As pessoas não querem
mais pessoas, querem produtos
Ronaldo Magella 31/05/2016
Foi uma amiga quem me alertou, as pessoas não querem mais
relacionamentos, querem comodidades, querem pessoas prontas e acabadas, como
cantou Cazuza, alguém que caiba nos seus sonhos.
Se pensa agora as pessoas como um produto, pronto pra ser
usado, dentro do que você precisa, para atender aos seus anseios e vontades, e
como todo produto, e como tal, pronto pra ser trocado a qualquer momento por um
mais novo, por uma versão mais moderna, sem tantos defeitos, com outras qualidades,
funções e da estação.
Hoje conhecer alguém tornou-se uma entrevista de emprego, o
que você faz, qual a sua idade, do que você gosta, onde você mora, e se a outra
pessoa atender ao que esperamos, ela será uma boa candidata, irá ocupar o
cargo, por um tempo, até que seja trocada.
Essa é a primeira parte do processo, mas não significa que
seja a mais fácil, muitos não passam dessa primeira etapa, colocamos as pessoas
como produtos com suas especificações, ao se enquadrarem ao que queremos e
desejamos, as compramos, quer dizer, nos relacionamos.
Não suportamos mais enfrentar problemas, em melhorar o que
temos, preferimos trocar de gente do que amadurecer o que temos, talvez por ser
mais fácil, talvez por ser algo dos nossos tempos, talvez por que perdemos a
capacidade de acreditar nas pessoas e que elas podem melhorar, talvez por não
termos mais habilidade de nos mantermos no mesmo lugar com uma mesma pessoa por
um tempo determinado, isso até nos assusta.
Relacionamentos implica ter habilidade, de conversar,
renunciar e também de fazer conquistas, de ceder, mas também de se impor, é
manter o equilíbrio, ir se sustentando, se mantendo, através do diálogo, do
silêncio, da boa vontade, do desejo e da vontade.
Não sabemos mais se isso é possível se acontecer, vivemos
tempos líquidos, de relações frágeis e desejos ligeiros, vivemos mais coisas,
com menos qualidade, pouca intensidade, mas com muita variação.