domingo, 4 de maio de 2014

Perdemos um pouco nosso encanto

Perdemos um pouco nosso encanto

Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada (04-05-1014)

Tenho uma leve sensação de que o mundo anda um pouco infantilizado, quando deveria ficar mais maduro, me parece que acontece o contrário, não sei, é apenas uma impressão.

Na sociedade do espetáculo, cheios de imagens, de celulares em riste, e de pouca originalidade, vejo que todos queremos ser iguais, queremos fazer parte do rebanho, postamos fotos daquilo que comemos, bebemos, de onde estamos, pra onde vamos, como se essa fosse agora a nossa única função na face da Terra, aparecer, divulgar, nos promover, nos tornar públicos.

Jogamos a nossa privacidade para o espaço, não importa mais sentir, mas mostrar, divulgar, postar, publicar, dizer o que pensamos, sentimos e choramos, as nossas alegrias e tristezas, não nos importar mais guardar, perdemos os nossos segredos, entregamos o melhor de nós, não temos mais mistério, tudo está no chão, jogado em redes sociais, espalhado pelo universo digital, virtual, da internet.

Não importa a idade, fazemos as mesmas coisas, fotos no espelho, selfies, todos queremos ser iguais, penso, tenho uma leve sensação de que perdemos um pouco do nosso encanto, entregamos demais o que somos, sentimos, não deixamos muito para ser conhecido.

A nossa Caixa de Pandora não existe mais, antes era bom saber de alguém, buscar conhecer, ir descobrindo aos poucos, conversar, ter assuntos, mistérios e os segredos nos encantavam, agora não precisamos mais perguntar, as pessoas postam, aparecem, saltam aos nossos olhos, estão em nossa linda do tempo, bem ali na nossa tela de computador.


Talvez esteja errado, talvez seja isso a nossa evolução, nos mostrar, aparecer, mas tenho ainda a leve sensação de que cansa um pouco, perde a graça, desgasta, ver tantas fotos, tanta exibição, é muita alegria superficial para uma vida pequena e simples, tornamos a nossa vida uma novela pública, queremos atenção, somos ávidos pelos holofotes. 

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