, e isso será eterno pra mim.

Histórias pra contar, dramas pra lembrar, dores pra se arrepender, amor pra gostar, paixão pra suspirar, vida pra existir, caminhos pra percorrer, escolhas por fazer, vidas para lembrar, pessoas para esquecer, erros para perdoar, desculpas para pedir, sonhos pra realizar, isso é eterno, é vida, é o agora, o momento, é tudo que podemos viver. 

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Ainda não desisti do meu sorriso

Ainda não desisti do meu sorriso
Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada

Para quem não gosta de mim, um picolé de limão sem açúcar, para quem não simpatiza comigo, pimenta forte, para quem não me quer, não consegue me enxergar, sal grosso para tirar o que há ruim e que não deixa perceber as coisas boas da vida, ou seja, EU.

Não desisti do meu sorriso, ainda não, dá tempo ainda para sorrir, penso que sim, não me cansei da esperança, estou buscando, e se alguém não me curte, compartilha, comenta, não choro ou me martirizo, não vou sofrer pelos outros, já tenho minhas próprias dores para alimentar.

Não canso de acreditar, pouco importa se o sol é quente ou o dia é de chuva, acredito num tempo melhor, não importa o não que recebo, luto pelo sim que cedo ou tarde virá, já morri de medo do futuro hoje caminho pelo presente como se fosse o futuro em construção.

Não culpo mais os outros, aprendi a me dá uma chance, me permitir coisas novas, não me arrependo de nada do que fiz, pois fiz por acreditar, chorei, mendiguei, implorei, mas não me culpo, não me castigo, sempre acreditei no que sentia e sinto, e se alguém não entendeu ou aceitou, era porque não sentia a mesma coisa e então penso que tinha que ser como foi e pronto.

Não é pelo que aconteceu que vivo, mas pelo que ainda pode me acontecer, pelas possibilidades que o amanhã me reserva que todo dia eu decido viver mais e confiar, não me prendo ao passado, me agarro ao futuro, não olho para trás, me lanço por cima do muro tentando ver o que pode me acontecer, e assim vivo, sem saber, mas louco para descobrir e sei que vou saber ao viver o que tenho pra viver.


Não procuro defeitos no espelho, não olho para os pés, não cuspo pra cima, não piso em falso, não tropeço em mim mesmo, não procuro mais desculpas, culpas, culpados, não minto pra mim, não me machuco mais, aprendi apenas a aceitar o que tenho e trabalhar pelo que me falta, se choro, procuro sorrir, se não sei, quero aprender, se não tenho, vou em busca, aprendi a lutar pelo sorriso todos os dias, a acreditar que sempre posso ser melhor e pensar que tudo irá mudar, sempre, daqui a pouco. 

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Escrevo para tocar a sua alma

Escrevo para tocar a sua alma

Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada


Escrevo para o teu coração, para tocar a sua alma, escrevo o que há dentro de mim, por acreditar que o amor que sinto possa te emocionar, escrevo para te marejar os olhos, para te ferir a sensibilidade, escrevo para evocar tuas lembranças, para te causar saudade, provocar arrepios, sangrar o teu espírito, atormentar o vosso sossego.

Escrevo por ser poeta, por viver o amor, sentir a dor, lamentar a saudade, para entregar minha alma, como os grandes poetas, me deixar nu parente ti, a vida, o mundo, para não deixar dúvidas.

Escrevo para te dizer da dor que sinto longe de você, para transmitir meus sentimentos, aliviar minha mágoa, desaguar minha solidão, expulsar meus demônios, me livrar de ti, mas quando e quanto mais escrevo, mas lembro de ti, pois lembro que tudo que escrevo, escrevo pra ti.

