Novas formas de escolher
alguém
Ronaldo Magella 01/08/2016
Sou do tempo em que, o que importava para se namorar alguém,
era conhecer a família do rapaz ou da moça, se tinha trabalho ou estudo, isso
bastava para unir duas pessoas. Os tempos eram outros, as opções limitadas, o
mundo pequeno, circunscrito no máximo à cidade mais próxima.
Se alguém dizia que estava namorado, se perguntava logo, é
família de quem? Com o tempo mudamos a questão, se passou a ser, trabalha em
quê? Mais tarde começamos a perguntar qual era formação da pessoa. Cada época
com a sua preocupação.
Hoje a gente quer saber tudo, já encontrei meninas que perguntaram
sobre a minha orientação política, coxinha ou petralha? Ou o que eu achava da indústria
alimentícia, se tenho preconceito com idade e/ou orientação sexual, as questões
são diversas e variadas, acho real o interesse das pessoas por essas e outras
questões, mas elas nos dizem bem mais.
Já não estamos apenas preocupados em encontrar alguém para
manter uma relação, queremos bem mais, estamos buscando escolher pessoas dentro
do nosso perfil, que tenham afinidades com a nossa forma de viver e pensar.
Antes alguém poderia conviver com alguém totalmente diferente
de si e achar isso normal, não havia tantas escolhas, hoje não queremos correr
o risco do desgaste imediato, já que sabem que ele vem com o tempo, cedo ou
tarde. Se já é difícil conviver com alguém que seja parecido com você, imagina
estar ao lado de alguém completamente diferente e alheio ao que você gosta e
deseja.
As pessoas passaram a ser exigentes, seletivas e menos
românticas. Acredito que hoje a paixão, o amor, o desejo são os últimos itens
na hora de se escolher alguém para se vivenciar uma experiência amorosa. Você
pode até achar a pessoa bonita, legal, gostar dela, mas encontrou algo nela que
não te desperta nenhum interesse e que te faz pensar que seria difícil a
convivência, então, você decide renunciar a empreitada para ficar bem consigo
mesmo, pois é isso que importa.
Acho que a gente sabe quando é possível gostar de alguém e
sabe também, logo nas primeiras conversas, quando não irá aceitar certas
coisas. Cada vez mais a gente vai buscando o equilíbrio das coisas e se segurando
ao que é melhor e não ao que tem vontade.
O amor não é mais como era antigamente, agora amamos a nossa comodidade
antes de tudo, pra depois pensar no outro, somos individualistas ao extremo, o
que importa são as nossas necessidades, mais do que nossos sentimentos, estes,
acredito, estão em segundo plano, não queremos mais pensar com o coração, mas com
a razão, renunciamos ao modelo Romeu e Julieta, não enfrentamos mais o mundo
por amor, pelo contrário, já nem acreditamos mais em amor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário