domingo, 9 de agosto de 2015

Amores virtuais são tão reais quanto


Amores virtuais são tão reais quanto

Ronaldo Magella 09/08/2015

Um amigo entrou num grupo de whaSapp, tinha apenas um conhecido no ambiente, se fosse uma festa com gente real, na vida comum, certamente ele não teria ficado, teria se sentido deslocado e iria embora, mas no mundo virtual conviver com estranhos é a regra, a rotina,  o padrão, então, ele decidiu ficar por lá.

Foi tudo muito rápido, mesmo sem falar muito no grupo, ainda assim conseguiu fazer barulho pra alguém que lá estava. Começou a conversar com uma garota no privado, como se costuma dizer na linguagem usual, e com menos de uma semana já estavam namorando, sem nunca terem se visto.

E, ela já avisava aos amigos e parentes próximos da nova relação vigente, informou aos pretendentes que não insistissem mais, ela tinha agora um compromisso e exigia respeito dos contatos, mudou o status do Facebook, e passou a postar textos de alguém apaixonada por um novo amor.

Não é a primeira experiência dessa natureza que tive oportunidade de conhecer. Cada vez mais os amores virtuais preenchem a nossa vida e inundam os nossos sentimentos, como se fosse a coisa mais normal e comum do mundo. Não que o contato físico, a experiência visual não sejam mais necessários, mas a sensação que tenho é que ficam agora em plano secundário, podem nos fazer desistir de alguém, mas o que nos faz iniciar agora é uma fotinha de perfil e uma conversa sobre o que gostamos ou deixamos de fazer.

Voltando a nossa história. Eles conversaram durante 15 dias, talvez na vida real seis meses fossem poucos, no mundo físico o tempo é outro, mas na virtualidade tudo é muito intenso e rápido, e ela se dizia apaixonada, que ele era muito interessante, legal, chamou a atenção dela no grupo e era alguém que sempre quis pra si. Meu amigo sorria, não acreditava, mas resolveu tirar a questão a limpou, marcou o encontrou, enfrentou a parada, mesmo cheio de dúvidas, mas o final foi feliz, eles ficaram, fizeram sexo no primeiro encontro, e, parecem que irão continuar.

Rápido, fácil, ligeiro, normal, novos tempos, vida, acontece, antes se perdia tempo, a vida é assim agora, é preciso aproveitar, não sei as respostas, tenho as perguntas, mas por mais que me sinta fascinado por esse mundo que nos promove alegrias passageiras e intensas, também percebo que nos provoca dores lancinantes e destruidoras, da mesma forma que conquistamos, perdemos, e já não podemos reclamar, nada é feito pra demorar, nem pra durar, a única validade é a do momento, da hora, do agora.

E não, não são jovens, os personagens da história já passam dos 30 anos, estão adaptados aos tempos modernos, vivendo conforme o cardápio ofertado, e claro, aproveitando o prato do dia junto com a sobremesa da promoção.

Talvez você diga que isso jamais aconteceria com você, mas sinto dizer que isso é mais possível do que se possa imaginar e cedo ou tarde uma experiência virtual irá nos bater a porta nos convidando para aceitarmos o que temos ou ficarmos com o que havia.  Por fim, não acredito que o problema sejam os meios, o tempo, mas as pessoas. Amores na vida tradicional também podiam acontecer da mesma forma e com os mesmos sentimentos e cenas descritos acima.

São e sempre serão as pessoas que nos farão seguir ou desistir, são elas que nos dizem se podemos nos entregar ou parar, o preço de uma coisa ou outra será cobrado cedo ou tarde, solidão, arrependimento, ou apenas a certeza que valeu mesmo a pena.


Não diria pra não fazer, mas pra sentir. Muitas histórias como essas não duram um dia, outras seguem um tempo, param, outras deixam algo pra contar, seguem, cabem sempre aos envolvidos o desfecho do enredo, sempre serão os responsáveis. 

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