A idiotização nossa de todos os dias
Ronaldo Magella (jornalista) 10/07/2017
Hoje o Facebook me lembrou que
estou fazendo três anos de amizade com alguém que nunca falei na vida, e claro,
a minha primeira reação era compartilhar a informação, com dizeres carinhosos e
afetivos, do tipo, “gente que a gente respeita”, ou, “parceria forte”, e, “tamo
junto migo”, mas foi só uma reação, não concretizei a ideia, me senti um pouco
e meio idiota, tenho essas coisas.
Depois me apareceu um aplicativo,
desses de testes, que iria me relevar com qual ator, estrela, pessoa, cantor
famoso me pareço, novamente me bateu um ímpeto de curiosidade, nossa, será que
me pareço mesmo com alguém famoso? Seria até legal, né? Mas logo desisti da
ideia de querer saber, enfim, deixa pra lá, de que me serve mesmo isso, né?
Sempre bate aquela vontade de
fazer testes, usar aplicativos que mudam a foto, besteirinhas do nosso
cotidiano via redes sociais que vão deixando a nossa vida mais, digamos,
entretida, ocupada, divertida e inútil, mas que todo mundo usa uma vez ou outra
na vida, qual o livro da sua vida, com qual super-herói você se aparece, nossa,
o melhor dos mundos, né?
Em nos prender o Facebook é
genial, nos recorda lembranças do passado, nos lembra do aniversário dos
amigos, seleciona quais informações devem subir em nossa linha do tempo, time
line, claro, baseado em nossas preferências, uma forma de, o cliente tem sempre
razão, e somos clientes, as redes sociais vendem o nosso tempo, tempo que
doamos de grátis, em vão, e assim vamos consumindo a nossa, a nossa existência.
Agora, mais do que antes e mais
do que nunca, sei da vida de todos, conhecidos, desconhecidos, gente que me
interessa e gente que pouco me importa, estamos todos juntos e misturados, o
que antes era uma forma de aproximação com amigos distantes, familiares, se
tornou a nossa coluna social, somos todos famosos e nos tornamos pequenas
celebridades em busca de curtidas e comentários positivos.
Nos mostramos, mostramos, vivemos
e passamos horas, dias, estamos lá, nas redes, pulando de uma para outra,
curtindo, comentando, postando, visualizando, é o que temos, né? Que podemos
fazer? Porém percebo que estamos nos
tornando idiotas, aliás, estamos nos tornando uma massa de idiotas online.
Nelson Rodrigues dizia que os
idiotas iriam dominar a Terra, não pela capacidade, mas pela quantidade. É só
conferir as redes sociais, os assuntos mais comentados do Twitter, os vídeos de
maior audiência no Youtube, pra
perceber que o brasileiro pouco se importa com a crise política, é indiferente
ao país, não se interessa pelo futuro, não pensa de forma coletiva, apenas de
forma individual, somos o país da piada, da comédia, gostamos de coisas
engraçadas, não de coisas sérias, não discutimos o essencial, rimos do trivial,
fazemos graça da nossa miséria, tripudiamos da nossa desgraça, gargalhamos para
tudo isto que está aí.....
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