O
ódio contra nordestinos, a lógica da elite, do patrão
Ronaldo Magella - jornalista
Há racismo no Brasil, há preconceito, existe ódio, em momentos de tensão
se aflora falas, discursos e sentimentos silenciados, mas alimentados e
exististe na sociedade atual que ainda não venceu seu atavismo.
Fala da atriz Alexia Dechamps, “eu pago o bolsa
família do Nordeste”, apenas reproduz um discurso existente no Brasil sobre uma
determinada região.
Na verdade atriz não paga nada, mas em seu
discurso está claro uma ideia do sul, do trabalho, para o norte, beneficiário,
em questão o Nordeste, que recebe as sobras, os resto, as migalhas, como Luiz Gonzaga já cantava.
Está claro o sentimento, vocês miseráveis,
pobres, mal educados, nós, aqueles que podemos, ajudamos, trabalhamos para vocês.
Se repete apenas um sentimento que predomina,
uma ideologia dominante da elite, do preconceito, do ódio, como, há os que
trabalham para sustentar os miseráveis, foi isso que atriz quis dizer, porta
voz daqueles que pensam assim, de uma sociedade pedante.
Mas ela disse mais, antes dizer aquilo que
disse, de reproduzir um discurso xenófobo, que existe no país, explícito e vivo
em falas como estas, a atriz mandou calar a boca, os Nordestinos.
Cala a boca quem não pode falar, quem não tem
espaço, é o patrão quem mandar o operário calar para dizer que ele não tem
condições de opinar, falar, não tem espaço, vez, voz, não pode se expressar, ou
seja, aquilo que ele tem a dizer não tem importância, não tem valor, não tem
nenhum significado.
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