Escrevo para preencher o vazio deixado por ti, o vazio que sinto em toda amanhã, quando me deito para dormir e é pra ti que rezo, oro, penso, peço, imploro, coloco no papel as palavras, trocadas pelas lágrimas que um dia chorei, hoje não choro mais, meu resto seco, minha boca fechada, meu silêncio, meu cantar fica registrado nas linhas que todos os dias me acodem, pulam dentro de mim para a vida.

Escrevo em dias de sol, quando o sol se esconde, quando a noite corre alta, quando o sol nasce, quando a vida para, corre, quando penso, lembro, quando a morte se aproxima, quando sinto saudade, quando estou feliz, escrevo para te dizer, como se dialogasse com o seu coração e mesmo a distância, envio meus sinais de fumaça, meus gritos.

Escrevo para dissipar o que sinto, silenciar os pensamentos, esquecer o que não posso lembrar, vivo pra esquecer, não para lembrar, mas lembro, e ao lembrar escrevo, deito minha vida em linhas, lamento minha sorte em palavras, deixo minha história em algum e qualquer lugar, uma vida perdida, sem volta, sem esperança, imortalizada em pequenos trechos miúdos, simples e inúteis.

Escrevo para conversar com a minha dor, ela me fala ao ouvido, dita minhas palavras, sussurra os sentidos, resmunga frases, arranha trechos, aponta meus erros, corrige minhas falhas, uma dor invisível, que a ninguém quero contar, posso falar, rasgar, uma dor própria de quem um dia viveu aquilo que dizem que só se pode viver uma vez na vida, o amor.

Escrevo pra dizer que te amo, que sinto a tua ausência, que lamento a tua distância, e que sei que nada posso fazer para te trazer outra vez para o meu caminho, escrevo para não me sentir só, para ter esperanças de um futuro melhor, feliz, escrevo por não ter como te dizer o que gostaria, escrevo para me despedaçar, me cortar, me ferir, me desnudar, me matar, para amostrar, me acabar, chegar ao fim.

Escrevo, como se escrever fosse a única forma de estar ao seu lado, pois é escrevendo que me vejo, sinto, como o reflexo de um espelho, e ao me ver, sinto a ti, pois já não sou quem vive, é o teu amor que vive em mim, por isso escrevo.


Solidão é pra quem tem medo de viver

Solidão é pra quem tem medo de viver

Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada

Solidão é pra gente burra, pra quem tem medo de viver, pra quem não sabe amar, como cantou Cazuza, que fica esperando alguém que caiba no seu sonho, solidão é pra quem acorda tarde e chega atrasado, pra quem não insiste, sempre desiste.

Solidão é pra quem apenas vê as aparências, não enxerga as almas, sonha com os corpos e não entende os espíritos, é pra quem se esconde, lamenta da vida e não luta, é pra quem desiste de sonhar, pra quem não tem esperança, é pra quem não sabe trabalhar a si mesmo e sempre espera pelo pior.

É pra gente triste, desanimado, carrancuda, séria demais, fechada, solidão é pra quem não sabe gargalhar, pular na água, cantar ao luar, pra quem tem medo do estranho, do diferente, do novo, de tentar, de deixar acontecer, de ser permitir.  

Solidão é pra quem não sabe sorrir, abraçar, caminhar, é pra quem fica parado esperando a banda passar, é pra quem não consegue olhar com outros olhos, dentro dos olhos, olhos nos olhos, quem não vê beleza na existência de cada um, solidão é pra quem não sabe conversar, pra quem não entende o outro, não aceita as pessoas, pra quem busca perfeição, para quem vive no escuro, tem medo do claro, de se mostrar.

