Quando você não é mais o mesmo....a vida é outra
Ronaldo Magella
A última fez
que fui serviu para me mostrar uma coisa, não sou mais o mesmo e nem tenho a
mesma disposição que um dia tive, acho que amadureci em alguns aspectos,
tornei-me mais consciente da minha realidade existencial, verdade que surto de
vez em quando e me comporto de forma diferente ao que penso e sinto, mas isso
serve apenas para demonstrar que não sou perfeito, o que me deixa muito feliz,
pois posso errar sem culpa. Pois bem.
Então, a
minha última noitada me serviu ainda para provar duas coisas, não sei mais como
conquistar uma mulher numa festa, não sei o que dizer, falar, como me comportar,
e a outra, não tenho ânimo para ficar, dá um beijo e ir embora como se o mundo
estivesse resumido a isso, sim, eu mudei, só não sei se para bom ou pior, mas
agora sou assim. O chamado “ficar” perdeu o sentido, não quero apenas um beijo,
quero história, romance, conversa, sentimento. Piegas, é? E? Nada.
A vida é assim, a gente vive e vai
amadurecendo, crescendo, valorizando outras coisas, curtindo melhor os
momentos, as pessoas, sem aquela pressa da adolescência de viver tudo com
todos. Ficar mais experiente é saber selecionar os momentos, aproveitar o sabor
da vida, curtir a experiência. Voltando para a minha reflexão.
Pra ser
sincero, a minha maior angústia é paquerar, nunca fui bom nisso e hoje estou
pior, não sei o que dizer, falar, sou um desastre, se alguém mulher puder me
ajudar, eu ficaria grato, caso contrário vou morrer sozinho. Depois de muito
tempo sem sair, ir festas, quando você vai parece que não faz mais sentido, o
mundo mudou, a vida é outra, as pessoas são diferentes. Ter alguns anos no meio
dessa meninada jovem com 20 anos faz você parecer uma múmia, são todos lindos,
fortes, belos, perfeitos. Mas carentes e infantis, estão em fuga, fugindo das
próprias fragilidades, por isso entorpecem a consciência.
Vi homens e
mulheres se beijarem, aquele beijo rápido e sem história, talvez até com algum
sabor, gostoso, mas sem emoção. Até um amigo chegou e nos disse - já beijei
uma, começou a contagem - ele estava contando a quantidade e não se preocupando
com a qualidade do momento. Até que outro amigo me disse - não sei se estou
ficando velho ou chato, talvez até as duas coisas, mas o fato é que não me vejo
mais dando um beijo numa garota só por beijar, para dizer que fiquei e sair
cantando vitória pelos ares, não, mudei, não sou mais assim. Opa, amigos,
estamos juntos, é nóis, mano, bate.
Também é
minha essa reflexão, ele disse, mas eu já havia pensado. Não sei se sou
diferente, talvez por que não seja bonito, não tenha beleza para atrair as
mulheres desenvolvi outras formas de compensação, tornei-me mais sensível,
busquei outras vias, escrever foi uma delas. Claro, não serve muito, todo mundo
quer mesmo é alguém bonito, charmoso e belo, essa história politicamente
correta de que beleza interior vale mais, é balela, hipocrisia, falsidade, no
fundo ninguém pensa assim e nem quer mesmo saber de gente assim, se assim o
fosse, no lugar de comprar carro, roupa, ir festas, fazer regime, só faríamos
duas coisas, compraríamos livros e rezaríamos, seria bom pra o nosso espírito,
mas isso pouco fazemos, logo.
No fundo as
pessoas admiram pessoas inteligentes, boas, humildes, mas não tem coragem de
ser como elas, nem se interessam por elas, a gente quer mesmo e gosta mesmo é
de carne, de corpos, do prazer sexual que um corpo bonito e perfeito pode nos
proporcionar, eis a nossa grande realidade.
Vejo meus
amigos, não só eles, mas a maioria dos homens, olharem para uma mulher bonita e
soltarem sempre as mesmas frases – nossa, que gostosa, nossa, fazer sexo com
ela deve ser bom demais - procuro fazer uma caminho diferente, quando vejo uma
mulher bonita sempre fico pensando se a beleza dela exterior corresponde ao que
ela tem por dentro, me pergunto, o que será que uma mulher assim gostaria de
conversar, o que pensa sobre a vida, o que sente em relação a si mesma e ao mundo?
Já temos sexo
demais por aí, beleza demais, “fica”demais, precisamos de afeto, de romance, de
história, de paixão, de vida, chega de prazer barato e relações superficiais,
precisamos pensar mais sobre a nossa existência, o que queremos, desejamos, o
que nos faz viver e sentir. Mas claro, é apenas uma reflexão pessoal.