quarta-feira, 26 de outubro de 2016

O ódio contra nordestinos, a lógica da elite, do patrão

O ódio contra nordestinos, a lógica da elite, do patrão

Ronaldo Magella - jornalista

Há racismo no Brasil, há preconceito, existe ódio, em momentos de tensão se aflora falas, discursos e sentimentos silenciados, mas alimentados e exististe na sociedade atual que ainda não venceu seu atavismo.

Fala da atriz Alexia Dechamps, “eu pago o bolsa família do Nordeste”, apenas reproduz um discurso existente no Brasil sobre uma determinada região.

Na verdade atriz não paga nada, mas em seu discurso está claro uma ideia do sul, do trabalho, para o norte, beneficiário, em questão o Nordeste, que recebe as sobras, os resto, as migalhas, como Luiz Gonzaga já cantava. 

Está claro o sentimento, vocês miseráveis, pobres, mal educados, nós, aqueles que podemos, ajudamos, trabalhamos para vocês. 

Se repete apenas um sentimento que predomina, uma ideologia dominante da elite, do preconceito, do ódio, como, há os que trabalham para sustentar os miseráveis, foi isso que atriz quis dizer, porta voz daqueles que pensam assim, de uma sociedade pedante.

Mas ela disse mais, antes dizer aquilo que disse, de reproduzir um discurso xenófobo, que existe no país, explícito e vivo em falas como estas, a atriz mandou calar a boca, os Nordestinos.

Cala a boca quem não pode falar, quem não tem espaço, é o patrão quem mandar o operário calar para dizer que ele não tem condições de opinar, falar, não tem espaço, vez, voz, não pode se expressar, ou seja, aquilo que ele tem a dizer não tem importância, não tem valor, não tem nenhum significado. 

Há mais. No twitter da atriz, ela cita uma turnê começando pelo Nordeste. Mesmo sem gostar de quem é diferente de mim, mesmo contra aqueles que são distante do meu meio, ainda preciso deles, mesmo o padrão ignorando o operário ele precisa da mão de obra deste para ser quem é, o patrão, para mandar. 

Talvez tenha sido um momento de descuido, mas o inconsciente aparece nos momentos de tensão, pela fala, na voz, ele apenas demonstra algo que existe, mas que é calado, silenciado, mas alimentado. 

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