Solidão é pra quem tem medo de cantar por ser desafinado, quem tem medo de se passar por ridículo, quem não se sabe ser palhaço, pra quem não tem coragem de sair na chuva, tropeçar na rua, chorar em público, pra quem tem medo de dizer que ama, pra quem tem medo de se apaixonar, solidão é pra quem corre atrás de dinheiro, pra quem não vive o seu melhor, pra quem conta as horas, marca os dias, não se emociona

Solidão é pra quem não sabe ser criança, tem medo de brincar, pra quem não sabe perdoar, pra quem guarda mágoa, não pede desculpas, não sabe se reconciliar para quem não sabe doar-se, dá uma segunda chance, pra quem não sabe esquecer, deixar passar, fechar os olhos e seguir, é pra quem chora no banheiro e esconde o riso na praça, para quem não sabe se erguer das quedas da vida, pra quem vive preso ao passado, pra quem tem medo da opinião dos outros, quem não confia em si mesmo, quem não sabe se melhorar.

Solidão é pra quem não sabe recomeçar, não consegue olhar pra trás, pra quem não enxerga o futuro, não acredita no presente, pra quem não acredita em sorte e azar, pra quem espera pelo tempo sem nada fazer em troca.

É pra quem não deixa o mundo girar, tem pressa em amar, pra quem não tem paciência, não quer se curar, não aceita os próprios problemas, não confia em ninguém. Solidão é pra quem é burro, tem medo de viver, tudo acontece quando a gente acredita e as coisas acontecem quando a gente acredita e por acreditar elas acontecem, só precisamos acreditar.


terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Quando me perguntam se acredito em amor

Quando me perguntam se acredito em amor

Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada


O que me encanta no céu são as estrelas, passaria tempos olhando o infinito e me perguntando o que é realmente a vida, o viver, e quando lanço meu olhar para o alto, numa noite como esta de hoje, sou consumido pelo passado, me lembro de uma noite, quando lado a lado, ali ao sabor do mar, sentido a brisa do oceano, na ausência da luz, deitados, olhamos para as estrelas, sob o vinho do momento, um dos instantes eternos que guardo dentro de mim para a eternidade.

E quando alguém me pergunta se acredito em amor, digo que não, mas quando me perguntam se já amei um dia, digo que sim, e lembro de você, meus olhos marejados, busco disfarçar o que sinto, tento me perdoar, me desculpar, mas não consigo, não se vive um amor se passa incólume pela vida como se nada tivesse acontecido, e foi isso, você foi o acontecimento da minha vida, mas consigo sorrir, ao pensar que um dia amei alguém, alguém que foi você, que trago comigo, guardo comigo, com carinho, afeto, paixão e dor.

Respeito você, entendo suas razões, motivos, mas respeito mais ainda o que sinto dentro de mim, você vaga pelo meu pensamento, bagunça meus sentimentos, prende minha alma, aprisiona minha liberdade,penso muitas vezes que talvez você me leia e sorria, como sempre fez, que você esteja do outro lado da tela me vendo e rindo, um riso silencioso, uma paixão trancada, um amor eterno, uma vida imaginada, e só penso, há tempos deixei de buscar, de querer saber, entendi que vivo melhor assim, na ignorância da tua vida, dói menos em mim.

De todas as coisas que vivi até hoje, hoje tenho a certeza de que você foi a melhor delas, queria te dizer tantas coisas, falar, lugares que penso em te levar, planos e sonhos, esperanças e saudades, mas hoje guardo tudo numa caixa chamada coração, esqueci a senha, perdi a chave, não lembro o login, e como queria te puxar lá de dentro e oferecer a outra pessoa todo esse sentimento, esse amor, mas sua presença é como uma sombra que me segue, está sempre ali do lado, atrás, na frente, é como cicatriz, não larga, não me deixa, me puxa, me tranca, me cola, gruda.

Sei o quanto é bom amar alguém assim, e chego a sentir alegria, felicidade, sei também que dói não ter quem amamos por perto, do lado, para conversar, e choro, um momento que ninguém vê ou percebe, internamente, na mente, dentro de mim, sinto a tua falta, a sua ausência, mas decidi viver o que me falta, por entender que não posso violentar a decisão de alguém, de ninguém, pode saber que há coisas que a vida deve se encarregar de trazer de volta e que não há nada se possa fazer a não ser esperar, muitas vezes em vão.

