Chuva que é de UVA
DORGIVAL
O cantor e compositor
Dorgival Dantas declarou em um vídeo que Luiz Gonzaga, Dominguinhos e Marinês
nunca fizeram pelo forró o que Xandy, do Aviões do Forró, fez, levando o estilo
para outros patamares.
Talvez uma dessas
declarações ao sabor do momento, infelizes e desconfortáveis, um momento de
imprudência, podemos assim classificar.
Realmente, Dorgival tem
razão, hoje o forró vive em outros níveis, sem letras, ou com letras pornográficas,
Luiz, Dominguinhos, e tantos outros percussores do forró cantavam o Nordeste e
sua cultura, hoje se canta o bolso cheio de dinheiro, uísque e redbul, novinha
que vai ao chão, chão, chão.
Quanta riqueza.
Nelso Motta,
jornalista, compositor, escritor, roteirista, produtor musical e letrista brasileiro.em matéria ao Jornal da Globo, em sua coluna musical, disse que Luiz
Gonzaga levou a música nordestina para o mundo, com sua riqueza de ritmos e
suas letras divertidas e irreverentes.
Para Motta o Rei do
Baião é reverenciado pela MPB nacionalista, sendo ainda referência fundamental para
o movimento Tropicalista, de Gil e Caetano e tantos outros artistas consagrados
do Brasil.
Elba Ramalho canta
Luiz, Caetano Veloso canta Luiz, Gilberto Gil, Maria Bethânia, Gal Costa,
Lenine, Marisa Monte, a obra de Luiz Gonzaga recebeu inúmeras releituras e
interpretações, por artistas consagrados em diversas partes do mundo.
Mito, ícone da cultura
nordestina e da música do Brasil, e olha que estou falando apenas de Gonzaga, não
se pode negar o valor e a história desse personagem ímpar da Música Popular do
Brasil.
Gonzaga cantou forró,
xote e baião, foi o primeiro de uma leva de bons instrumentistas e sanfoneiros
na história do país, incomparável, estilo único e inigualável. Se pode até
dizer que discriminado por ser negro e nordestino, que em vida talvez não tenha
tido o valor que foi merecido e digno, o sucesso, mas a sua musicalidade não
tem fronteiras, a sua riqueza não tem parâmetros.
De longe, de muito
longe, o forró atual, esses que lotam festas e praças, que falam de rapariga e
motel, em ostentação, não poderá ser comparado ao que se fez no passado.
Sim, outro tempo, outra
história, outro momento, outra geração, mas pobre essa a qual estamos
presenciando e vivendo no momento, que poderia ser mais rica, mas se deixa
empobrecer pelo mercado do consumo de música sem qualidade, produtos de menor
qualidade e valor.
Gonzaga é cultura, é
arte, é a força do povo Nordestino que enriquece o Brasil com sua sonoridade, o
forró atual, o que temos hoje, é moda, é indústria, é dinheiro, é show, é massa,
é batida eletrônica.
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