E agora só tenho o medo, medo de não mais conseguir, não consigo dividir minha vida com outra pessoa, uma parte da minha vida, pois a outra parte está com você, e você nem usa, nem quer, nem devolve, nem vende ou empresta, vivo apenas do que me resta, metade de mim é saudade, desejo, vontade, lembrança, outra metade é dor, culpa, mágoa, outra parte é esperança, silêncio, é tudo que não sei contar, mas sinto, sinto, vivo cada hora, momento, as voltas do ponteiro, dias e noites, vivo apenas o que vivi com você, cenas de uma vida que se repetem dentro de mim, seguem comigo.

E se um dia outra vez me perguntarem se acredito em amor, sim, vou responder, pois amei um dia, e foi você, foi a você quem eu amei e vou continuar amando para todo o sempre, com todo o meu ser, e vou seguir, olhando para o futuro com o coração no passado, esperando que nesse balançar da vida tu um dia possas outra vez sorrir na minha frente e me perguntar como estou, se podes entrar, e ainda podes ficar, e direi que sim, sempre. 



Amar só não basta, precisa-se de mais, muito mais

Amar só não basta, precisa-se de mais, muito mais

Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada.

Em termos de relacionamentos hoje começo a acreditar que gostar seja mesmo muito pouco, pouco até demais, para conviver, seguir em frente, suportar a estrada, renunciar, é preciso que haja mais coisas que tenham valor e sejam suficientes para que possamos nos deixar juntos ali ao lado de alguém.

Posso até ser radical e dizer, amar apenas também não basta, precisamos de mais, de afinidades, de desejo, paixão, cuidado, segurança, afeto, proteção, precisamos de diálogo, de nos sentirmos bem, me digam então, de que vale eu gostar de alguém, ser apaixonado, amar e essa pessoa não me dá a segurança de que eu preciso, o carinho, o cuidado? Vou sofrer mais do que viver as coisas boas que tenho pra sentir e viver.

Talvez por isso alguma pessoas dizem não acreditar numa segunda chance, em voltar o que um dia fico para trás, claro, a gente amadurece, muda, se transforma, algumas pessoas, não todas, eu quero acreditar que sim, pelo menos eu mudo, mas algumas pessoas que passaram pela minha vida ainda estão do mesmo jeito, me tratando da mesma forma, o que me faz pensar em, primeiro não me culpar, segundo não quero mais voltar, pois sei que irie viver o mesmo inferno outra vez.

Não quero apenas que alguém goste de mim, isso já tenho, quero mais e preciso de mais, de cuidado, segurança, afeto, paixão, afinidade, desejo, amizade, compreensão, entendimento, preciso de muitas coisas, amor e gostar, já tenho, mas isso nem sempre é o bastante, eu preciso também sentir mais do outro de mim pelo outro, preciso não apenas que ele me dê segurança, mais que eu sinta segurança também no que sinto, para que não venha a olhar para o lado, querer outras histórias e aventuras, ou seja, preciso talvez do impossível, mas do simples e fácil, mas a certeza mesmo é, gostar é muito pouco e nem sempre é o suficiente.

Preciso de alguém que eu admire, não de apenas gostar, mas que tenha fervor por ela, mas também que ela me admire e que me faça crescer junto, me incentive a escrever, ler, trabalhar, a fazer mestrado, e que eu por ela também possa fazer o mesmo, estar ali ao lado dela para levá-la a seguir a vida adiante com paz, segurança, liberdade e confiança, pois saberá que poderá contar comigo. 

Preciso de alguém que respeite as minhas lágrimas e entenda meus sorrisos, aceite meus cansaços e me olhe nos meus desânimos, preciso de alguém que espere eu falar e me oriente, não apenas me critique, que pense meus erros e não queira me deixar sozinho, como se ela não fosse errar jamais, quero alguém de quem eu goste, que ela me goste, mas que isso não seja o único motivo para nos manter juntos, preciso mais de mais, de integralidade.

Então, pois mais que a gente sofra, sinta saudade, dor, ausência, é preciso seguir em frente, as coisas irão passar, sempre passam e passarão cedo ou tarde, mas só não podemos querer repetir outra vez a mesma dor, isso jamais. Sei de pessoas que se perderam pelo caminho e um dia novamente tiveram a chance de se reencontrarem e viverem seus amores, só que agora mais amadurecidos, conscientes, calmos e leves pelas atrocidades que sofreram pela vida em outras relações.


O tempo é a nossa grande chave para curar as dores do tempo, caminhar e esperar, ter paciência e disciplina, viver o que precisa ser vivido e esperar pela vida e suas surpresas. 

Viva e deixe viver

Viva e deixe viver

Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada

Já nem posso repetir o que sempre venho repetindo, mas não pode ser diferente, não há como aprender a viver se não for vivendo, suando pela vida, ninguém nos ensina a viver, viver a gente aprendendo vivendo, sorrindo e chorando, cantando e calado, eis o segredo da vida, viver o que precisa ser vivido.

 E ao entender isso, a gente perde o medo das coisas, da dor, da saudade, da solidão, por entender que todas as coisas fazem parte da nossa vida, da existência, a gente sempre espera pelo melhor, pela alegria, pela felicidade, mas a vida nos mostra que ela não é perfeita, a gente morre, envelhece, perde amigos, a saúde, a juventude, sempre estamos caminhando para aquilo que a gente não deseja, a morte, para o morrer, para o fim, e somos atraídos pra ela de forma  certeira e rápida, e se a gente entende isso, que a única coisa certa na vida é a de que vamos morrer, a outra certeza é a de que temos de viver, sonhar, nos apaixonar, deixar acontecer, nos permitir, precisamos viver e viver com urgência.

Mas viver com liberdade, parcimônia, cuidado e consciência, dá pra viver além do limite dentro de um prazer saudável, dá pra provar da vida sem se embriagar com ela, dá pra ir sem se cansar, provar das coisas, sentir o sabor para poder contar história, para ter a sensação de quem um dia viveu, fez as coisas, conheceu gente, pessoas, lugares, teve uma história, viveu um romance, cantou na chuva, chorou no escuro, caminhou sozinho numa tarde sem fim, voltou pra casa, viu o sol nascer, olhou para as estrelas, teve raiva, sentiu dor, sentiu amor, sentou no chão e viu que era bom ser simples e pequeno ao mesmo tempo, acho que seja isso, viver, viver e viver.

E não importa a idade, toda idade tem prazer e dor, esperança e solidão, a gente pode viver o que podemos viver, e as coisas vão acontecendo dentro daquilo que podemos viver, que deixamos, que nos permitimos, não tenho mais medo de muita coisa, aprendi que o tempo passa e a tudo cura, que as feridas se fecham, que as lágrimas secam, que o sorriso desaparece, volta a brotar, que o dor deixa de doer, que melhoro com o passar dos tempos, se quiser melhor, e sim, quero, com o passar dos dias, das horas, que estou sempre me buscando, querendo entender as coisas, o mundo, as pessoas.

Mas de outras vezes apenas tomo um café quente e fico sorrindo sozinho e pensando em tudo o que deixei passar, nas coisas que ainda posso viver, na vida que poderá me surpreender, e entre um gole e outro de café, deixo uma lágrima cair sobre o meu sorriso, escorrer pelo rosto e pronto, e deixo a vida acontecer, seguir o seu rumo, fluxo, pois sei entender que algumas coisas jamais vou conseguir descobrir o sentido, que preciso apenas esperar e deixar que o tempo tragas as suas respostas, as minhas respostas para as perguntas que sempre me faço, me questiono, suspiro e sigo, como algo que preciso fazer, viver, apenas viver e esperar.